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Mais de 1 milhão de pessoas já fugiram da Ucrânia desde o início da invasão promovida pela Rússia, iniciada há uma semana.

O número foi divulgado no Twitter pelo alto comissário das Nações Unidas para refugiados, Filippo Grandi. "Em apenas sete dias, testemunhamos o êxodo de 1 milhão de refugiados da Ucrânia para os países vizinhos", escreveu o italiano.

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"Para muitos outros milhões, é hora de as armas silenciarem para que a assistência humanitária vital possa ser fornecida", acrescentou.

O principal destino dos deslocados ucranianos é a Polônia, que já recebeu cerca de 600 mil pessoas, cifra que cresce rapidamente.

Já a Romênia diz ter acolhido 120 mil refugiados, dos quais 70 mil já seguiram viagem para a Europa Ocidental. Dos 50 mil deslocados que ainda estão no país, 18 mil são crianças, segundo o presidente da associação dos municípios romenos, Emil Boc.

Após ter enfrentado mais resistência do que esperava, a Rússia ampliou sua ofensiva nos últimos dias e conquistou a cidade de Kherson, de 300 mil habitantes e primeiro grande município ucraniano a cair.

Além disso, as forças russas cercaram Mariupol, no sul da Ucrânia, e mantêm Kharkiv, no nordeste, sob bombardeio intenso desde o início da semana.

"Estamos destruídos como nação. Esse é o genocídio do povo ucraniano", diz uma nota divulgada pela Prefeitura de Mariupol, município de meio milhão de habitantes que está sem água e aquecimento por causa do conflito.

Já na capital Kiev, as sirenes antiaéreas voltaram a soar nesta quinta-feira (3), porém a cidade vem sendo relativamente poupada nos últimos dias, o que pode ser uma tática do Kremlin para manter a via de negociações aberta.

Uma nova rodada de conversas está prevista para esta quinta, em Belarus, mas o primeiro dia de negociações, na última segunda (28), não produziu resultados concretos. "Estamos prontos para o diálogo. Estou certo de que a histeria vai diminuir e de que o Ocidente vai superar seu frenesi", declarou o ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov.

Por sua vez, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, publicou um novo vídeo em que afirma que as linhas de defesa de seu país estão "resistindo". "Não temos nada a perder a não ser nossa própria liberdade", afirmou o mandatário, acrescentando que a Rússia terá de ressarcir os ucranianos pelos danos provocados pela guerra.

O número de vítimas é incerto, mas a ONU contabiliza pelo menos 227 civis mortos nos primeiros cinco dias de guerra. Já a Ucrânia reivindica a morte de 9 mil soldados russos, embora um balanço oficial divulgado por Moscou na última quarta (2) aponte apenas 498 baixas entre suas tropas.

Da Ansa

Kiev voltou a ser alvo de bombardeios russos nas primeiras horas desta quinta-feira (3), (entre a noite de quarta e a madrugada de quinta pelo horário de Brasília) quando sirenes voltaram a soar em diversas cidades pelo país, alertando sobre o risco de ataques aéreos. Na região de Kharkiv, 34 civis morreram nas últimas 24 horas, segundo os serviços de emergência. As explosões que abriram o 8° dia de invasão russa à Ucrânia ocorrem horas antes de uma nova tentativa diplomática de se chegar a um cessar-fogo no país do Leste Europeu.

Militares ucranianos alegam que as tropas russas "não tiveram sucesso em quase todas as direções em que estavam avançando", de acordo com uma atualização operacional publicada na manhã desta quinta, e mencionada pelo jornal britânico The Guardian. O comunicado ucraniano ainda acrescenta que o bombardeio de bairros residenciais nas principais cidades continuou durante a noite, enquanto as tropas russas avançavam em direção aos arredores do norte de Kiev e a Mariupol, no sudeste do país.

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Ao mesmo tempo, o Ministério da Defesa russo afirma estar avançando e tomando o controle de cidades em várias frentes do conflito, com apoio dos grupos pró-separatismo de Donetsk e Luhansk. O porta-voz do ministério, Igor Konashenkov, afirmou que milícias de Donbas apertam o cerco em torno da cidade de Mariupol. "As unidades das Forças Armadas da República Popular de Donetsk reforçaram o cerco em torno da cidade de Mariupol e tomaram as cidades de Vinográdnoye, Sartana e Vodianóye", disse.

Enquanto as autoridades russas confirmavam o avanço das tropas russas em direção a Mariupol, forças separatistas pró-Rússia da região de Donestk afirmaram que podem lançar ataques direcionados à cidade, caso as forças ucranianas neguem se render, disse a agência de notícias Interfax, citando o comandante de Donetsk, Eduard Basurin.

A Rússia e os separatistas dizem que cercaram a cidade de 430 mil habitantes localizada na costa do Mar de Azov.

A imprensa ucraniana também noticiou que alvos civis foram bombardeados na cidade de Sumi, no nordeste do país, na manhã desta quinta. De acordo com um comandante militar da região citado pelo The Kyiv Independent, um edifício da Sumy State University foi atingido pelo ataque de artilharia.

Mais cedo, ainda na noite de quarta, seis pessoas, entre elas duas crianças, morreram após um bombardeio na cidade ucraniana de Izium, na região de Kharkiv, segundo informou o vice-prefeito do município, Volodmir Matsokin. O ataque começou às 23h59, horário local (18h59 de Brasília) e atingiu um prédio de apartamentos de vários andares.

Cessar-fogo

Apesar da troca de hostilidades por todo o país, delegações diplomáticas da Rússia e da Ucrânia devem se reunir nesta quinta-feira para uma segunda rodada de negociações sobre um possível cessar-fogo. A reunião, assim como a primeira, será realizada em Belarus - país usado como base para as incursões russas na Ucrânia.

O encontro vai acontecer na região de Brest, na fronteira belarussa com a Polônia e a Ucrânia, segundo o negociador russo Vladimir Medinski, que disse que as duas partes chegaram a acordo sobre a área, embora o local específico ainda não tenha sido definido.

