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O Ceará monitora um casos suspeito da variante B.1.617 do coronavírus, que surgiu na Índia. O Estado informou, na manhã desta sexta-feira (21), que havia sido notificado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) sobre a suspeita no início da semana. O paciente, que está em Fortaleza, voltou de uma viagem à Índia no dia 9 de maio.

Segundo a Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), o paciente de 35 anos fez dois exames RT-PCR nos dias 10 e 11 de maio e ambos deram positivo. Uma semana depois ele repetiu o exame e o resultado foi negativo. O colega de empresa que o acompanhou durante a viagem também fez testes para identificar a infecção por coronavírus nos dias 10 e 12 de maio e os resultados foram negativos.

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A secretaria informou que todos os viajantes que chegam ao Ceará oriundos de países com circulação de variantes devem cumprir quarentena de 14 dias, o que está sendo respeitado pelos viajantes e monitorado pela pasta. A Fiocruz está fazendo o sequenciamento genômico para determinar se o homem foi infectado pela variante indiana. A Sesa disse que está acompanhando o processo.

Casos no Maranhão

Na quinta-feira (20), o Maranhão confirmou os primeiros casos da variante indiana no Brasil. Os pacientes estão a bordo do navio MV Shandong da ZHI, procedente da África do Sul. Ao todo, 15 tripulantes da embarcação testaram positivo para a covid-19 e pelo menos seis foram infectados pela cepa B.1.617. Um deles está internado na UTI em um hospital privado de São Luiz.

O navio está ancorado a 50 quilômetros da costa e ainda não tem permissão para atracar no porto maranhense. Todos os tripulantes estão isolados em cabines individuais.

Cepa pode ser mais transmissível

A variante B.1.617 foi classificada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma "preocupação global" porque pode ter capacidade de transmissão maior do que a cepa original do vírus. No entanto, a instituição ressalta que as vacinas protegem contra "todas as variantes" do coronavírus.

Na semana passada, o presidente Jair Bolsonaro decidiu proibir voos internacionais com origem ou passagem pela Índia, país onde a cepa foi inicialmente identificada. A proibição se soma a restrições da mesma natureza relativa a voos do Reino Unido e África do Sul.

O governo do Maranhão confirmou na quinta-feira (20) os primeiros casos de Covid-19 no País relacionados à variante do coronavírus B.1617, originária na Índia. Na sequência, a Prefeitura de São Paulo anunciou que quer acompanhar o trânsito de pessoas nos aeroportos, rodoviárias e rodovias da cidade, com objetivo de monitorar a circulação das novas variantes do coronavírus.

O diagnóstico inicial no Nordeste foi de um indiano de 54 anos que deu entrada em um hospital da rede privada em São Luís há uma semana. Ele era um tripulante do navio MV Shandong, da ZHI.

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A Secretaria de Saúde do Maranhão confirmou que outros tripulantes, diagnosticados com covid-19, também têm a variante indiana. Em postagem nas redes sociais, o secretário de Saúde do Estado, Carlos Lula, afirmou que as seis amostras analisadas pelo Instituto Evandro Chagas confirmaram a nova cepa. No entanto, apenas um dos homens, em estado grave, está em São Luís, internado em um hospital privado. Outros dois receberam alta e voltaram ao navio e 14 foram diagnosticados e permaneceram a bordo por estarem com sintomas leves ou estarem assintomáticos.

"Vale lembrar que a equipe que atendeu a tripulação se deslocou por via aérea, foi testada antes e depois da ação e permanece em isolamento", disse ele. "Informo, ainda, que já iniciamos a vacinação dos profissionais da área portuária."

O navio, com bandeira de Hong Kong, saiu da África do Sul no dia 21 de abril e chegou ao Maranhão no dia 8 de maio. Está ancorado na área de fundeio do Porto de São Luiz, foi colocado em quarentena e não recebeu autorização para atracar.

São Paulo

A estratégia de monitoramento e bloqueio prevista pela Prefeitura da capital paulista será nos moldes de outras ações realizadas no início da pandemia, segundo o secretário da Saúde, Edison Aparecido. "Queremos oferecer os profissionais da saúde da cidade para acompanhamento das variantes que estão circulando em uma atuação conjunta com o Ministério da Saúde e com a Anvisa", disse ao Estadão. A secretaria já procurou o governo federal e o ministro da Saúde, "Ele (Marcelo Queiroga) disse que seria muito importante haver uma estratégia comum."

"Já fizemos esse trabalho ano passado, com as pessoas que vinham da Europa", c0ntinuou Aparecido. O principal objetivo dessas ações, segundo o secretário, "é ganhar tempo para prepararmos o sistema de saúde para um eventual enfrentamento de uma nova variante".

Em 14 de maio, o governo federal já havia decidido proibir voos internacionais com origem ou passagem pela Índia. A situação é considerada crítica na região ao menos há três semanas e outros países já haviam adotado restrição semelhante, como os EUA no dia 4.

Pouco se sabe

Especialistas alertam que os governos federal e local devem adotar barreiras sanitárias e ações de testagem. A variante indiana foi classificada pela OMS como "de interesse". Mas é diferente daquelas identificadas inicialmente no Reino Unido, Brasil e na África do Sul, consideradas "variantes de preocupação".

"Nós ainda sabemos muito pouco sobre essa variante", disse a imunologista Ester Sabino, da USP, uma das responsáveis pelo sequenciamento do vírus no Brasil. "Mas vivemos em um mundo globalizado: qualquer nova variante, em qualquer lugar do mundo, pode chegar aqui como chegou a pandemia que começou em Wuhan."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O governo do Maranhão confirmou nesta quinta-feira (20) o primeiro caso de Covid-19 provocado pela variante do coronavírus B.1617, originada na Índia. Ela foi identificada em um indiano de 54 anos que deu entrada em um hospital da rede privada em São Luís na sexta-feira (14). Ele era um tripulante do navio MV Shandong da ZHI, embarcação que veio da Índia.

A notícia foi dada pela Secretaria de Comunicação (Secom) após coletiva de imprensa realizada nesta manhã com o secretário de Saúde do Maranhão, Carlos Lula. Mais informações sobre medidas preventivas e de contenção ainda serão divulgadas pela pasta.

