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Com o início da pandemia da covid-19 no Brasil, em março de 2020, escolas de todo o país foram fechadas como parte das medidas para conter a propagação do novo coronavírus. O fechamento obrigou a substituição das aulas presenciais por aulas remotas pela internet. Um desafio inesperado para os professores, tanto de escolas particulares quanto de escolas públicas, que tiveram que superar as dificuldades e se adaptar à nova realidade.

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Para o professor de física Lauro Henrique Santana, que dá aulas para o ensino médio em três escolas públicas de Belém, o processo de adaptação às aulas remotas foi difícil por exigir uma nova série de habilidades. “Tive que aprender várias tecnologias, principalmente edição de vídeos. Fazer transmissões para Facebook, Youtube, Telegram, Instagram. Tive dificuldade em adaptar o ensino da física através de várias tecnologias”, contou.

Outra dificuldade é a infraestrutura de acesso à internet que, segundo Lauro, é precária na região Norte e exigiu um custo financeiro do educador para ser contornada. “Eu tive que pagar uma internet mais cara para produzir e transmitir uma live de qualidade. Imagina um aluno que está numa situação de internet compartilhada? fica difícil para ele receber a transmissão por uma qualidade melhor”, disse.

Com essas dificuldades, Lauro considera que o grande desafio das aulas pela internet é a interação professor-aluno. “Todo aluno tem a sua dificuldade de acessar a internet. No entanto, o professor deve criar metodologias para prender a atenção desse aluno. Como a física no esporte, a física e a música popular brasileira. O processo físico de explicação da covid-19, para que o aluno possa entender, no seu dia a dia, a realidade dessa pandemia”, explicou.

O professor também considera que a pandemia afetou negativamente o desempenho dos alunos. “Eu observo que o aluno não consegue atingir os objetivos da aula no ensino remoto comparado com as aulas presenciais”, finalizou.

Desafios

A pandemia do novo coronavírus escancarou a desigualdade no ensino paraense. Não tem sido fácil a adaptação do sistema remoto para Adelaide Gomes, que dá aula na rede municipal de Belém aos alunos do ensino fundamental.

O sentimento de frustração por não conseguir executar o plano de atividades como desejado e a rotina extensa e exaustiva de trabalho são sentimentos que acompanham a educadora há um ano. "É frustrante porque, como professora, eu não tenho experiência em videoaula, trabalhar com meet, e os nossos alunos não têm acesso à internet”, enumera Adelaide, afirmando sobre as dificuldades.

Em 15 anos de profissão, essa é a primeira vez que a professora afirma viver o pior momento da carreira. O motivo? A incapacidade de conseguir alcançar de forma imparcial todos os alunos. De acordo com a educadora, durante as aulas remotas, ela não consegue ensinar nem 20% da turma, que é composta por 36 alunos.

"A escola não dispõe de recursos [necessários]. [A falta de] livros também é outro ponto importante. Vêm livros, mas não vem livro suficiente para aquela quantidade de aula", afirma a professora.

Outro ponto a ser destacado pela educadora é a sobrecarga de trabalho durante esse período da pandemia. “Quando estava no presencial e trabalhava de manhã e tarde, não levava trabalho para casa. Hoje, a sensação que é que eu estou 24 horas on-line trabalhando. Porque mando atividade de manhã e a mãe [do aluno] só pode mandar à noite. Eu entendo também, não vou chegar e dizer: ‘Não vou receber’.”

Como forma de driblar as dificuldades e dar continuidade no ensino a distância, a professora conta que tem se disponibilizado em auxiliar mães e alunos por videochamada, principalmente porque a escola não fornece livros ou materiais de apoio aos alunos.

Rede privada

O professor Henac Almeida, que trabalha em duas escolas particulares de Belém dando aulas de biologia para alunos do ensino médio, diz que a mudança na rotina de aulas também teve um custo financeiro. “Eu fui obrigado a montar um estúdio em casa que tivesse um quadro, uma iluminação apropriada. Fazer um isolamento de som. Foi um investimento alto”, lembrou.

Henac também lembra que, no início da pandemia, a adaptação das aulas remotas no ambiente doméstico foi difícil. “Eu tenho um bebê. Meu filho vai fazer 3 anos ainda. Ele está sempre correndo, gritando. Quer sempre o pai para brincar. Então tive que me isolar para fazer as aulas”, explicou.

O professor conta que o fato de já possuir um canal no Youtube ajudou no processo de adaptação. “Aquele traquejo com a câmera, com a gravação, eu estou um pouquinho mais familiarizado. E isso acabou trazendo vantagem nessa hora de se adaptar para aula remota”, disse.

Atualmente, Henac diz que já está mais adaptado e que consegue manter com os alunos uma rotina semelhante à que tinha na sala de aula, graças aos investimentos pessoais e o suporte das escolas. “As escolas em que eu trabalho acabaram dando uma condição bem legal. Conseguiram trazer plataformas. Eu uso Zoom em uma escola e o Microsoft Teams no outro colégio. Funciona bem bacana”, afirmou.

Para o biólogo, os desafios que persistem até hoje são os de manter o interesse dos alunos nas aulas e fornecer aos professores condições para realizar uma aula de qualidade, como espaço físico adequado, com boa iluminação e equipamentos. “Esse é o desafio maior. Porque para manter o aluno interessado na aula a gente tem que estar se reconstruindo o tempo todo. E ter o espaço físico adequado, as ferramentas, um ambiente que favorece o trabalho do educador é importante. Não é todo professor que tem isso”, explicou.

Apesar de ter se adaptado bem às aulas remotas, o educador diz ter certeza de que o rendimento não é o mesmo se comparado com o ensino presencial, por causa da interação aluno-professor. “Essa vivência lado a lado está fazendo muita falta. Às vezes, na sala de aula, a gente está olhando o rostinho do aluno e ele não pergunta, porque tem vergonha. Mas pelo rostinho dele eu consigo saber que ele não aprendeu”, afirmou.

Segundo o professor, essa necessidade de interação presencial é ainda mais importante para os alunos mais novos do ensino fundamental. Diante dessa situação, observa, o professor deve ficar atento, repetir o conteúdo e encontrar soluções para que o aluno aprenda o máximo possível.

Além da interação aluno-professor, Henac Almeida considera que o maior impacto da pandemia na educação foi o aumento da desigualdade entre os estudantes. evidenciado pelo número de estudantes que se inscreveram no Enem mas não realizaram o exame, de acordo com o educador. “Muitos desistiram. Aqueles alunos que não tinham professores com condições de dá aula remota. Que não tinham internet em casa. Não tinham um local para estudar”, disse.

Por causa dessas desistências, muitos dos estudantes que fizeram o Enem no ano passado, para ingressar no ensino superior, possuíam melhores condições financeiras e eram de escolas com mais estrutura, segundo o professor. “A meu ver, como educador, aconteceu uma seleção horrível. Favoreceu a segregação social que já é nítida no Brasil. Faltou intervenção maior do Estado. Faltou uma política pública mais efetiva”, finalizou.

Por Amanda Martins e Felipe Pinheiro.

O Sebrae Startup Way UPE e Federais Club está com inscrições abertas até o dia 24 de maio. A iniciativa é um desafio proposto para desenvolver negócios inovadores que tragam soluções para atender aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU). Destinado a alunos das instituições federais de Pernambuco, o programa é gratuito e será ofertado de forma on-line.

Os estudantes aptos a participarem são os alunos de graduação e pós-graduação da Universidade de Pernambuco (UPE), Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Universidade Federal do Agreste de Pernambuco (Ufape), Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Instituto Federal de Pernambuco (IFPE) e Instituto Federal do Sertão Pernambucano (IF Sertão-PE) que estão organizando o evento em parceira com a Sebrae.

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Previsto para acontecer em maio e no mês de junho, o desafio inclui palestras, sessões de mentoria e avaliações para a seleção das melhores soluções desenvolvidas. A Banca Final Top 5 será realizada no dia 9 de junho. Como premiação, as cinco melhores equipes participarão do curso Bootcamp no SebraeLab on-line. Consulte o regulamento

Ao chegar no último semestre da graduação, o estudante encara um dos principais desafios da jornada, o trabalho de conclusão de curso (TCC), etapa obrigatória na maioria dos cursos. O desenvolvimento desse projeto exige que o aluno coloque em prática todo o aprendizado acumulado ao longo do percurso, o que, em meio à pandemia de coronavírus, gera muitas dúvidas e incertezas.

O estudante de Direito Gabriel Miranda, 22 anos, de Guarulhos (SP), escolheu o tema "Avanço da agenda neoliberal e a reforma trabalhista" para o TCC. Ele encontrou dificuldade para conciliar a elaboração do projeto, a rotina de trabalho e o estresse gerado pela pandemia, além das vezes que precisou sacrificar algumas aulas para dispor de tempo na produção do trabalho. "A primeira parte do trabalho foi bem difícil, pois não tinha muita base para elaborá-lo, então precisei pesquisar por conta", relata.

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O estudante de Direito Gabriel Miranda | Foto: Arquivo Pessoal

De maneira semelhante, a estudante de Direito Caroline de Oliveira, 21 anos, de Mairiporã (SP), comenta que o maior desafio na concepção do TCC, é organizar o tempo junto a todas as disciplinas da faculdade, trabalhos e estágio. "Além disso, acredito que a pressão de ter que realizar esse trabalho é muito grande, o que contribui para que o estresse seja maior", enfatiza a aluna. Ela optou pelo tema "A violência doméstica contra a mulher e a falta de efetividade da lei 11340/06".

Durante a produção do TCC, muitos alunos falam sobre o estresse e a ansiedade que esse tipo de trabalho causa. Para evitar que isso ocorra, a psicóloga clínica e comportamental Osmarina Vyel recomenda não deixar a tarefa para última hora e, já no começo do último ano, iniciar a coleta de dados do tema que quer desenvolver.

A estudante de Direito Caroline de Oliveira | Foto: Arquivo Pessoal

Segundo Osmarina, a organização é fundamental, mas outros fatores podem ser de grande ajuda, como a prática de exercícios físicos, que melhora a oxigenação do cérebro e contribui com a atenção e memória. Também é importante manter uma boa qualidade de sono e alimentação. "Sono, ajuda na elaboração do conteúdo de estudo. Já a alimentação saudável favorece a retenção das informações necessárias. Recomendo fazer respiração profunda e prolongada pelo menos cinco minutos por dia, para evitar entrar em ansiedade e inquietação", orienta.

Dicas para auxiliar a produção do TCC

Para reduzir os desafios presentes na concepção do TCC, o publicitário e professor dos cursos de Comunicação da Universidade Guarulhos (UNG) Rodolfo Nakamura indica alguns passos que visam tornar o processo menos árduo. A primeira delas é elaborar um bom projeto de pesquisa, já que por meio dele, é possível traçar os caminhos a serem tomados e compreender a quantidade de trabalho de cada etapa.

Outra dica é estabelecer objetivos para pesquisa, que podem ajudar a entender os resultados que o aluno deseja alcançar e permite que o trabalho seja coerente, completo e alcance a excelência. Para isso, será preciso analisar as limitações e necessidades que o projeto visa atender. "Para definir os objetivos geral e específicos, é importante observar a delimitação do problema da pesquisa, que, por si, é também uma das chaves principais de um TCC bem sucedido", explica Nakamura.

Estabelecer um tema e delimitá-lo também é outra etapa fundamental, pois quanto mais abrangente, maiores serão as dificuldades na produção do trabalho. Nos casos dos cursos de graduação, a temática não precisa ser inédita. "Um tema bem estruturado e delimitado trará em si toda a estrutura [o esqueleto] capítulo a capítulo, do que deve ser pesquisado e convertido no relatório final ou dissertação", recomenda Nakamura.