O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, disse estar pronto para negociações. "Estamos abertos para a diplomacia, mas não estamos de forma alguma prontos para aceitar os ultimatos russos", disse. O objetivo é um cessar-fogo imediato.

A primeira rodada, realizada em 28 de fevereiro na cidade de Gomel, não teve acordo. Contudo, ambas as partes afirmaram que a reunião permitiu identificar alguns pontos para poder avançar. (Com agências internacionais).

O ex-chanceler Ernesto Araújo fez críticas à postura do presidente Jair Bolsonaro (PL) diante da guerra na Ucrânia e afirmou que o mandatário está reproduzindo "desinformação russa" em suas falas. Em vídeo publicado nesta terça-feira, 1º, em seu canal no YouTube, o ex-ministro das Relações Exteriores disse que a posição de suposta "neutralidade" defendida pelo chefe do Executivo transmite, na verdade, uma preferência pelo país de Vladimir Putin.

"Me parece que a posição correta do Brasil, compatível com nossos valores morais e interesses materiais, seria um apoio à Ucrânia, junto com as grandes democracias ocidentais", afirmou Araújo. O ex-chanceler também criticou a visita de Bolsonaro à Rússia no momento em que a tensão entre os países europeus já estava em escalada, o que, segundo o ex-ministro, contradiz a posição neutra que o presidente diz defender.

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Araújo argumentou que Bolsonaro validou a narrativa russa ao se referir a Volodmir Zelenski, presidente do país invadido, como "comediante". "A ilação que o presidente está fazendo é que o povo ucraniano entregou o seu destino a alguém que não tinha capacidade de conduzi-lo e agora está sofrendo as consequências disso. Isso é pura propaganda russa", disse Araújo, acrescentando não considerar demérito o fato de o líder ucraniano ser um ex-comediante.

Antigo aliado de Bolsonaro, o ex-chanceler tem feito críticas constantes ao chefe do Executivo. Recentemente, Araújo acusou o mandatário de estar favorecendo uma política "pró-China" por meio de sua aliança com o Centrão. Segundo ele, o bloco teria passado a pautar a gestão federal conforme os interesses do país asiático.

As críticas de Araújo ecoam um racha na base de apoiadores do governo sobre como o Brasil deve se posicionar perante a invasão da Ucrânia. Como mostrou o Estadão, o conflito movimentou diferentes campos da política brasileira e expôs, curiosamente, posicionamentos confluentes entre parte dos aliados de Bolsonaro e grupos de oposição, principalmente na defesa de Vladimir Putin. Outra fatia dos bolsonaristas, à qual se encaixa Araújo, optou por condenar a ofensiva russa e defender o país atacado, evidenciando uma divisão na bolha ideológica do entorno do presidente.

Liderada pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (Patriota-RJ), uma ala dos defensores do governo tem usado o confronto para enaltecer o ex-presidente americano Donald Trump.

A Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata) avalia ser improvável que o conflito entre Rússia e Ucrânia afete o crescimento no longo prazo do transporte aéreo no mundo. Em relatório divulgado ontem, a entidade afirmou ser "muito cedo para estimar quais serão as consequências de curto prazo para a aviação", mas disse ser "claro que existem riscos", principalmente nos mercados expostos ao conflito.

Segundo a Iata, os pontos sensíveis incluem a extensão geográfica do conflito, a gravidade e período de tempo das sanções e/ou fechamento de espaço aéreo. Esses impactos seriam sentidos mais severamente na Rússia, Ucrânia e áreas vizinhas. Antes da Covid-19, a Rússia era o 11.º maior mercado para os serviços de transporte aéreo em número de passageiros, incluindo seu mercado doméstico. A Ucrânia estava em 48.º lugar nesse ranking.

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A entidade alerta que o impacto nos custos das companhias aéreas em decorrência da flutuações nos preços da energia ou da mudança de rota de voos para evitar o espaço aéreo russo pode ter implicações mais amplas. Além disso, o relatório observa que a confiança do consumidor e a atividade econômica provavelmente serão afetadas mesmo fora do Leste Europeu.

No relatório, a Iata diz esperar que o número total de viajantes chegue a 4 bilhões em 2024, superando os níveis pré-covid.

O Ministério das Relações Exteriores do Brasil anunciou na noite desta terça-feira (1º) que decidiu abrir dois postos de atendimento consular para prestar assistência aos brasileiros que buscam deixar a Ucrânia. Um deles ficará na cidade ucraniana de Lviv, próxima à fronteira com a Polônia que tem sido adotada como rota de fuga; e o outro em Chisinau, capital da Moldávia, para facilitar o suporte a brasileiros que tentam a saída pela Romênia.

"Os postos de atendimento em Lviv e Chisinau complementam as medidas já em curso de apoio aos brasileiros, de confecção de documentos de viagem e de retirada, ordenada e segura, de nacionais do território ucraniano", declarou em nota o Itamaraty.

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O ministério acrescenta que, em casos de emergência, o plantão consular brasileiro pode ser contatado pelo número +55 61 98260-0610. Além disso, a Embaixada em Kiev continua transmitindo orientações por meio de mensagens em seu site (kiev.itamaraty.gov.br), em sua página no Facebook (facebook.com/Brasil.Ukraine) e em grupo do aplicativo Telegram (t.me/s/embaixadabrasilkiev).

O governo da China, que em fevereiro forjou uma "aliança sem limites" com a Rússia de Vladimir Putin, indicou insatisfação ontem com o agravamento da guerra na Ucrânia. O alerta foi dado em um telefonema entre o seu chanceler, Wang Yi, e o ucraniano Dmitro Kuleba, o nesse nível ministerial desde o início da invasão.

Wang disse ao colega ucraniano que Pequim está extremamente preocupada com os danos à população civil e deplora o surgimento do conflito. A conversa ocorreu a pedido da Ucrânia.