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A suspeita de que o paciente poderia ter a nova cepa surgiu após o homem apresentar sintomas de coronavírus e dar entrada na rede hospitalar. No primeiro comunicado, divulgado pela Secretaria Estadual da Saúde (SES) no domingo, a pasta informou que foi alertada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)

Segundo as informações divulgadas, um teste já havia confirmado o diagnóstico, mas ainda não havia sido identificada qual cepa do coronavírus causou a doença. Uma amostra do vírus foi enviada ao Instituto Evandro Chagas, em Belém, no Pará, para realizar o sequenciamento genômico.

'Preocupação Global'

Médicos e cientistas têm demonstrado preocupação com a variante indiana B.1617, que teria capacidade de transmissão maior do que a cepa original do vírus. Ela foi classificada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma "preocupação global".

Nesta última semana, o governo Jair Bolsonaro decidiu proibir voos internacionais com origem ou passagem pela Índia, país que enfrenta uma crise decorrente de uma alta recorde de casos e mortes por covid-19. A proibição se soma a restrições da mesma natureza relativa a voos do Reino Unido e África do Sul.

A nova variante do coronavírus detectada na Índia é mais contagiosa e tem características que podem tornar as vacinas menos eficazes, contribuindo para a expansão da pandemia no país de 1,3 bilhão de pessoas, alertou a cientista-chefe da Organização Mundial de Saúde (OMS), Soumya Swaminathan.

No sábado (8), a Índia registrou mais de 4.000 mortes por Covid-19 em 24 horas e mais de 400.000 novas infecções, embora os especialistas acreditem que os números oficiais sejam muito subestimados.

Em entrevista à AFP, Swaminathan, pediatra e pesquisadora indiana, destacou que a variante B.1.617, detectada pela primeira vez em outubro em seu país, é, sem dúvida, um fator que agravou a epidemia.

Essa variante poderia ser classificada pela OMS na lista das consideradas mais perigosas que o coronavírus original, devido a sua maior disseminação e sua capacidade de anular as defesas fornecidas pelas vacinas, aumentando a taxa de mortalidade entre os pacientes afetados, considerou a cientista.

A variante B.1.617 "apresenta mutações que aumentam a transmissão e que também podem torná-la potencialmente resistente aos anticorpos desenvolvidos por vacinação ou contaminação natural", explicou.

Mas esta variante não é a única culpada pelo aumento dramático de casos na Índia, que parece ter baixado a guarda muito cedo, com "grandes concentrações", ressaltou.

Em um país tão vasto como a Índia, o contágio pode continuar silenciosamente por meses. "Esses primeiros sinais foram ignorados até (as transmissões) atingirem um ponto de decolagem vertical", continuou.

Por enquanto, é muito difícil combater o vírus "porque a epidemia atinge milhares de pessoas e está se multiplicando a um ritmo muito difícil de conter", disse Swaminathan, alertando que a vacinação sozinha não será suficiente para retomar o controle da situação.

Até o momento, a Índia, maior produtor mundial de vacinas, inoculou duas doses em apenas 2% de sua população.

"Demoraria meses, talvez anos, para chegar a um índice de 70 a 80%" da população imunizada, segundo a pesquisadora.

Num futuro próximo, serão necessárias medidas sociais e sanitárias já comprovadas para combater a epidemia, alertou.

Além disso, o nível da epidemia na Índia aumenta o perigo de surgimento de novas variantes ainda mais perigosas.

"Quanto mais o vírus se replica, se espalha e é transmitido, mais aumenta o perigo de mutações e adaptações", destacou a cientista.

"Variantes que sofrem um grande número de mutações podem eventualmente se tornar resistentes às vacinas que temos hoje", disse.

"E isso será um problema para todos", acrescentou Swaminathan.

Na última terça-feira (13), o primeiro-ministro da França, Jean Castex, anunciou que todos os voos entre Brasil e França, seja ida ou vinda, estão suspensos temporariamente. A ação foi determinada pelo governo francês após especialistas apontarem uma possível disseminação da nova variante brasileira da Covid-19, conhecida como P1, que teve origem em Manaus (AM).

A medida serve como ferramenta para diminuir o números de casos e mortes por Covid-19 do país europeu, que passa pela terceira onda da pandemia, sem índices de melhora. Ao todo, 0,5% dos pacientes diagnosticados com coronavírus foram identificados com a variante P1, que, segundo infectologistas, está associada a um maior índice de letalidade e é de fácil transmissão.

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A cepa que mais se destaca no território francês é a variante britânica, conhecida como B.1.1.7. Foi identificado que esta mutação do vírus já estava circulando de forma silenciosa no país. Em fevereiro, segundo o primeiro-ministro Castex, a nova cepa já era responsável por 50% das infecções. De acordo com o estudo The Lancet Infectious Diseases, realizado por pesquisadores ingleses, a variante foi identificada com maior carga viral e, assim, maior índice de transmissão.

Até o momento, a França identificou mais de 99 mil mortes por Covid-19 e mais de 5 milhões de infecções. O presidente francês, Emmanuel Macron, vem adotando medidas para a contenção do vírus. Em março, após elevação no número de casos e mortes, ele anunciou regras mais duras no confinamento da população, assim como toque de recolher a partir das 19h, fechamento das escolas por três semanas e do comércio não essencial.

A variante brasileira do coronavírus, denominada P1, é pouco conhecida, mas provoca alerta no mundo por ser mais contagiosa, levando vários países a suspender os voos procedentes do Brasil, epicentro da pandemia.

"O medo é justificado. A P1 é uma variante mais contagiosa e que se espalhou bem rapidamente pelo Brasil, que é um país enorme e onde a pandemia ocorre de maneira descontrolada", explica à AFP a microbiologista Natalia Pasternak, presidente do Instituto Questão de Ciência.

A P1 surgiu em dezembro passado na cidade de Manaus, capital do Amazonas, mas só foi identificada como variante em janeiro no Japão, em viajantes que voltaram da região amazônica.

A variante também foi detectada em vários países da América do Sul, como Argentina, Chile, Uruguai, Bolívia, Peru e Venezuela, mas também chegou aos Estados Unidos, Canadá, Alemanha e França, que anunciou na segunda-feira a suspensão dos voos do Brasil, assim como outros países.