O publicitário também destaca a atenção na hora de elaborar o problema, analisar a importância de tê-lo resolvido, as pessoas que são afetadas por ele e quais as situações que permitem que ele ocorra. É importante que isso seja estabelecido em um tema que o aluno se identifique, mas também é preciso verificar se a execução do projeto será viável em termos de acesso à informação, distâncias ou despesas financeiras. "É preciso delimitar o problema em questões como abrangência geográfica, público afetado, situações mais propícias para a ocorrência ou qualquer outro fator que auxilie a concentrar o foco da pesquisa em uma só direção, bem específica. Quanto mais específico, melhor será o desenvolvimento do trabalho", orienta.

De acordo com Nakamura, após estabelecer todas essas etapas, será preciso estudar, se aprofundar no tema escolhido e direcionar a leitura para a resolução do problema. Na hora de embasar o projeto, será necessário buscar por fontes confiáveis e extrair informações de livros ou artigos. A escrita deve ser feita por meio de citações indiretas, que são os textos escrito pelas palavras do aluno, mas que referencia a fonte; ou citação direta, que adiciona ao trabalho o exato trecho de um livro, e ao final indica quem é o autor, o ano da obra e a página que contém a informação.

Todo o material consultado, que serviu de base para a concepção do texto, precisa ser adicionado nas referências bibliográficas. "Isto não é opcional. É mandatório. Fez a citação, mas não fez a indicação de referência, perde pontos, ou, no mínimo, leva um puxão de orelhas do avaliador, o que, além de desagradável é evitável. Tenha como método sempre adicionar a referência tão logo tenha utilizado na citação", alerta Nakamura.

“Todo dia é dia de a gente se conscientizar sobre ser diferente, algo inerente à condição humana. O autismo é só mais uma das diferenças”, afirma a professora Mônica Costa, mãe do José Miguel, 5 anos, diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista com 1 ano e meio de idade. Neste 2 de abril, Dia Mundial da Conscientização do Autismo, mães relatam como o isolamento social tem sido desafiador para esse grupo social, mas afirmam que também é possível mostrar avanços no desenvolvimento.

Mônica, que é doutoranda em Educação Inclusiva, diz que o começo foi mais difícil, pois Miguel tinha uma rotina muito movimentada, com as atividades terapêuticas e a escola. “A pessoa com autismo é extremamente apegada a rituais, rotinas. Aí houve essa ruptura. Isso trouxe para ele sofrimento, entrava em crise durante o dia, chorava, se desorganizava. O que tentei fazer foi manter os mesmos horários e ir promovendo ao longo do dia atividades que ele costumava fazer”.

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Os passeios de moto ao entardecer foram fundamentais para Anna Clara, 14 anos. “Ela gosta muito de andar de moto, então todo dia, no fim da tarde, a gente dava uma voltinha. Ela escolhia o caminho. Essa volta de moto era muito significativa, porque era o momento em que ela se soltava mesmo”, relata a mãe Laura Marsolla, também professora. Clara foi diagnosticada aos 7 anos com um grau leve do Espectro Autista. “Como é verbal, ela se comunica muito bem e ia dando dicas pra gente: estou com vontade disso, não quero aquilo.”

Karina Frizzi, psicóloga e analista do comportamento do Grupo Conduzir, clínica especializada, percebe que há muitos esforços dos pais nesse acompanhamento. “Os pais estão sempre preocupados em estimular os filhos, então acaba sendo uma carga grande, principalmente para as famílias que não tem um suporte”. 

Segundo dados do Centro de Controle de Doenças e Prevenção, dos Estados Unidos, existe hoje um caso de autismo a cada 59 crianças. Ainda de acordo com o centro, pessoas com transtornos no desenvolvimento cognitivo, independentemente da idade, têm risco maior de contágio pelo novo coronavírus. Além disso, se forem infectadas, podem apresentar formas mais agudas da doença. 

Avanços

Apesar de apresentar mais dificuldades na interação social, Mônica afirma que percebe ganhos importantes de Miguel na comunicação e em atividades cotidianas. “Como estou em casa, pude acompanhar mais de perto esse processo de desfralde, por exemplo. São ganhos que para alguns podem ser pequenos, mas para ele são muito significativos: uma comunicação mais eficiente e ganhos de habilidade da vida diária, como se alimentar sozinho, desfraldar e usar o banheiro”.

Com Anna Clara, a necessidade de estabelecer uma rotina com as aulas online contribuíram para avanços na autonomia e responsabilidade. “A gente fica muito feliz em ver o quanto ela foi treinada na resolução de problemas nesse período”, relata Laura. A mãe lembra que também percebe dificuldades resultantes da falta de interação. “Na escola, ela acompanha a turma, a linguagem do pessoal, então vai aprendendo junto com os pares. Ficando em casa, já não tem essa troca”. 

Diagnóstico

Por não se tratar de uma doença, mas de uma condição que tem relação com o desenvolvimento neural, tanto Mônica quanto Laura relatam dificuldades na definição do diagnóstico. “Essa busca não foi fácil. Ele era muito novo e também há essa cultura dos médicos de invalidar, deslegitimar a fala das mães, que por vezes dificulta o diagnóstico. Como o autismo é um conjunto de comportamentos, às vezes aqueles comportamentos não se manifestam no consultório do médico.”

O diagnóstico de Anna Clara, por sua vez, foi aos 7 anos. “Levamos em vários profissionais e eles diziam que viam algumas características que eram de autismo, mas ela tinha muita coisa que não era. Ela falava, conversava bastante, não tinha problema de pedir as coisas para os outros, olhava nos olhos, abraçava, era muito afetiva, então foi difícil fechar o diagnóstico”, lembra.

Desconhecimento

"A criança é mimada”, "A mãe não deu limite", "A criança faz birra e se joga no chão". Essas são alguma das frases e dos olhares condenatórios ao qual pais e responsáveis por pessoas com autismo precisam lidar. Por isso, informação é fundamental. As duas mães foram taxativas ao destacar a necessidade de mais conhecimento sobre essa condição na sociedade. 

“O autismo não determinará até onde ela vai chegar, ou deixar de chegar, são as condições, as possibilidades que são dadas a esse sujeito, as oportunidades sociais, escolares, de intervenções terapêuticas que vão fazer toda a diferença”, diz Mônica, acrescentando a necessidade de melhor acolhimento nos serviços de saúde. “Existem ações pontuais, mas é preciso uma política mais efetiva para garantir os direitos deles.”

“O desconhecimento do autismo era uma coisa que vivia em mim”, reconhece Laura. Ela conta que associava a condição às estereotipias, que são ações repetitivas ou ritualísticas vindas do movimento, da postura ou da fala. “Quando saiu o diagnóstico de que ela era autista, aí que nós fomos descobrir que existem muitas diferenças entre eles. E que ela é sim autista, e tudo bem.”

Atendimento

Na capital paulista, o atendimento a pessoas com autismo é feito por unidades básicas de Saúde (UBS), por centros especializados em Reabilitação (CER) e centros de Atenção Psicossocial (CAPS). “O trabalho dos CAPS consiste no serviço de apoio e subsídio ao processo diagnóstico, à articulação de serviços de saúde, ao apoio às equipes que trabalham em rede, acompanhamento direto das situações de gravidade e corresponsabilidade na atenção às urgências.”

Segundo pesquisa realizada pela União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), em parceria com o Itaú Social e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), as maiores dificuldades enfrentadas pela educação em 2020 foram o acesso dos estudantes à internet e a falta de estrutura escolar. O levantamento foi feito entre os dias 29 de janeiro de 2021 e 21 de fevereiro de 2021 em 3.672 cidades do Brasil.

De acordo com a pesquisa, 78,6% do estudantes identificaram um grau de dificuldade médio ou alto em relação ao acesso à internet; 52,6% dos professores tiveram problemas de conectividade.

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O levantamento também apontou que 70% das redes concluíram o ano letivo até dezembro do ano passado, número que é maior em cidades com a população acima de 100 mil habitantes. Entre as instituições que cumpriram o calendário de 2020, 91,9% concluiu o ano com atividades não presenciais.

A pesquisa também mostra que 95,3% das escolas trabalharam com materiais impressos, e 92,9% das orientações foram realizadas por Whatsapp. Foram utilizados também métodos como videoaulas gravadas (61,3%), explicações por aplicativos em (54%), plataformas educacionais (22,5%), videoaulas online ao vivo (21,3%), aulas pela televisão (4,1%) e pelo rádio (2,6%). O percentual de redes que não oferecem ensino remoto é de 2,4%.

Para o ano letivo de 2021, 90% das escolas afirmaram que planejavam voltar às aulas entre janeiro e março, sendo 63,3% delas de forma remota, 26,3% de forma híbrida (método dividido entre presencial e remoto), 3,8% presencialmente e 6,6% não tinham definido.

Por Emmanueli Nunes

O Brasil despertou um novo olhar para a educação, uma vez que a realidade de milhares de estudantes continua sendo fortemente impactada pelo ensino remoto - que cresceu exponencialmente por causa da pandemia do novo coronavírus. Entre os diversos desafios para conseguir acompanhar as aulas virtuais, os estudantes, familiares e professores reclamam da falta de acesso à internet, de um local adequado para estudar, e da falta de motivação dos jovens nos estudos.

A Fundação Lemann, junto com o Itaú Social e Imaginable Futures, encomendou, ao Datafolha, uma pesquisa para saber sobre o cenário da educação no Brasil durante a pandemia em 2020. O mapeamento constatou que um dos principais desafios que devem ser enfrentados é a baixa motivação dos estudantes. Em maio, 46% se sentiam desmotivados, já em setembro o número subiu para 54%.

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A pesquisa realizada com 1.021 pais ou responsáveis por alunos das redes públicas municipais e estaduais, com idade entre 6 e 18 anos, ainda revelou que no período de maio a setembro, a dificuldade de estabelecer uma rotina de aprendizagem em casa passou de 58% para 65%. Nos anos iniciais chega a 69%.

Adaptações ao novo normal escolar

Com apenas 12 anos, Yasmin de Souza Silva, estudante do oitavo ano do ensino fundamental de uma escola particular em Paulista, Região Metropolitana do Recife (RMR), afirma que não conseguia se concentrar nas aulas remotas e passou por desafios. “Eu não conseguia me concentrar direito. A minha maior dificuldade de estudar on-line também foi a internet, que não era tão boa. Hoje eu já estou indo para as aulas presenciais, porém o que eu mais sentia falta era de estar com os meus professores e amigos”, conta.

Lidar com as tecnologias, redes sociais e plataformas digitais foi muito difícil para a pequena, mas ela sabia que precisava se adaptar. Jessica da Silva, mãe da estudante, comenta que "uma das maiores dificuldades que nós enfrentamos foi a adaptação à tecnologia porque literalmente tivemos que aprender a lidar com as ferramentas e isso mexeu muito com ela. No começo parecia ser tranquilo, mas depois de um período eu acredito que ela desenvolveu um pouco de ansiedade por medo de não dar conta. Inclusive, no final do ano letivo, ela teve até dificuldade porque faltou energia e ela não conseguiu entregar algumas provas”, comentou.

Assim como muitos estudantes, Yasmin tinha que dividir o material de estudo com sua irmã. Quando o computador apresentava problemas, elas tinham que revezar o celular. A mãe das meninas diz: “A gente foi se adaptando e conseguiu. Este ano, elas já retomaram às aulas presenciais. Eu optei porque sentia a necessidade delas terem esse contato escola-aluno e eu acho que seria a melhor opção, já que na escola o ambiente é mais controlado e a quantidade de alunos não é a mesma.”

