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O Google investiu mais de R$ 670 mil em anúncios contra o PL das Fake News no Facebook e Instagram desde abril. Segundo dados obtidos pela Agência Pública, a big tech atingiu o posto de maior anunciante político nas duas redes sociais no início do mês de maio no Brasil.

O gasto mais elevado foi em um anúncio divulgado entre os dias 28 de abril e 2 de maio, dia em que estava agendada a votação do projeto na Câmara dos Deputados. O processo, no entanto, foi adiado após pressão de plataformas digitais e da oposição, além de falta de articulação do governo Luiz Inácio Lula da Silva.

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Na prática, o Google paga para a Meta, empresa dona do Facebook e Instagram, impulsionar as campanhas para que elas tenham maior alcance nas redes sociais. Com isso, esses conteúdos passam a aparecer com maior frequência e alcançar mais usuários das plataformas.

As peças publicitárias divulgadas seguem a narrativa de que o PL das Fake News pode "aumentar a desinformação no Brasil", além de solicitar que os usuários busquem os deputados rapidamente para discutir sobre o tema.

O público das propagandas também pode ser definido pela empresa que compra esse serviço da Meta. No caso do Google, a campanha foi direcionada para donos de empresas, diretores, chefes de marketing, profissionais de relações públicas, advogados, defensores públicos, juízes, vereadores e servidores públicos.

Na véspera do dia marcado para a votação na Câmara, o Google intensificou a campanha contra o PL e encaixou o link para um artigo contra a medida na página inicial da plataforma. Embaixo da barra de buscas do Google, a mais usada no mundo, internautas tinham acesso a um link do texto da empresa sob o título "O PL das Fake News pode aumentar a confusão sobre o que é verdade ou mentira no Brasil". Uma outra versão de texto também foi divulgada em que dizia que "O PL das fake news pode piorar sua internet".

Tramitação parada

Após ter o requerimento de urgência aprovado, o PL da Fake News iria para a análise do plenário da Câmara no dia 2 de maio, mas foi a votação foi adiada por pressão de big techs como Google, TikTok e Meta (controladora do Facebook) e da oposição. A incerteza sobre o número de votos para aprovar a proposta fez com que a base governista optasse por cancelar a apreciação do projeto. O presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), chancelou o pedido, após ouvir os líderes dos partidos.

A nova estratégia da base é fatiar alguns temas que eram tratados no PL das Fake News, que ainda não tem data para ser votado, em outras opções mais fáceis de serem aprovadas. Uma das saída é votar o regime de urgência do PL 2.370/2019, que prevê o pagamento de direitos autorais pelas plataformas digitais e adicionar no documento um artigo que estabelece remuneração a empresas jornalísticas por conteúdos distribuídos pelas big techs.

Outras redes

Nesta terça-feira, 9, aplicativo de mensagens Telegram enviou para seus milhões de usuários uma mensagem contrária ao PL das Fake News em que chama a proposta de "desnecessária" e diz que ela "concede poderes de censura ao governo". O texto foi veiculado no canal "Telegram Brasil", usado para comunicações oficiais da plataforma no País. A empresa removeu o conteúdo nesta quarta-feira após ordem do ministro Alexandre de Moraes e ainda publicou uma retratação.

Assim como o Google, o aplicativo de mensagens usou sua plataforma para criticar a proposta legislativa. O texto começa falando que "a democracia está sob ataque no Brasil" e que o projeto "matará a internet moderna". Segundo a mensagem, o Telegram poderá fechar as portas caso o PL das Fake News seja aprovado com o texto atual.

O ex-presidente Jair Bolsonaro determinou à bancada do seu partido, o PL, que vote em peso contra a possibilidade de veículos de comunicação conquistarem o direito de serem remunerados pelos conteúdos que produzem e são divulgados pelas plataformas digitais. A proposta de obrigar Googgle, Facebook e outras corporações a pagarem pela reprodução do conteúdo jornalístico produzido pela imprensa está no projeto de lei 2630, o PL das Fake News.

Bolsonaro, que quando exercia o comando do Poder Executivo, chegou a declarar guerra a jornais e emissoras de televisão, tenta reforçar a pressão contra a medida que pode favorecer os veículos de comunicação. Nas últimas semanas o ex-presidente vem tendo seu nome exposto na imprensa por conta das seguidas vezes que foi intimado a prestar depoimento à Polícia Federal.

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De seu envolvimento com ações que estimularam atos golpistas a tentativa de entrar no País com joias da Arábia sem declarar à Receita Federal, Bolsonaro teve seu celular apreendido pela PF. O resultado da perícia ainda em andamento é visto com receio por seus aliados. Com hábito de mandar áudios e mensagens por aplicativos via celular, o ex-presidente pode ter deixado provas contra si no aparelho que está com os policiais federais.

O partido tem Bolsonaro tinha a maior bancada na Câmara, onde tramita o projeto das Fake News. São 99 deputados. Já o PT do presidente Luiz Inácio Lula da Silva elegeu 68 deputados. Com a formação de blocos partidários, legendas do centro assumiram o posto que era do PL de maior grupo político na Casa legislativa.

O bloco que reúne União Brasil, Progressistas, PSDB, Cidadania, PDT, PSB, Avante, Solidariedade e Patriota têm 173 integrantes. Em segundo lugar aparece o bloco do MDB, PSD, Republicanos, Podemos e PSC, com 142 deputados. O PL de Bolsonaro está em terceiro.

Desde que o projeto das Fake News teve sua tramitação retomada na atual gestão do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), os integrantes da legenda de Bolsonaro já vinha tentando embarreirar a votação de toda proposta. Foram contra o requerimento que deu caráter de urgência à proposta e passaram a usar suas redes sociais e os microfones da Casa no plenário para atacar o projeto.

Com a possibilidade de a remuneração à imprensa ser votada separadamente, como defende parte das lideranças governistas, Bolsonaro decidiu agir. Não quer que o setor que ele vê como inimigo tenha o direito de ser remunerado pelo conteúdo que produz.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que é "urgente, razoável e necessária a definição - legislativa e/ou judicial -, dos termos e limites da responsabilidade solidária civil e administrativa das empresas; bem como de eventual responsabilidade penal dos responsáveis por sua administração".

Moraes ressaltou que a necessidade de "imediata regulação" deve respeitar a "ampla discussão política no Congresso Nacional, sendo lícita a atuação dos diversos grupos de pressão".