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Apesar do tom mais crítico em relação ao conflito na Ucrânia, China manteve a ambiguidade no discurso para se equilibrar entre o apoio à Rússia e à Ucrânia - que faz parte do projeto da Nova Rota da Seda, um dos pilares da política externa de Pequim.

Após abster-se em condenar a Rússia pela invasão na ONU, a China se referiu de forma inédita ao impacto da guerra nos civis ucranianos e usou a expressão "deplora", que na linguagem diplomática indica insatisfação. Pequim também prometeu não medir esforços para pôr fim ao conflito.

"Diante da expansão dos combates, a prioridade é amenizar a situação no terreno tanto quanto seja possível para evitar que o conflito saia de controle", disse o chanceler chinês, para em seguida acenar tanto a russos quanto a ucranianos.

"A segurança de um país não pode vir à custa dos outros, nem por meio da expansão de alianças militares", disse o diplomata.

Apesar de insistir na necessidade da integridade territorial de todos os países, Pequim tem ressaltado que as preocupações da Rússia são legítimas. O telefonema ocorre em meio à ampliação da ofensiva russa na Ucrânia, que tem aumentado o número de baixas civis.

Em resposta, o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia disse ontem a Yi, ainda segundo relato chinês, que seu país está pronto para continuar as negociações com a Rússia e espera "a mediação da China para alcançar um cessar-fogo".

"Acabar com a guerra é a prioridade para o lado ucraniano e estamos calmos, abertos a negociar uma solução. Apesar de a negociação não estar progredindo sem a ocorrência de problemas, estamos dispostos a continuar com ela. Também a fortalecer a comunicação com a China. Esperamos a mediação da China para alcançar um cessar-fogo", disse Kuleba, segundo comunicado da chancelaria da China.

Zelenski fala à UE

Em discurso por videoconferência ao Parlamento Europeu, o presidente Volodmir Zelenski lançou um apelo dramático à União Europeia. Ele pediu que os líderes provem que estão com os ucranianos e foi aplaudido de pé.

"A Europa será mais forte com a Ucrânia nela. Sem vocês, a Ucrânia estará sozinha. Provamos nossa força. Por isso, provem que estão do nosso lado, provem que não vão nos abandonar", declarou. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Os pré-candidatos à Presidência da República Sérgio Moro (Podemos), João Doria (PSDB), Simone Tebet (MDB) e Felipe d'Avila (Novo) publicaram, nessa terça-feira (1º), nas redes sociais um manifesto conjunto em apoio à Ucrânia. No documento assinado pelos quatro presidenciáveis que integram a chamada "terceira via", eles pedem ao governo brasileiro "que se posicione e se una às nações que defendem a soberania" do país do leste europeu.

O manifesto afirma ainda que não há espaço para neutralidade quando os princípios da defesa da paz, da soberania nacional e da legitimidade da ordem internacional são violados. O ataque militar à Ucrânia, diz o comunicado, "coloca em risco a soberania de países que lutaram contra os tiranos por liberdade e inserção na comunidade das nações".

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Os presidenciáveis solicitaram à Rússia que "retome o caminho da diplomacia para a restauração da paz". "Portanto, nós, pré-candidatos à Presidência da República, tornamos público o nosso repúdio à invasão da Ucrânia e oferecemos a nossa solidariedade ao povo ucraniano."

'Equilíbrio'

No domingo, o presidente Jair Bolsonaro concedeu entrevista e evitou condenar a invasão da Ucrânia. Ele se mostrou reticente em relação à possibilidade de a comunidade internacional impor sanções à Rússia. "Para nós, a questão do fertilizante é sagrada. E nossa posição, como acertado com o (chanceler) Carlos França, é de equilíbrio", declarou Bolsonaro, que passa o feriado do carnaval de folga no Guarujá, no litoral paulista.

Com vaga no Conselho de Segurança da ONU, o governo brasileiro dará um dos votos sobre o tema na próxima reunião do grupo, prevista para ocorrer esta semana. "Deixo claro que o voto do Brasil não está definido ou atrelado a qualquer potência. Nosso voto é livre e será dado nessa direção", disse Bolsonaro.

A invasão da Rússia e a guerra na Ucrânia entraram na agenda da pré-campanha presidencial. Na quinta-feira passada, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva - líder nas pesquisas de intenção de voto - falou sobre o assunto em entrevista às rádios Supra FM e 103,5 FM, de Goiás e do Distrito Federal.

Ao afirmar que considera "lamentável" o fato de ainda haver países que tentam resolver suas divergências, sejam territoriais, políticas ou comerciais, "com o uso de bombas, de tiros, de ataques", Lula relativizou a invasão russa. "A gente está acostumado a ver que as potências, de vez em quando, fazem isso sem pedir licença. Foi assim que os Estados Unidos invadiram o Afeganistão, invadiram o Iraque. Foi assim que a França e a Inglaterra invadiram a Líbia. E é assim que a Rússia está fazendo com a Ucrânia", declarou.

'Imperialista'

No mesmo dia, a bancada do PT no Senado culpou, em nota, os Estados Unidos pelo ataque à Ucrânia. O registro que citava uma "política imperialista" americana foi publicado no Twitter da bancada do partido, mas foi apagado pouco depois. "Essa política imperialista produziu o quadro geopolítico que explica o atual conflito na Ucrânia. Tal conflito, frise-se, é basicamente um conflito entre os EUA e a Rússia. Os EUA não aceitam uma Rússia forte e uma China que tende a superá-los economicamente", dizia o comunicado da bancada petista.

O pré-candidato do PDT ao Palácio do Planalto, Ciro Gomes, alertou para os reflexos do conflito e os efeitos que o "desequilíbrio na ordem internacional" podem causar na economia brasileira. "Muito especialmente por termos um governo frágil, despreparado e perdido."