Foto: Cortersia

Este ano, a estudante Maria Elisabethe Oliveira, de 15 anos, moradora de Sanharó, Agreste de Pernambuco, encara o primeiro ano do ensino médio de forma híbrida (tanto presencial quanto on-line). A jovem revela, ao LeiaJá, que é difícil se adaptar ao ensino remoto por não ter um professor ou até mesmo um colega por perto para ajudar. “Todo ambiente escolar faz falta, e para ser sincera, de início deu vontade de desistir, mas depois fui me adequando à rotina", explica.

Tradicionalmente, Maria Elisabethe, assim como milhares de alunos, costumava frequentar as instituições de ensino e assistir às aulas presenciais. No entanto, devido à chegada da Covid-19 no Brasil, em meados de março de 2020, esses estudantes tiveram que obrigatoriamente se adaptar ao ensino remoto. As salas de aula que costumavam estar cheias de adolescentes interagindo, agora estão na tela dos computadores ou celulares, o que não agradou tanto aos jovens.

Conforme o levantamento realizado pela Associação Brasileira de Educação a Distância (Abed), mais de 72% dos estudantes reprovaram a qualidade do ensino virtual. Do total de entrevistados, 20% afirmaram que a qualidade se manteve e apenas 7% notaram uma melhora no ensino remoto comparando com a modalidade presencial.

O estudo ouviu, ao todo, mais de 5,5 mil pais, alunos e professores entre os dias 24 de agosto e 15 de setembro de 2020. Entre os principais obstáculos do ensino remoto, os estudantes relatam a dificuldade em estabelecer e organizar uma rotina diária, o excesso de materiais em curto espaço de tempo e a péssima qualidade da internet.

Maria Elisabethe detalha quais foram os desafios que encontrou no ensino remoto: “Primeiramente, o celular. Não tenho um aparelho de "última geração" porque não tenho condições. Nem sempre eu podia fazer alguns trabalhos por falta de armazenamento, ou até mesmo porque a internet caía. O ruim das aulas on-line foram: não ter um professor para entrar em contato; nem todos os professores se importavam com os alunos; não tínhamos tudo que era necessário e nem podíamos ter contatos com outros amigos para ajudar”, elenca.

Entre as adaptações, a jovem pontua que estabeleceu uma rotina diária, com tarefas de casa e atividades escolares. Porém, ela comenta que “é difícil ser adolescente. Ter que ajudar os pais em casa, ter que estudar e, ainda, ter que estar 100% bem. É certo que muita saúde mental foi por água abaixo nesta quarentena”, constata a jovem.

Verônica Cristina Barbosa, de 23 anos, graduanda em jornalismo na UNINASSAU - Centro Universitário Maurício de Nassau, também revela, em entrevista, os diversos problemas e desafios enfrentados neste período pandêmico para se adaptar ao ensino remoto. “A coisa que mais se destaca é o ambiente. Onde moro não há silêncio, é barulho de domingo a domingo. Eu estudo no período da manhã e tenho que trocar de horário. Além disso, como estou em ano de TCC, as coisas ficam ainda mais apreensivas e triplica a ansiedade por causa do ensino remoto”, conta.

A estudante diz o quão difícil é se concentrar nas aulas virtuais: “Focar também não é muito amigável com o ensino remoto. Por usar a internet, tudo fica mais dispersivo. No semestre passado, passei uma semana com meu grupo ensaiando uma apresentação, na noite anterior o poste da rua pegou fogo e quase fiquei sem apresentar. Agora que as aulas voltaram, o poste da central da internet também pegou fogo, passei a semana com a internet caindo no meio da aula e só chegando de noite. Em suma, o ambiente e as questões tecnológicas além de não serem tão favoráveis têm seus imprevistos”, pontua.

Para se adaptar, Verônica tenta conseguir delinear cada tarefa. “Tentei fazer uma lista e ter um quadro para se organizar, mas cada dia as coisas aparecem para se resolver.” Ela comenta o que deseja fazer este ano para dar conta das aulas remotas: “Conseguir ter uma qualidade melhor de concentração durante a aula é o que gostaria”, conclui.

Através dos olhos docentes

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Elisama Gonçalves, professora do ensino fundamental I na Escola Municipal Margarida Serpa Cossart, localizada no bairro do Ibura, Zona Sul do Recife, conta, em entrevista, que sentiu o impacto do ensino remoto obrigatório e lamenta os desafios que muitos alunos e familiares encontram para se adaptar a esse modelo de educação. Confira, abaixo, o relato da docente.

“Passada a primeira surpresa da suspensão das aulas, a princípio, temporariamente, veio a sensação de incertezas e impotência. Incerteza por não estarmos preparados desde o princípio para um período tão longo de afastamento e a impotência por não estarmos preparados para a novidade que atingia e abalava o mundo. No começo era só uma suspensão de 15 dias, mas depois se passaram meses. A gente chegou ao final do ano letivo na rede municipal do Recife, no dia 29 de janeiro”, disse.

“Houve muito contratempo entre a classe dos professores. A dificuldade não foi encontrada só nos alunos, mas também nos profissionais que não dominavam tanto as mídias sociais e não sabiam o que fazer. Além disso, as famílias ainda encontraram desafios, como o celular não era compatível, o provedor de internet inexistente ou muito franco, e, ainda, aqueles que dependiam exclusivamente dos dados móveis da própria operadora”, explicou.

“O feedback de tudo isso era muito indesejável porque nem todos participavam da aula naquele horário já estabelecido para interação e ainda havia acúmulo de atividades. Havia mães que só tinham tempo de fazer as atividades à noite ou no final de semana e, por isso, não postavam no tempo certo. Muitas enfrentaram doenças dentro de casa por ter um familiar mais idoso. A situação de baixos recursos da comunidade complicou muito. Os alunos que já eram bons, continuaram bons, os alunos que tinham dificuldades, continuaram com muitas dificuldades. O maior impacto foi justamente a questão dos recursos midiáticos que as famílias não tinham", lamentou.

“Além disso, houve um enxugamento dos assuntos. Foram selecionados os conteúdos de maiores relevâncias para aprendizagem dos alunos em cada ciclo e esse processo aconteceu muito lentamente, mas depois que a gente pegou o ritmo, ele fluiu de forma bem menos dolorida e mais acessível”, finalizou a educadora.

Nem salas nem tapete vermelho. A Berlinale começa na segunda-feira de maneira virtual, com 15 filmes na disputa pelo Urso de Ouro, um festival que permitirá medir o pulso da indústria do cinema, duramente afetada pela pandemia.

Apenas o júri, reunido no mesmo hotel de Berlim, terá acesso a uma sala de exibição, onde todos respeitarão o distanciamento. Um dos seis membros, o iraniano Mohammad Rasoulof, vencedor do Urso de Ouro em 2020, terá que assistir os filmes em Teerã, onde o governo mantém o diretor dissidente em prisão domiciliar.

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Em sua 71ª edição, o primeiro grande festival de cinema do ano na Europa reduziu o tempo de duração de 10 para cinco dias, mas almeja celebrar uma segunda parte aberta ao público em junho, principalmente com exibições ao ar livre.

Entre os destaques do festival estão "Petite Maman", da francesa Céline Sciamma, premiada em Cannes por exitoso "Retrato de uma Jovem em Chamas", o novo trabalho da alemã Maria Schrader, que está por trás da série "Unorthodox", e a estreia como diretor do ator alemão Daniel Brühl (de "Adeus, Lênin!").

O romeno Radu Jude, premiado em 2015 por "Aferim", retorna à mostra oficial com "Bad Luck Banging or Looney Porn" sobre uma professora filmada em uma "sextape" divulgada na internet.

Todos os filmes na disputa pelo Urso de Ouro foram rodados ou finalizados durante a pandemia, o que resultou em produções "muito pessoais", segundo o diretor artístico do festival, Carlo Chatrian.

"Todos falam da incerteza em que vivemos e a sensação de temor é onipresente", completou.

Pela primeira vez, o festival de forte caráter social atribuirá um prêmio de interpretação "sem gênero", ao invés das categorias de melhor ator e atriz, uma novidade entre os grandes eventos cinematográficos internacionais.

Fora da disputa pelo Urso de Ouro, que será anunciado na sexta-feira, será exibido o documentário "Tina", da cadena HBO, sobre a cantora Tina Turner.

Na mostra Panorama, o documentário brasileiro "A Última Floresta", de Luiz Bolognesi, apresentará um retrato dos índios yanomamis na Amazônia.

A Berlinale segue o exemplo de festivais como Toronto, que aconteceu de modo principalmente on-line. A edição 2021 de Sundance (Estados Unidos) combinou o formato com projeções em drive-ins e pequenas salas independentes.

O Festival de Cannes, cancelado no ano passado, continua apostando em uma edição presencial, mas adiou a data, de maio para julho. Mas a organização não descarta um novo adiamento caso não existam as condições sanitárias adequadas.

"Os festivais estão experimentando com os formatos enquanto dura a pandemia", declarou à AFP Scott Roxborough, diretor para a Europa da revista The Hollywood Reporter, cético a respeito da aposta virtual.

"O perigo é que nem os críticos se entusiasmem assistindo os filmes de casa", completa.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI)  parabenizou os novos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), em uma nota divulgada na noite dessa segunda-feira (1º). Na nota, a entidade aponta que o principal desafio dos dois novos presidentes será colocar em votação e aprovar pautas urgentes, em especial as reformas tributária e administrativa.

“Apenas com a implementação de reformas estruturais será possível reduzir o Custo Brasil, melhorar o ambiente de negócios do país, atrair investimentos e gerar mais empregos e renda para a população”, disse o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.

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Para Andrade, a atuação do Congresso Nacional é fundamental para o Brasil encontrar soluções adequadas à severa crise sanitária e econômica enfrentada pelo país em função da pandemia. 

Seminário organizado pela Associação Brasileira dos Reitores das Universidades Estaduais e Municipais (Abruem) abordará, nos dias 25 e 26 de novembro, os desafios do ensino remoto em meio à pandemia de Covid-19. Uso de tecnologias da informação e comunicação estão entre os assuntos pautados.

O evento será transmitido pela Universidade de Pernambuco (UPE). De acordo com o presidente da Abruem, Rodrigo Zanin, o seminário debaterá as experiências universitárias em torno do ensino remoto e fará projeções a respeito dos modelos de educação. "Algumas universidades estão mais adiantadas neste processo de ensino remoto, outras ainda em fase de implementação, mas todas compartilham o mesmo desafio imposto pela realidade da pandemia", comentou Zanin, conforme informações da UPE.

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Aberto à comunidade acadêmica, o seminário iniciará às 9h, com programação totalmente gratuita e on-line. Entre os convidados está o professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Carlos Eduardo Bielschowsky, além de reitores. O evento poderá ser acompanhado via YouTube.

No aguardo de uma vacina, na Europa como nos Estados Unidos, a pandemia está aumentando a demanda e pressionando os sistemas de saúde, que enfrentam enormes desafios desde o início do ano.

O anúncio feito na segunda-feira (9) pelos laboratórios americano Pfizer e alemão BioNTech de uma vacina "90% eficaz" contra a Covid-19, de acordo com os resultados preliminares de um ensaio em curso, levantou uma onda de esperança, em um momento em que as estatísticas disparam, com o número de casos e mortes aumentando no Velho e no Novo continentes.