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O apelo de Moraes está na decisão que mandou o Telegram remover, em até uma hora, a mensagem disparada aos usuários atacando o PL das Fake News. O ministro também mandou a plataforma enviar, aos mesmos usuários, retratação afirmando que a mensagem anterior caracterizou "flagrante e ilícita desinformação".

Para o ministro, o Telegram tentou impactar a opinião pública e o voto dos parlamentares de "maneira ilegal e imoral". "Lamentavelmente, a empresa Telegram é reincidente em práticas que, por ação ou omissão, permitem a proliferação criminosa de mensagens fraudulentas", pontuou.

As ações que discutem a responsabilidade das plataformas em relação à desinformação foram pautadas ontem pela presidente do STF, ministra Rosa Weber. O julgamento está previsto para o dia 17. A votação do PL das Fake News na Câmara foi adiada em meio à pressão das big techs e da oposição ao governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, determinou nesta quarta-feira, 10, que o Telegram exclua imediatamente mensagem disparada na plataforma com 'flagrante e ilícita desinformação' sobre o PL das Fake News. Segundo o despacho, a empresa terá de enviar a seus usuários texto reconhecendo que a mensagem anterior 'fraudulentamente distorceu a discussão' sobre a regulação das redes sociais, em uma 'tentativa de induzir e instigar os usuários à coagir parlamentares'.

As determinações devem ser acatadas em até uma hora, sob pena de suspensão temporária do aplicativo, em todo País, e aplicação de multa horário de R$ 500 mil. Além disso, o ministro determinou que a Polícia Federal tome depoimento dos representantes da plataforma do País, para que esclareçam os responsáveis pelo disparo do texto com 'desinformação'.

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O ponto crucial da decisão de Alexandre é a mensagem disparada pelo Telegram nesta terça-feira, 9. "A democracia está sob ataque no Brasil", diz o texto. Para o ministro, o envio da mensagem configura 'utilização de mecanismos ilegais e imorais' por parte da plataforma.

"A conduta do Telegram configura, em tese, não só abuso de poder econômico às vésperas da votação do Projeto de Lei, por tentar impactar de maneira ilegal e imoral a opinião pública e o voto dos parlamentares - mas também flagrante induzimento e instigação à manutenção de diversas condutas criminosas praticadas pelas milícias digitais investigadas, com agravamento dos riscos à segurança dos parlamentares, dos membros do Supremo Tribunal Federal e do próprio Estado Democrático de Direito, cuja proteção é a causa da instauração do inquérito das fake news", ressaltou o ministro.

No documento, o ministro voltou a ressaltar que redes sociais não são 'terra de ninguém', ressaltando que as plataformas 'devem absoluto respeito à Constituição Federal, à lei e à Jurisdição'.

"É urgente, razoável e necessária a definição - Legislativa e/ou Judicial -, dos termos e limites da responsabilidade solidária civil e administrativa das empresas; bem como de eventual responsabilidade penal dos responsáveis por sua administração", apontou.

Alexandre ainda anotou que o Telegram é 'reincidente em práticas que permitem a proliferação criminosa de mensagens fraudulentas', lembrando da decisão que suspendeu o aplicativo, em março de 2022, por descumprimento de ordem judicial.

A conduta da plataforma, de disparar a mensagem com 'desinformação' sobre o PL das Fake News foi 'mais grave', segundo o ministro, uma vez que foi a empresa que produziu e veiculou a 'mensagem fraudulenta'. Nessa linha, Alexandre considerou 'absolutamente necessária a imediata cessação de gravíssima lesão ao Estado Democrático de Direito e sua reparação'.

A decisão foi divulgada horas após o ministro, como presidente do Tribunal Superior Eleitoral, afirmar que as 'big techs se sentem acima da lei'.

"No Brasil, nós demonstramos que não há terra sem lei. As plataformas e milícias digitais serão responsabilizadas, porque isso é garantir a liberdade do eleitor de votar, isso é garantir que o eleitor não seja bombardeado com desinformação, uma verdadeira lavagem cerebral direcionando seu voto", ponderou na manhã desta quarta, na abertura do Encontro Nacional das Escolas Judiciárias Eleitorais.

No mesmo dia em que o Telegram disparou a mensagem 'fraudulenta', segundo Alexandre, o Supremo Tribunal Federal marcou o julgamento sobre a responsabilidade das redes sociais e aplicativos de mensagem na moderação de conteúdo.

O líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), disse nesta terça-feira que pediu para o Supremo Tribunal Federal incluir mensagem enviada pelo Telegram para seus usuários no inquérito das fake news.

Nesta tarde, o Telegram se juntou a outras empresas de tecnologia que têm feito lobby contra o projeto de lei 2630, o PL das Fake News, que está em discussão na Câmara.

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"O Brasil está prestes a aprovar uma lei que irá acabar com a liberdade de expressão. O PL 2630/2020 dá ao governo poderes de censura sem supervisão prévia", diz a mensagem do aplicativo. O Telegram também insta o usuários a pressionarem deputados contra o projeto e dá o link da página da Câmara onde é possível encontrar os contatos dos gabinetes.

"Acabamos de peticionar junto ao Supremo Tribunal Federal para que, no âmbito do inquérito das Fake News, sejam tomadas providências em relação ao abuso ocorrido por parte dessa big tech, essa de hoje à tarde", disse Randolfe.

"Enquanto o projeto de lei não avança, o Estado brasileiro tem que agir. Os senhores donos do Google não podem fazer o que querem, os senhores donos do Telegram, seja internacionalmente, seja aqui, não podem e não farão o que querem", declarou o líder do governo.

Responsabilização das big techs

A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Rosa Weber, marcou o julgamento sobre o artigo 19 do Marco Civil da Internet para a próxima quarta-feira, 17. O julgamento é visto como uma alternativa ao PL das Fake News, cuja votação foi adiada no Congresso.

O Supremo vai decidir sobre a constitucionalidade da lei que determina que plataformas não podem ser responsabilizadas por conteúdo publicado pelos usuários, somente se desobedecerem uma ordem judicial de remoção. Impor mais responsabilidades às big techs é um dos principais pontos do PL das Fake News.

O movimento da ministra em colocar o julgamento em pauta ocorre horas após o Telegram disparar uma mensagem contrária à aprovação do projeto aos usuários, o que pode ser enquadrado como abuso de poder econômico ou publicidade abusiva. A plataforma já foi notificada pelo Ministério Público Federal (MPF) e Ministério da Justiça.