O Itamaraty informou na noite desta terça-feira (1º) que realocou diplomatas acreditados em Kiev para duas bases de apoio temporárias, a fim de melhorar o atendimento aos brasileiros que tentam escapar da guerra da Ucrânia. Na prática, a medida implica no deslocamento do embaixador Norton Rapesta e da equipe para fora de Kiev, capital ucraniana e principal alvo da ofensiva do exército russo.

Os escritórios consulares temporários ficarão em Lviv, próxima à fronteira da Ucrânia com a Polônia, e em Chisinau, capital da Moldávia. "Por força da deterioração da situação de segurança em Kiev, embaixadas de vários outros países têm igualmente estabelecido missões de apoio fora da capital da Ucrânia, sobretudo em Lviv", explicou o Ministério das Relações Exteriores.

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O Estadão/Broadcast apurou que a embaixada deixou de ser frequentada pelos diplomatas, apesar de oficialmente não ter sido fechada por completo. Ela continua "operacional", mas os diplomatas brasileiros estão trabalhando remotamente.

Em Brasília, o Itamaraty justificou que os diplomatas vão focar no atendimento consular mais próximo e presencial aos brasileiros que se dirigem à fronteira, onde há mais demanda. A embaixada continuará prestando assistência consular por telefone e por meio da internet e redes sociais.

Ao todo, oito diplomatas foram transferidos de postos no exterior para Varsóvia, na Polônia, a fim de auxiliar na operação de retirada. Parte deles irá ao novo posto em Lviv. Servidores do Ministério da Defesa também cooperam. Mais de 100 brasileiros conseguiram deixar o país, principalmente em viagens de trem com assistência da embaixada ou por conta própria.

O casal Mayara Faria, 21 anos, e Diego Silva, 24, chegou ao Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, o Galeão, por volta das 19h em clima de sobrevivência. O jogador de futebol relatou os momentos de "angústia e ansiedade" no bunker e de terror na caminhada de cerca de duas horas em direção à fronteira com a Romênia.

"Para atravessar a fronteira existe muita burocracia. A gente conseguiu como sobrevivente mesmo, correndo com a mochila nas costas. É desesperador", afirmou Silva.

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Mayara chegou à Ucrânia para ficar com o namorado há um mês e quatro dias e esperava aproveitar a viagem para conhecer a Ucrânia. "O que eu tive foram quatro dias de terror, desde que estourou a guerra. Na fronteira, tinha gente de todo lugar do mundo. Mas nem todos passavam. As pessoas eram escolhidas a dedo", contou Faria.

Os dois só conseguiram voltar para o Brasil porque a prefeitura de Niterói (RJ), onde moram as famílias de ambos, pagou a passagem, que custou R$ 7,5 mil, as duas.

Eles saíram da Romênia, 1h de Brasília, fizeram conexão em Amsterdam, e voaram para o Rio.

A mãe de Silva contou que sua única preocupação hoje foi em preparar o prato predileto do filho, jogador de futebol do time ucraniano de Kolos Kovalivka. O prato especial é um "mexido com ervilha e jiló".

Silva estava fora de casa há dois anos, sendo que, no último ano, foi para a Ucrânia, após receber uma proposta para trabalhar em novo time.

"A distância é muito grande. A gente não tinha o que fazer. Então eu falei: meu filho vai vir de cavalo, de jegue", afirmou Luciana da Silva, mãe do jogador.

O secretário de Direitos Humanos de Niterói, Raphael Costa, disse que recebeu o pedido de ajuda de Faria na sexta-feira, por Whatsapp. A prefeitura, segundo ele, entrou em contato com o Ministério do Exterior, mas, até agora, não obteve retorno do governo federal. Outros três niteroienses estão em contato com o governo municipal à espera de uma ajuda com passagem, que chegou a custar R$ 35 mil na semana passada.

No Brasil, a trajetória de Silva no futebol é longa. Como júnior, ele jogou em times de grande porte, como Flamengo e Botafogo. "Agora, só quero descansar", afirmou o jogador.

A guerra na Ucrânia, do outro lado do mundo, deve chegar ao Brasil na forma de alta dos preços dos combustíveis. Entre especialistas, há quem aposte que o barril do petróleo, usado como matéria-prima para produzir gasolina e diesel, vai ultrapassar a cotação recorde de US$ 147,50 por barril, de 2008, um pouco antes da falência do banco Lehman Brothers.

No Brasil, a disparada da commodity nos últimos dias, quando chegou a ultrapassar os US$ 105, pegou a Petrobras com seus preços inalterados havia 47 dias. O último reajuste foi em 12 de janeiro. A empresa disse, na semana passada, que a valorização do real frente ao dólar contrabalançava a alta do barril e ajudava a segurar os preços dos combustíveis. Com isso, ganharia tempo para avaliar se as mudanças trazidas pela guerra seriam estruturais e permaneceriam por um longo prazo, o que justificaria novos aumentos, ou se eram eventos pontuais. Com a guerra, o dólar voltou a se valorizar sobre o real.

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Segundo a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), a defasagem entre a Petrobras e as principais bolsas de negociação já chega a 11%, no caso da gasolina, e a 12%, no diesel.

A Petrobras sofre grande pressão do governo para não reajustar a gasolina e o diesel, porque isso gera inflação e afeta o orçamento das famílias, o que pode prejudicar os planos de reeleição do presidente da República, Jair Bolsonaro. O governo é o acionista majoritário da companhia. Mas a petrolífera tem também os seus acionistas minoritários, no mercado financeiro, que exigem dela independência na gestão e resistência aos apelos políticos.

Ex-diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP) e pesquisadora da FGV, Magda Chambriard lembra que o consumo interno de óleo diesel é de cerca de 60 bilhões de litros por ano e que qualquer real que a empresa deixe de repassar para seus clientes tem um peso bilionário em seu caixa.

Em contrapartida, a capacidade dos consumidores é limitada. Adriano Pires, sócio do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), diz que, se o barril chegar aos US$ 150, nenhum país vai poder repassar totalmente essa alta para o consumidor. "Vai ser preciso apertar o botão da calamidade publica e congelar os preços, não tem jeito. É um preço de excepcionalidade, preço de um momento de guerra."

