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O Supremo Tribunal Federal derrubou nessa sexta, 21, o programa ‘Escola Livre’, promulgado em 2016 em Alagoas após a Assembleia Legislativa reverter veto imposto pelo governador Renan Filho (MDB-AL). Inspirado no ‘Escola Sem Partido’, a lei previa punições a professores que praticassem ‘doutrinação ideológica’ em sala de aula e exigia comportamento ‘neutro’ dos docentes durante o ensino.

O programa foi suspenso em março de 2017 pelo ministro Luís Roberto Barroso. À época, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, se manifestou contra o ‘Escola Livre’, afirmando que não caberia ao Legislativo estadual prever diretrizes gerais para a Educação. Tal competência, conforme a Constituição, seria privativa da União.

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O caso foi pautado em julgamento virtual encerrado às 23h59 dessa sexta. Relator, Barroso se manifestou pela inconstitucionalidade do ‘Escola Livre’, destacando que ‘a ideia de neutralidade política e ideológica da lei estadual é antagônica à de proteção ao pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas e à promoção da tolerância’.

"A imposição da neutralidade - se fosse verdadeiramente possível - impediria a afirmação de diferentes ideias e concepções políticas ou ideológicas sobre um mesmo fenômeno em sala de aula. A exigência de neutralidade política e ideológica implica, ademais, a não tolerância de diferentes visões de mundo, ideologias e perspectivas políticas em sala".

O ministro destacou ainda que a própria concepção de neutralidade invocada pelo ‘Escola Livre’ é ‘altamente questionável, tanto do ponto de vista da teoria do comportamento humano, quanto do ponto de vista da educação’.

"Nenhum ser humano e, portanto, nenhum professor é uma ‘folha em branco’. Cada professor é produto de suas experiências de vida, das pessoas com quem interagiu, das ideias com as quais teve contato", apontou Barroso. "Em virtude disso, alguns professores têm mais afinidades com certas questões morais, filosóficas, históricas e econômicas; ao passo que outros se identificam com teorias diversas. Se todos somos - em ampla medida, como reconhecido pela psicologia - produto das nossas vivências pessoais, quem poderá proclamar sua visão de mundo plenamente neutra?"

O ministro foi acompanhado por oito colegas da Corte: Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia, Edson Fachin, Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes, Rosa Weber, Luiz Fux e o presidente do Supremo, ministro Dias Toffoli. O voto divergente foi dado pelo ministro Marco Aurélio Mello, que compôs a ala vencida no julgamento.

Marco Aurélio divergiu no entendimento de que o Legislativo de Alagoas teria usurpado competência da União, responsável pela definição de normas gerais sobre Educação. Segundo o ministro, a Assembleia Legislativa atuou ‘dentro da margem de ação’ para ‘disciplinar o sistema de ensino, sob o ângulo do interesse regional, buscando efetivar liberdades fundamentais e ampliar mecanismos de proteção do ambiente escolar’.

"Não se verifica desrespeito a iniciativa reservada ao Chefe do Executivo, uma vez ausente interferência no regime jurídico aplicável aos servidores da rede escolar pública", afirmou Marco Aurélio Mello.

O decano, ministro Celso de Mello, não participou do julgamento por estar de licença médica após ser submetido a uma cirurgia. A previsão de alta é neste sábado, 22.

O Movimento Escola Sem Partido foi redigido pelo procurador paulista Miguel Nagib em 2004 e tem como foco o combate ao que o autor chama de ‘a doutrinação política e ideológica em sala de aula e nos livros didáticos’. As ideias foram alvo de críticas e ações judiciais movidas por educadores e entidades ligadas ao ensino. A Organização das Nações Unidas (ONU) entende que o projeto viola compromissos do Brasil com a educação e a liberdade.

A organização alertou ainda para o risco de se impedir discussões sobre gênero e diversidade sexual, ‘fundamental para prevenir estereótipos de gênero e atitudes homofóbicas por estudantes’.

No ano passado, Nagib anunciou que o movimento seria suspenso ‘por absoluta falta de apoio’. O procurador disse não ter encontrado suporte do governo federal para discutir o ‘Escola Sem Partido’.

Em sessão virtual realizada na última sexta-feira (24), o Supremo Tribunal Federal (STF) declarou inconstitucional uma lei municipal da cidade de Nova Gama, em Goiás, que proibia a discussão de temas de gênero. A lei que estava sendo questionada na corte vetava “material com ideologia de gênero” nas escolas da cidade.

A expressão não é reconhecida pelo universo educacional e utilizada por grupos religiosos contrários a debates sobre identidade de gênero e diversidade sexual. O discurso pelo controle do que é passado nas escolas ganhou força com o movimento Escola Sem Partido, que já levou à criação de projetos de lei vetando a transmissão de “ideologias políticas” dos professores nas aulas e tem ampla difusão entre o meio político bolsonarista.

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A Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) estava sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes, que deu parecer contrário à lei, e foi acompanhado 10 dos 11 ministros. Ricardo Lewandowski, Celso de Mello, Cármen Lúcia, Dias Toffoli, Marco Aurélio, Luiz Fux, Rosa Weber, Luís Roberto Barroso e Gilmar Mendes acompanharam o relator integralmente, enquanto o ministro Edson Fachin acompanhou com ressalvas.

Alexandre de Moraes, que já havia suspendido a lei em decisão temporária no mês de fevereiro, concordou com o entendimento da Procuradoria Geral da República (PGR), segundo quem o município goiano feriu direitos como a igualdade, a laicidade do Estado, a competência privativa da União para legislar sobre diretrizes e bases da educação nacional, à liberdade de aprender ensinar, pesquisar e divulgar e ao pensamento.

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O presidente Jair Bolsonaro voltou a afirmar que o ministro da Educação, Abraham Weintraub, faz um trabalho "excelente". "No meu entender ele (Weintraub) está sendo excelente. Tem certos jornalista criticando. Está indo bem", disse Bolsonaro nesta quarta-feira (18), a apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada.