- Por que é mais contagiosa?

Assim como a variante sul-africana, a P1 tem a mutação E484K, que poderia gerar mais reinfecções do que outras cepas, segundo alguns estudos, porque demanda mais anticorpos para resistir ao vírus.

Além disso, tem muitas variações na proteína Spike, através da qual o vírus entra nas células para infectá-las.

"É como se tivesse uma chave-mestra que abrisse várias portas ao mesmo tempo", observa Jesem Orellana, pesquisador do Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia).

"Do ponto de vista epidemiológico, parece ainda mais claro que é mais propensa a causar desestabilização em cenários com pouco controle da circulação viral, causando problemas médicos hospitalares, principalmente em relação à estrutura de superlotação dos hospitais", como aconteceu em Manaus, onde dezenas de pessoas morreram em janeiro por causa da falta de oxigênio.

"Se as autoridades brasileiras tivessem sido responsáveis, teriam fechado Manaus, como a China fez com Wuhan. Ao invés disso, enviaram pacientes para outras regiões do país, com acompanhantes, alguns deles também infectados pela variante P1", lamentou Orellana.

"Se o governo brasileiro fosse mais responsável, teria fechado as fronteiras, para evitar que essa variante chegue a outros países, alguns mais pobres, como o Peru", acrescentou.

- É mais letal? -

Por enquanto, nenhum estudo concluiu que a P1 seja mais letal.

Em pesquisas preliminares, Orellana constatou que a P1 não aumentou a taxa de mortalidade em hospitais de Manaus, em comparação com a primeria onda da pandemia, em abril de 2020.

Esta análise coincide com dois estudos publicados na terça-feira, segundo os quais a variante britânica não provoca casos mais graves de covid-19.

A escalada de mortes por covid no Brasil nas últimas semanas se deve ao colapso de hospitais "provalvemente associado à maior infectividade da P1 e ao relaxamento generalizado (...) com esse cansaço da população com a quarentena e a falsa sensação de que a pandemia estava perto do fim", acrescentou Orellana.

Uma boa notícia diante deste panorama é que estudos preliminares demonstraram que a vacina chinesa CoronaVac, a mais usada no Brasil, é eficaz contra a P1, assim como os imunizantes da Pfizer e da AstraZeneca.

- Quanto se espalhou pelo Brasil?

A variante P1 se espalhou por quase todo o território nacional, embora faltem dados que permitam medir em qual porcentagem é responsável pelos contágios em cada região.

"A vigilância genômica do Brasil é uma das piores do mundo" em termos de sequenciamento das novas cepas, "e não foi à toa que descobrimos a P1 com quase 60 dias de atraso, no Japão", contou Orellana.

A circulação descontrolada do vírus deu lugar a novas mutações, com variantes da mesma cepa, como a P2, que circula no Rio de Janeiro, ou a P4, detectada recentemente em Belo Horizonte.

"Assim como Manaus em janeiro, o Brasil se tornou um laboratório de variantes a céu aberto", aponta Orellana.

Para evitar a circulação destas variantes, "O ideal seria que a gente tivesse doses para fazer a vacinação em massa e o lockdown ao mesmo tempo, que é o que a Inglaterra fez, Israel fez", acrescentou a microbiologista Pasternak.

"Não temos no Brasil nem um nem outro, o lockdown principalmente por questões politicas", ao que se soma que "não temos doses suficientes agora para fazer [vacinação] em massa", explicou a especialista, destacando a "falta de coordenação nacional" da luta contra a pandemia por parte do governo de Jair Bolsonaro.

A variante sul-africana do coronavírus tem uma capacidade maior de "contornar" a resposta imunológica da vacina Pfizer/BioNTech do que outras formas do vírus, informaram neste domingo pesquisadores que realizaram um estudo em Israel à AFP.

Este estudo realizado pela Universidade de Tel Aviv e Clalit, o principal fundo de saúde do país, comparou 400 pessoas não vacinadas que contraíram a covid-19 com outras 400 pessoas parcial ou totalmente vacinadas que também contraíram a doença.

Israel imuniza sua população com a vacina da dupla alemã-americana.

De acordo com este estudo publicado no sábado, embora ainda não avaliado por seus pares, menos de 1% das contaminações em Israel são por causa da variante sul-africana.

Mas entre as 150 pessoas que receberam as duas doses necessárias da vacina, "a taxa de prevalência (da variante sul-africana) foi oito vezes maior do que em pessoas não vacinadas", explicou o estudo.

"Isso significa que a vacina Pfizer/BioNtech, embora altamente protetora, provavelmente não oferece o mesmo nível de proteção contra a variante sul-africana do coronavírus" como faz contra as outras variantes do vírus.

"A variante sul-africana é capaz, até certo ponto, de contornar a proteção da vacina", disse à AFP Adi Stern, professora da Universidade de Tel Aviv e co-autora do estudo.

Porém, considerando o "baixo número de pessoas vacinadas infectadas" pela variante sul-africana - oito - é "estatisticamente insignificante", observou.

Dois estudos publicados em fevereiro no New England Journal of Medicine, conduzidos pelos laboratórios Pfizer/BioNTech e Moderna, mostraram menor presença de anticorpos após a vacinação em pessoas infectadas com a variante sul-africana, indicando redução da proteção.

O estudo israelense é o primeiro a avaliar a capacidade da variante sul-africana de contornar a vacina.

Israel, que registrou 835.900 contaminados por covid-19, dos quais 6.296 faleceram, observou uma diminuição da epidemia por várias semanas graças a uma vasta campanha de vacinação que começou em 19 de dezembro.

A vacina CoronaVac, imunizante fabricado pelo Instituto Butantan e pela farmacêutica chinesa Sinovac, é 50% eficiente contra a variante P.1 da covid-19, que surgiu em Manaus e que já predomina em diversos estados do país. A efetividade em prevenir o adoecimento foi confirmada 14 dias após a aplicação da primeira dose.