Discussão no Congresso

Crescem as exigências para que o governo e o Congresso apresentem uma solução. O senador Jean-Paul Prates (PT-RN) espera votar na semanq que vem seu projeto de lei que cria uma conta de estabilização dos preços e um outro que muda o cálculo do ICMS, mas dá autonomia de implantação aos Estados. "É a primeira vez que o Brasil é pego por uma onda de alta (do petróleo) sem nenhum escudo de proteção da volatilidade lá de fora. Estamos completamente expostos", disse o senador.

O tamanho do estrago vai depender das sanções impostas à Rússia e da resposta a elas. "Ainda não houve nenhuma penalidade que envolva o fluxo de energia de um lado ou de outro", observa o pesquisador Rodrigo Leão, especialista em Geopolítica do Petróleo pelo Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo e Gás Natural (Ineep). Já o sócio-gestor da consultoria Inter.B. e conselheiro do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), Claudio Frischtak, afirma que, se a guerra continuar, sem retaliações, o petróleo deve oscilar de US$ 100 a US$ 110. Com retaliações, a oscilação vai à casa dos US$ 150, "e isso é outro mundo", diz. "No caso do Brasil, será um mundo de recessão e inflação mais aguda." A consultoria Rystady Energy projeta o barril na casa dos US$ 130.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse em Nova York, em entrevista à TV Bloomberg, que uma das consequências da guerra pode ser pressões inflacionárias mundiais, em alimentos, grãos, fertilizantes e energia.

Ele afirmou que a economia mundial passa por uma desaceleração, que a guerra pode agravar, mas que o Brasil está "fora de sintonia", pois está crescendo. "O Brasil está na outra direção", disse o ministro, para quem o País está em transição de uma economia guiada pelo Estado para uma gerida pelo mercado.

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"Até o fim do ano teremos US$ 200 bilhões em compromissos de investimento, em contratos já assinados de investimentos privados", disse. Ele comparou a "dois Planos Marshall" (o que reconstruiu a Europa no pós-Segunda Guerra) os investimentos em portos, rodovias e setor elétrico.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse em Nova York, em entrevista à TV Bloomberg, que uma das consequências imediatas da guerra na Ucrânia podem ser pressões inflacionárias mundiais, em alimentos, grãos, fertilizantes e energia. Perguntado sobre a posição "neutra" de Jair Bolsonaro sobre o conflito militar, Guedes afirmou que o Brasil votou duas vezes no Conselho de Segurança das Nações Unidas condenando a guerra e votará novamente assim. "Queremos que o conflito se resolva de forma pacífica o mais rápido possível."

"Estamos apenas começando a nos recuperar da pandemia. Não é bom para o mundo", disse, ao falar dos impactos inflacionários do conflito para a economia mundial.

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Guedes afirmou que a economia mundial passa por um processo sincronizado de desaceleração do crescimento, enquanto a inflação está subindo em vários países. As consequências da guerra só podem agravar esses efeitos.

Já o Brasil está "fora de sintonia" com a economia mundial, pois está crescendo. "O Brasil está na outra direção", afirmou o ministro, para quem o País está em transição de uma economia guiada pelo Estado para uma gerida pelo mercado.

"Até o fim do ano teremos US$ 200 bilhões em compromissos de investimento, em contratos já assinados de investimentos privados." Guedes citou que são investimentos em portos, concessões de rodovias e setor elétrico, no que ele diz ser equivalente a "dois Planos Marshall", o que reconstruiu a Europa no pós-Segunda Guerra.

Inflação

"A inflação no Brasil pode ser ainda menor que a dos Estados Unidos este ano", afirmou Guedes. "A inflação pode cair de 10% para a casa dos 5% e o Brasil pode surpreender no crescimento pelo lado positivo", afirmou.

Perguntado sobre a necessidade de um novo programa de crédito este ano, já que a economia está crescendo, Guedes disse que o governo não está imprimindo dinheiro ou expandindo o crédito, está apenas renovando dinheiro que voltou ao governo. Foi a primeira vez em uma recuperação da economia brasileira que metade dos empréstimos foram para empresas de menor porte e também atingiram os mais vulneráveis, disse o ministro. "A economia voltou de forma forte."

Guedes disse que o Brasil é provavelmente um dos poucos países que está retirando estímulos monetários e fiscais, enquanto outros estão atrasados neste processo. Nesse momento, ele disse que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) e o Banco Central Europeu (BCE) "estão bem atrás da curva", ou seja, ainda vão precisar elevar muito os juros. Por isso, Guedes disse que está bem mais preocupado com a situação nos EUA, onde a inflação está vindo e o Fed "está dormindo no volante".

Sobre as contas públicas, Guedes afirmou que o Brasil reduziu o déficit fiscal de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) para zero em um ano. "Nós contraímos a política fiscal durante a recuperação. Não há pressão inflacionária." Guedes disse ainda que todos os gastos sociais do governo Bolsonaro estão dentro do teto.

O presidente Jair Bolsonaro (PL), afirmou em entrevista à Rádio Jovem Pan, nesta segunda-feira, 28, que deve publicar até amanhã portaria que permitirá a entrada de ucranianos no Brasil por meio de concessão de visto humanitário.

"Está aberto via passaporte humanitário a vinda para o Brasil, de ucranianos. Serão muito bem-vindos. Até de familiares, temos grande parte de familiares de ucranianos no Paraná. Eles têm parentes lá, se quiserem trazer pra cá, o caminho está aberto".

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Segundo o presidente, os refugiados deverão procurar a embaixada do Brasil para fazer a solicitação do visto humanitário que deve ser "publicada hoje ou amanhã, a portaria nesse sentido, e serão cadastrados e poderão vir pra cá", afirmou.