Isso levou a diretora do Centro Europeu de Controle de Doenças (ECDC), Andrea Ammon, a evocar na quarta-feira um "cenário otimista" em que as primeiras vacinações poderiam ocorrer na Europa no primeiro trimestre de 2021.

Entretanto, ela sublinhou que a situação no Velho Continente é "muito, muito preocupante" e que "todos os nossos indicadores vão na direção errada".

O diretor-gerente da federação internacional de grupos farmacêuticos, Thomas Cueni, disse à AFP que os dados sobre a eficácia e a segurança de outras quatro vacinas desenvolvidas pelos laboratórios Moderna, AstraZeneca, Novavax e Johnson & Johnson devem ser publicados em breve.

"Todos eles devem ser divulgados no final do ano, ou em janeiro-fevereiro do próximo ano", disse ele, chamando a publicação dos dados preliminares da Pfizer e da BioNTech de "a melhor notícia científica do ano".

- "Período longo e trágico"

Nos Estados Unidos, onde a vacinação de pessoas vulneráveis pode começar antes do final do ano, o rápido aumento no número de casos em muitos estados (em média, mais de 100.000 novas infecções por dia) está colocando hospitais em várias regiões sob pressão.

Mais de 65.000 pessoas doentes com Covid-19 estão atualmente hospitalizadas em solo americano, de acordo com o Covid Tracking Project, um número nunca alcançado.

"A rapidez do aumento nas hospitalizações por covid (...) sugere um longo e trágico período de aumento de mortes", disse o ex-chefe da Agência de Medicamentos Scott Gottlieb.

"Os casos aumentam primeiro, seguidos cerca de duas semanas depois por hospitalizações, então cerca de duas semanas depois por mortes", apontou o médico de Nova York e professor da Universidade de Columbia Craig Spencer.

"Todos os dados estão indo na direção errada e rápido", alertou.

A primeira onda nunca terminou nos Estados Unidos, mas a curva de contaminação experimentou um total de três aumentos notáveis: um primeiro na primavera, com Nova York como epicentro; uma retomada durante o verão, particularmente no sul do país; e um novo pico desde meados de outubro, em níveis nunca antes alcançados.

Diante desse surto, em um país sem uma estratégia nacional decretada em Washington, os estados estão tomando medidas restritivas de ordem dispersa, às vezes contestadas em nível local por razões políticas, ou econômicas.

Assim, no estado de Nova York e em Minnesota, os estabelecimentos com licença para vender bebidas alcoólicas (incluindo restaurantes) terão de fechar às 22h. Em Utah, o uso de máscara em público se tornou obrigatório.

O governador da Dakota do Norte autorizou que os profissionais de saúde com resultado positivo continuem trabalhando em unidades dedicadas ao vírus, para fazer frente à "enorme pressão" sobre o sistema de saúde.

Na Europa, onde as restrições estão aumentando na tentativa de conter a segunda onda da pandemia, um sinal de esperança veio nesta quinta-feira da Alemanha, onde o Instituto de Vigilância Sanitária Robert Koch falou dos "primeiros sinais" de melhora da curva de infecção.

"A curva está se achatando", declarou o diretor do Instituto, Lothar Wieler, especificando, no entanto, que as medidas restritivas, como distanciamento social ou uso de máscaras, "vão nos acompanhar por muito tempo".

"Devemos evitar que a situação se agrave (...) Nosso objetivo é reduzir as infecções a um nível que nosso sistema de saúde possa suportar", acrescentou.

- Balanços disparam

Depois de França, Inglaterra e vários outros, a Hungria impôs desde quarta-feira um confinamento parcial que deve durar pelo menos 30 dias: reuniões estão proibidas; restaurantes, fechados; eventos culturais e de lazer, cancelados; e o toque de recolher, estendido.

"Faremos excursões ou coisas desse tipo em vez de ir ao pub", comentou o estudante Lorinc Fritz, em um bistrô de Budapeste poucas horas antes de um longo fechamento.

Já confinada desde sábado, a Grécia decretou toque de recolher (de 9h a 17h) a partir de sexta-feira, após um aumento significativo das contaminações diárias que estão pressionando o sistema de saúde.

E os balanços estão subindo inexoravelmente: o Reino Unido, o país mais atingido na Europa, ultrapassou a marca de 50.000 mortos na quarta-feira; a Espanha, de 40.000 mortos; e a Itália ultrapassou um milhão de casos de covid-19.

A pandemia já matou mais de 1.285.160 pessoas em todo mundo desde que o escritório da Organização Mundial da Saúde (OMS) na China relatou o aparecimento da doença no final de dezembro, de acordo com um relatório estabelecido nesta quinta-feira pela AFP.

Nos Estados Unidos, de longe o país mais enlutado com mais 240.000 mortos, quase 202.000 novos casos foram contabilizados em 24 horas, de acordo com a Universidade Johns Hopkins na terça-feira.

O presidente eleito, o democrata Joe Biden, delineou no início desta semana seu plano de combate à epidemia, que ele tornou prioridade número de seu futuro mandato.

Salas de aula cheias, estudantes atentos aos conteúdos, dinâmicas de classe e outras atividades há meses não são mais realidade na vida dos estudantes e professores brasileiros. Mas isso não significa que a rotina, sobretudo dos docentes, está mais tranquila. Muitas escolas adaptaram seu modelo de ensino ao remoto e, hoje, eles precisam dar conta do cronograma de aulas de uma forma totalmente nova, em meio ao crítico cenário da pandemia do novo coronavírus. 

O Brasil, segundo o Censo Escolar da Educação Básica 2019, realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), abriga mais de 2,5 milhões de professores. A maior parte deles está ensinando na educação básica - mais ou menos 2,2 milhões -, enquanto o restante encontra-se no ensino superior.

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A maioria dos docentes tem entre 30 e 39 anos. As mulheres, por sua vez, ocupam 70% da categoria. As estatísticas mostram apenas números daqueles que são fundamentais na vida e na construção profissional - e até mesmo pessoal - de qualquer pessoa.

Os docentes são os que acolhem dúvidas, esclarecem, ensinam e, por muitas vezes, atuam junto à família no processo de construção do ser humano. Mesmo assim, a categoria reclama constantemente do sucateamento da profissão. No Japão, o único profissional que não precisa se curvar diante do imperador é o professor. Isso se explica pelo fato de que os japoneses acreditam que onde não há docentes, não podem haver imperadores. Mesmo não sendo uma sabedoria brasileira, o costume oriental mostra muito do valor desses profissionais da educação.

Seria uma bela realidade para o Brasil, mas existe um abismo cultural que, de certa forma, tolhe a valorização desses profissionais. Com a retomada gradual das aulas nos estados brasileiros, muitos professores decretaram greves na categoria e se posicionam ainda contra as medidas de volta às aulas, garantindo que o convívio contínuo pode fazer com que os próprios docentes, assim como os estudantes, sejam contaminados pela Covid-19.

Por isso, o Dia dos Professores, comemorado nesta quinta-feira (15), em todo o Brasil, tem um gosto diferente dos demais. Ante os desafios impostos pelos efeitos da Covid-19, os educadores, acostumados a propagar conhecimento, agora tiveram que enfrentar mudanças e abraçar aprendizados para se adequarem ao novo modelo do mercado educacional.

E para marcar a data, o LeiaJá publicao especial “Lições", que busca retratar os aprendizados, as diversas formas de empenho, trabalho, dificuldades e até mesmo as alegrias vividas por esses profissionais tão importantes e que marcam a vida de tantas pessoas, durante a pandemia do novo coronavírus. Confira todas as reportagens:

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Antes da pandemia, a ex-bordadeira de richelieu Dirce de Souza Rodrigues, de 64 anos, ia toda semana dançar no forró do Clube da Terceira Idade, na cidade de Muriaé, interior de Minas Gerais. Ela diz que gosta muito de dançar e se manter ativa, por isso também frequenta os passeios, as atividades do clube e ainda as aulas de ginástica cerebral em uma escola especializada em cursos para melhorar as habilidades como concentração, raciocínio e memória.

“Também faço hidroginástica e caminhada, procuro evitar carboidratos, gordura e açúcar, vou aos médicos, sempre meço minha pressão. Acho que estou sabendo administrar minha vida nessa minha idade, estou achando uma etapa maravilhosa, porque eu levo uma vida ativa. Minha expectativa de vida é que, aos 90 anos, eu quero estar bem e lúcida, se Deus quiser me dar vida e oportunidade de estar nesta terra”, disse Dirce, que é viúva, mãe de um filho e avó de três netos.

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Assim como Dirce, a aposentada Neusa Pereira de Souza, de 80 anos, diz que a vida mudou muito depois dos 60 anos, mas que ela tenta se manter ativa. “Vou muito na igreja, faço caminhada todo dia de manhã, e o serviço da casa, não paro, vou fazendo devagar e acho melhor. A gente tem que ter uma coisa para fazer, se você parar acho que aí fica doente, velho não pode parar não!”, brinca.

Ela disse que, se chegar aos 90 anos, quer estar bem esperta. “Minha mãe morreu com 100 anos, e ela sempre foi esperta, não quero viver 100 anos. Mas, até os 90 anos, acho que vai dar!”, acredita a aposentada, que também é viúva, mãe de dois filhos e avó de três netos.

Dirce e Neusa fazem parte dos 28 milhões de brasileiros com mais de 60 anos, número que representa 13% da população do país, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com o IBGE, esse percentual tende a dobrar nas próximas décadas, segundo a Projeção da População, divulgada em 2018 pelo órgão.

Neste domingo, 27 de setembro, é comemorado no Brasil o Dia do Idoso, data criada para valorizar a vida depois dos 60 anos, uma fase em que é cada vez mais comum manter uma rotina ativa, com atividades físicas, intelectuais e de diversão, como fazem Neusa e Dirce.

Mas, é também nesse período da vida que surge uma das principais preocupações dos idosos e de seus parentes: como fica a capacidade de raciocínio, a memória e a clareza mental de quem já passou dos 60 anos.

Doença de Alzheimer

Aos primeiros sinais de lapso de memória ou de falha nas capacidades cognitivas, muitas pessoas passam a temer o diagnóstico da Doença de Alzheimer, um transtorno neurodegenerativo progressivo que se manifesta pela deterioração cognitiva e da memória, comprometimento progressivo das atividades diárias e alterações comportamentais.

No entanto, a confusão mental pode ter outras causas, explica o professor da disciplina de gerontologia da Faculdade Evangélica Mackenzie do Paraná, o médico geriatra Rubens de Fraga Júnior. “Efeitos colaterais de medicamentos podem causar sintomas semelhantes à Doença de Alzheimer. Doenças como depressão e hipotireoidismo podem também causar confusão mental em idosos”.

O neurologista do Hospital 9 de Julho, Diogo Haddad completa que sempre é importante diferenciar entre quadros confusionais agudos ou lentos e progressivos. “Quadros agudos muitas vezes são associados ao que chamamos de delirium e as principais causas são infecciosas e metabólicas. Já quadros como déficits cognitivos, que se instalam lentamente, devem ser investigados para doenças neurodegenerativas, mas, sempre excluindo causas como déficits de vitaminas (b12 principalmente), hipotireoidismo e mesmo infecções tardias como sífilis”.

Fraga Junior explica que, para a Doença de Alzheimer, um novo exame de sangue mostra grande promessa no diagnóstico da doença. “Em pessoas com risco genético conhecido podem ser capazes de detectar a doença 20 anos antes do início da deficiência cognitiva, de acordo com um grande estudo internacional publicado no Journal of the American Medical Association (JAMA)”.