O ministro tem sido criticado por declarações agressivas nas redes sociais e resultados do ministério. O presidente disse que o projeto "Escola Sem Partido" já está em operação, mesmo sem uma lei específica. "Já tem impresso nos cadernos o que o aluno tem direito. (Se) o professor quer falar que o PT é legal, o aluno pode falar o contrário sem ser perseguido", disse.

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Questionado por uma apoiadora sobre possível volta de disciplinas de "educação moral e cívica" nas escolas, Bolsonaro disse que "tem coisa que só podemos mudar em 2022". O presidente emendou novas críticas ao educador Paulo Freire: "Agora, essa filosofia desse tal de Paulo Freire...16 anos e olha como está a educação no Brasil", afirmou Bolsonaro, que chamou o educador de "energúmeno" nesta semana.

O presidente ainda disse que os estudantes têm de aprender "coisas úteis". "Prova do Enem deste ano... Lembra ano passado? A linguagem secreta dos gays. Para que isso? Pessoal me chama de homofóbico. O que acrescenta? Doutrinação", disse.

Bolsonaro ainda sinalizou que a prova deveria fazer uma releitura sobre o período da ditadura militar. "Em vez de falar o que aconteceu de verdade de 64 a 85, publicam mentiras", afirmou.

O presidente Jair Bolsonaro voltou a defender o projeto Escola Sem Partido, que combate uma suposta doutrinação política e ideológica que seria praticada por professores em sala de aula. Na manhã deste domingo, 28, ele publicou em suas redes sociais um vídeo no qual uma aluna de cursinho questiona as opiniões de uma educadora sobre o escritor Olavo de Carvalho, considerado o "guru" dos Bolsonaro. Ao comentar o filme, o presidente afirmou que "professor tem que ensinar e não doutrinar".

Horas depois, ao chegar ao apartamento do filho mais velho, o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), que neste domingo comemorou aniversário, Bolsonaro disse que não pode existir apenas um lado nas salas de aula. "Nós queremos a escola sem partidos ou, se tiver partidos, que tenha os dois lados. Não pode é ter um lado só na escola, isso leva ao que não queremos", declarou, sem dar detalhes.

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Parlamentar mais votada em 2018, a deputada estadual Janaína Paschoal (PSL-SP) parabenizou Bolsonaro nas redes. "Todo apoio ao presidente (por publicar o vídeo da aluna) e à aluna, que educadamente exigiu o básico: aula! Os professores podem se manifestar, mas os alunos também podem! Só o que pedimos são escolas plurais. Nada além disso!"

Já Manuela D'Avila (PCdoB-RS), que foi candidata a vice-presidente na chapa do petista Fernando Haddad, afirmou que Bolsonaro, "ao invés de acolher professores, os hostiliza". E que, "ao invés de estimular respeito, incita ódio".

'Direito dos alunos'

Para o ministro da Educação, Abraham Weintraub, filmar professores em sala de aula é um direito dos alunos. Ele disse que ainda irá analisar o conteúdo dos vídeos compartilhados pelo presidente e o filho para saber se alguma irregularidade foi cometida pelos educadores.

"Não incentivo ninguém a filmar uma conversa na rua, mas as pessoas têm o direito de filmar. Isso é liberdade individual de cada um. Vou olhar os casos com calma. Não faremos nada de supetão", afirmou Weintraub.

O vídeo mostra uma aluna confrontando uma professora de gramática depois de ela afirmar que Olavo de Carvalho é "uma anta porque mete o pau em tudo". A estudante, então, avisa que filmou a aula e afirma ter perdido 25 minutos ouvindo opiniões político-partidárias e não aprendendo gramática. "Não estou pagando cursinho para isso", reclama, informando ainda que vai procurar o diretor da instituição, que não teve o nome revelado.

O vídeo compartilhado neste domingo pelo presidente foi publicado originalmente nos perfis do Escola Sem Partido no Facebook e também no Twitter, canais constantemente usados para citar professores que estariam expondo suas opiniões políticas. Depois da divulgação por Bolsonaro, os participantes do projeto afirmaram em rede social que "confiam" no trabalho do presidente: "Confiamos em seu governo para pôr fim a esses abusos". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Para o ministro da Educação, Abraham Weintraub, filmar professores em sala de aula é um direito dos alunos. Ele disse que ainda irá analisar o conteúdo dos vídeos compartilhados nas redes sociais neste domingo (28) pelo presidente Jair Bolsonaro e por seu filho, Carlos, para saber se alguma irregularidade foi cometida pelos educadores.

"Não incentivo ninguém a filmar uma conversa na rua, mas elas têm direito de filmar. Isso é liberdade individual de cada um. Vou olhar os casos com calma. Não faremos nada de supetão", afirmou ao jornal O Estado de S. Paulo, lembrando que, como professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) sempre deixou que seus alunos gravassem as aulas e fotografassem a lousa.

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Segundo o ministro, o objetivo não é "criar um clima de caça às bruxas" e os professores devem ficar tranquilos, pois "o direito de todos será preservado". Ele afirmou, porém, que podem ser necessárias medidas para "melhorar o ambiente escolar" nos casos relatados.

"Pelo que me foi descrito, o dinheiro do contribuinte não estava sendo gasto da melhor forma. Se eu tivesse pagando por uma aula dessas, eu me sentiria lesado. Agora, vamos olhar com calma e analisar dentro da lei o que pode ser feito, respeitando professores, alunos e pagadores de impostos", disse.

Bolsonaro compartilhou no Twitter na manhã deste domingo um vídeo com a legenda "professor tem que ensinar e não doutrinar". Ele mostra uma aluna questionando uma professora sobre críticas que teriam sido feitas por ela ao governo, ao projeto "Escola sem Partido" e ao guru bolsonarista, Olavo de Carvalho.

Minutos depois, Carlos compartilhou na mesma rede social um vídeo no qual um professor discutia com um aluno, gritava, e falava mal de Bolsonaro. Carlos publicou o vídeo com a legenda "Gravar/filmar aulas é ato de legítima defesa contra os predadores ideológicos disfarçados de professores".