O órgão estatal de comunicações e mídia da Rússia, Roskomnadzor, bloqueou vários meios de comunicação russos e ucranianos nesta segunda-feira (28) devido à cobertura da invasão na Ucrânia. A interferência oferece evidências do esforço incansável do governo para suprimir a dissidência na população.

A revista russa The New Times, que critica abertamente o Kremlin, foi bloqueada por relatar detalhes sobre baixas militares russas na Ucrânia que o Ministério da Defesa russo não divulgou.

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Protestos contra a invasão surgiram em toda a Rússia por quatro dias, enquanto quase um milhão de pessoas assinaram uma petição online exigindo o fim da guerra. Os manifestantes enfrentaram detenções em massa, enquanto as autoridades restringiram o acesso às mídias sociais e ameaçaram fechar sites de notícias independentes.

Enquanto isso, a agência de notícias estatal Tass, o jornal pró-Kremlin Izvestia, o site de notícias de São Petersburgo Fontanka e vários outros foram alvos do ataque de hackers nesta segunda-feira.

O site de notícias independente Meduza postou screenshots de uma mensagem, assinada pelo grupo hacker Anonymous e por "jornalistas indiferentes na Rússia", que apareceu nas páginas principais de alguns dos sites invadidos.

"Caros cidadãos. Pedimos que parem com essa loucura, não mandem seus filhos e maridos para morrerem", dizia a mensagem. "Em vários anos estaremos vivendo como na Coreia do Norte. O que vale para nós? Que (o presidente Vladimir) Putin entre nos livros de História? Não é nossa guerra, vamos detê-lo!", acrescenta.

O acesso à maioria dos sites foi restaurado dentro de uma hora após o ataque hacker.

A agência Tass disse em comunicado que a mensagem continha "informações que nada têm a ver com a realidade".

Autoridades da Rússia anunciaram nesta segunda-feira (28) o fechamento do espaço aéreo para companhias aéreas de 36 países. A maioria das nações é da Europa, mas o Canadá também está na lista, veiculada pela agência estatal RIA.

A medida é publicada em momento de tensões entre Moscou e potências do Ocidente, por causa do ataque militar russo na Ucrânia.

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A nota da agência oficial diz que a Agência Federal de Transporte Aéreo da Rússia adotou a medida como retaliação, após Estados europeus proibirem voos de companhias aéreas russas ou registradas no país.

Entre os países alvos da medida estão Bélgica, Reino Unido, Alemanha, Grécia, Espanha, Itália, Canadá, Holanda, Noruega, Polônia, Portugal, Romênia, França, Finlândia, Croácia, República Checa, Suécia e Estônia.

A inflação brasileira, que terminou 2021 acima dos 10%, começou este ano ainda bastante pressionada e com números ainda altos. O IPCA de janeiro ficou em 0,54%, o maior número para o mês desde 2016, puxado principalmente pelos alimentos. As previsões para o ano, até agora, vinham variando entre 5,5% a algo pouco acima dos 6% (lembrando que o teto da meta perseguida pelo Banco Central é de 5%). Mas essas previsões devem mudar, e para pior, por conta da Guerra na Ucrânia.

Um dos impactos mais imediatos é no preço do trigo, um dos grãos mais importantes usados na alimentação - está presente nos pães, nas massas, nas bebidas e também nas rações animais. O Brasil é um importador desse produto, já que produz menos do que consome. Em 2021, o País produziu 7,7 milhões de toneladas e importou um pouco mais de 6,2 milhões de toneladas, principalmente da Argentina.

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E, embora a importação direta da Rússia ou da Ucrânia (respectivamente o primeiro e o quarto maiores exportadores mundiais) não seja relevante, o Brasil sentirá o efeito da alta nos preços que pode ocorrer por conta da guerra. Segundo a consultoria Agroconsult, os preços internacionais já subiram 20% desde o início do ano e tendem a subir ainda mais com o conflito.

O milho, grão fundamental para a alimentação animal, é outro que afetar a inflação. Segundo os especialistas, o produto já está com cotações muito elevadas no mercado internacional, e qualquer aumento adicional vai pressionar ainda mais os custos dos produtores de carne. A Ucrânia é responsável por cerca de 16% das exportações mundiais de milho.

Também há o impacto nos fertilizantes. A Rússia é o maior fornecedor desse produto para o Brasil, com cerca de 20% dos adubos comprados pelo País. Este é exatamente o momento do ano em que os produtores estão comprando os fertilizantes para a safra 2022/2023, e o aumento dos custos por conta do conflito tornou-se motivo de grande preocupação.

Petróleo

A tudo isso se junta o preço dos combustíveis, que tem impacto direto e indireto na inflação. Na semana passada, após o início da invasão russa, o barril do petróleo chegou a passar dos US$ 105. O dólar, que tende a se fortalecer, também deve pressionar os preços.

Com esse cenário, especialistas já começaram a prever um quadro de estagflação - mistura de inflação alta com atividade econômica estagnada. O economista Armando Castellar, pesquisador associado da FGV/Ibre, por exemplo, disse esperar agora uma inflação na casa dos 6,2% ou 6,3%, com o PIB subindo entre 0,3% ou 0,4%, números piores que os projetados antes do início da guerra. Mas todos esses ainda são números preliminares, que vão depender da extensão da guerra, das sanções, dos efeitos que virão. O certo mesmo é que nada de positivo se pode esperar dessa situação.

Gás natural

A invasão da Rússia à Ucrânia deve ter reflexos no mercado global de gás natural, encarecendo ainda mais o preço do produto também no mercado brasileiro nos próximos meses, segundo especialistas consultados pelo Estadão/Broadcast. Nesse cenário, haveria pressão também sobre o custo da geração de energia em termoelétricas, embora não se fale, nesse momento, em risco de falta de gás.