“Estamos vivendo um novo boom de pesquisas em medicações para tratamento de Alzheimer”, completa Haddad. “A perspectiva é que nos próximos dez anos teremos inúmeros tratamentos voltados a própria fisiopatologia da doença, como drogas que agem nas proteínas beta amiloides e proteína tau”.

Por enquanto, a Doença de Alzheimer não tem uma forma de prevenção específica, mas um bom estilo de vida, iniciada durante a juventude, pode ajudar no tratamento desta doença e de outras comuns para os idosos. “O jovem pode cuidar de si, assumindo um estilo de vida saudável: alimentação sadia, atividade física regular, controlar o estresse, não fumar e não beber. E, durante o confinamento procurar ter uma rotina no seu dia a dia”, aconselha o professor.

Pandemia e terceira idade

A pandemia impôs um confinamento bem rigoroso aos idosos, já que a faixa etária após os 60 anos é classificada como grupo de risco para a Covid-19, doença do novo coronavírus.  Por isso, muitos idosos deixaram de procurar os atendimentos médicos, disse o neurologista do Hospital 9 de Julho, Diogo Haddad. “Idosos são um grupo de risco para a Covid-19, e por isso necessitam de maiores cuidados, principalmente voltados ao isolamento, porém muitos deixaram de acompanhar doenças crônicas por medo e, neste momento, estão procurando atendimento de urgências por descontrole de suas doenças crônicas”.

Ele ainda destaca que, o isolamento aumentou os sintomas de ansiedade nesta faixa etária. “É um grupo que tende a ter poucas atividades externas e nesse momento o isolamento não permite essas interações e atividades sociais, o que também tem provocado um aumento importante de sintomas ansiosos nesta população”.

Apesar das inseguranças, a Dirce confia que logo uma vacina virá. “A pandemia ainda está ameaçando. Enquanto a gente não tiver uma vacina, não vamos ficar tranquilos. Tomara que venha a vacina logo e em grande quantidade para todo mundo”, disse. Ela conta ainda que a pandemia tem sido uma lição de vida para todos.  

“O isolamento social foi preciso, então eu, na idade de risco, fiquei muito preocupada, me isolei em casa; e como moro sozinha, só saio se necessário, com máscara e álcool em gel. Por este lado, a pandemia foi boa porque mudamos os costumes de higiene e porque ajudamos muitas pessoas. Então o incentivo da solidariedade falou mais alto ainda nessa hora da pandemia”.

Ao falar ainda um pouco mais de si, disse que gostou da própria companhia durante o isolamento. “Eu descobri uma coisa muito importante, que eu sou uma ótima companhia para mim mesma, faço minhas tarefas e até me acostumei a ficar em casa. Está sendo uma lição de vida essa pandemia, a gente está aprendendo a ter mais higiene, quantos micróbios a gente mata com este álcool gel, com a limpeza da casa”.

Para a Dona Neusa, a pandemia está sendo horrível. “A gente fica dentro de casa. Se você não morre da doença, morre de tédio, pois não pode estar em qualquer lugar...apesar que eu vou ao médico, no mercado, mas eu me cuido, com a máscara, não fico batendo papo no meio das pessoas, mas parou né, a gente fica muito triste, não vejo a hora disso aí ir embora!”, disse se referindo à Covid-19. 

Saúde mental

Uma pesquisa da American Association of Geriatric Psychiatry indicou que 20% da população, acima dos 55 anos, têm algum tipo de problema de sua saúde mental. Os mais frequentes são comprometimento cognitivo severo e transtornos de humor, como depressão, ansiedade e bipolaridade.

Mas, segundo Fraga Junior, é possível tratá-las e preveni-las. “O médico geriatra, o psiquiatra e o psicólogo são profissionais aptos a tratar as doenças mentais em idosos. A prevenção está na adoção de um estilo de vida saudável, mantendo contato social (durante a pandemia através de meios digitais como Zoom e WhatsApp) e realizando atividades ocupacionais que estimulem um propósito de vida”.

Suicídio na terceira idade

O Setembro Amarelo é uma campanha de prevenção ao suicídio e pretende conscientizar sobre a importância de discutir o tema. Dados do Ministério da Saúde, divulgados em 2018, apontam para a alta taxa de suicídio entre idosos com mais de 70 anos. Nessa faixa etária, foi registrada a taxa média de 8,9 mortes por 100 mil nos últimos seis anos. A taxa média nacional é 5,5 por 100 mil.

“Devemos analisar que esses valores têm relação direta com o aumento de doenças como ansiedade e depressão nessa idade e que muitas vezes são negligenciadas por familiares e pelos próprios pacientes, que apresentam muita resistência em procurar ajuda. Fica o alerta para que alterações comportamentais e dificuldades cognitivas novas devam ser encaminhadas para a avaliação de um profissional competente e não encarnadas como parte de um envelhecimento normal”, alerta Haddad, que concorda com seu colega Fraga Junior no que diz respeito a hábitos a juventude para um envelhecimento saudável.

“Um estilo de vida saudável para que se tenha um envelhecimento saudável deve compreender boa alimentação (com menor consumo de produtos industrializados), atividade física regular (em média 30 a 60 minutos todos os dias), boa qualidade de sono,  ter momentos de relaxamento assim como objetivos e metas, além de evitar cigarro e consumo excessivo de álcool”, disse.

De acordo com a 7ª edição da Pesquisa Game Brasil (PGB), 69,8% das mulheres no Brasil aderiram aos jogos eletrônicos. Além disso, o público feminino representa 53,8% dos jogadores no país. E embora tenham parte expressiva nesse segmento, as gamers ainda sofrem com o machismo da comunidade, seja nas partidas online ou na discussão entre amigos.

A doutora em microbiologia Raquel Dias, 34 anos, da Califórnia (EUA), teve o primeiro contato com um videogame na infância, quando os pais presentearam o irmão dela com um Master System da Sega. O brinquedo foi uma alternativa escolhida por eles para evitar que os filhos tivessem contato com a violência nas ruas. "A nossa recompensa por estudar e tirar boas notas no fim do ano era substituir o videogame antigo por um novo. Foi assim que eu conheci Super Nintendo, Mega Drive, Nintendo 64 e Playstation, e nunca mais larguei o mundo dos videogames", comenta.

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Raquel Dias, do canal "RD Gameplays & Tech" | Foto: Arquivo Pessoal

Após se mudar do Brasil, Raquel conheceu o mundo dos jogos online. Mesmo em uma comunidade estrangeira, ela afirma que precisa lidar com ofensas, assédios e insultos, como "volta para a cozinha". "Uma vez, me fizeram perder partidas ranqueadas, como quando alguns jogadores não se movem e sabotam o jogo por ter uma mulher no time", relembra.

Para evitar aborrecimentos, Raquel precisou alterar seu apelido no jogo para um nome mais masculino, além de desativar o chat de voz. "Sei que isso não resolve o problema. Eu sempre tento reportar os comportamentos tóxicos também e tento manter uma postura positiva no jogo para dar um bom exemplo", explica. "Quando vejo uma outra jogadora sendo discriminada ou assediada também tento repreender e denunciar esse tipo de comportamento", complementa.

Apesar dos desafios, Raquel tem muito carinho pelos jogos e cita alguns títulos que a marcaram, como "Legacy of Kain Soul Reaver" (Crystal Dynamics), "Final Fantasy VII" (Square Enix) e "The Last of Us" (Naughty Dog). Ela também administra um canal de games no YouTube, o "RD Gameplays & Tech".

Provar mais do que o necessário

A apresentadora do canal "XboxBr", Isadora Basile, 18 anos, de Embu das Artes (SP) é apaixonada por videogames desde a infância, quando o assunto era quase que obrigatório no grupo de amigos. Hoje, ela também precisa lidar com os desafios de ser uma mulher dentro da comunidade gamer e se sentir pressionada a ter que se provar mais do que o necessário. "O que mais me entristece nesse meio é o lado corporativo. Representantes de marcas ou empresas entram em contato comigo para trabalhos, quando na realidade há segundas intenções por trás. Esse obstáculo é um dos que mais doem", desabafa.

A apresentadora do canal "XboxBr", Isadora Basile | Foto: Arquivo Pessoal

A apresentadora, que tem como referência os jogos "Minecraft" (Mojang Studios) e "League of Legends" (Riot Games), diz que conta com a ajuda dos parentes para não desanimar em meio as pressões dos jogadores machistas. "As coisas negativas saem do nosso controle, mas quando temos as pessoas certas e que querem nosso bem por perto, tudo fica mais fácil de lidar", afirma ela, que é fã de "The Witcher 3" (CD Projekt RED) e "Counter-Strike: Global Offensive" (Valve).

 

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A relevância da inteligência artificial (IA) e os riscos da sua adoção vêm ensejando movimentos por governos para implantar ações ou regular essa tecnologia. Nos últimos anos, diversos países lançaram estratégias, políticas nacionais ou legislações que atingem de forma geral ou parcial tais soluções técnicas. No Brasil, o governo colocou em consulta pública uma proposta de estratégia, que após receber contribuições deverá ser publicada em breve.

Parte dos países possui políticas mais amplas que incluem IA, em geral, focadas em indústria 4.0. É o caso da Iniciativa Digital da Dinamarca, do Programa Holandês para Empresas Inteligentes e da Plataforma Indústria 4.0 da Áustria. Contudo, com o crescimento da IA e a aposta nesses equipamentos em áreas diversas, da economia à política, os Estados passaram a debater políticas específicas sobre o tema.

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Um dos pioneiros foi a China. O governo do país lançou em 2017 o “Plano de Desenvolvimento da Inteligência Artificial da Próxima Geração”. A meta era que o país se equiparasse ao líder global na área, os Estados Unidos, em 2020 e chegasse em 2030 dominando o campo. Um órgão foi criado para coordenar a implementação (Escritório de Promoção do Plano de IA) e um comitê de aconselhamento. A integração com o setor privado conta com uma “Aliança para o Desenvolvimento da IA”.

O plano indica a necessidade de elaborar uma “nova geração de teoria básica sobre a IA no mundo”, além de construir uma tecnologia de IA de forma cooperativa, elevando a capacidade técnica do país em relação ao restante do mundo, envolvendo soluções em realidade virtual, microprocessadores, processamento em linguagem natural. Uma plataforma integrada foi elencada como base para dar apoio a aplicações e soluções a serem desenvolvidas por atores públicos e privados no país. Entre as metas está a aceleração da formação de talentos em ocupações de ponta na construção de sistemas de IA e o fomento a bens e serviços como hardware inteligentes (a exemplo de robôs), carros autônomos, realidade virtual e aumentada e componentes da Internet das Coisas.

Europa e EUA

Em 2018, a Comissão Europeia lançou sua estratégia e um plano coordenado para o tema, visando orientar a construção de políticas nacionais dos estados-membros e fortalecer seu esforço de consolidar um mercado digital único. Sua abordagem foi afirmada como “centrada nos humanos”. A estratégia é focada em quatro frentes: ampliar os investimentos na área, preparação para impactos socioeconômicos, desenvolvimento de um arcabouço ético e de um modelo regulatório adequado.

O plano assume que o bloco precisa ampliar investimentos para não perder a corrida global pelo domínio da tecnologia, instituindo uma meta de aportes de empresas e instituições públicas na casa dos US$ 20 bilhões por ano. Entre os focos estão repasses para startups inovadoras e tecnologias de ponta. Para incentivar o desenvolvimento, a Europa atua para robustecer e integrar centros de pesquisa com estudos sobre o assunto, bem como promove projetos-piloto para testar as soluções propostas, no âmbito da criação de “hubs” de inovação digital no bloco.