O ministro afirmou que os professores não devem ficar "apavorados" e que têm liberdade para tecer comentários fora do horário da aula. "Claro que ele pode fazer comentários e pode ter sua opinião. Se ele fala qualquer coisa no intervalo, está no direito dele. Se a aula foi boa, o aluno aprendeu, não temos nada com isso", disse.

O presidente Jair Bolsonaro publicou hoje (28) em seu perfil na rede social Twitter vídeo de uma aluna que alega que uma professora de gramática usou 25 minutos dentro de sala de aula para fazer críticas ao governo, ao movimento Escola sem Partido e ao escritor Olavo de Carvalho. Junto ao vídeo, Bolsonaro escreveu: “Professor tem que ensinar e não doutrinar”.

Questionado pela imprensa sobre o assunto quando chegava à casa de um dos filhos, o presidente voltou a defender o movimento Escola sem Partido. “Nós queremos a escola sem partido ou, se tiver partido, que tenha os dois lados. Isso tem que ser. Não pode é ter um lado só na sala de aula. Isso leva ao que nós não queremos”, afirmou.

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Encontro com Maia

Bolsonaro também falou sobre o encontro que teve com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), na manhã deste domingo. Bolsonaro disse que os dois conversaram durante cerca de uma hora. Sobre o que foi tratado na conversa, o presidente disse apenas que a visita foi para tratar “de um montão de assuntos”.

À Agência Brasil, a assessoria de Maia informou que o encontro foi para tratar do projeto de reforma da Previdência que tramita no Congresso Nacional.

*Colaborou Felipe Pontes

O presidente Jair Bolsonaro afirmou neste domingo (28) que o encontro com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), no início da manhã de hoje foi "excelente" e durou cerca de uma hora. Questionado sobre se conversaram sobre a tramitação da Reforma da Previdência no Congresso, Bolsonaro respondeu apenas que trataram de "um montão de assuntos".

Ao Estadão/Broadcast, plataforma de notícias em tempo real do Grupo Estado, Maia confirmou mais cedo que a tramitação da reforma foi assunto da conversa. Ele também afirmou que o governo ainda está discutindo a possível transferência do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). Há uma movimentação no Congresso para que o órgão saia da competência do Ministério da Justiça e retorne à estrutura do Ministério da Economia. O ministro Sérgio Moro (Justiça) é contrário à mudança e tem feito apelos públicos para que a sua pasta não seja desidratada.

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No sábado (27), Maia negou que tenha feito críticas ao deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e ao vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ) quando falou da atuação deles em relação ao pai, o presidente Jair Bolsonaro, em entrevista publicada pelo site Buzzfeed Brasil. Em nota, afirmou que "as informações estão totalmente fora de contexto e que a entrevista aparenta uma agressão verbal que não ocorreu".

Ao Buzzfeed, Maia disse que Eduardo teria saído do "baixíssimo clero" para comandar uma política externa que "é essa loucura aí" e que estaria vivendo um "momento de deslumbramento". Carlos, por sua vez, seria "doido à vontade" mas com estratégia definida por Bolsonaro nas redes sociais.

Bolsonaro deixou o Palácio da Alvorada perto da hora do almoço neste domingo e foi visitar o seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), que mora em apartamento em um bairro de classe média alta de Brasília. Ao chegar ao local, disse que é a primeira vez que visita a casa do seu primogênito. Ele chegou acompanhado por seu filho mais novo, Jair Renan.

'Escola sem Partido'

O presidente voltou a defender a ideia da Escola sem Partido e disse que não pode existir um lado apenas nas salas de aula. "Nós queremos a escola sem partidos, ou se tiver partidos, que tenha os dois lados. Não pode é ter um lado só na escola, isso leva ao que não queremos", disse, sem dar maiores detalhes.

O presidente falou sobre o tema ao ser questionado sobre um vídeo postado em seu Twitter nesta manhã com a legenda "professor tem que ensinar e não doutrinar". O vídeo mostra uma aluna questionando uma professora sobre críticas que teriam sido feitas ao governo e ao guru bolsonarista Olavo de Carvalho.

O ministro Luiz Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, suspendeu liminarmente, nesta sexta, 8, decisão de uma desembargadora de Santa Catarina que liberava o canal de denúncias aberto contra professores pela deputada estadual Ana Caroline Campagnolo (PSL), em sua página de Facebook. A decisão acolhe recurso do Ministério Público Estadual de Santa Catarina. A íntegra da decisão de Fachin ainda não foi publicada, mas, consta nos autos do processo que o ministro concedeu a liminar em pedido do Ministério Público.

De acordo com a Promotoria de Santa Catarina, a parlamentar incitava "os estudantes catarinenses a filmar, gravar e denunciar manifestações de professores que emitissem opiniões contrárias ao então Presidente eleito, Jair Messias Bolsonaro, inclusive remetendo tais 'denúncias' a linha de telefone específica".

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"Trocando em miúdos, o conteúdo veiculado não foi de índole geral, tampouco instrutiva, mas ao intento de estimular estudantes de todo o Estado de Santa Catarina a filmar ou gravar professores que emitissem opinião discordante daquelas defendidas pelo Presidente então eleito", sustentou.

Logo após a vitória de Jair Bolsonaro nas eleições 2018, a parlamentar abriu um canal informal de denúncias na internet para fiscalizar professores em sala de aula.

Ana Campagnolo sugeria que vídeos e informações fossem repassados para o seu número de celular com o nome do professor, da escola e da cidade. "Garantimos o anonimato dos denunciantes", diz a imagem compartilhada pela deputada em uma rede social.

Em novembro, o juiz Giuliano Ziembowicz, da Vara da Infância e da Juventude de Florianópolis, determinou "a retirada imediata" do conteúdo por entender que "ao recomendar a realização de filmagens nas salas de aula", representa exploração política dos estudantes, pois está ligada à intenção de deles tirar proveito político-ideológico, com prejuízos indiscutíveis ao desenvolvimento regular das atividades escolares".

Já em janeiro, a desembargadora Maria do Rocio Luz Santa Ritta concedeu à deputada efeito suspensivo. Em sua decisão ela afirmou que "o que está em jogo, não é a defesa de um ou de outro projeto de Lei, ou seja, até onde vai a liberdade do professor de ensinar e expor as suas crenças, mas, o direito do aluno que se sentir ofendido ou humilhado em sua liberdade de crença e consciência de se utilizar dos meios de provas disponíveis para fazer defender a sua integridade".

