RIO DE JANEIRO - O clima esquentou nos bastidores da Prefeitura do Rio. O secretário municipal de Educação, Cesar Benjamin, anunciou sua demissão do cargo em sua conta pessoal no Facebook, nesta sexta-feira (18). Na postagem pública, ele faz duras críticas ao atual secretário da Casa Civil, Paulo Messina, a quem chama de "espertalhão", "napoleão de hospício" e "alguém cheio de ambições pessoais".
Cientista político por formação e editor da Contraponto Editorial, Benjamin surpreendeu os seguidores e servidores públicos da pasta com o anúncio, que circulou pelo Whatsapp e já tem mais de mil curtidas e 325 compartilhamentos no Facebook. "Não desejo trabalhar em um ambiente contaminado por esperteza, cinismo, espionagem e intriga", escreveu.
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Benjamin foi um dos fundadores do PT e também já foi filiado ao PSOL, mas não possui vínculos formais, atualmente, com nenhum partido. No texto, ele elogiou o prefeito Marcelo Crivella (PRB), de quem disse ter recebido apoio para "administrar a SME sem nenhuma interferência espúria e nenhuma concessão ao fisiologismo".
"Marcelo Crivella governa imerso em grandes dificuldades, que ele não criou. É um homem decente, bom, preocupado com nossas crianças e amigo da educação. Merece respeito. Saberá escolher alguém para me substituir", comentou.
Outro ponto forte da publicação foi a acusação de que Paulo Messina teria "declarado uma guerra aberta à Secretaria de Educação" e que "estaria interessado apenas em poder e votos". A assessoria de imprensa da Prefeitura do Rio disse que a saída ainda não foi confirmada. Confira a íntegra da declaração:
COMUNICADO À SME
Depois de publicar notas apócrifas contra a SME, a Casa Civil agora decide declarar guerra aberta, nos jornais de hoje. Não consegue conviver com uma secretaria importante que ela não controla.
Por meio de ações e omissões, a Casa Civil, sob o comando de Paulo Messina, tem se dedicado a minar metodicamente as condições de governança da SME, uma instituição excepcionalmente complexa. Por motivos obscuros, lança as bases da desorganização e da instabilidade em uma área estratégica da administração, que está pacificada e dinâmica.
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Tenho uma vida limpa, inteiramente dedicada às grandes causas do Brasil, entre elas a da educação. Não aceito ser destratado por um espertalhão, napoleão de hospício. Educação, para mim, é fim. Para Paulo Messina, é meio. Rende votos.
Eis o problema de fundo: a poderosa Casa Civil, uma instância de articulação de todas as instâncias da Prefeitura, não pode ser ocupada por alguém cheio de ambições pessoais, que não reconhece limites e quer todo o poder. Não desejo trabalhar em um ambiente contaminado por esperteza, cinismo, espionagem e intriga. Quero distância disso. Nunca, nem mesmo em situações excepcionalmente difíceis, negociei minha honra.
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Com apoio do prefeito, administrei a SME sem nenhuma interferência espúria e nenhuma concessão ao fisiologismo. Trabalhei duramente, cercado por uma equipe de gente generosa e profissional. Cumpri meu dever. Essa rede heroica não merece ser emparedada pela politicagem. Marcelo Crivella governa imerso em grandes dificuldades, que ele não criou. É um homem decente, bom, preocupado com nossas crianças e amigo da educação. Merece respeito. Saberá escolher alguém para me substituir.
Meu coração chora pelas várias dezenas de projetos em via de implantação, muitos deles ainda despercebidos, que prenunciam a possibilidade de uma revolução educacional em nossa cidade. Será mais uma oportunidade perdida. É assim que se constrói o subdesenvolvimento.
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Retorno aos meus afazeres profissionais e ao convívio da minha família. Deixo na SME uma legião de amigos e amigas, a quem admiro profundamente. A eles, minha gratidão. Neste momento lembro-me de Darcy Ribeiro, que tinha orgulho de suas derrotas. Atenciosamente, Cesar Benjamin.