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) condenou o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) a pagar uma multa de R$ 5 mil por distorcer uma fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O senador divulgou nas redes sociais, em fevereiro do ano passado, o trecho recortado e descontextualizado de um discurso do presidente para associá-lo ao satanismo. "Envie este vídeo a sua liderança religiosa e pergunte o que ela pensa disso. A guerra é também espiritual", escreveu o senador em publicações no Facebook e no Instagram.

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O discurso foi feito por Lula em um evento com lideranças do movimento negro em Salvador, em agosto de 2021. O então pré-candidato a presidente afirmou: "Eu tenho conversado com muita gente da religião de matrizes africanas, e eu sei que os bolsonaristas estão fazendo uma verdadeira guerra na rede social. Eu, ontem, quando eu cheguei, as mulheres no palco jogaram pipoca em mim e me entregaram um santo. Como é que chama? Me entregaram um Xangô, e nas redes sociais do bolsonarismo eles estão dizendo que eu tenho relação com o demônio, que eu estou falando com o demônio e o demônio está tomando conta de mim."

A parte final da declaração foi recortada para fazer parecer que Lula admitiu ter 'relação com o demônio'. O PT acionou a Justiça Eleitoral.

A decisão foi tomada no plenário virtual. Apenas a ministra Maria Claudia Bucchianeri, relatora do caso, votou para rejeitar a ação do PT, por considerar que a publicação foi feita antes do período oficial de campanha. O ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE, abriu a divergência e foi seguido pela maioria.

O Projeto de Lei nº 2.630/2020, popularmente conhecido como Projeto das Fake News ou PL das Fake News, é o principal assunto do cenário atual da política brasileira. Apresentado ao Congresso Nacional em 2020, pelo Senador Alessandro Vieira (CIDADANIA-SE), o projeto visa regulamentar as redes sociais e combater a desinformação.

A PL das Fake News está, agora, no aguardo de ser votada pela Câmara dos Deputados, em Brasília. A votação, que iria acontecer, inicialmente, no dia 2 de maio, foi adiada pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), por causa das diversas controvérsias e novas ementas que o projeto recebeu.

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O tema tornou-se viral pelas diversas opiniões a favor e contra e por levantar a discussão do livre conteúdo nas redes sociais. No âmbito da redação discursiva-argumentativa, é sempre bom estar munido de repertório e, neste caso, garante uma boa discussão em diversos temas de tecnologia e sociedade.

A docente de redação Marcela Silva conversou com o LeiaJá sobre os melhores temas e formas de utilizar a PL 2630/2020 na parte escrita do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

“Se o tema da redação do Enem envolver a propagação de notícias falsas ou desinformação, você pode utilizar a PL das fake news para embasar a sua argumentação. Por exemplo, você pode mencionar que a proposta da PL é uma medida importante para combater a desinformação nas redes sociais e garantir que as pessoas tenham acesso a informações confiáveis”, explica.

A professora também destaca que o projeto de lei prevê algumas medidas, como a obrigatoriedade de as plataformas digitais identificarem e eliminarem contas falsas e perfis inautênticos, a criação de mecanismos para que os usuários possam denunciar conteúdos enganosos e a responsabilização das plataformas por danos causados pela disseminação de informações falsas.

Com essas informações, é possível criar uma argumentação e defesa do seu texto com base neste contexto político-social. Para auxiliar ainda mais os vestibulandos que estão se preparando para prova do Enem, Marcela organizou um exemplo de parágrafo que você pode utilizar na sua redação para introduzir o Projeto das Fake News:

"De acordo com o Projeto de Lei nº 2.630/2020, apresentado ao Congresso Nacional em 2020, o objetivo é combater a disseminação de notícias falsas, desinformação e conteúdos enganosos na internet. Apesar disso, a propagação de fake news continua reincidente, visto que a população não compreende os entraves consequentes a partir de tal fator. Sendo assim, é imprescindível a boa aceitação da PL, proposta QUE estabelece normas e diretrizes para as plataformas digitais, como redes sociais e aplicativos de mensagem, a fim de que sejam responsáveis por coibir e remover conteúdos ilegais e identificar os autores de perfis falsos ou robôs que disseminam informações falsas", diz.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), aceitou o pedido do deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) e adiou a votação do projeto de lei que pretende regulamentar a atuação das plataformas digitais. A proposta foi apelidada de PL das Fake News e estava na pauta para votação no plenário nesta terça-feira (2). Não há nova data para votação.

PL e Novo foram contrários à retirada de pauta. Republicanos, PP, PT, PDT, PSOL e PCdoB apoiaram o adiamento.

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Orlando Silva, que é o relator do projeto, alegou que recebeu sugestões de partidos aliados e precisaria de mais tempo para consolidar um texto. A estratégia de adiamento foi deflagrada ao mesmo tempo em que a bancada governista passou a ter dúvidas sobre o número de votos que teria para aprovar o projeto.

O relator disse que vai "consolidar a incorporação de todas as sugestões feitas de modo que possamos ter uma posição que unifique o plenário da Câmara". Orlando Silva estimou que vá levar ao menos duas semanas para analisar as sugestões. Lira viaja para Nova York na noite desta quarta-feira, 3, e volta no dia 10 de maio.

O texto precisava de maioria simples dos votos, desde que confirmado o quorum mínimo de 257 deputados em plenário. Ou seja, metade mais um dos votos dos parlamentares que registrarem presença na sessão.

O texto foi criticado pela oposição e também pelas big techs, como Google, Tik Tok e Meta - controladora do Facebook e do Instagram. Antes do início da sessão, nem governo e oposição, em lados opostos, afirmavam ter votos suficientes para aprovar ou barrar o texto. As bancadas, contudo, evitaram cravar a quantidade de votos que teriam.

O projeto busca estabelecer a Lei Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e Transparência na Internet e prevê novas regras de uso para redes sociais, ferramentas de busca e aplicativos de mensagem instantânea. O texto do relator Orlando Silva (PCdoB-SP) tem 16 capítulos que tratam de responsabilização e regulação das plataformas até o uso de redes sociais por crianças e adolescentes.

O PL das Fake News prevê regras para plataformas digitais com mais de 10 milhões de usuários mensais no País. O texto define como crime o ato de promover ou financiar, por meio de conta automatizada, a divulgação em massa de mensagens que contenham Fake News sobre eleição ou que possam causar danos à integridade física. A pena é de 1 a 3 anos de prisão e multa.

A proposta define que as plataformas precisarão ter um nível elevado de privacidade, proteção de dados e segurança para crianças e adolescentes. Devem impedir o uso pelo público desta faixa etária quando os serviços não forem desenvolvidos para eles. As empresas ficarão proibidas de monitorar o comportamento das crianças e adolescentes para direcionar anúncios publicitários para esse público.