Isso ocorre porque a Rússia responde sozinha por 40% do gás utilizado na Europa, que, em meio ao conflito diplomático e econômico com seu principal fornecedor, pode recorrer ao Gás Natural Liquefeito (GNL) importado de outras localidades para suprir sua demanda, pressionando ainda mais os preços globais. Além disso, um encarecimento do gás na Europa tem reflexos diretos em parte dos contratos de importação para o Brasil, uma vez que esses documentos costumam atrelar os valores às rubricas praticadas no mercado global.

Retaliação

"Não é apenas a questão militar, com as sanções, há também um risco econômico e regulatório, por isso há uma situação tensa no mercado", disse o professor do Instituto de Energia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC/Rio), Edmar Luiz Fagundes de Almeida.

Segundo ele, as retaliações econômicas e sanções impostas à Rússia, além da suspensão da licença do gasoduto Nord Stream 2, construído para levar gás diretamente da Rússia à Alemanha - mas que ainda não começou a operar -, têm potencial para gerar desarranjo na economia global, mesmo que as forças da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) não partam para um conflito armado. "É um momento muito delicado porque, dependendo do desenrolar da questão, pode trazer muitos malefícios para a economia mundial", disse.

Opinião semelhante tem o engenheiro e fundador do Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie), Adriano Pires. Ele, contudo, lembra que o Brasil adquire no mercado internacional, principalmente da Bolívia, boa parte do gás que consome, mas ele acredita que no caso do produto entregue pelas concessionárias de distribuição, os aumentos devem acontecer apenas no momento das revisões tarifárias feitas pelas agências reguladoras estaduais. "Antes havia a percepção de que no segundo semestre teríamos uma estabilidade, mas (com essa situação) provavelmente teremos novos aumentos no preço do gás esse ano", disse.

Ele também lembrou queno ano passado, quando a cadeia global de fornecimento de gás deu os primeiros sinais de desarranjo, o mercado já sentiu um estresse com aumentos de preços pela Petrobras, principal fornecedora nacional do produto no Brasil. Na época, a estatal anunciou elevação superior a 50% para contratos no mercado nacional, o que provocou uma onda de judicialização da questão e reclamações contra a empresa no Cade.

Infraestrutura

Embora o Brasil tenha uma grande reserva de gás natural, o País reinjeta pelo menos metade desse insumo de volta nos campos de petróleo, pois falta infraestrutura de gasodutos para escoamento desse gás. Caso ela existisse, o cenário poderia ser diferente e o País teria mais fôlego para enfrentar a crises como a atual.

Outro especialista que enxerga pressão nos preços do gás como consequência dos conflitos na Europa é o advogado Ali El Hage Filho, sócio do escritório Veirano. "O GNL acaba influenciando os preços do gás no mundo todo, e a gente já vinha de um cenário de pressão de preços mesmo antes da situação da Ucrânia. Acho que certamente vai continuar aumentando", disse.

Ele lembrou que, nos últimos anos, a Petrobras tem buscado paridade internacional para seus preços, e que outros supridores compram gás no exterior para atender contratos no mercado brasileiro. Essa situação de novos reajustes neste ano pode intensificar os problemas políticos e econômicos que a escalada nos preços do gás e dos combustíveis tem provocado no País.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Ministério das Relações Exteriores informou neste domingo (27) que já auxiliou 80 brasileiros a escaparem da guerra na Ucrânia, provocada pela invasão militar da Rússia, há quatro dias. Os principais destinos da comunidade brasileira foram a Polônia e a Romênia, países fronteiriços.

O Itamaraty disse que a embaixada em Kiev, capital da Ucrânia, possui registros em lista de outros 100 brasileiros, que permanecem em território ucraniano. Antes da invasão russa, a comunidade brasileira na Ucrânia era estimada em aproximadamente 500 pessoas, um grupo pequeno, conforme dados do governo federal.

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Servidores do Itamaraty foram mobilizados para localizar brasileiros na Ucrânia e auxiliar na saída para países do entorno. Parte deles foi deslocada de outros postos para reforçar os trabalhos de assistência consular no Leste Europeu, em auxílio às embaixadas brasileiras na Romênia e na Polônia, além da situada em Kiev.

Na capital ucraniana, o objetivo é "verificar a situação pessoal de todos, condições de segurança nos locais onde estão abrigados e possibilidade de eventual evacuação". Segundo o Itamaraty, os resgates estão sendo feitos "quando as condições permitirem", dentro do plano de contingência elaborado pela embaixada em Kiev, atualizado no mês passado. "Nos primeiros dias, ante a falta de condições de segurança, estamos implementando a evacuação segura e ordenada", disse o Ministério das Relações Exteriores.

O ministério informou que há funcionários da embaixada brasileira em Chernivtsi, perto da fronteira ucraniana com a Romênia. A embaixada do Brasil na Romênia providenciou um ônibus para transladar brasileiros da fronteira ucraniana para a Romênia. A embaixada também estabeleceu um posto avançado na fronteira com a Moldávia, que fica no caminho entre Kiev e a Romênia, para recepcionar os brasileiros que porventura cheguem de forma avulsa àquela região fronteiriça, como os diversos brasileiros que deixaram a zona de guerra por conta própria.

A embaixada brasileira em Varsóvia, na Polônia, também tem auxiliado brasileiros em rota de fuga da guerra. O Ministério das Relações Exteriores enviou oito servidores a Varsóvia, capital da Polônia, para auxiliar brasileiros em fuga da Ucrânia. A embaixada em Varsóvia está em contato direto com nacionais que se encontram nas cercanias de Lviv. Já estão naquela área ônibus providenciados pela embaixada brasileira para traslado à capital.

Pela orientação da pasta, os cidadãos do Brasil que estão próximos da fronteira da Polônia devem entrar em contato com o plantão da embaixada brasileira no país, sediada em Varsóvia. Representantes do governo brasileiro se encontram na região de fronteira em contato regular com autoridades polonesas.