O estudo foi feito com 67.718 trabalhadores da área da saúde de Manaus e foi divulgado hoje (7) pelo grupo Vebra Covid-19, que reúne pesquisadores de instituições nacionais e internacionais, secretarias estaduais de Saúde do Amazonas e de São Paulo e as secretarias municipais de Saúde de Manaus e São Paulo, apoiado pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas).

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A pesquisa ainda não avaliou a efetividade após a aplicação da segunda dose, o que vai ser coletado agora, nas próximas semanas. “Na análise interina, a efetividade da CoronaVac foi de 50% na prevenção da doença sintomática pela covid-19”, diz o relatório do estudo preliminar.

“Esses resultados são encorajadores porque a CoronaVac continua sendo efetiva na redução do risco de doença sintomática em um cenário com > (maior que) 50% de prevalência da P.1”, diz o estudo. “Esses achados apoiam o uso contínuo dessa vacina no Brasil e em outros países com a circulação da mesma variante”, disseram os pesquisadores.

Para o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, as pesquisas de campo estão comprovando a eficiência da vacina, assim como foi determinada a eficácia pelos estudos clínicos. “Se após a primeira dose a eficácia é 50%, espera-se que após a segunda dose esse percentual suba substancialmente”, disse Covas, citando outro estudo, feito no Chile, onde a CoronaVac também está sendo aplicada na população, que aponta uma diminuição na internação e nos óbitos de pessoas com mais de 70 anos.

A CoronaVac é uma vacina composta de vírus inativado, o que significa que ela possui todas as partes do vírus. Isso pode gerar uma resposta imune mais abrangente em relação ao que ocorre com outras vacinas que utilizam somente uma parte da proteína Spike (proteína utilizada pelo coronavírus para infectar as células). A vacina é aplicada em duas doses, com intervalo entre 14 e 28 dias.

 

Uma possível e potencialmente perigosa nova cepa do coronavírus foi detectada na Grande Belo Horizonte, segundo informações divulgadas nesta quarta-feira (7) por cientistas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), do grupo Hermes Pardini , da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da prefeitura da capital mineira. A variante combina 18 mutações nunca anteriormente descritas no Sars-CoV-2. Ainda não é possível afirmar se a variante causa maior transmissão do vírus ou se piora quadros clínicos mais graves, como os da SRAG.

Entre essas mutações estão algumas compartilhadas com as variantes brasileiras P1 (originada em Manaus) e P2 (Rio de Janeiro), com a sul-africana B.1.1.351 e com a britânica B.1.1.7., todas consideradas mais perigosas que as primeiras cepas encontradas para a doença, e também com alto índice de infecção.

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Os pesquisadores sequenciaram 85 genomas do SARS-CoV-2 de amostras clínicas coletadas na capital e na região metropolitana. Dois novos genomas com “uma coletânea de mutações ainda não descritas, caracterizando uma possível nova variante de SARS-CoV-2” foram encontradas.

“Esses dois novos genomas estão em amostras coletadas nos dias 27 e 28 de fevereiro de 2021 e não existem evidências de ligação epidemiológica entre ambas, como parentesco ou região residencial, o que reforça a plausibilidade de circulação desta nova possível variante”, relata o grupo de cientistas.

Os sequenciadores ainda acreditam que a cepa pode estar em circulação em outras cidades de Minas Gerais, além da capital, que têm registrado uma explosão de casos graves nas últimas semanas.

“É a primeira vez que há descrição da nova possível variante. Não havia sido descrita anteriormente. Ainda não sabemos o que ela pode causar. As mutações que ela possui, sempre no mesmo local, na proteína S, podem ou não estar relacionadas com aumento de transmissibilidade. Acabamos de descobrir, ainda não sabemos”, explica Danielle Zauli, coordenadora de Pesquisa e Desenvolvimento do Pardini.

 

A variante da linhagem sul-africana do coronavírus detectada em uma paciente de Sorocaba, interior de São Paulo, tem maior capacidade de driblar o sistema imunológico das pessoas infectadas e as vacinas já disponíveis apresentam baixa efetividade contra ela. É o que revela um estudo de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), coordenado pelo Instituto Butantan e com apoio de outras instituições, inclusive da África do Sul. A nova cepa detectada pela primeira vez no Brasil tem comportamento parecido com a variante de Manaus, que é mais transmissível e predomina sobre as demais cepas já conhecidas.

A descoberta foi descrita em versão prévia de artigo científico publicado no site medRxiv, de informações científicas, no último dia 4, estando ainda sujeito à revisão. O estudo utilizou amostras colhidas pela rede de vigilância genômica do vírus Sars-Cov-2 do Estado, que integra laboratórios públicos e privados. De acordo com o pesquisador Rafael dos Santos Bezerra, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da USP, os pesquisadores sequenciaram e geraram 217 genomas do vírus, a partir de coletas realizadas em Sorocaba, Araçatuba, Marília, Taubaté, Campinas e Ribeirão Preto, além de cidades da Grande São Paulo e da Baixada Santista.

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Conforme o pesquisador, 64,05% dos genomas analisados pertencem à linhagem P.1 surgida no Estado do Amazonas e identificada no Japão, que ficou conhecida como variante brasileira de Manaus. Outros 25,34% eram das linhagens B.1.1.28, que provavelmente originaram a P.1. Já a variante inglesa do coronavírus apareceu em 5,99% das amostras. "A linhagem P.2 (variante detectada inicialmente no Rio de Janeiro) foi detectada em apenas 0,92% dos casos, o que demonstra um possível avanço da P.1 sobre outras linhagens que eram predominantes em São Paulo", explicou.

A linhagem B.1.351 identificada em Sorocaba compartilha 15 mutações com a cepa sul-africana, mas não apresenta seis das mutações definidoras daquela cepa. No entanto, seu genoma apresenta nove mutações exclusivas. "As análises genéticas demonstram a proximidade inegável do nosso isolado com a linhagem sul-africana, sendo que se agrupa com outras sequências deste mesmo tipo, mais precisamente isolados da variante sequenciados na Europa", disse.

Segundo ele, apesar da nova variante ter sido detectada em uma única amostra, "esse fato é preocupante por ela ter um comportamento muito parecido com o da P.1 (variante de Manaus), apresentando maior transmissibilidade e escape do sistema imune". Cientificamente, tanto a de Manaus como a nova cepa de Sorocaba são consideradas variantes de preocupação. "As duas podem agir de maneira muito semelhante por compartilharem três mutações que estão ligadas à maior transmissibilidade", disse.