A magistrada ainda afirma que a "denúncia dirigida ao deputado não é ilegal, antes se trata de garantia constitucional assegurada ao cidadão e, sob outro prisma, de dever funcional mesmo de qualquer membro da Assembleia Legislativa no tocante a sua atribuição de fiscalização dos atos do poder executivo".

"Se o aluno tem a prerrogativa de denunciar a prática de ofensas em proselitismo político em sala de aula, tem, por óbvio, o direito de documentar a infração cometida. Quem tem os fins tem também os meios", concluiu.

A desembargadora ressalta que "está na hora de se discutir o monitoramento em salas de aula, onde vicejam as mais diversas agressões, sejam físicas, morais, de crença e de consciência, já não fosse suficiente o bullying".

Orientadora. Historiadora, ela processou a professora Marlene de Fáveri, da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), e sua ex-orientadora no mestrado, em 2016, por suposta "perseguição ideológica".

O caso, que marcou as discussões sobre o movimento Escola Sem Partido, foi julgado improcedente em setembro deste ano pelo 1º Juizado Especial Cível de Chapecó (SC), mas a atual deputada recorreu.

O Ministério Público do Paraná se manifestou sobre o "Escola sem Partido". Em nota divulgada nesta quarta, 30, a Procuradoria-Geral de Justiça destaca que nos próximos dias, somando as redes pública e particular dos níveis básico, fundamental e médio de ensino, cerca de dois milhões e meio de estudantes voltam às salas de aula em todo o Paraná, de acordo com dados da Secretaria Estadual da Educação.

O texto reitera o compromisso do Ministério Publico do Paraná "com o comando constitucional de que a escola é ambiente científico adequado para a difusão dos valores da cidadania, da dignidade da pessoa humana, dos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa e do pluralismo político, indispensáveis para a consecução dos objetivos fundamentais da República, tais como a construção de uma sociedade livre, justa e solidária e a promoção do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação (artigos. 1º e 3º da Constituição Federal)";

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A nota pública diz que o Ministério Público paranaense repudia "qualquer tentativa de estabelecimento de vedações genéricas de conduta que, a pretexto de evitarem a doutrinação de estudantes, possam gerar a perseguição de professores e demais servidores públicos da educação no exercício de suas atribuições, comprometendo os princípios fundantes da democracia brasileira, previstos nos incisos IV ('é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato') e IX ('é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença'), do artigo 5º da Constituição Federal"

Leia a Íntegra da Nota Pública da Procuradoria-Geral de Justiça do Paraná

"NOTA PÚBLICA

O Ministério Público do Paraná, na qualidade de defensor da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis, no exercício de sua missão constitucional prevista no art. 127 da Constituição Federal, ao largo de quaisquer matizes ou correntes ideológico partidárias, em face das propostas conhecidas como "escola sem partido" ou "lei da mordaça", e dos projetos de leis e legislações que dela derivam, vem a público:

- Afirmar seu compromisso inflexível e inabalável quanto à observância da supremacia da Constituição Federal, com a intransigente defesa de suas cláusulas e, assim, também com o direito à educação plural e livre, a gerar o pleno desenvolvimento das pessoas e a sua capacitação para o exercício da cidadania (art. 205 da Constituição Federal), respeitados os princípios da liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber, bem como do pluralismo de ideias, do respeito à liberdade, do apreço à tolerância, da consideração com a diversidade étnico-racial e vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais, consagrados no art. 206, incisos I, II e III da Constituição Federal e no art. 3º, incisos II, III, IV, XI e XII, da Lei das Diretrizes e Base da Educação Nacional.

- Reiterar seu dever legal e constitucional de velar pela liberdade de consciência, de crença e de cátedra e pela possibilidade ampla de aprendizagem (art. 206 da Constituição Federal), observado o princípio da laicidade do Estado brasileiro (art. 19, I, da Constituição Federal);

- Renovar seu compromisso com o comando constitucional de que a escola é ambiente científico adequado para a difusão dos valores da cidadania, da dignidade da pessoa humana, dos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa e do pluralismo político, indispensáveis para a consecução dos objetivos fundamentais da República, tais como a construção de uma sociedade livre, justa e solidária e a promoção do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação (arts. 1º e 3º da Constituição Federal);

- Repudiar qualquer tentativa de estabelecimento de vedações genéricas de conduta que, a pretexto de evitarem a doutrinação de estudantes, possam gerar a perseguição de professores e demais servidores públicos da educação no exercício de suas atribuições, comprometendo os princípios fundantes da democracia brasileira, previstos nos incisos IV ("é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato") e IX ("é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença"), do art. 5º da Constituição Federal.

- Reafirmar seu dever de cumprir e fazer observar os termos dos tratados internacionais ratificados pelo Brasil, especialmente aqueles que estabelecem ser a educação, sem qualquer cerceamento de pensamento e opinião, instrumento eficaz para capacitar as pessoas a participarem efetivamente de uma sociedade livre (art. 13 do Pacto Internacional sobre os Direitos Econômicos, Sociais e Culturais) e para combater preconceitos baseados na premissa da inferioridade ou superioridade de qualquer dos gêneros, que legitimem ou exacerbem a violência contra a mulher (art. 8º, b da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra Mulher).

Assim, o Ministério Público do Paraná vem ratificar integralmente a Nota Técnica n° 30, do Conselho Nacional de Procuradores-Gerais do Ministério Público dos Estados e da União (CNPG), formulada pelo seu Grupo Nacional de Direitos Humanos (GNDH) e já subscrita pela Procuradoria-Geral de Justiça do Paraná, conclusiva quanto à inconstitucionalidade das propostas legislativas conhecidas como da "escola sem partido", cabendo aos seus membros atuar judicial e extrajudicialmente para garantir a educação pública de qualidade, coibindo as tentativas de estabelecer proibições vagas e genéricas de controle do conteúdo pedagógico desenvolvido nas escolas.