As iniciativas de preparação envolvem a mitigação dos riscos trazidos por essas tecnologias. É o caso das mudanças no trabalho e das habilidades necessárias para as atividades produtivas. Uma das medidas será a ampliação de mestrados e doutorados em IA. Outro eixo é a construção da confiança por meio de um ambiente seguro de fluxo de dados.

Em 2018, entrou em vigor o Regulamento Geral de Proteção de Dados do bloco, considerado modelo de legislação protetiva. Contudo, o fato dos dados serem matéria-prima da IA demanda o uso de muitos registros, criando desafio de facilitar o fluxo de informações sem descuidar do respeito aos direitos dos titulares. Para além dos dados, são necessários computadores para operar o processamento. A Europa possui uma iniciativa de computação de alta performance visando avançar na sofisticação de sua estrutura informatizada com redução do consumo de energia. No plano regulatório, o intuito é construir modelos “flexíveis o suficiente para promover inovação enquanto garantam altos níveis de proteção e segurança”.

Já os Estados Unidos divulgaram sua estratégia nacional “IA para o Povo Americano” baseada em cinco pilares:

» Promover pesquisa e desenvolvimento sustentáveis no tema;

» Liberar recursos para o campo;

» Remover barreiras para a inovação em IA;

» Empoderar os trabalhadores americanos com educação focada em IA e oportunidades de treinamento, e;

» Promover um ambiente internacional que dê suporte da inovação e uso responsável da IA pelos EUA.

O plano estabelece ações para fomento da tecnologia na indústria, focando em alguns setores: transporte, saúde, manufatura, finanças, agricultura, previsão do tempo, segurança e defesa nacionais. Entre iniciativas estão a facilitação dos procedimentos para a operação de carros autônomos em estradas do país, aceleração de autorização de equipamentos de IA no sistema de saúde e atuação específica do escritório de patentes para viabilizar novos registros de soluções em IA.

Brasil

No Brasil, há legislações que tratam de temas relacionados à IA, como a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). O governo lançou uma consulta pública no fim de 2019 sinalizando diretrizes e apresentando indagações aos participantes sobre os caminhos que uma estratégia nacional deveria seguir. Segundo o texto da consulta, a estratégia deve ter por objetivo “potencializar o desenvolvimento e a utilização da tecnologia para promover o avanço científico e solucionar problemas concretos do país, identificando áreas prioritárias nas quais há maior potencial de obtenção de benefícios”.

A sondagem busca colher subsídios sobre determinados temas que são comuns às políticas nacionais, como incentivo à pesquisa e desenvolvimento e iniciativas para a requalificação da força de trabalho. 

Um dos desafios colocados pela consulta é a identificação dos segmentos econômicos com potencial de gerar ganhos econômicos ao país e obter protagonismo na concorrência global. “Essas áreas possibilitam dar visibilidade para o país em termos internacionais, gerar empregos com maiores salários, atrair grandes empresas da área de TI[tecnologia da informação], gerar produtos e aplicações da IA para as diversas necessidades dos setores público e privado e, também, preparar o país para a necessidade de requalificação que a tecnologia vem impondo em nível global”, pontua o texto.

Na segurança pública, área objeto de intensas polêmicas no campo, a consulta reconhece os questionamentos internacionais no tocante a aplicações como reconhecimento facial e técnicas como policiamento preditivo, evitando adotar uma posição e questionando os participantes acerca das melhores respostas.

O texto indica a necessidade de instituir um ecossistema de governança de IA tanto no setor público quanto no privado para observar critérios como a explicabilidade, o combate aos vieses e a inclusão de parâmetros de privacidade, segurança e direitos humanos no desenvolvimento dos sistemas. Tomando o debate internacional sobre valores, princípios éticos e abordagens de direitos humanos aplicadas à IA, a consulta indaga os participantes sobre quais mecanismos são os mais adequados à concretização desses princípios e ao estabelecimento de salvaguardas, questionando se seria o caso de uma lei geral para o assunto.

Para pesquisadores, empresários e ativistas consultados pela Agência Brasil, o tema é complexo e enseja distintos mecanismos de políticas públicas e regulação para promover soluções adequadas e evitar consequências prejudiciais a indivíduos e grupos sociais.

O cientista de dados da startup Semantix, que comercializa aplicações de IA, defende que as políticas públicas limitem-se ao apoio às empresas atuando na área. “É importante fazer alinhamento com o estímulo à inovação, dar estímulo para startup que adota IA. Assegurar que essas empresas tenham incentivo fiscal ou incentivo a fundo perdido. Hoje estamos distantes do que ocorre nos outros países. Precisamos diminuir essa diferença para atingir inovação”, recomenda.

Um dos aspectos é o da garantia da concorrência neste mercado. Na avaliação do coordenador da Associação de Pesquisa Data Privacy Brasil, Rafael Zanatta, um eixo importante da regulação é o tratamento dos dados como ativo econômico. Uma vez que grandes conglomerados se utilizam de grandes bases de dados como vantagens competitivas (como redes sociais e mecanismos de busca), em outros países vem crescendo a discussão sobre o tratamento dos dados como uma infraestrutura pública.

“Organizações internacionais como OCDE, FMI e Banco Mundial têm relatórios dizendo que um dos maiores problemas é a alta concentração econômica, com grupos entrincheirados com grandes bases de dados. Uma das modalidades é aplicar regulações que delimitem conjuntos de dados obrigatoriamente compartilhados. Descentralizar o acesso, mas protegendo dados pessoais”, argumenta Zanatta.

O pesquisador da Fundação Konrad Adenauer e autor de livros sobre o tema Eduardo Magrani acredita que em breve será preciso dar resposta à emergência das máquinas inteligentes como agentes. “Quais as características que nos fazem humanos e em que ponto as máquinas vão ser merecedoras destes direitos? Minha opinião é que no estágio atual a gente ainda não precisa atribuir uma personalidade eletrônica. Mas precisamos preparar terreno porque a IA pode dobrar a cada 18, 24 meses. A medida que for ganhando autonomia a gente vai precisar atribuir alguns direitos e eventualmente até uma personalidade eletrônica”, sugere.

Legislação

Para além da Estratégia Nacional, projetos de lei já foram apresentados no Congresso Nacional visando regular o campo. O PL 5051 de 2019, do senador Styvenson Valentim (PODEMOS/RN) estabelece princípios ao uso da IA no país, como respeito à dignidade humana e aos direitos humanos, transparência e auditoria dos sistemas, garantia da privacidade e supervisão humana. Além disso, responsabiliza os criadores ou proprietários dos sistemas por danos causados por eles.

O PL 2120 de 2020, do deputado Eduardo Bismack (PDT/CE) também estabelece fundamentos e princípios, como desenvolvimento tecnológico, proteção de dados, livre concorrência, respeito aos direitos humanos, não discriminação, explicabilidade, centralidade do ser humano, segurança, transparência e fiscalização do cumprimento das normas legais. As partes afetadas por um sistema passam a ter direitos, como informações claras sobre os critérios adotados e sobre uso de dados sensíveis. Para o deputado, diante do cenário da relevância da IA e de seu potencial, “torna-se apropriada a edição de legislação sobre a matéria, tornando obrigatórios os princípios consagrados no âmbito internacional e disciplinando direitos e deveres”.

Na avaliação do coordenador do Centro de Pesquisa em IA da Universidade de São Paulo e professor da Escola Politécnica da instituição, Fábio Gozman, medidas devem ser específicas em relação aos potenciais prejuízos sob risco de prejudicar a inovação no campo. “É preciso identificar problemas e atuar sobre eles. Seria importante definir claramente o que é uma violação de privacidade, um deepfake [vídeo alterado artificialmente para parecer real]. Isso não significa só proibir coisas, o que pode dificultar ter bônus na sua economia”, observa.

O diretor de relações governamentais da IBM no Brasil, Andriei Gutierrez, vai em sentido semelhante. “Hoje o país não está maduro para você avançar em qualquer regulação geral. Com uma lei geral corre risco de afetar aplicações das quais nossa sociedade depende. Se obrigar revisão de decisões automatizadas por humano, o risco é você ter sérias consequências". Já para a analista de políticas para América Latina da organização internacional Eletronic Frontier Foundation Veridina Alimonti, a ausência de mecanismos que assegurem a revisão humana pode tornar esse recurso figurativo.

Para o professor da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília Sivaldo Pereira, a regulação do tema passa por um amplo debate sobre temas como regras sobre o poder de tomada de decisão das máquinas; níveis de autonomia; mecanismos de controle dos sistemas que podem subverter os seus autores; limites no uso de IA para algumas questões sensíveis, passando ainda por diretrizes sobre a criação de códigos (como necessidade de diversidade étnica, cultural, de classe etc. tanto nas equipes que escrevem códigos quanto no público por meio do qual o algoritmo é treinado, pois isso reflete diretamente nas características do produto final). “É preciso criar uma política regulatória centrada no elemento humano e não apenas deficiência técnica do sistema”, defende o docente.

A animação está presente na indústria do entretenimento desde 1908, quando surgiu o primeiro desenho animado, "Fantasmagorie", dirigido por Émile Cohl (1857-1938). Desde então, alguns nomes popularizaram o gênero, como Walter Lantz (1899-1994), com o "Pica-Pau" (1957), e Walt Disney (1901-1966), com "Mickey Mouse" (1928).

No Brasil, a profissão de animador ganhou popularidade junto com a expansão da internet. Com isso, muitas pessoas começaram a alimentar o sonho de um dia trabalhar em produções de desenhos animados. Para isso, é necessário ter noções de movimentos para os estilos 2D, 3D ou stop motion. "Animar não é só movimentar imagens na tela ou mover bonecos articulados, mas sim dar vida a eles. É sempre recomendável estudar e entender os princípios da animação e também tentar fazer engenharia reversa em suas obras favoritas", explica o animador da Fire Studio Animation, Antonio Silva.

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Acompanhe a animação brasileira "Maria Quitéria Honra e Glória", produzida pela Fire Studio Animation:

O profissional de animação pode trabalhar de maneira formal, em estúdios, agências de publicidade e produtoras de jogos, e também no modelo independente. "Os freelancers acontecem por vários motivos, seja pelo instável fluxo financeiro de algumas produtoras, que inviabiliza uma contratação formal, ou pelo artista acreditar que tem mais liberdade de escolha e também por não morar no mesmo local que se encontra o estúdio", comenta Silva.

Quando se trata de um freela, o profissional vai trabalhar com base em contratos, que resguarda tanto o cliente quanto aquele que está prestando o serviço. "Na maioria das vezes, os contratos versam sobre as obrigações, tempo de produção e valores a serem pagos. No documento consta cláusulas sobre os direitos autorais daquele material, confidencialidade e multas por atraso", detalha o animador.

O animador digital Antonio Silva | Foto: Arquivo Pessoal

Os que desejam seguir a profissão, devem ter em mente que o trabalho de animação é lento. Estima-se que um bom animador faz em média cinco segundos de animação por dia. Contudo, existem outros processos que envolvem o trabalho, como roteiro, storyboard, animatic, edição e pós-produção, além de toda a parte que envolve dublagem e efeitos sonoros.

Assim como em outras profissões, trabalhar com animação no Brasil é um desafio. Além de toda burocracia que uma empresa enfrenta para poder produzir e empregar, a desvalorização da moeda real frente ao dólar dificulta o acesso a equipamentos e softwares. Por isso, vários profissionais optam por trabalhar fora do país. "Os bons profissionais, na maioria das vezes, são valorizados. Nos últimos anos, acho que essa premissa tornou-se ainda mais verdadeira com o sucesso da indústria dos games e o crescimento das empresas de streaming, que vem absorvendo os bons artistas", relata Silva.