Outro trecho da proposta destaca que as empresas deverão ter representação no País, com identificação e informações facilmente acessíveis em seus sites. O representante deverá ter poderes para, por exemplo, cumprir determinações judiciais e fornecer informações às autoridades competentes.

Até semana passada, o projeto previu a criação de uma entidade autônoma de supervisão das plataformas digitais, que seria feita pelo Poder Executivo. O trecho foi retirado do texto após críticas.

Orlando Silva disse nesta terça que "se tivesse alternativa" à criação da agência, "colocaria no texto". "Como eu não tenho alternativa sólida, que me produza convergência, eu não tenho alternativa ainda", disse. "Mas reconheço que para a lei ser eficaz, é necessário haja um mecanismo de supervisão, de fiscalização, eventualmente, de aplicação de sanções."

A Google apagou da página principal de seu mecanismo de busca na internet a afirmação que "O PL das Fake News pode aumentar a confusão sobre o que é verdade ou mentira no Brasil”. A frase remetia os internautas para um artigo no qual o diretor de Relações Governamentais e Políticas Públicas da empresa no Brasil, Marcelo Lacerda, criticava o Projeto de Lei (PL) 2630, que tramita no Congresso Nacional desde 2020. Se aprovado, o texto dará origem à chamada Lei Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e Transparência na Internet.

A retirada do link da página inicial do mais popular mecanismo de buscas da internet foi feita pouco após a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), do Ministério da Justiça, determinar que a Google começasse a cumprir, tão logo notificada, a uma série de medidas cautelares para corrigir “indícios” de que está censurando o debate público sobre o PL 2630.

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Além da obrigação de sinalizar o conteúdo publicitário deste e de outros conteúdos contrários à aprovação do PL que produzir e divulgar, a Senacon também determinou que a Google passe a informar os consumidores sobre eventual conflito de interesse na questão, já que a eventual aprovação do projeto vai impactar suas operações.

Por já ter dado ampla divulgação às críticas à proposta de regulação das plataformas digitais, a Google também terá que começar a veicular, em até duas horas após ser notificada da decisão, as posições favoráveis ao projeto de lei. Se descumprir as determinações da Senacon, a empresa será multada em R$ 1 milhão por hora.

Em seu artigo, que segue disponível no blog da Google, Lacerda sustenta que é necessário “melhorar” o texto do projeto de lei que, segundo ele, “pode ir à votação antes mesmo que diversos setores da sociedade, incluindo parlamentares, tenham tido acesso” a ele.

O executivo também incentiva os internautas a enviar uma mensagem aos parlamentares pedindo que “melhorem o texto do PL”.  Ao anunciar as medidas cautelares a serem cumpridas pela Google, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, afirmou que a Senacon encontrou inúmeros “indícios” de que Google e outras grandes empresas de tecnologia estão tentando manipular o debate público a fim de defender seus próprios interesses econômicos.

“É dever da Senacon garantir que ninguém manipule a liberdade de expressão no Brasil. Mas há uma tentativa iníqua, imoral, de inverter os termos do debate, como se nós [membros do governo federal] quiséssemos a censura. É o contrário. O que estamos evitando é uma censura privada e clandestina, disfarçada, não assumida”, disse  o ministro Flávio Dino, criticando o artigo divulgado pela Google. 

“Juridicamente, [afirmar que a aprovação do PL pode aumentar a confusão na internet] é o quê? É um editorial? Quem faz editorial são as empresas de comunicação. Só que [as empresas de tecnologia] dizem que não são empresas de comunicação, mas sim plataformas de tecnologia? Se é assim, aquilo é publicidade. E, sendo assim, tem que estar sinalizada como tal”, ponderou o ministro.

Em nota, a Google classificou como “falsas” as alegações de que agiria de forma a ampliar o alcance de páginas com conteúdos contrários ao Projeto de Lei 2630, em detrimento das que veiculam informações favoráveis à regulação das plataformas digitais.

“Cada vez que uma pessoa faz uma busca, nossos sistemas trabalham para mostrar para ela os resultados mais relevantes entre milhares, às vezes milhões, de páginas de web. Não alteramos manualmente as listas de resultados para determinar a posição de uma página específica em nenhuma hipótese”, garantiu a empresa, reiterando que o debate sobre mudanças legislativas que impactem a vida de milhões de brasileiros e empresas precisa envolver toda a sociedade.

“Nas últimas semanas, temos nos manifestado em relação ao PL 2630 de forma pública e transparente, por meio de nosso blog oficial. Além disso, temos investido em campanhas de marketing para dar visibilidade mais ampla às nossas preocupações, por meio de anúncios em veículos de comunicação tradicionais, como jornais, e em mídia digital, incluindo nossas plataformas de publicidade e redes sociais”, acrescenta a empresa.

“Temos explicado os riscos, que consideramos legítimos, às pessoas que usam nossas plataformas e também aos diferentes participantes do ecossistema digital. Isso inclui criadores de conteúdo no YouTube, anunciantes de todos os tamanhos e sites de notícias”, continua a Google, confirmando os relatos de que, nas últimas semanas, a empresa enviou e-mails a produtores de conteúdo para o YouTube em que sustenta que a eventual aprovação do projeto de lei afetará a forma com que os youtubers são remunerados, ocasionando perdas financeiras.

“Às vésperas da votação do PL 2630, que não foi discutido tão amplamente e sofreu alterações significativas nas últimas semanas, é importante que os brasileiros estejam informados sobre os possíveis impactos para tomarem uma decisão sobre como participar dessa discussão", conclui a empresa.

O governo brasileiro acusou o Google, nesta terça-feira (2), de fazer "propaganda enganosa e abusiva" contra um projeto de lei para combater a desinformação online, e ordenou a gigante da tecnologia americana a se abster do debate ou demonstrar suas posições como publicidade.

A disputa ocorreu quando os deputados do Congresso se preparavam para votar o Projeto de Lei 2630, conhecido como "PL das Fake News", visto como um projeto de "censura" por seus críticos, que visa fazer com que as empresas de tecnologia regulem a desinformação, o discurso de ódio e o conteúdo violento em suas plataformas.

A Secretaria Nacional de Defesa do Consumidor ordenou que o Google, que critica o projeto, sinalize como "conteúdos publicitários" as mensagens em seu site alertando que o projeto de lei pode "piorar sua Internet" e "aumentar a confusão sobre o que é verdadeiro ou falso no Brasil".