Curitiba, 30 de janeiro de 2019

IVONEI SFOGGIA

Procurador-Geral de Justiça"

O presidente da comissão especial do Escola sem Partido, deputado Marcos Rogério (DEM-RO), encerrou nesta terça-feira (11) o trabalho da comissão sem conseguir votar o projeto de lei (PL). Com isso, o PL é arquivado e deve retornar à pauta apenas na próxima legislatura. No discurso final, o deputado criticou os parlamentares favoráveis ao projeto, que segundo ele, não têm comparecido às sessões.

“A oposição cumpriu o seu papel, ela fez uma obstrução sistemática, com a presença dos parlamentares. A maioria absoluta dos parlamentares que são favoráveis, eles vinham votar e saiam da comissão. Isso acabou gerando esse ambiente que não permitiu a votação”, diz Marcos Rogério.

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O deputado disse que foi procurado por deputados eleitos que pediram que o debate fosse adiado para o próximo ano para que eles pudessem participar. “A próxima legislatura terá uma nova comissão, novo presidente, novo relator, novos componentes. Eu recebi apelo de muitos parlamentares novos para participar dessa comissão”.

Marcos Rogério disse que decidiu encerrar o trabalho da comissão devido a agenda cheia da Câmara dos Deputados neste final de ano. “O trabalho da comissão acaba concorrendo com o plenário, gera obstrução lá. Eu também tenho que ter consciência que existem outros temas importantes para o país que precisam ser votados no plenário”, disse.  

Segundo o presidente da comissão, a tendência no ano que vem é que o projeto seja endurecido e que haja previsão de punição para os professores, o que não estava previsto no texto que seria votado pela comissão. Apesar de não ter conseguido votar o PL, o presidente da comissão considera que o debate foi levado para a sociedade e que isso é uma “grande vitória.

A oposição comemorou o encerramento dos trabalhos. Em discurso após o fim da sessão, a deputada Erika Kokay (PT-DF) disse que o trabalho de obstrução segue no ano que vem.  

Discussões

As discussões do projeto de lei, que tem apoio do presidente eleito, Jair Bolsonaro, têm sido acaloradas na Câmara dos Deputados. Hoje não foi diferente. São frequentes os bate-boca tanto entre parlamentares quanto entre manifestantes pró e contra o texto. A deputada Erika e o deputado Flavinho (PSC-SP) chegaram a trocar xingamentos.

Os embates ultrapassam o Congresso Nacional. No país, são diversos os movimentos de ambos os lados. Do lado favorável, estudantes têm sido incentivados a gravarem aulas de professores e pais a denunciarem os docentes. Do lado contrário, no mês passado, o Ministério Público Federal expediu recomendações para pôr fim a ações arbitrárias contra professores. Entidades educacionais também se mobilizaram criando o movimento Escola com Diversidade e Liberdade  e lançando um Manual de Defesa contra a Censura nas Escolas.

Tramitação

Tentativas de votação do projeto de lei que institui o Escola sem Partido são feitas desde o dia 31 de outubro. De acordo com o projeto, as escolas serão obrigadas a fixar cartazes com deveres do professor, entre os quais a proibição de usar sua posição para cooptar alunos para qualquer corrente política, ideológica ou partidária. Além disso, o professor não poderá incitar os estudantes a participar de manifestações e deverá indicar as principais teorias sobre questões políticas, socioculturais e econômicas.

A proposta inclui ainda entre os princípios do ensino o respeito às convicções do aluno, de seus pais ou responsáveis, dando precedência aos valores de ordem familiar sobre a educação escolar nos aspectos relacionados à educação moral, sexual e religiosa.

Os defensores argumentam que professores e autores de materiais didáticos vêm se utilizando das aulas e obras para tentar obter a adesão dos estudantes a determinadas correntes políticas e ideológicas. Os críticos dizem que as leis atuais impedem qualquer tipo de abuso por parte dos professores e que o projeto vai gerar insegurança nas salas de aulas e perseguição aos docentes.

Destaque nas rodas de conversas formadas por professores, estudantes ou pais de alunos, o projeto que está em análise na Câmara dos Deputados e promove a criação da chamada Escola sem Partido tem gerado discussões polêmicas entre os que são a favor ou contra o tema. Nesta quinta-feira  (6), o Instituto de Pesquisas UNINASSAU divulgou um levantamento com a opinião dos recifenses sobre o assunto.

Ainda que pouco conhecido, uma vez que segundo os dados apenas 19% dos entrevistados disseram saber o que é a Escola Sem Partido, 73% [dos 19%] são favoráveis a implementação da iniciativa, já 24% são contra.

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O Instituto aproveitou e também questionou os que afirmaram conhecer o tema sobre como o definiam. 43,8% classificaram o projeto como um meio da escola não influenciar na opinião dos alunos, enquanto 33,7% disseram que é quando as escolas não se posicionam politicamente. No mesmo quesito, 4,5% apontaram que a proposta trata de política nas escolas e 2,2% de doutrinação.

Da amostragem total,  79% dos que responderam a pesquisa disseram não conhecer a proposta que dita a regras sobre a forma que os professores devem se portar nas salas de aula.

No texto que aguarda a apreciação na comissão especial da Câmara dos Deputados, está previsto que os professores estão proibidos de promover suas opiniões, concepções, preferências ideológicas, religiosas, morais, políticas e partidárias.

Religião e Estado

O levantamento também perguntou aos recifenses se "o governo brasileiro deveria ter uma religião oficial ou ser um Estado sem religião". Quanto a isso, a maioria (67%) defendeu a manutenção da laicidade e 26% disseram que o país deveria adotar um segmento religioso para instituir oficialmente.

Já sobre a liberdade de culto religioso, a pesquisa aferiu se os entrevistados concordavam ou não com a frase "todo brasileiro deve seguir a religião que quiser". Os dados apontaram que a maioria (93%) concordava com a máxima, 4% consideravam indiferente, 2% discordavam e 1% não soube responder.