Conforme o pesquisador, ainda é difícil estabelecer com precisão como a variante do vírus chegou a Sorocaba. A mulher de 34 anos que contraiu a variante não saiu da cidade, nem teve contato com estrangeiros. "Estamos trabalhando no rastreamento de outras pessoas que possivelmente tiveram contato com a paciente. A hipótese mais segura é que seja uma cepa importada, pois Sorocaba é uma área de indústrias com alto fluxo de pessoas, porém apenas com mais isolados poderemos confirmar um possível evento de convergência."

Alerta

De acordo com o cientista, é difícil assegurar que não há mais pessoas infectadas. "Comparado com países como o Reino Unido, o Brasil ainda faz sequenciamento em poucos genomas em relação aos casos identificados como positivos para Sars-Cov-2 no País. Com o estabelecimento dessa rede de laboratórios e vigilância genômica em tempo real, coordenado pelo Instituto Butantan, conseguiremos mensurar a disseminação dessa variante no estado e como ela vem se comportando, pois assim como a P.1, ela se dissemina de forma mais rápida e isso gera um alerta."

Bezerra lembrou que um estudo realizado pela pesquisadora Penny Moore, do Instituto Nacional de Doenças Transmissíveis em Joanesburgo, África do Sul, e por colaboradores, verificou que as vacinas já existentes no mercado apresentam baixa efetividade contra essa mutação do vírus. "Isso, de fato, é preocupante, sendo necessária uma maior atenção sobre essa variante", alertou, lembrando que o estudo ainda passará por revisão da comunidade científica. Além da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, colaboraram no trabalho pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), do Rio de Janeiro, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e da Universidade de KwaZulu-Natal (África do Sul), além da empresa Mendelics sediada em São Paulo.

Conforme a prefeitura de Sorocaba, a paciente que apresentou a variante mora na zona norte da cidade e teve sintomas da doença no dia 5 de março. A identificação da variante B.1.351 foi comunicada ao município no dia 31 daquele mês. Dois familiares da mulher - um filho e o marido - tiveram a covid-19 e estão sendo monitorados. O Butantan já realiza o sequenciamento genômico em amostra do filho do casal, que teve os primeiros sintomas antes da mãe. A Vigilância Epidemiológica Municipal monitora todos os contatos dessa família e ampliou a investigação epidemiológica, encaminhando amostras positivas para o instituto, mas ainda aguarda o resultado.

Durante pronunciamento à nação na tarde do último sábado (3), o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, não poupou os comentários ácidos à gestão bolsonarista diante da pandemia da Covid-19 no Brasil. Durante balanço sobre a doença no seu país, o venezuelano diz que a situação do seu país vizinho “é um desastre” e que “a mutante brasileira deveria chamar-se 'a mutante Bolsonaro’”, referindo-se às novas cepas encontradas e sob mapeamento na nação de Jair Bolsonaro (sem partido).

“A mutante Bolsonaro... Porque ele é o culpado por abandonar o seu povo e por ser louco, insensível, um psicopata. Um psicopata! Insensível! Não lhe dói o povo do Brasil. Não lhe dói nada. A ele só interessa sua loucura. Vejam a situação que ele meteu o Brasil e a humanidade. O Brasil é o epicentro mundial das variantes mais perigosas e da expansão do coronavírus. Essa é a verdade”, declarou o chefe de Estado.

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Os comentários continuaram, mas então acerca da letalidade da nova variante. Maduro reconheceu que as cepas brasileiras do Sars-Cov-2 têm uma carga viral “maior e mais forte”.

“Nosso povo deve cuidar-se mais e melhor. As famílias devem se cuidar mais”, aconselhou, ao admitir que as variantes do Brasil estão em circulação na Venezuela.

A Venezuela bateu, também no último sábado (3), o recorde de casos confirmados de covid-19 nas últimas 24 horas e atingiu o ponto mais alto da curva de contágio desde o início da pandemia. Foram 1.779 infecções e 15 mortes, segundo informações do Governo.

Em março, o país contabilizou 21.380 casos. De acordo com o Centro de Pesquisas Coronavírus da Universidade Johns Hopkins, são 164.337 infecções e 1.647 óbitos no total.

Nicolás Maduro afirma “sem dúvida alguma” que a situação em seu país se agrava em razão da cepa brasileira, que circula na Venezuela há algumas semanas.

“A variante brasileira avança mais rapidamente. Há gente que se automedica, e, se por qualquer razão, tem medo ou excesso de confiança, e não quer ir ao hospital, é um erro. Paga-se caro por isso. Conheço casos de gente que ficou em casa e começou a se automedicar. Em 48 horas, não podem respirar, se sentem mal e quase chegam a morrer”, advertiu o presidente venezuelano.

A Venezuela faz fronteira com o estado de Roraima e com o Amazonas, sendo o último uma das unidades federativas brasileiras a enfrentar a pior crise de saúde em todo o país, por causa da Covid. Por último, Maduro defendeu o aumento no número de leitos hospitalares e pediu que a população não tome medicamentos por conta própria.

O diretor de prevenção do Ministério da Saúde da Itália, Gianni Rezza, afirmou nesta sexta-feira (2) que a variante brasileira do coronavírus Sars-CoV-2 é a que mais causa preocupação.

Em coletiva de imprensa em Roma, Rezza destacou que a P.1 não se disseminou tão rapidamente quanto a britânica, que hoje é predominante no país, porém está concentrada em regiões centrais. "A variante brasileira é a que mais nos preocupa", disse o epidemiologista.

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Segundo um estudo divulgado nesta semana pelo Instituto Superior da Saúde (ISS), a P.1 corresponde a 4% dos novos casos do coronavírus Sars-CoV-2 na Itália, porém o índice chega a 32% na região da Úmbria e a 20,5% no Lazio, onde fica a capital Roma.

"É preciso fazer um esforço de contenção dessa variante", acrescentou Rezza. A variante predominante na Itália hoje é a britânica (B.1.1.7), responsável por 86,7% dos novos casos no país, que soma 3,6 milhões de contágios e cerca de 110 mil mortes na pandemia.