O órgão deu ao Google prazo de duas horas para que faça "contrapropaganda" sobre o projeto ou pague multa de R$ 1 milhão por hora.

O ministro da Justiça, Flávio Dino, acusou o Google de "manipular" os resultados das buscas para dar mais destaque a conteúdo crítico ao projeto de lei, o que a empresa nega.

"Ninguém deveria estar manipulando a liberdade de expressão dos brasileiros", disse Dino em coletiva de imprensa, ao acusar a gigante tecnológica de abusar de sua plataforma para promover apenas um lado do debate.

Na mesma coletiva, o secretário nacional do consumidor, Wadih Damous, anunciou uma série de medidas contra o que chamou de "propaganda enganosa e abusiva" do Google.

A página inicial do Google no Brasil trazia uma mensagem destacada contra o projeto de lei, com um link para uma postagem no blog do diretor de políticas públicas da empresa, Marcelo Lacerda.

Lacerda alertava para as "consequências indesejáveis" do projeto de lei, incluindo a proteção inadvertida de quem espalha desinformação, ao impedir que as empresas implementem seus próprios termos de uso.

O link para o blog foi removido da página inicial do Google no Brasil ainda nesta terça-feira. Uma porta-voz do Google disse à AFP que já estava programado para expirar, afirmando que a decisão não estava relacionada a medidas impostas pelo governo.

O PL 2630, que já foi aprovado no Senado, foi apresentado há três anos, fruto dos esforços para lidar com a avalanche de desinformação online.

Ganhou notoriedade recentemente, depois que apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro invadiram as sedes dos Três Poderes em Brasília, no dia 8 de janeiro, supostamente incitados por desinformações compartilhadas nas redes sociais de que a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva nas urnas havia sido fraudada.

Em entrevista na segunda-feira à Revista Oeste, um site de notícias conservador, Bolsonaro atacou o projeto de lei, que classificou como "o começo do fim da liberdade".

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), decidiu colocar o PL das Fake News para votação da Câmara nesta terça-feira, 2. O projeto de lei entrou na pauta da Casa em meio à pressão das big techs, que são contrárias à proposta.

A decisão de votar o texto do relator Orlando Silva (PCdoB-SP) ocorreu após a reunião dos líderes da Câmara na residência oficial de Lira. Mas nem mesmo integrantes da base governista têm certeza de que há votos para aprovar o projeto. O PP, partido de Lira, está dividido.

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O líder da sigla, André Fufuca (PP-MA), encomendou um estudo sobre pontos do projeto para tentar ampliar o debate. A reunião da bancada, que estava prevista para as 16h, foi remarcada para as 18h, para que os parlamentares discutam o tema.

No encontro com Lira, o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), pressionou pela votação. O deputado classificou o encontro como "muito forte".

"Nós temos uma parte liderada pelo PL que vai votar contra o texto por mais concessão que tenha sido feita pelo relator da matéria e eu testemunhei todas as concessões que ele fez para buscar construir a unidade, não deu. Porque tem o problema ideológico", afirmou Guimarães.

O petista relatou que, durante a reunião, a maioria dos líderes se posicionou, independente da quantidade de votos, à favor da votação do projeto nesta terça. A proposta tramita no Congresso desde 2020. Segundo Guimarães, "não é razoável", depois de três anos, "o trabalho que o relator fez, o diálogo com as bancadas, nós nos acovardarmos e não votarmos essa matéria. É hora da onça beber água."

Sobre mudanças no texto, o governista evitou confirmar novas alterações: "Por enquanto, vai ficar aquele texto. Se tiver uma ou outra mudança, as bancadas estão conversando. A centralidade não haverá mais mudanças e nós vamos para votos."

Antes de início da reunião, o líder do PL na Câmara, Altineu Côrtes (PL-RJ), declarou não concordar com o texto do relator Orlando Silva. "A gente quer apresentar uma alternativa. A gente espera que vá para a pauta hoje", afirmou. "O PL vai fechar questão contra o texto do relator."

A federação formada pelo PSDB e Cidadania anunciou que vai se opor à aprovação da proposta. O deputado tucano Adolfo Viana (BA) disse que a federação é contra ingerência do governo sobre as redes. A declaração foi contestada pelo senador Alessandro Vieira (PSDB-SE), sustentando que o projeto não dá controle das redes sociais ao Poder Executivo.

Votos

Antes e depois da reunião na casa de Lira, governo e oposição evitaram estimar a quantidade de votos que cada lado tem. Os líderes do governo Lula e do PL - partido do ex-presidente Jair Bolsonaro -, contudo, demonstraram confiança de que suas posições sobre o projeto prevaleceriam.

José Guimarães disse estar "muito convencido" de que o texto será aprovado "com uma margem não muito elástica". "Mas dá para ganhar", afirmou. Já Altineu Côrtes declarou que o projeto não tem votos suficientes para ser aprovado mesmo.

Após a reunião na casa de Lira, o relator da proposta deixou o local acompanhado do líder do Podemos, Igor Timo (MG). Horas antes da votação, Orlando Silva tinha uma reunião com a bancada da sigla para ouvir críticas ao projeto e tentar angariar apoio a seu texto.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que o Google, Meta, Spotify e Brasil Paralelo removam em até 1h todos os anúncios e conteúdos, veiculados a partir do blog do Google, que promovem ataques ao PL das Fake News. Ele fixou multa de R$ 150 mil por hora de descumprimento a cada anúncio.

"As empresas, em 48 horas deverão remeter relatório circunstanciado sobre os anúncios realizados e valores investidos, bem como os termos sugeridos pelo

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buscador Google relativos ao assunto", determinou o ministro.

O Google e a Meta também deverão explicar, em até 48h, os métodos e algoritmos de

impulsionamento relacionados à busca sobre "PL da Censura". Já o Spotify e o Brasil Paralelo devem explicar por que impulsionaram o anúncio do Google.

As plataformas devem informar, ainda em 48h, quais providências realizaram para combater práticas criminosas e desinformação nos seus serviços.

Na mesma decisão, o ministro deu cinco dias para a Polícia Federal (PF) ouvir os presidentes ou representantes das empresas.

Oitivas de executivos

Moraes também determinou que a Polícia Federal (PF) ouça em até cinco dias os presidentes do Google, Meta, Spotify e Brasil Paralelo para que esclareçam a manipulação de algoritmos para apresentar conteúdos contrários à aprovação do PL das Fake News. A decisão foi tomada no inquérito 4781, o chamado "inquérito das fake news".