A pesquisa “Os recifenses, o futuro e temas da conjuntura” ouviu 480 pessoas em idade eleitoral nos dias 3 e 4 de dezembro. O nível de confiança do levantamento é de 95% e a margem de erro é de 4,5 pontos percentuais para mais ou menos.

Veja a análise do coordenador do Instituto e cientista político, Adriano Oliveira, sobre o levantamento:

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Instituições ligadas à educação e aos direitos humanos lançaram um manual contra a perseguição de professores e censura educacional nas escolas. A iniciativa é em resposta ao projeto “Escola Sem Partido”, que tramita na Câmara dos Deputados.

O Manual é assinado por cerca de 60 instituições, e traz instruções pedagógicas e jurídicas para que professores se defendam de possíveis ataques. O documento afirma que “a explosão destes conflitos contra professoras e professores não é voluntária, mas deliberadamente provocada por movimentos que se alimentam da desinformação geral, dos preconceitos e, de forma leviana, mobilizam o sentimento das famílias sobre temas naturalmente inquietantes do ensino (política, desigualdades, gênero, sexualidade, racismo etc.)”.

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Durante coletiva de imprensa na manhã desta terça-feira (27), o ministro da Educação Rossieli Soares foi questionado por jornalistas sobre o manifesto. Rossieli afirmou que ainda não teve acesso ao documento e que a pasta não foi consultada pelas entidades sobre o assunto. “Não temos nada a declarar em relação a isso”, disse.

Confira manual completo clicando aqui.

 

Mais de 150 entidades de 87 países adotam uma moção de emergência contra o projeto Escola Sem Partido. O documento foi aprovado por unanimidade nesta semana, durante a 6ª Assembleia Mundial da Campanha Global pela Educação, no Nepal.

O texto teve o apoio de entidades de todos os continentes e países, como EUA, Reino Unido, Holanda, Suíça e Dinamarca. Também estavam no evento grupos como Oxfam, Save the Children e Action Aid, além de relatores da ONU.

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O projeto de lei Escola Sem Partido (PL 7180/14) pode ser votado em uma comissão especial na próxima semana. A iniciativa prevê a proibição do que chama de "prática de doutrinação política e ideológica" pelos professores, além de vetar atividades e a veiculação de conteúdos que não estejam de acordo com as convicções morais e religiosas dos pais do estudante.

Define, ainda, os deveres dos professores, que devem ser exibidos em cartazes afixados nas salas de aula. O projeto de lei também esteve no centro do debate sobre a escolha do futuro ministro da Educação.

O projeto de lei, porém, foi mencionado por entidades internacionais como um exemplo de uma tendência "preocupante".

De acordo com a moção, "o ultraconservadorismo de governos e movimentos tem atacado a pluralidade pedagógica, a liberdade de cátedra, a perspectiva da igualdade das identidades de gênero e orientações sexuais, além das de minorias étnico-raciais, e ao mesmo tempo, promovendo a militarização na educação".

"Como estratégia política, os agentes promotores do ultraconservadorismo têm incentivado a censura a professoras e professores por parte de estudantes e famílias, prática que tem se tornado cada vez mais frequente", apontaram as entidades. "Como exemplo, no Brasil, por meio do movimento 'Escola sem Partido', e na Alemanha, por orientação do partido de extrema direita 'Alternativa para a Alemanha', estudantes são incentivados a filmar suas aulas e viralizam publicações nas redes sociais, acusando injustamente professoras e professores de proselitismo ideológico, cientificismo e estímulo à sexualização de crianças e jovens, afirmando que estariam promovendo o que denominam de 'ideologia de gênero', conceito falacioso difundido por fundamentalismos religiosos", alertaram.

Com uma tramitação polêmica e após três semanas de obstrução de deputados da oposição, o projeto de lei da chamada Escola sem Partido (PL 7180/14) avançou na Câmara dos Deputados. Nesta quinta-feira (22), o parecer do relator, deputado Flavinho (PSC-SP), foi lido na comissão especial que analisa o texto - esta é a última etapa antes da proposta ser votada. Um pedido de vista coletivo, contudo, adiou a apreciação final.

A votação está suspensa por duas sessões do Plenário da Casa e o relatório do projeto deve estar apto para ser votado já no fim da próxima semana. A matéria é uma das defesas do futuro governo de Jair Bolsonaro (PSL). De acordo com informações da assessoria de imprensa da Câmara, no total foram seis tentativas de leitura do substitutivo desde 30 de outubro.

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Desde então manifestantes continuaram lotando o plenário da comissão, cada vez que o assunto era pautado, com cartazes favoráveis e contrários ao texto. A reunião de hoje durou cinco horas, com tentativas de obstrução por parte da oposição por meio da apresentação de questões de ordem.

O clima ficou tenso entre os deputados por diversas vezes. Em alguns desses momentos, deputados da oposição acusaram o presidente da comissão especial, deputado Marcos Rogério (DEM-RO), de cassar a palavra deles. O democrata negou e afirmou que os parlamentares da oposição queriam protelar os trabalhos.

Durante a reunião, a deputada Professora Marcivânia (PCdoB-AP) acusou os apoiadores da proposta de elegerem os professores como inimigos do Brasil. Já o deputado Flavinho, disse que há diferença entre professores e doutrinadores e que o projeto busca coibir a atuação desses. Segundo o relator, os alunos e pais que se sentem lesados pelos doutrinadores devem poder produzir provas contra eles, por exemplo, filmando-os em sala de aula.

O deputado Ivan Valente (PSOL-SP) afirmou que a oposição pretende continuar obstruindo os trabalhos na comissão especial até 28 de novembro, quando o plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) julgará lei estadual de Alagoas semelhante ao projeto do Escola sem Partido.

“Essa comissão não é maior do que a Constituição, não é maior do que a liberdade de ensinar e aprender”, disse Valente. “O Brasil não vai aceitar que cada sala de aula vire uma Gestapo [polícia na Alemanha nazista]. Vocês não querem escola sem partido, vocês querem escola de um partido único fascistóide”, completou.

O que diz o texto?