A P.1 conta com mutações na proteína "spike", espécie de coroa de espinhos que o Sars-CoV-2 usa para atacar as células humanas. No entanto, ainda estão sendo feitos estudos para determinar se a variante brasileira é mais letal e resistente a vacinas que o vírus original.

Da Ansa

Após o anúncio pelo próprio governador de São Paulo, João Dória (PSDB), como a primeira vacina com tecnologia 100% brasileira, cientistas do Instituto Mount Sinai sinalizaram que a Butanvac é de autoria norte-americana. Apesar do Instituto Butantan possuir licença para usar o vetor estrangeiro, o diretor Dimas Covas revelou que o imunizante é resultado de um consórcio internacional.

O diretor do departamento de microbiologia do Mount Sinai, Peter Palese, reivindicou a criação da vacina e indicou que um estudo assinado por sua equipe chegou a ser publicado em duas revistas cientificas no fim do ano passado. A entidade nova-iorquina conduziu os testes em animais em laboratório.

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"Realizamos com sucesso experimentos com nossa vacina baseada no vírus da doença de Newcastle [NVD, um tipo de gripe aviária]. Enquanto isso, iniciamos testes de fase 1 no Vietnã e na Tailândia com a nossa nova geração (melhorada) de vacina de Covid. Estamos conduzindo um teste de fase 1 aqui no Mount Sinai", escreveu Palese em resposta à Folha de S.Paulo.

Ele e outro diretor do Mount Sinai, Adolfo Garcia Sastre, inclusive têm a patente do modelo de vacina a partir do vírus de Newcastle no registro europeu de patentes desde 2018. Palese destacou que já desenvolve doses para as variantes brasileira e sul-africana, e confirmou acordo com o Butantan para que o Brasil entre na fase de testes clínicos com o vetor NVD.

O que diz o Butantan

O instituto paulista aguarda a autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para começar a testagem brasileira em 1.800 participantes, a partir de abril. "O Butantan está fazendo o desenvolvimento integral da vacina a partir de parcerias que temos e com um consórcio internacional", explicou Covas.

Ainda há 'inúmeras parcerias', mas elas só serão divulgadas quando os acordos estiverem firmados. "Os comunicados conjuntos das parcerias serão feitos no momento oportuno por cada instituição do consórcio", completou o pesquisador brasileiro, que explicou o porquê da Butanvac ser considerada brasileira mesmo com tecnologia norte-americana.

"A partir disso, o desenvolvimento da vacina é feito completamente com tecnologia do Butantan. Entre as etapas feitas totalmente por técnicas desenvolvidas pelo instituto paulista, estão a multiplicação do vírus, condições de cultivo, ingredientes, adaptação aos ovos, conservação, purificação, inativação do vírus, escalonamento de doses, estudos clínicos e regulatórios, além do registro", explicou.

O estado de Nova York, nos Estados Unidos, detectou o primeiro caso de paciente infectado com a variante P1 da covid-19, a nova cepa identificada inicialmente em território brasileiro. A informação foi divulgada neste sábado, 20, pelo governador Andrew Cuomo.

O caso foi identificado por cientistas do Hospital Mount Sinai, na cidade de Nova York, e verificado pelo Departamento de Saúde do Wadsworth Center Laboratories. O DOH está trabalhando com o Departamento de Saúde e Higiene Mental da cidade de Nova York para obter mais informações sobre o paciente e possíveis contatos.

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Segundo comunicado, o infectado é uma pessoa de 90 anos, moradora do Brooklyn e que não possui histórico de viagens recentes. Ainda não se sabe como o paciente contraiu o vírus. "A detecção da variante brasileira aqui em Nova York ressalta ainda mais a importância de tomar todas as medidas adequadas para continuar a proteger sua saúde", disse o governador.

De acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA, 48 casos da variante brasileira estão em análise no país. O primeiro caso de contaminação pela variante P1 foi identificado em Minnesota, no dia 25 de janeiro.

A entrada de brasileiros nos Estados Unidos está proibida desde 29 de maio de 2020. A medida não se aplica, no entanto, a residentes do país, pessoas casadas com um cidadão americano e filhos ou irmãos de americanos menores de 21 anos.

Uma nova variante do novo coronavírus, potencialmente mais transmissível, acaba de ser descrita em pesquisa de cientistas brasileiros. Especialistas temem que a N9, nome dessa cepa, também tenha capacidade maior de escapar do ataque dos anticorpos, o que poderia reduzir a eficácia das vacinas. A mutação foi identificada pela 1ª vez em novembro, em São Paulo. Com disseminação muito rápida, já chegou a quase todas as regiões do País. A exceção é o Centro-Oeste.

Aceito para publicação na revista científica Genomic Epidemiology, o trabalho foi feito a partir do sequenciamento genético e análise de 195 amostras de pacientes de covid-19. Elas foram colhidas em 39 municípios em cinco Estados - Amazonas, Bahia, Paraíba, Rio Grande do Norte e Rio. As amostras foram coletadas entre 1º de dezembro e 15 de fevereiro de 2021, em indivíduos de idades entre 11 e 90 anos.

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"A identificação da nova variante foi feita em um pequeno número de amostras, mas nos causa preocupação porque já está em praticamente todo o País", afirmou o virologista Fernando Spilki, coordenador da Rede Corona-ômica. "Ela foi identificada pela primeira vez em dezembro e continuou se espalhando."

No 1º semestre de 2020, duas linhagens dominavam a pandemia no Brasil: a B.1.1.28 e a B.1.1.33. As variantes P1 e P2 derivaram da B.1.1.28. Atualmente, a P2 é a dominante no Brasil. Mas a P1, a variante amazônica identificada no fim do ano passado, se espalha rapidamente. A nova variante, a N9, deriva da B.1.1.33.

O trabalho que descreve a nova variante é assinado por pesquisadores da Rede Corona-ômica, do Laboratório Nacional de Computação Científica, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Universidade Federal da Paraíba, Universidade Estadual de Santa Catarina e Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Em levantamento paralelo, a Fiocruz também identificou a nova variante em amostras.