"Com absoluto respeito à liberdade de expressão, as condutas dos provedores de redes sociais e de serviços de mensageria privada e seus dirigentes precisam ser devidamente investigadas, pois são remuneradas por impulsionamentos e monetização, bem como há o direcionamento dos assuntos pelos algoritmos, podendo configurar responsabilidade civil e administrativa das empresas e penal de seus representantes legais", apontou o ministro na decisão.

Moraes cita um estudo realizado pelo NetLab, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que apontou que as plataformas estão usando seus recursos para influenciar negativamente a percepção dos usuários sobre o projeto de lei.

A atuação indevida das plataformas, apontada pelo estudo, inclui o impulsionamento do Google de um site próprio chamando a proposta de "PL da Censura"; um anúncio da Brasil Paralelo no Google mostrado como primeiro resultado ao pesquisar por "pl2630" e a veiculação de um anúncio do Google contra o PL pelo Spotify.

O ministro já se posicionou favoravelmente à regulamentação das redes sociais e enviou, enquanto presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), uma série de sugestões para o PL das Fake News. Os ministros Gilmar Mendes e Luís Roberto Barroso também já defenderam abertamente a regulação das plataformas.

Na decisão, Moraes aponta que a "evidente e perigosa instrumentalização dos provedores" para a prática de crimes "pode configurar responsabilidade civil e administrativas das empresas, além da responsabilidade penal de seus administradores por instigação e participação criminosa".

O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) abriu nesta terça-feira, 2, uma investigação para apurar suposto abuso de posição dominante por parte do Google e da Meta por terem feito campanha contra o PL das Fake News.

O órgão foi acionado na segunda-feira, 2, pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) após o Google publicar, na página inicial do buscador, a mensagem "O PL das fake news pode aumentar a confusão sobre o que é verdade ou mentira no Brasil."

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A mensagem foi removida no período da tarde desta terça, depois de uma decisão do Ministério da Justiça que ameaçou a plataforma com multa de R$ 1 milhão.

Um estudo também apontou que a Meta, dona do Facebook, Instagram e WhatsApp, disseminou notícias falsas a respeito do PL das fake news sem taxar o conteúdo como "político" ou "sensível".

No dia em que a Câmara avalia votar o projeto de lei (PL) das Fake News, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu afagar o presidente da Casa legislativa, Arthur Lira (Progressistas- AL). Lula teve encontro com Lira na manhã desta terça-feira, 2. Após a reunião a portas fechadas, o presidente disse que não interferirá na tramitação do texto, pois cabe aos parlamentares definir isso.

"Eu procuro não me meter muito na questão da Câmara porque conversar com um já é difícil, imagina conversar com 513. Então, eu deixo a Câmara decidir a hora que ela quer votar. Vamos aguardar o resultado", disse Lula no Palácio do Itamaraty.

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A oposição tem se movimentado para postergar a votação do texto que tem apoio do governo Lula. Na última segunda-feira, 1º, as big techs, como o Google, iniciaram uma ofensiva digital com anúncios e restrição de buscas pelo termo "PL das Fake News". O objetivo da iniciativa era frear a tramitação do projeto, mas gerou a reação do governo.

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, acionou na última segunda-feira a Secretaria Nacional do Consumidor para investigar eventuais condutas abusivas do Google, que divulgou em sua página principal que o PL das Fake News pode "piorar" a vida de usuários da internet. Dino ainda disse que a empresa tentou manipular e censurar o debate sobre a regulação do mercado das redes sociais.

Cabe a Lira definir o rito do projeto. Além disso, o parlamentar controla boa parte dos votos do Centrão, o que confere a ele poderes decisivos sobre o rumo do PL. Havia previsão de a Casa votar na noite desta terça o PL das Fake News depois de aprovada a tramitação de urgência na última quinta-feira, 28. "Toda conversa que eu faço é sempre boa", comentou Lula.

Lula deu a declaração durante a recepção do primeiro-ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva. O petista ainda receberá nesta terça-feira, o presidente da Argentina, Alberto Fernández, no Palácio da Alvorada. Segundo Lula, os dois líderes vão discutir no encontro "a situação" do País vizinho. As eleições presidenciais da Argentina estão marcada para o dia 22 de outubro. Fernández, contudo, aparece mal colocado nas pesquisas de intenção de voto.

Questionado se deverá comparecer à reunião do G-7 em Hiroshima, no Japão, Lula disse que ainda não sabe se participará do fórum, de 19 a 21 de maio. Ao invés disso, o presidente disse que pretende viajar ao Ceará e à Bahia para inaugurar as primeiras unidades do programa escola em tempo integral.

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, voltou a prometer nesta segunda-feira, 1º de maio, em São Paulo, que todos os envolvidos nas manifestações golpistas de 8 de janeiro serão responsabilizados. Em meio à tramitação do Projeto de Lei das Fake News (PL) na Câmara dos Deputados, o presidente pediu para que todos virem "soldados" contra as fake news.

"Queria convidar todo mundo a virar soldado contra fake news. A gente não pode permitir que a mentira continue prevalecendo nesse País", declarou Lula, em ato do Dia do Trabalhador no Vale do Anhangabaú, em São Paulo. "A gente não pode mandar mensagem mentirosa, passar pra frente aquilo que você sabe que pode prejudicar a pessoa."

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Lula mencionou que a mentira "nunca levou ninguém a lugar nenhum" e que foi a verdade que derrubou o ex-presidente Jair Bolsonaro, sem citá-lo nominalmente.

A fake news, segundo o presidente, foi também o que incentivou os atos antidemocráticos de 8 de janeiro.

"Todas as pessoas que tentaram dar o golpe serão presas", disse o presidente da República.

O relator do PL das Fake News, Orlando Silva (PCdoB-SP), entregou na quinta-feira, 27, um novo texto para o projeto.

A atual versão retirou um dos pontos de maior crítica da oposição e das empresas de tecnologia, as chamadas big techs, que é a criação de um órgão fiscalizador da atuação das plataformas.

O texto tramita em regime de urgência e deve ir à votação em plenário na próxima terça-feira, 2. Até lá, as negociações em torno da proposta que vai a voto continuam, e o relator não descarta a apresentação de um novo texto, com outras mudanças.

O presidente do Republicanos, Marcos Pereira, anunciou no sábado, 29, que a bancada do partido na Câmara votará contra o Projeto de Lei das Fake News. O movimento de Pereira, que é vice-presidente da Casa, ocorre para conter uma crise na legenda - após a maioria da bancada ter votado a favor da tramitação do texto em regime de urgência - e cria dificuldades para o Palácio do Planalto.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva conta com a aprovação do projeto na próxima terça-feira. A proposta estabelece a regulação das plataformas digitais e obrigações aos provedores de redes sociais, mas sofre forte oposição das chamadas big techs, como Google e Tik Tok, e também do segmento evangélico.