O novo substitutivo do deputado Flavinho mantém seis deveres para os professores das instituições de ensino brasileiras, como a proibição de promover suas opiniões, concepções, preferências ideológicas, religiosas, morais, políticas e partidárias. Além disso, está mantida a proibição, no ensino no Brasil, da “ideologia de gênero”, do termo “gênero” ou “orientação sexual”.

A principal mudança em relação ao parecer anterior é a inclusão de artigo determinando que o Poder Público não se intrometerá no processo de amadurecimento sexual dos alunos nem permitirá qualquer forma de dogmatismo ou tentativa de conversão na abordagem das questões de gênero.

*Com informações da Agência Câmara

A reunião do projeto de lei da Escola Sem Partido foi suspensa nesta noite de terça-feira, 20, na comissão que estuda a matéria devido à ordem do dia no plenário da Câmara. Houve pouco avanço. A oposição manteve a estratégia de obstruir a discussão e, mais uma vez, o evento foi marcado por tumultos e bate-boca.

O projeto prevê a proibição do que chama de "prática de doutrinação política e ideológica" pelos professores, além de vetar atividades e a veiculação de conteúdos que não estejam de acordo com as convicções morais e religiosas dos pais do estudante. Define, ainda, os deveres dos professores, que devem ser exibidos em cartazes afixados nas salas de aula.

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Com a comissão especial que analisa o projeto de lei da chamada Escola sem Partido (PL 7.180/14) prestes a se reunir para tentar votar pela sétima vez a proposta, o presidente da Comissão de Educação da Câmara Federal, deputado Danilo Cabral (PSB), cobrou o cumprimento das metas do Plano Nacional de Educação (PNE). Para o pessebista, a matéria que impõe restrições a atividade educacional não é a questão central da educação hoje no Brasil. 

“O que nos inquieta é que a pauta da Escola sem Partido está posta como se fosse a questão central da educação no Brasil. O país não consegue cumprir as metas do PNE e ninguém se manifesta sobre isso”, critica Danilo Cabral.

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“Temos que colocar o Plano Nacional de Educação como referência principal para a formulação e para o aprimoramento de políticas públicas na área e não nos concentrar com discussões inócuas”, afirma Danilo Cabral. Para o pessebista, a ideia de calar qualquer tipo de opinião em sala de aula, de impedir que se discutam assuntos políticos ou que se estimule a participação social, esvazia completamente a perspectiva de formação para o exercício da cidadania.

Segundo o parlamentar, a dimensão da cidadania está associada ao pleno gozo da liberdade de pensamento, da expressão política e da participação social. “Não é aceitável, 30 anos após a promulgação de nossa Constituição Cidadã, que direitos fundamentais como a livre expressão, o livre pensamento ou o direito à manifestação sejam usurpados como se pretende com essa proposta”, destaca Danilo Cabral.

Sancionado em 2014, o PNE tem como objetivo direcionar esforços e investimentos para a melhoria da qualidade da educação no país. Com força de lei, ele estabelece 20 metas a serem atingidas nos próximos 10 anos, desde o ensino médio até a pós-graduação. Por exemplo, o Brasil teria que ter incluído, até 2016, todas as crianças de 4 a 5 anos de idade na pré-escola. Hoje, de acordo com o deputado, o atendimento nesta faixa etária é de 84,3%.

No seu quarto ano de vigência, apenas a meta 13 foi concluída, que estabelece que pelo menos 75% dos professores da educação superior sejam mestres e 35% doutores. Em 2016, este índice era de 77,5%.

A comissão especial que analisa o projeto de lei da chamada Escola sem Partido (PL 7180/14) deve tentar votar o substitutivo do relator, deputado Flavinho (PSC-SP), na próxima terça-feira (20), quando está marcada uma reunião do colegiado. Polêmico, o texto chegou a ser analisado pelos parlamentares no último dia 13, mas questões de ordens apresentadas pela oposição fizeram a votação do relatório ser adiada.

O texto do relator sugere a inclusão de um artigo determinando que o Poder Público não se intrometerá no processo de amadurecimento sexual dos alunos nem permitirá qualquer forma de dogmatismo ou tentativa de conversão na abordagem das questões de gênero.

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Já do projeto original, estão mantidas uma série de proibições para os professores das escolas públicas e privadas da educação básica, como promover suas opiniões, concepções, preferências ideológicas, religiosas, morais, políticas e partidárias. Como também a proibição, no ensino no Brasil, da “ideologia de gênero”, do termo “gênero” ou “orientação sexual”.

Apesar das proibições, Flavinho acredita que a proposta não atinge a chamada liberdade de cátedra, afetando apenas o que chama de “professores doutrinadores”. “Aquela família que se sente lesada pode, sim, produzir provas contra aquele doutrinador, apresentar essas provas para o coordenador pedagógico, o diretor da escola, o delegado de ensino e, se necessário, para o Ministério Público, que vai apresentar denúncia contra aquele doutrinador”, disse. “A proposta tende a trazer luz para essa situação de doutrinação para que os pais saibam que essa situação existe”, completou.

Essa produção de provas contra professores já foi estimulada por uma deputada eleita em Santa Catarina pelo PSL, partido do presidente eleito Jair Bolsonaro, Ana Caroline Campagnolo, logo após o resultado do segundo turno. A atitude da catarinense está sendo investigada pelo Ministério Público Federal como suposto crime de coação e motivou diversos Ministérios Públicos Estaduais a recomendarem a liberdade de expressão dos professores em sala de aula.

A oposição obstruiu a votação do projeto de lei da chamada Escola sem Partido (PL 7180/14) na comissão especial que analisa a matéria. Em reunião marcada por muita confusão e bate-boca entre parlamentares e entre manifestantes, deputados da oposição apresentaram diversas questões de ordem – questionando a condução dos trabalhos – e conseguiram adiar a discussão até o início das votações no Plenário da Casa.

O presidente da comissão, deputado Marcos Rogério (DEM-RO), disse que 10 minutos após a Ordem do Dia no Plenário, os trabalhos serão retomados.

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Por conta das questões de ordem, o relator, deputado Flavinho (PSC-SP), não conseguiu nem mesmo ler o novo substitutivo à proposta, apresentado há duas semanas. Após a leitura, ainda pode haver pedido de vista, adiando a votação. A expectativa do relator é concluir a votação na comissão especial até o final desta legislatura.