Cientistas falam que Brasil pode se tornar 'fábrica' de mutações

Com mais de duas mil novas mortes pela covid-19 por dia, o Brasil é considerado hoje o epicentro mundial da pandemia e uma "fábrica" de novas variantes do Sars-CoV-2. Com a transmissão descontrolada da doença e vacinação extremamente lenta, a tendência é de que surjam cada vez mais novas variantes no País, alertam cientistas.

Quanto mais o vírus circula e se replica, maior a chance de apresentar uma mutação potencialmente perigosa. A única forma de deter esse processo é com a imunização em massa e a quebra da cadeia de transmissão.

Uma variante altamente infecciosa do novo coronavírus, que se espalha pelo mundo desde que foi descoberta no Reino Unido no final do ano passado, é entre 30% e 100% mais fatal do que linhagens anteriores, disseram pesquisadores nesta quarta-feira (10). Em um estudo que comparou índices de mortalidade entre pessoas do Reino Unido infectadas com a nova variante do SARS-CoV-2, conhecida como B.1.1.7, com aqueles de pessoas infectadas com outras linhagens, cientistas disseram que a nova variante tem uma mortalidade "consideravelmente mais alta".

A variante B.1.1.7 foi detectada no Reino Unido em setembro de 2020 e desde então já foi encontrada em mais de 100 países. Ela tem 23 mutações em seu código genético - um número relativamente alto de alterações -, e algumas destas a tornaram muito mais capazes de se disseminar. Cientistas britânicos dizem que ela é entre 40% e 70% mais transmissível do que variantes anteriores do coronavírus.

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No estudo britânico, publicado no periódico científico British Medical Journal, infecções da nova variante causaram 227 mortes em uma amostragem de 54.906 pacientes de covid-19 - em um número igual de pacientes infectados com outras variantes, foram 141.

"Somado à sua capacidade de se disseminar rapidamente, isso torna a B.1.1.7 uma ameaça que deveria ser levada a sério", disse Robert Challen, pesquisador da Universidade Exeter um dos líderes da pesquisa.

Dados preliminares de um estudo feito pela Universidade de Oxford e pela AstraZeneca indicam que a vacina contra a Covid-19 desenvolvida pela farmacêutica e pela universidade britânica induz uma resposta imunológica adequada contra a variante de Manaus. Os resultados detalhados da pesquisa ainda não foram divulgados, mas a eficácia do imunizante contra a nova cepa foi confirmada ao Estadão por pesquisadores envolvidos nos estudos.

A notícia é especialmente positiva para o Brasil, pois a Fiocruz tem um acordo com Oxford/AstraZeneca e já começou a produzir a vacina. A previsão é de que ainda neste mês sejam entregues ao Programa Nacional de Imunização (PNI) 3,8 milhões de doses. Segundo a Fiocruz, pelo menos 200 milhões serão produzidas este ano.

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Há o temor de que a vacina não proteja contra a nova variante. Mas o novo trabalho indica que não será necessário fazer adaptações no imunizante. "Os resultados preliminares são bem adequados", afirmou um cientista ligado ao estudo, que pediu para falar sob anonimato. E acrescentou que os resultados definitivos devem sair "muito em breve".

A AstraZeneca confirmou que estão sendo realizados estudos "para avaliar a resposta imune da vacina contra a variante P.1". Informou ainda que "os dados serão publicados tão logo estejam disponíveis".

Segundo Sue Ann Costa Clemens, coordenadora dos centros de pesquisa da vacina de Oxford no Brasil, o artigo com os resultados já foi finalizado e está em processo de submissão para uma revista científica. "Acredito que até a semana que vem possamos ter a divulgação pública dos resultados", diz.

Ela explica que foram realizados dois tipos de teste: in vitro e in vivo. No primeiro caso, foram enviadas amostras da nova cepa para Oxford para que os cientistas britânicos avaliassem em laboratório se a resposta provocada pela vacina é suficiente para neutralizar a variante. Nos testes in vivo, foram analisados amostras de pacientes que tomaram o imunizante e foram infectados para saber se a cepa de contágio foi a P.1.

Um trabalho publicado online na segunda-feira, em formato de pré-impressão (ou seja, ainda sem revisão dos pares), na BioRxiv, revela que as vacinas da Pfizer e da Moderna também são eficazes contra a variante brasileira.

As vacinas contra a covid têm como alvo a chamada proteína Spike do Sars-CoV-2, responsável por possibilitar a entrada do vírus nas células. Mutações ocorridas nesta proteína poderiam, em tese, reduzir a eficácia dos imunizantes, mas algum nível de proteção poderia ser mantido. Além disso, a produção de anticorpos não é a única tática do organismo. As células T, do sistema imunológico, também são recrutadas para destruir os vírus. "Estudos indicam que as vacinas mantêm a eficácia em evitar casos graves da doença e óbitos", explicou o presidente da Sociedade Brasileira de Virologia, Flávio Guimarães, da Federal de Minas Gerais (UFMG).

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O governo britânico lançou um apelo nesta segunda-feira (1°) para encontrar uma pessoa que importou para o Reino Unido a cepa do coronavírus originada no Brasil, diante da preocupação dos especialistas sobre a possível resistência dessa variante às vacinas atuais.

A cepa que surgiu em Manaus, na Amazônia brasileira, foi detectada em três pessoas que desembarcaram na Escócia e em outras três na Inglaterra, mas uma destas últimas ainda não foi localizada porque não forneceu seus dados ao realizar o teste.

"Estamos trabalhando para tentar localizá-la", disse o secretário de Estado para vacinação, Nadhim Zahawi, à BBC, pedindo "a qualquer pessoa que fez o teste em 12 de fevereiro" que informe às autoridades "se não recebeu o resultado".

Ele também anunciou que vai lançar uma campanha de "testes massivos" em Gloucestershire, no sul da Inglaterra, onde os outros dois casos dessa variante foram detectados.

País mais atingido da Europa, com quase 123.000 mortes confirmadas por covid-19, o Reino Unido foca sua estratégia em uma campanha massiva de vacinação - que começou em 8 de dezembro e já atendeu mais de 20 milhões dos 66 milhões de habitantes do país, atualmente confinado pela terceira vez desde o início de janeiro.