Por conta da popularização, muitos animadores sentiram-se motivados a aprender com os veteranos e, aos poucos, procuram uma maneira de entrar no mercado de trabalho. "Acredito que ainda falta muito pra termos uma indústria de animação consolidada no Brasil, mas estamos no caminho e, mesmo devagar, vamos chegar lá", finaliza o animador.

Acompanhe a animação brasileira "Maria Quitéria Honra e Glória", produzida pela Fire Studio Animation:

 

O baixo nível de aprendizado dos alunos, as grandes desigualdades e a trajetória escolar irregular estão entre as questões mais preocupantes em relação à educação pública brasileira. A constatação está no Relatório do 3º Ciclo de Monitoramento do Plano Nacional de Educação 2020, divulgado nesta quarta-feira (2) pelo Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).

O levantamento do biênio 2018- 2019 do Plano Nacional de Educação (PNE), que tem 20 metas definidas para serem alcançadas entre 2014 – 2024, mostra que dificilmente o Brasil vai conseguir atingi-las no prazo. Na educação infantil, por exemplo, responsável por crianças até 3 anos, a cobertura chegou, em 2018, a apenas 36%. O maior número de crianças não atendidas – cerca de 1,5 milhão – pertencem à famílias de baixa renda.

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Para essa faixa de idade, o PNE prevê a redução da desigualdade entre os 20% mais pobres e os 20% mais ricos a um patamar menor que 10 pontos percentuais. Em 2018, no entanto, a desigualdade registrada foi bem superior a essa meta, e chegou a cerca de 25 pontos percentuais. A expectativa quanto à melhora desse indicador não é otimista. Segundo os pesquisadores, a tendência é de que até 2024 o Brasil não ultrapasse o índice de 45% de cobertura até 3 anos de idade, ficando bem aquém da meta.

Já no ensino obrigatório - para a faixa etária de 4 a 5 anos - apesar de a cobertura ter chegado a 94% em 2018, é necessário incluir cerca de 330 mil crianças na pré-escola para se atingir a universalização.

Ensino fundamental

Quando o recorte é feito no ensino fundamental, a boa notícia é que em 2019 98% das crianças e adolescentes de 6 a 14 anos estavam matriculados com desigualdades praticamente inexistentes entre regiões e grupos sociais, diz o levantamento.

Segundo o Inep, nesse caso, o maior desafio é a conclusão do nono ano na idade recomendada. Somente 78% dos adolescentes aos 16 anos chegaram a concluir essa etapa, a meta estabelece que 95% dos jovens de 16 anos cheguem ao final do ensino fundamental de nove anos até 2024. “A análise tendencial sugere que, no ritmo atual, essa meta não será alcançada, sendo necessário triplicar a velocidade de melhora do indicador”, alerta o estudo.

As desigualdades regionais e sociais são apontadas como o grande problema para a melhoria dos indicadores do ensino fundamental. O relatório destaca que cerca de 1,9 milhão de jovens de 15 a 17 anos que frequentam a escola ainda estão matriculados no ensino fundamental. “Isso coloca o Brasil longe da meta do PNE de, até 2024, ter pelo menos 85% da população de 15 a 17 anos frequentando o ensino médio. Em 2019, esse indicador alcançou 73% dos jovens e apresentou expressivas desigualdades regionais e sociais”, diz o relatório.

Ainda no campo da qualidade educacional, o relatório destaca que o Brasil avançou na melhoria do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) dos anos iniciais do ensino fundamental, mas apresenta “evolução ínfima e tendência à estagnação” em relação aos Idebs dos anos finais do ensino fundamental e do ensino médio, respectivamente.

“A dívida histórica da educação nacional com o acesso escolar está marcada pelo grande contingente de jovens, fora da faixa etária de matrícula obrigatória, de 18 a 29 anos, que não possuem a educação básica completa, ou seja, pelo menos 12 anos de escolaridade. As desigualdades de acesso, que historicamente alijaram do direito à educação as populações do campo, das regiões menos desenvolvidas, de cor negra e dos grupos de renda mais baixa, são enfrentadas no PNE” , destaca do documento. Alcançar o mínimo de 12 anos de escolaridade para esses grupos e igualar a escolaridade entre negros e não negros é a meta para 2024.

Analfabetismo

Alcançar a redução em 50% do analfabetismo funcional e erradicar o analfabetismo absoluto até 2024 também está entre as metas do PNE. O relatório mostra que a meta intermediária de elevar a taxa de alfabetização para 93,5% foi praticamente alcançada em 2019, embora significativas desigualdades regionais e sociais ainda persistam. A meta de erradicação do analfabetismo adulto até 2024 está 6,6 pontos percentuais de ser alcançada, enquanto o analfabetismo funcional, embora em queda, ainda dista 5 pontos percentuais da meta.

“É fato que o Brasil ainda não alcançou uma articulação robusta em torno de um regime de colaboração entre União, estados e respectivos municípios, por meio de ações coordenadas e integradas dos poderes públicos dessas diferentes esferas federativas, que conduzam a esforços compartilhados para assegurar o acesso, a permanência, de forma integral e universal, e a efetividade dos sistemas educacionais. É um processo em curso. Porém, reconhecidamente, há uma convergência de atores em torno do PNE, que lhe confere sustentabilidade, continuidade e reconhecimento da imprescindibilidade do alcance das metas e da implementação de suas estratégias”, constata o relatório.

Com o distanciamento social orientado para conter o avanço da pandemia, as redes sociais se tornaram o meio de comunicação e entretenimento mais viável. Entre WhatsApp, Facebook, Instagram e Twitter, usuários criativos começaram a criar e compartilhar correntes e desafios. Confira algumas dessas brincadeiras que tem dividido a opinião na internet:

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Como você me descreveria?

Essa corrente tomou conta das redes sociais nas últimas semanas. Entre stories no Instagram e publicações no Facebook, a brincadeira consiste em descrever a pessoa que fez a publicação, caso outra pergunte quem ela é. "Minhas redes foram dominadas por isso. No início até participei de algumas, mas cansei", comenta o estudante de Ciências Sociais Leonardo Silva, 23 anos.

Cite uma lembrança...

Nessa corrente, a memória do usuário é instigada a recordar de algo referente ao dono da publicação ou de sua infância, como uma lembrança de escola, por exemplo. As correntes que tem como base essa brincadeira também dominaram as redes sociais.

Solta o pontinho e digo algo de você

 Para interagir, o usuário adepto dessa brincadeira costuma dar sua opinião sobre aquele que se dispõe, por meio do 'pontinho' a sabê-la. Acontece que a brincadeira pode trazer elogios ou não. "Adoro essas correntes de dizer algo sobre uma pessoa, pode ser qualquer coisa", comenta o estudante de Direito Carlos Pais, 22 anos.

  

Desafios e GIFs

Matemática, lógica, gramática e "ache o objeto" são alguns dos desafios que tomaram conta das redes sociais na quarentea. O viral da vez consiste em adivinhar quantas pessoa há em um quarto. "Este, ainda não achei a resposta", brinca Pais. Já os GIFs, que fazem fama na internet, passaram a trazer animações em formato de jogo, onde é preciso paralizar a imagem exatamente no momento de encaixe proposto.

 

Em mais uma edição que destacará projeções para a sociedade brasileira, o programa ‘Quando passar... Como será o mundo após a pandemia?’ realiza, nesta quarta-feira (10), uma live interativa, às 16h30. “Os desafios de empreender diante da maior crise dos últimos tempos” é o tema da transmissão que contará com o empresário Janguiê Diniz, fundador e controlador do grupo Ser Educacional e presidente do Instituto Êxito de Empreendedorismo.

O coordenador do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) em Pernambuco, Leonardo Carolino, também participará da live, revelando estratégias para os pequenos negócios superaram a crise provocada pela Covid-19. O empreendedor e professor de redação Diogo Xavier, um dos criadores do pré-acadêmico ‘Squadrão Show”, completa a equipe de convidados. A mediação é do jornalista Nathan Santos.

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“Vamos falar dos desafios de empreender no mundo após a pandemia. Esperamos vocês”, destacou Janguiê Diniz. Em seu percurso de vida, o empresário coleciona exemplos natos de um grande empreendedor, como os descritos em sua autobiografia, intitulada “Transformando sonhos em realidade – a trajetória do ex-engraxate que chegou à lista da Forbes”.

Janguiê Diniz é fundador do Ser Educacional, considerado um dos maiores grupos do setor no Brasil, atendendo mais de 160 mil alunos em 60 unidades distribuídas por todos os estados brasileiros. Mais de 11 mil colaboradores fazem parte do Ser Educacional.

Em maio de 2019, o empresário lançou o Instituto Êxito de Empreendedorismo, do qual é presidente. A instituição realiza atividades que buscam fomentar o espírito empreendedor entre a população brasileira, oferecendo, por exemplo, qualificações gratuitas.

O ‘Quando passar’ é uma idealização do LeiaJá em parceria com o projeto Vai Cair No Enem. O programa é exibido todas as quartas-feiras, às 16h30, no YouTube do LeiaJá, bem como por meio do Instagram.

Proposta - Os convidados do programa não apresentam “verdades absolutas” sobre a futura sociedade do período pós-pandemia, uma vez que há muitas dúvidas acerca de como os países se recuperarão das consequências causadas pela proliferação do vírus em diferentes áreas. Porém, eles revelam projeções, a partir das suas vivências pessoais e principalmente profissionais, que possam nos apresentar possíveis panoramas. As temáticas abordadas nas lives serão diversas, permeando áreas como educação, mercado de trabalho, esportes, política, medicina, ciência, tecnologia, cultura, entre outras.

Serviço

Programa 'Quando passar... Como será o mundo após a pandemia?'

Quando: quarta-feira (10)

Horário: 16h30

Convidados: Janguiê Diniz (fundador e controlador do grupo Ser Educacional e presidente do Instituto Êxito de Empreendedorismo) / Leonardo Carolino (coordenador do Sebrae-PE) / Diogo Xavier (empreendedor e professor de redação)

Onde assistir:

youtube.com/leiajaonline

youtube.com/vaicairnoenem

facebook.com/leiajaonline

Instagram @leiaja

“Tudo aquilo que eu sou, ou pretendo ser, devo a um anjo, minha mãe”. A frase de Abraham Lincoln traduz os sentimentos de milhares de filhos pelo mundo: o de gratidão às mães. E são elas as grandes responsáveis por sustentar um lar. Não necessariamente apenas financeiramente falando - embora 28,9 milhões de lares são chefiados por mulheres no Brasil -, mas são impostas socialmente como as mantenedoras de uma casa.

E nesse tempo de isolamento social provocado pela pandemia do novo coronavírus não é diferente. Muitas mães tiveram que adaptar suas rotinas ao esquema de home office e fazer das suas mesas, bancadas, sofás e escrivaninhas, seus próprios postos de trabalho. As atividades profissionais feitas remotamente certamente são um benefício que muitas delas já gostariam de ter, mas podem se tornar também um grande desafio.

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Isso porque não apenas precisam dar conta do trabalho, como de todo um lar, que envolve filhos, casa, marido ou esposa - para alguns casos -, animais domésticos, entre outras coisas que fazem parte desse processo de construir uma família. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2019, mulheres dedicam quase o dobro do tempo dos homens em tarefas domésticas. Mesmo trabalhando fora, a mulher cumpria 8,2 horas a mais em obrigações de casa que o homem também ocupado.