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O Republicanos tem ligações com a Igreja Universal do Reino de Deus, e muitos de seus parlamentares são evangélicos.

O partido também abriga o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, visto como possível candidato à sucessão de Lula, em 2026, caso o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) fique inelegível.

Cabo de Guerra

Na prática, a votação do Projeto de Lei das Fake News virou um cabo de guerra entre aliados do governo e oposição. O argumento oficial para que evangélicos sejam contra a proposta é o de que há ali "censura" à liberdade religiosa.

Nos últimos dias, o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), relator do projeto, fez várias mudanças no texto, na tentativa de conter resistências. Incluiu, por exemplo, um trecho segundo o qual a lei deve observar "o livre exercício da expressão e dos cultos religiosos (...) e a exposição plena dos seus dogmas e livros sagrados". Além disso, retirou da proposta a criação de uma agência reguladora de supervisão das plataformas digitais, batizado ironicamente pela oposição de "Ministério da Verdade".

Mesmo assim, a cúpula do Republicanos - que apoiou a reeleição de Bolsonaro, no ano passado - considerou as mudanças insuficientes. Nos bastidores, o partido negocia com o Planalto apoio a um projeto que amplia a isenção de impostos para igrejas.

"A decisão do Republicanos é votar não ao projeto das fake news", afirmou Pereira, que também é bispo licenciado da Universal. "Tem de ter, sim, uma regulamentação sobre o assunto (fake news nas redes sociais), mas não esta que está sendo proposta no momento (...). O texto continua ruim", emendou Pereira, em vídeo postado nas redes sociais.

Centrão

Com uma bancada de 42 deputados, o partido sempre compôs o núcleo duro do Centrão com o PP do presidente da Câmara, Arthur Lira (AL), e o PL de Bolsonaro. Recentemente, porém, formou um bloco de 142 parlamentares com siglas como MDB e PSD, cada uma delas com três ministérios no governo. Pereira é pré-candidato ao comando da Câmara, em 2025.

A articulação do Republicanos fez Lira montar um grupo ainda maior - o chamado "blocão", com 174 deputados -, isolando o PT e o PL.

Agora, seis deputados dissidentes do União Brasil, partido que integra o "blocão" de Lira, querem migrar para o Republicanos. No grupo está a ministra do Turismo, Daniela Carneiro, que é deputada licenciada e entrou com ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para se desfiliar do União Brasil sem perder o mandato.

Daniela pretende se filiar ao Republicanos, que poderá fazer parte da base aliada de Lula no Congresso. Atualmente, o partido se declara independente em relação ao Planalto.

Filiada ao Republicanos, a senadora Damares Alves (DF), disse não entender a urgência para votar o projeto das fake news. "Acho estranha a pressa. Será que querem nos calar durante a CPMI?", perguntou ela, numa referência à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que vai investigar os atos golpistas de 8 de janeiro, na Praça dos Três Poderes.

Ex-ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos no governo Bolsonaro, Damares defendeu mais tempo para a apreciação do projeto, alegando que o tema é muito delicado.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Neste sábado (29), o presidente nacional do partido Republicanos, deputado Marcos Pereira (Republicanos-SP), anunciou que a sigla votará contra a aprovação do chamado Projeto de Lei (PL) das Fake News. Em suas redes sociais, Pereira ressaltou que todos os parlamentares da legenda foram orientados a votarem contra o projeto.

"O texto final do projeto que trata das fake news foi apresentado e, apesar de ter agregado algumas das mudanças necessárias, não é o suficiente. Por esse motivo, eu e os demais parlamentares do Republicanos iremos votar contra o projeto", escreveu.

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A sigla votou na última terça-feira (25), majoritariamente a favor do requerimento de urgência para garantir a apreciação do PL 2630 sem precisar passar pelas comissões da Câmara dos Deputados. Marcos Pereira negou haver uma contradição do partido, justificando que a urgência é um rito do processo legislativo e que foi acordado em reunião de líderes, mas que "ninguém assumiu o compromisso de votar o projeto propriamente dito".

A orientação ocorre após a apresentação do relatório pelo deputado federal pelo estado de São Paulo, Orlando Silva (PCdoB). Para o presidente do Republicanos, a questão precisa ser amplamente discutida. Ele ainda reconhece que é necessário que haja uma lei tratando do tema, mas não da maneira como está exposta no documento apresentado à Casa Legislativa.

Pesquisa do instituto Atlas/Intel, feita entre os dias 15 e 17 deste mês, mostrou que 78% dos entrevistados é favorável a uma lei para estabelecer normas de funcionamento das redes, com identificação de conteúdos violentos e proteção de crianças e adolescentes. 

A pesquisa foi realizada pouco antes de a Câmara aprovar, após muitas discussões, o regime de urgência para a votação do projeto de lei das fake news.

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Maioria entre eleitores do ex-presidente

A maioria dos que votaram em Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno da disputa presidencial, no ano passado, apoia a regulação das redes sociais no Brasil. São 60% os que se dizem a favor entre estes.

Os dados obtidos no levantamento contrastam com declarações de muitos deputados bolsonaristas, que rejeitam a proposta, sob o argumento de que a extrema direita é perseguida pela esquerda nas redes sociais.

 

Na tentativa de facilitar a tramitação do projeto, o deputado Orlando Silva (PC do B-SP), relator do texto, retirou dali o trecho que previa a criação de uma agência autônoma para fiscalizar as plataformas digitais. O projeto irá a plenário na próxima semana.

Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

Embora o posicionamento a favor da definição de parâmetros para as big techs seja majoritário no estudo Atlas/Intel, chamou a atenção dos pesquisadores o fato de 37,4% dos eleitores que disseram ter anulado o voto no primeiro turno não concordar com a regulação das redes.

"O negacionismo em relação ao impacto de uma lei como essa tem a ver com o processo de radicalização observado no País, de uma forma geral. Isso não é um fato isolado", disse Laura Moraes, diretora de campanhas da Avaaz no Brasil.

A pesquisa Atlas/Intel foi encomendada pela Avaaz, maior comunidade de ativistas on line do mundo, que acompanha o projeto para criar uma lei contra a desinformação no Brasil.

Foram entrevistadas 1.600 pessoas, recrutadas durante navegação de rotina na web, em todas as regiões do País, por meio de dispositivos como smartphones, tablets, laptops ou PCs. A metodologia é conhecida como Random Digital Recruitment (RDR).