Desde meados de janeiro, voos diretos de toda América do Sul, Panamá e Portugal - entre outros países - foram suspensos e britânicos e residentes dessas origens devem passar por 10 dias de quarentena em um hotel.

Mas os que importaram a cepa para a Inglaterra chegaram de São Paulo antes da implementação das medidas em um voo via Zurique, gerando reclamações da oposição britânica sobre deficiências no sistema de controle.

Enquanto a Inglaterra se prepara para reabrir suas escolas na próxima semana, especialistas alertam que a variante brasileira é mais contagiosa e provavelmente mais resistente às vacinas atuais do que a variante predominante no país, descoberta em dezembro no sudeste da Inglaterra.

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) pretende protagonizar o Plano Nacional de Imunização (PNI) e mantém contato com o laboratório AstraZeneca para contornar os atrasos da produção de vacinas com o próprio ingrediente farmacêutico ativo (IFA). O diretor de Bio-Manguinhos - unidade responsável pela produção de imunobiológicos-, Maurício Zuma, afirmou, nessa sexta-feira (26), que pode importar mais insumos e doses prontas para seguir com a produção local.

“Acho que a partir de abril a gente começa um protagonismo no PNI. Vamos ter perto de 30 milhões de doses distribuídas em abril e depois mais de 20 milhões ao mês”, afirmou em entrevista à Reuters. No total, a Fiocruz almeja entregar mais de 210 milhões de doses.

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A meta de Zuma é fabricar 110 milhões de imunizantes com o próprio IFA no segundo semestre. Entretanto, o objetivo pode não ser alcançado pela dificuldade dos processos de produção e a burocracia para a validação regulatória.

"Produzir aqui a vacina é todo um processo. Tem que validar os lotes de IFA, validar o registro de local de fabricação do IFA. Acreditamos que em meados do segundo semestre vamos ter vacina pronta, agora, se vamos conseguir liberar vai depender das questões regulatórias. O processo é complexo e não dá para afirmar na ponta do lápis. Sabemos que vamos ter percalços em um processo que se fazia em anos", relatou.

O acordo entre os laboratórios é de transferência de tecnologia para a produção de IFA no Brasil. Porém, a proposta ainda não foi assinada e o cronograma pode sofrer atraso. “Se a gente demorar um pouquinho mais para conseguir liberar as doses de vacina nacional podemos acertar com eles, (AstraZeneca), podemos trazer vacina. São várias abordagens possíveis. O problema é complexo e vamos adaptando de acordo com a situação", sugeriu o diretor, que não escondeu a possibilidade de ‘mix’ entre a aquisição internacional e a fabricação local.

Ele informa que os equipamentos para a produção do IFA já estão na Fiocruz. Porém, os dispositivos ainda passam por um detalhado processo de qualificação e a área de produção passa por vistoria para garantir a certificação técnico-operacional, que podem ser concedidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) na primeira metade de março. “Achamos que em abril ainda tenhamos a Anvisa aprovando a nossa área e a gente possa no mais tardar em maio produzir aqui. O processo é longo e vamos ver como vamos nos comportar”, projeta.

Cerca de 500 mil doses já foram produzidas para a pré-validação. A validação, que inclui a análise de 1 milhão de doses, vai estipular os critérios de qualidade, limites de perda, rejeição, e não-conformidade de frascos.

A Fiocruz já sofre com um atraso para envasar as doses da AstraZeneca. A entrega das primeiras doses ao Ministério da Saúde era prevista para fevereiro, mas a demora na chegada do IFA adiou o plano para março. Para manter o comprometimento com o Ministério da Saúde, a fundação viabilizou a importação da Índia de 12 milhões de doses prontas, das quais 4 milhões já foram entregues ao ministério.

Zuma garante que há grande chance do imunizante passar por ajustes e que as pessoas terão que tomar mais um reforço por conta das variantes que se espalham no mundo, com destaque a P1 identificada em Manaus. “É normal e muito possível que a vacina terá que ser ajustada no futuro. Mas a vantagem dessa vacina é que você faz com relativa rapidez através do sequenciamento da mutação. Isso vai propiciar a atualização da vacina muito rápido, mas é preciso investigar mais profundamente”, acrescentou.

A altamente contagiosa variante britânica do coronavírus se tornou a cepa predominante na Bélgica, anunciaram as autoridades locais nesta sexta-feira (26), em meio a um novo aumento dos casos registrados.

"Na última semana, estimamos que 53% das infecções foram causadas pela variante britânica, contra 38% apenas uma semana antes", disse o porta-voz do serviço belga de resposta à pandemia, Steven Van Gucht.

A variante britânica passou a ser considerada "preocupante" pelo seu alto nível de contágio, apesar de não estar comprovado que seja mais perigosa em termos de mortalidade ou hospitalização intensiva.

Esta variante surgiu no final do ano passado no sudeste da Inglaterra e em Londres, o que levou os países da UE a restringir rapidamente o movimento de e para esse país.

No entanto, foi comprovado que as vacinas atuais para a covid-19 são eficazes contra ela.

Os técnicos identificaram outras duas variantes, uma surgida na África do Sul e outra no Brasil, que parecem ser mais resistentes às vacinas.

Na Bélgica, a variante sul-africana responde por apenas 2,2% dos casos detectados e a cepa brasileira por 0,9%.

Na França, as autoridades estimam que a variante surgida no Reino Unido agora representa "aproximadamente metade" dos casos de covid-19.

A Bélgica registrou nesta sexta-feira um aumento de 24% das infecções em comparação com a semana anterior. Segundo Van Gucht, esse aumento fez com que o país voltasse para a situação em que se encontrava há aproximadamente um mês.

O país, com uma população de 11,5 milhões, está entre os mais afetados pela pandemia, com mais de 22.000 mortes.

A Bélgica esteve sob confinamento parcial durante quase quatro meses, com toque de recolher noturno e bares, restaurantes e cafés fechados. As escolas permaneceram abertas, mas os estudantes universitários estão tendo aulas à distância.

Desde 27 de janeiro, a Bélgica proibiu as viagens ao exterior que não sejam essenciais, inclusive para países com taxas de incidência de infecção mais baixas.

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