O novo substitutivo mantém seis deveres para os professores brasileiros de estabelecimentos públicos e privados de ensino, como a proibição de promover suas opiniões, concepções, preferências ideológicas, religiosas, morais, políticas e partidárias. Além disso, o texto proíbe, no ensino no Brasil, a chamada “ideologia de gênero”, o uso do termo “gênero” ou “orientação sexual”.

Julgamento no STF

A deputada Alice Portugal (PCdoB) pediu a suspensão dos trabalhos da comissão, por conta da previsão de que o plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) julgue no próximo dia 28 lei estadual de Alagoas semelhante ao projeto do Escola sem Partido.

Apesar de valer apenas para Alagoas, deputados da oposição afirmam que a decisão do plenário do Supremo já indicará o entendimento da corte sobre o tema. A lei de Alagoas foi suspensa em março de 2017 por decisão individual do ministro Luís Roberto Barroso, relator das ações diretas de inconstitucionalidade que a contestam.

O relator da proposta na comissão, deputado Flavinho, afirmou que não pode ser discutida a constitucionalidade da proposta até que a matéria seja votada pelo Congresso Nacional. Ele mencionou que uma das justificativas de Barroso para suspender o Escola sem Partido em Alagoas é que cabe apenas à União legislar sobre diretrizes e bases da educação e daí residiria a inconstitucionalidade das leis estaduais e municipais sobre o tema. Barroso também cita, por exemplo, a garantia da liberdade de ensinar.

Liberdade de ensinar

Mas, para Flavinho, a proposta não atinge a chamada liberdade de cátedra, afetando apenas o que chama de doutrinadores. “Aquela família que se sente lesada pode, sim, produzir provar contra aquele doutrinador, apresentar essas provas para o coordenador pedagógico, o diretor da escola, o delegado de ensino e, se necessário, para o Ministério Público, que vai apresentar denúncia contra aquele doutrinador”, disse. “A proposta tende a trazer luz para essa situação de doutrinação para que os pais saibam que essa situação existe”, completou.

Já o deputado Leo de Brito (PT-AC) acredita que já há instrumentos nas salas de aula e nas universidades para coibir eventuais excessos de professores, como a proibição de propaganda eleitoral dentro de órgãos públicos e os conselhos escolares. Para ele, a proposta é uma tentativa de calar os professores na sala de aula. “As escolas devem ser espaço livre para compartilhamento de ideias e apenas isso garante a liberdade de opinião”, avaliou.

Em questão de ordem, Leo de Brito questionou o próprio nome da comissão especial – Escola sem Partido. Para ele, o nome reflete a opinião de parte da comissão. “É uma jogada de marketing”, disse. Segundo o deputado Pastor Eurico (Patri-PE), que presidia a reunião, a questão seria encaminhada à Presidência da Casa.

Acesso de manifestantes

Já a deputada Erika Kokay (PT-DF) questionou a restrição de acesso de manifestantes ao plenário onde se realizava a reunião. Foi permitida a entrada de número limitado de pessoas na comissão – 150 pessoas. Como havia mais manifestantes querendo assistir à sessão, a deputada pediu que outro plenário fosse disponibilizado com telão transmitindo o debate ao vivo.

Pastor Eurico informou que foram distribuídas 2 senhas para cada liderança partidária e mais 20 para o público. Cerca de uma hora após o início da reunião, ele informou a transmissão ao vivo por telão em outro plenário.

Ensino superior

A deputada criticou o novo substitutivo apresentado pelo deputado Flavinho, por “aprimorar o caráter obscurantista do projeto original ao abranger também os professores do ensino superior”. “É uma tentativa de amordaçar educadores e educadoras, mais ousada do que na ditadura”, opinou.

O relator da proposta do Escola sem Partido, deputado Flavinho, confirmou que a proposta vale para professores do ensino superior.

*Da Agência Câmara

Polêmico, o projeto de lei da chamada Escola sem Partido (PL 7180/14) está sendo discutido, nesta terça-feira (13), na comissão especial da Câmara dos Deputados criada para abordar a matéria. Neste momento, os deputados estão reunidos para discutir o substitutivo do relator, deputado Flavinho (PSC-SP).

O texto sugere a inclusão de um artigo determinando que o Poder Público não se intrometerá no processo de amadurecimento sexual dos alunos nem permitirá qualquer forma de dogmatismo ou tentativa de conversão na abordagem das questões de gênero.

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Estão mantidas na proposta uma série de proibições para os professores das escolas públicas e privadas da educação básica, como promover suas opiniões, concepções, preferências ideológicas, religiosas, morais, políticas e partidárias. Além disso, também se manteve a proibição, no ensino no Brasil, da “ideologia de gênero”, do termo “gênero” ou “orientação sexual”.

Na semana passada, a votação do texto acabou sendo adiada por causa do início das votações no Plenário da Câmara.

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O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), editou um decreto, nesta segunda-feira (12), garantindo que os professores, estudantes e funcionários das escolas do Estado tenham liberdade de expressar seus pensamentos e opiniões no ambiente educacional. A postura de Dino vai de encontro com o projeto Escola Sem Partido que tramita na Câmara dos Deputados e está prestes a ser votado na comissão especial.  

“Editei agora um decreto garantindo Escolas com Liberdade e Sem Censura no Maranhão, nos termos do artigo 206 da Constituição Federal. Falar em ‘Escola Sem Partido’ tem servido para encobrir propósitos autoritários incompatíveis com a nossa Constituição e com uma educação digna”, explicou o governador, em publicação no Twitter.

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Com a medida adotada por Flávio Dino, fica proibido o “cerceamento de opiniões mediante violência ou ameaça, ações ou manifestações que configurem a prática de crimes tipificados em lei, tais como calúnia, difamação e injúria ou atos infracionais”.

Além disso, o decreto também veda a gravação de vídeos de docentes, alunos ou funcionários sem o consentimento deles e “qualquer pressão ou coação que represente violação aos princípios constitucionais e demais normas que regem a educação nacional”.

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