Outros números

Apesar de haver grande apoio a favor da regulação das redes sociais (78%), 14% se manifestaram contrariamente a um novo modelo e 8% não souberam opinar. A maioria (74%), porém, respondeu que a falta de leis específicas para regulamentar as plataformas contribuiu para os recentes ataques registrados em escolas do País. Na avaliação de 93,7%, as redes não são seguras para adolescentes e crianças.

O impacto provocado por esse tipo de interação no cotidiano também foi medido na pesquisa. Para 52%, as redes pioraram a maneira como as pessoas falam umas com as outras. Outros 31% responderam que não melhoraram nem pioraram. Apenas 17% disseram acreditar que as redes contribuíram para um melhor relacionamento no dia a dia.

"O estudo revela que as pessoas sofreram com o esgarçamento das relações na família e no trabalho. Muitos estão se machucando e as redes sociais não podem mais ser uma terra sem lei", destacou a diretora de campanhas da Avaaz no Brasil.

Laura Moraes é a favor da criação de uma entidade sem vínculo com o governo para regular as plataformas digitais. "A reação que houve no Congresso é natural, porque há uma fake news de que se pretende regular nossos conteúdos, quando o que se quer é justamente o cumprimento das leis pelas plataformas", destacou a pesquisadora.

Com Agência Estado

O empresário Elon Musk, dono do Twitter, respondeu com uma exclamação a uma postagem do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) sobre o projeto de lei 2630/2020, conhecido como PL das Fake News. O parlamentar mineiro endereçou mensagem ao bilionário afirmando que o Brasil está prestes a "expulsar" as redes sociais do País. Musk respondeu: "!".

Na publicação, Ferreira disse que a liberdade de expressão no País está sob "ataque severo". Ele e outros opositores ao governo apelidaram o projeto de lei como "PL da Censura" e argumentam que o texto cerceia o que pode ser dito nas redes sociais. A proposta busca estabelecer regras e mecanismos de transparência para o funcionamento dessas plataformas.

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"A Câmara de Deputados do Brasil está prestes a expulsar as plataformas de mídia social do País; a liberdade de expressão está sob ataque severo. O 'PL da Censura' é patrocinado por um membro do partido comunista; não podemos deixar o Brasil virar a China!", escreveu.

Relator do projeto, o deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP) disse ao Estadão que se reuniu duas vezes com representante do Twitter nesta semana. As conversas, segundo o parlamentar, ocorreram "dentro dos padrões das conversas com as big techs. "Eles são muito francos e diretos", disse. Junto com Google e Facebook, o Twitter assinou uma carta aberta em oposição à proposta.

O Twitter, assim como outras gigantes de tecnologia (as chamadas big techs), é contra o projeto e pressionou o governo para que o texto fosse levado para discussão em uma comissão temática na Câmara. Nesta semana, a Casa aprovou regime de urgência para o PL, ou seja, permitiu que ele siga direto para votação em plenário. Pela proposta, essas empresas terão de remunerar o conteúdo jornalístico reproduzido nas plataformas.

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Na última terça-feira (25), o plenário da Câmara dos Deputados aprovou por 238 votos a 192 o requerimento de urgência do PL-2630, a Lei Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e Transparência na Internet. Com a aprovação, o projeto de lei não precisará passar por uma comissão da Câmara. O relator do projeto, deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), acredita que o projeto seja levado à votação no plenário na próxima terça-feira (2).

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O PL-2630 pretende criar métodos de combate a notícias falsas, popularmente chamadas de "fake news". O alvo da lei são redes sociais e aplicativos de mensagem que tenham pelo menos dois milhões de usuários. O projeto de lei também se aplica a redes e aplicativos estrangeiros, desde que ofereçam seus serviços ao público brasileiro. O PL-2630 não é aplicado a empresas jornalísticas.

A jornalista Ivana Oliveira, doutora em Ciências Socioambientais pelo Naea/UFPA e professora do programa de Pós-graduação em Comunicação, Linguagens e Cultura (PPGCLC) da UNAMA - Universidade da Amazônia, destaca que necessidade de regulamentação das redes não surgiu subitamente com a criação do PL-2630, mas se deu em 2016, com a ascensão da extrema direita, elegendo Donald Trump à presidência dos Estados Unidos e, posteriormente, Jair Bolsonaro, em 2018, no Brasil. "Não começou agora, não começou com esse projeto de lei. Começou lá atrás, com a eleição do Trump nos Estados Unidos e depois aqui no Brasil com a eleição do Bolsonaro", assinala.

Ivana Oliveira fala que o que se discute são os termos regulatórios, que começaram a ser questionados no Supremo Tribunal Federal (STF) com a investigação eleitoral, pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ivana destaca que a CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) das fake news que foi instalada em setembro de 2019 condensou todo esse processo. "A CPMI das fake news acabou sendo também uma espécie de fórum sobre esse tema, e todas essas disputas que estamos vendo acerca do PL-2630 nasceram lá na CPMI", afirma.

Ivana Oliveira diz que há uma grande divisão entre os parlamentares e a sociedade cívil acerca do PL-2630, além de questionamentos sobre as consequências da aprovação. "Há uma certeza: precisamos, temos a necessidade de discutir esse assunto e de termos soluções sobre isso", destaca.

Parlamentares de oposição ao governo afirmam que o PL-2630 é inconstitucional por cercear o direito à liberdade de expressão, previsto no artigo 220 da Constituição. Mas de acordo com o advogado e mestre em Direitos Fundamentais pela Universidade da Amazônia Paulo Barradas, o projeto de lei não é inconstitucional. "Não fere a liberdade de expressão. Na legislação brasileira todos os direitos são relativos, inclusive o direito à vida. Na esteira do mesmo raciocínio liberdade de expressão encontra limites. Não se pode utilizá-la para justificar crimes", observa.

Sobre a presença de notícias falsas no cenário político, Paulo Barradas destaca: "As fake news não são um fim em si só. Elas são meio para a obtenção de determinado fim. As fake news são utilizadas por pessoas ou grupos mal-intencionados para fazer as pessoas acreditarem em inverdades. É como a história do 'velho do saco' que se contava para as crianças fazerem ou deixarem de fazer algo, ficando submissas à vontade de quem mente. As noticias mais recentes dão conta de farta utilização de mentiras pela direita com o objetivo de se manter no poder".

Por David Nogueira (sob a supervisão do editor prof. Antonio Carlos Pimentel).

 

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