Segundo o Itamaraty, "o governo brasileiro aguarda manifestação dos interessados no sentido de retornarem para o Brasil, onde foram colocadas à disposição duas aeronaves da Força Aérea Brasileira". Os aviões ainda estão no Brasil. O governo não deixou claro para onde as aeronaves KC-390 vão se deslocar, a fim permitir o embarque de brasileiros e outros cidadãos sul-americanos.

Nos últimos dias, residentes brasileiros na Ucrânia têm tido dificuldade para deixar o país. Neste domingo, a embaixada do Brasil em Kiev - a capital da Ucrânia, que está sofrendo cerco das tropas da Rússia - deu orientação para que ninguém saia de casa "sob nenhuma hipótese pelo menos até as 8h de amanhã (28/2), enquanto dura o toque de recolher". Segundo a embaixada, até lá "não há possibilidade de embarque em trens ou qualquer outro meio de transporte".

Para brasileiros ainda localizados na Ucrânia, o Itamaraty recomenda a "todos que tenham condições de segurança que procurem deixar a Ucrânia por meio de trens, em direção oeste". Segundo o ministério, ainda que com alguns atrasos, os trens têm funcionado de forma bastante frequente e segura na maior parte do país. A ressalva é que os horários muitas vezes só são confirmados de última hora. Por isso, a embaixada aconselha aos brasileiros que "se dirijam às estações centrais de trem quando não houver toque de recolher e esperem os anúncios lá".

Pela orientação da pasta, os brasileiros que forem às estações de trem "devem tentar ter consigo água e comida suficientes, porque as viagens até fora da Ucrânia demoram (às vezes 1 ou 2 dias, dependendo da origem), e também porque há a possibilidade de atrasos".

Investidores de Wall Street apostam que o movimento de alta que levou a cotação do barril de petróleo a mais de US$ 105, apurado na semana passada após o início da invasão russa à Ucrânia, seja apenas o começo de uma trajetória de elevação. Alguns consideram que a cotação possa se aproximar do recorde de 2008, quando se aproximou de US$ 150, devido às limitações globais de oferta.

A consultoria Rystad Energy aposta em patamar próximo de US$ 130 se a situação na Ucrânia piorar, enquanto analistas do JPMorgan acreditam que o petróleo pode chegar a US$ 120. O diretor executivo de futuros de energia da Mizuho Securities, Robert Yawger, projeta que o petróleo pode chegar a US$ 125 se o conflito no leste europeu piorar.

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O petróleo Brent, o indicador global dos preços do material, terminou a semana com o barril a US$ 94,12 e o petróleo norte-americano (WTI), a US$ 91,59. Ambos os indicadores, porém, chegaram a US$ 100 na quinta-feira, 24, pela primeira vez desde 2014.

Embora o choque de oferta deva levar a um aumento nos preços da gasolina na bomba, os investidores não estão apostando em uma desaceleração na demanda e dizem que a expectativa é que o mercado de alta de commodities continue. Com esse cenário em vista, o governo do presidente americano Joe Biden disse que está considerando liberar estoques estratégicos domésticos de petróleo para aliviar a pressão sobre os consumidores.

A Rússia responde por mais de 10% da produção mundial de petróleo, gás natural e trigo. As commodities representam uma grande parte da pegada econômica global do país, que também é um dos principais produtores de potássio, insumo fundamental para fertilizantes, além de paládio e platina, metais vitais para os conversores catalíticos que filtram as emissões dos carros. (*COM DOW JONES NEWSWIRES)

Mais uma entre os milhares de ucranianos que fugiram do País nos últimos dias, Nataliya Ableyeva atravessou a fronteira neste sábado, 26, levando duas crianças: uma menina e um menino que ela acabara de conhecer.

Segundo matéria da agência de notícias Reuters, Ableyeva, uma mulher de 58 anos, estava na fronteira entre Ucrânia e Hungria, aguardando sua vez de atravessar, quando encontrou um homem e seus dois filhos em uma situação desesperadora.

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Com a nova lei ucraniana que proíbe a saída de homens entre os 18 e 60 anos, com o objetivo de mantê-los lutando pelo País, o pai foi impedido de atravessar a fronteira.

Sozinho com os dois filhos e sem poder continuar, o homem entregou-os a Ableyeva e disse que a mãe das crianças, Anna Semyuk, estava viajando da Itália em direção à fronteira, para encontrá-los e levá-los para um lugar seguro. Assim, ele deu a Ableyeva o número de celular de Semyuk, se despediu das crianças e ficou para trás.

A mulher e as duas crianças, então, atravessaram a fronteira para a cidade de Beregsurany, na Hungria. Lá, Ableyeva continuou ao lado das crianças, aguardando a chegada da mãe, próximos ao constante fluxo de refugiados que partiam para longe do conflito.

A matéria conta que, quando a mãe chegou, ela abraçou seu filho, sua filha e, por fim, Ableyeva, passando vários minutos chorando junto com a mulher que garantiu a fuga de seus crianças de uma zona de guerra.

Onda de refugiados deixa Ucrânia

Nataliya Ableyeva e as duas crianças são apenas três pessoas em meio à verdadeira multidão que deixou a Ucrânia desde o início da invasão russa, apesar da proibição da saída de homens entre 18 e 60 anos.

Segundo o comissário do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, Filippo Grandi, mais de 150 mil refugiados ucranianos já atravessaram a fronteira para países vizinhos. Só para a Polônia já foram mais de 115 mil. A ONU estima que, se o conflito continuar, o número de refugiados pode chegar a 4 milhões.

O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, publicou neste sábado, 26, nas redes sociais que apoia a exclusão da Rússia da Sociedade de Telecomunicações Financeiras Interbancárias Mundiais (Swift, na sigla em inglês).

"Esta noite falei com o Presidente Volodymir Zelensky. O heroísmo do presidente e de seu povo na defesa de seu país é inspirador. Somos claros - a Rússia deve ser isolada diplomática e financeiramente. Dou boas-vindas à prontidão de excluir a Rússia da Swift", escreveu ele em sua conta no Twitter.

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