Por isso, em comemoração ao Dia das Mães, o LeiaJá conta agora a história e a rotina de quatro mães de Pernambuco. De diferentes cores, jeitos e crenças, elas contam um pouco como é lidar com a dia-a-dia de trabalhar em casa, proteger os filhos, cuidá-los e educá-los em um período tão delicado. Seu medos e aflições certamente são apenas um detalhe nesse processo tão gigantesco que é mostrar a força, o colo e a autoridade de uma mãe.

Jamine

E dentro desse processo se encontra a administradora de empresas Jamine Bruno de Oliveira, de 42 anos. Mãe de três filhos, ela conta que sua rotina tem mudado muito desde que foi decretado o período ainda indeterminado de quarentena no Brasil. Funcionária pública, ela e o marido, também servidor público, dividem as tarefas do lar. Jamine tem três filhos: Arthur, de 12 anos, Pedro, de 10 anos, e Daniel, de um 1 ano. Arthur é portador de uma doença congênita chamada esquizencefalia, que provoca atraso neuropsicomotor. Com isso, ele não anda e não fala.

Foto: Arquivo pessoal



Jamine é mãe de Daniel, de 1 ano, Arthur, de 12 anos, e Pedro, de 10 anos (que não aparece na foto)

Isso faz com que a rotina de Jamine seja dividida com o companheiro. Pela manhã, a também mestranda em Políticas Públicas pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) começa o trabalho antes das 6h. “Fico até 11h, nesse horário eu começo a organizar o almoço. Depois do almoço, meu filho de 1 ano dorme um pouquinho mais e eu volto a trabalhar, volto a escrever minha dissertação. Quando chega próximo do horário da janta, eu me desloco e vou fazer o jantar e após a janta a gente tem um horário em família, e mais tarde eu volto ou ao trabalho ou à dissertação. Meu marido também volta ao trabalho”, detalha.

A rotina com as três crianças exige muita atenção e cuidados. Arthur, pelas suas necessidades, tem tudo em horários bem determinados. “Ele estuda na rede municipal e não está tendo aula”, diz Jamine. Já Pedro tem aulas virtuais em uma escola privada do Recife, e consegue ter uma certa independências nas atividades. Já o pequeno Daniel, pela pouca idade, também é dependente dos cuidados dos pais.

Para a mãe, o maior benefício do trabalho home office com os filhos é poder ter o contato em família. Já o maior desafio é a conciliação dos horários. “Quando você está fora de casa, você se arruma, fecha a porta e vai embora fazer suas coisas, o foco é 100%. E quando você está em casa, alguns momentos, realmente, você tem que parar, tem que dar atenção, responde a uma pergunta, responde outra. É bom, mas ao mesmo tempo é cansativo”, diz.

Eduarda

No mesmo cenário de tentar conseguir lidar com as coisas de casa e do trabalho está Maria Eduarda. A administradora do terceiro setor na ONG Espaço Feminista do Nordeste para a Democracia e Direitos Humanos tem uma filha de oito anos, chamada Maria Fernanda. A garota tem Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) além de uma comorbidade chamada Transtorno de Ansiedade Generalizada. “Como diz no popular, ela tem uma cabeça a mil por hora e vai longe na imaginação. Apesar de ser medicada para melhorar a capacidade de concentração dela nos estudos, e acompanhada pela psicóloga, ela tem muitas habilidades a desenvolver ainda, então requer muito de mim”, diz Eduarda.

A rotina diária precisa muita atenção e dedicação a Fernanda. Pelo fato da filha ser “grandinha” já tem autonomia em algumas atividades, como tomar banho e se vestir. “Mas eu preciso ficar cobrando e verificando”, pontua Eduarda. “Depois vamos à aula virtual, eu preparo tudo e tento deixá-la fazendo sozinha, mas é impossível pela dificuldade em manusear o computador. Então eu fico alternando entre fazer alguma coisa no escritório que tenho em casa e ajudá-la”, completa. 

Foto: Cortesia

Eduarda concilia o trabalho com a atenção à filha, Maria Fernanda

Após as atividades matinais, Eduarda é responsável pelo preparo do almoço e organização da casa. À filha, ela delega pequenas atividades domésticas para auxiliá-la o dia a dia. “Como a organização que trabalho é feminista, ela é bem flexível e entende quando digo que estou ocupada com minha filha”, diz Eduarda. 

Fabiany

Aos 38 anos, a bancária Fabiany Souza Andrade divide a atenção do trabalho com três crianças. Seu dois filhos, Kaiky, de 10 anos, e Lara, de 5 anos, e seu sobrinho, Ryan, de 12 anos. Com a quarentena, o garoto veio passar o período de isolamento sob os cuidados da tia. O privilégio de Fabiany entre as outras tantas mães é ter os horários de trabalho flexíveis. “Me dedico entre cinco e seis horas diárias”, diz.

Apesar disso, não faz a rotina ser mais fácil. É trabalho, cuidado com a casa e dedicação às crianças diariamente. Com as aulas on-line, ela buscou um outro computador no trabalho para que conseguisse dar conta da educação dois dois filhos e do sobrinho. Pela manhã, Kaiky assiste às vídeo-aulas de forma mais autônoma, enquanto Lara precisa da atenção da mãe nas atividades escolares. À tarde, é a vez de Ryan.

Por volta das 9h30 ou 10h, ela inicia o home office. “Inicio meu home office ao lado de Kaiky, quando ele já está iniciando as atividades e fico disponível para a necessidade de ele me demandar ajuda. Eu sempre ensinei ele a estudar sozinho, então ele recorre muito pouco a mim. Pausamos para o almoço (que já deixei pronto na noite anterior) e retomo meu home office até umas 15h30, 16h. Ryan inicia as aulas on-line às 14h e termina às 17h, como ele também fica ao meu lado, posso auxiliá-lo quando necessário” explica. O restante da noite se divide entre fazer as atividades de casa, deixar o resto do almoço do dia seguinte pronto, cuidar da família e, ainda, cuidar de si. 

Para Fabiany, o grande desafio de estar no processo de isolamento social e home office com as crianças é não perder o foco, não brigar e levar as adversidades com leveza. Já o grande benefício é ter o contato diário. “Eles sentem falta e querem estar literalmente juntos. Eles entram no escritório para me dar beijos e abraços. Isso não tem preço”, garante.

Vanessa

Aos 29 anos, Vanessa Bastos divide a profissão de professora técnica supervisora CTI da Gerência Regional de Educação Metropolitana Sul, da Rede Estadual de Ensino de Pernambuco com a vida de empreendedora. Ela tem uma marca voltada para a produção de doces, chamada Dolce Por Vanessa Bastos.

Dentre as mães já citadas nesta reportagem, Vanessa destoa por um motivo: não está com o filho. Diante da exposição devido à entrega dos doces que precisa fazer, sobretudo com a proximidade de datas comemorativas como o Dia das Mães, ela optou por se afastar daquele que é o seu bem maior: seu filho, Gabriel, de 9 anos. O pequeno está na casa da avó, que mora em Paulista, na Região Metropolitana do Recife.

“E aí acabo que não tenho que me desdobrar tanto com relação aos cuidados com ele, porém supervisionando a distância. Porque, sabe, casa de avó pode tudo. Então, tenho que monitorar o horário que  dorme, que joga, que faz tarefas…”, diz. 

Essas foram quatro breves histórias. Quatro mães que, cada uma com suas peculiaridades, mostram a força da mulher. Quatro mães que, assim como a repórter que escreve esta matéria ou a leitora que a aprecia, se identificam com as lutas e glórias diárias de estar no papel maternal de cuidar, educar e proteger os filhos.

Durante o período de isolamento social devido ao surto causado pelo novo coronavírus (Covid 19), o roteiro profissional dos educadores foi alterado. Para transmitir o conteúdo das aulas aos estudantes, muitos professores enfrentam dificuldades com a adaptação ao modelo de ensino a distância (EaD). Além da falta de estrutura para lecionar em casa, a falta de prática com equipamentos tecnológicos pode fazer com que o ensino essencial não chegue aos alunos como os mestres assim desejam.

Outro aspecto observado por alguns educadores não é relacionado apenas à distância imposta pelo período pandêmico. Para a pedagoga Eliana Soares, 51 anos, o afastamento dos alunos pode interferir em questões identificadas apenas de modo presencial. "Além de transmitir conhecimento, às vezes, fazemos o papel de mãe e pai. A distância nos permite usar a tecnologia, mas nos afasta emocionalmente, e essa é minha preocupação", comenta.

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As educadoras Eliana Soares (á esq.) e Rita Panzolini | Foto: arquivo pessoal

Professora há 12 anos em um colégio particular na cidade de Santo André (SP), Eliana não esconde a frustração com o momento, mas afirma que tem se dedicado ao novo método. "Preparo todas as aulas com muito carinho, passo horas para gravar os videos e estar presente na vida dos meus alunos, mesmo que seja a distância", declara.

Já para a professora de ciências Graziella Colucci, 49 anos, um dos grandes empecilhos da educação a distância é a ausência da participação dos estudantes em aulas e atividades. "Tenho aproximadamente 150 alunos, e recebi cerca de 30 atividades. Em uma das salas com 28 alunos, apenas sete fizeram", lamenta. Atuante no ensino municipal de São Caetano do Sul (SP), ela afirma ter respaldo estrutural do poder público, mas entende que o problema possa estar relacionado à questão social e disciplinar dos aprendizes. "Além de serem muito jovens e não terem desenvolvido o empenho necessário para o EAD, as famílias têm dificuldades particulares que impedem o bom andamento", complementa.

A professora Graziella Colucci durante uma aula de ciências | Foto: arquivo pessoal

Profisisonal da rede privada de ensino, o professor de geografia Andre Rubinho, 46 anos, não sentiu dificuldade com o uso da tecnologia em suas aulas. Segundo ele, a formação como jornalista colaborou para sua adaptação. "O colégio disponibilizou um treinamento na ferramenta Zoom que foi rápido, mas bem produtivo", considera. Para Rubinho, os alunos estão preparados com recursos da modernidade, mas o que o preocupa são os demais colegas de trabalho. "Acredito que 80% deles estejam enfrentando dificuldades por não conhecerem todas as ferramentas e equipamentos, pois não são todos que podem ter recurso de ponta que permita a realização do trabalho", comenta.

Ainda segundo Rubinho, o módulo EaD também requer mais tempo de trabalho na rotina dos professores. Para elaborar um material que prenda a atenção do aluno, o profissional tem dobrado a jornada. "Fico a tarde inteira fazendo aula para apresentar aos alunos pela manhã. Descanso um pouco depois do almoço e volto a preparar conteúdo do dia seguinte", detalha. Apesar do volume maior de trabalho, ele está satisfeito com o rendimento dos alunos. "A adesão deles foi muito rápida. Na mesma semana, todos estavam adaptados", complementa.

O professor de geografia André Rubinho | Foto: arquivo pessoal

A preocupação do professor é ainda maior com o abismo social que pode se aprofundar mais após a pandemia. Para Rubinho, os colégios particulares saíram na frente, mas o poder público demorou para se adaptar à educação no isolamento social. "No colégio em que dou aula ninguém reclamou por não ter celular, internet, notebook, mas não dá para exigir dos pais de alunos de escola pública que tenham a mesma estrutura que os do ensino privado", afirma. "É mais uma mostra de aumento da desigualdade social e nunca evoluiremos como nação sem combater a desigualdade", finaliza.

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