José Maria Marin, o ex-presidente da CBF preso em Zurique, será extraditado nesta terça-feira aos EUA depois de fechar um acordo com a Justiça norte-americana. Fontes próximas ao processo na Suíça revelaram à Agência Estado que a viagem será na manhã desta terça-feira, colocando um fim a mais de cinco meses de prisão.
Ao desembarcar em Nova York, o que deve ocorrer no meio da tarde desta terça, ele será levado diretamente para uma corte, onde irá se declarar inocente e passará algumas horas numa delegacia. Graças a um acordo preestabelecido com o FBI, o brasileiro vai permanecer em prisão domiciliar, em seu apartamento na Quinta Avenida.
##RECOMENDA##Marin foi o último entre os sete cartolas presos em maio a ter seu caso avaliado pelos suíços. Foi a negociação para sua prisão domiciliar que acabou atrasando uma definição sobre o brasileiro que, em junho, havia entrado com um recurso na Suíça para não ser extraditado. Enquanto isso, seus advogados se lançaram em um diálogo com o Departamento de Justiça para garantir que, em uma ida aos EUA, o ex-presidente da CBF receberia certos privilégios.
Pelo entendimento, Marin continuará a se declarar inocente e o processo vai seguir seu trâmite durante 2016. Mas ele aceita "colaborar" com a investigação e coloca uma parte significativa de seus bens nas mãos da Justiça. Isso vai incluir até mesmo uma garantia assinada por sua esposa.
Por enquanto, ele não teria obrigações de delatar ninguém. Mas a Justiça norte-americana garante que, assim que Marin desembarcar nos EUA, voltará a colocar o assunto sobre a mesa. Um dos focos da investigação é traçar o envolvimento de Kleber Leite, Marco Polo Del Nero e Ricardo Teixeira.
Ao chegar aos EUA, Marin ficará no máximo 72 horas numa delegacia e já será levado para seu apartamento. O prazo é apenas para garantir que o depósito seja feito em uma conta da Justiça, além de trâmites burocráticos.
Aos advogados suíços, Marin não conseguiu negar que os fatos apontados no indiciamento são falsos. Num primeiro encontro ainda na prisão no início de junho, o brasileiro se dizia inconformado com as acusações e o fato de estar preso. Mas, na reunião seguinte e ao ser confrontado com o ato de acusação, mudou radicalmente de tom. Sua frustração teria sido com o comportamento de José Hawilla, o empresário que o gravou em uma conversa pedindo propinas para a Copa do Brasil.
Seus advogados nos EUA optaram por sair em busca de um acordo, no mesmo padrão que vingou para Jeff Webb, o ex-vice-presidente da Fifa. O cartola entregou relógios de luxo, propriedades, carros e até o anel de noivado de sua esposa.
Mas o acordo esbarrava em outro problema: quem pagaria a fiança. O ex-dirigente indicou que não estaria disposto a arcar sozinho com a conta, que pode chegar perto de US$ 10 milhões.
A Justiça na Suíça também colaborou e aguardou por um acordo entre Marin e os americanos, antes de dar sua posição. Isso porque, se os suíços o extraditassem pelas vias legais, Marin chegaria aos EUA eventualmente sem um acordo, deixando-o em uma posição de maior vulnerabilidade. Por isso, seu processo levou mais de cinco meses e acabou sendo o último dos sete cartolas presos em maio a ser tratado.
Com todos esses aspectos solucionados, a Justiça suíça então convocou Marin para uma audiência na terça-feira e o questionou se ele estaria disposto a ir voluntariamente aos EUA. A resposta foi "sim".