Sem anunciar novidades, o governador Paulo Câmara (PSB) aproveitou a abertura do IV Congresso Pernambucano de Municípios, nesta terça-feira (25), para fazer um balanço das ações da gestão estadual, reforçar a tese de que mesmo com a crise financeira nacional os investimentos estaduais continuam acontecendo e pontuar que “os cortes precisam ocorrer, mas os serviços básicos não podem parar”.
“Não está fácil para ninguém, diante de um cenário econômico tão adverso. Nunca passamos tanto tempo em recessão, a receita parou no tempo e isso fez com que a gente tivesse que trabalhar de maneira muito responsável e determinada. Pela parada de investimentos públicos, que não foram continuados, Pernambuco atingiu a marca de 151 mil postos de empregos desativados”, observou o governador diante de uma plateia repleta de prefeitos.
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Ao contrário das últimas três edições do Congresso, quando foi sempre anunciado o início de uma nova etapa do Fundo Estadual de Apoio aos Municípios (FEM), Paulo Câmara usou o discurso para salientar que o “cenário é desafiador”, mas ele “sempre procura ver o que é possível fazer chegar na ponta”, ou seja, nas cidades. De acordo com o governador, por exemplo, quando ele anunciou o aumento de impostos como o ICMS e o IPVA “foi com um olhar federativo”.
“No momento que estamos passando de uma crise econômica, política e federativa é fundamental discutir o futuro, afinal moramos nas cidades. Todos os encaminhamentos para as cidades passam pela unidade, por sentar à mesa. Passam por gestão, mas principalmente pela política e Pernambuco tem a tradição e faz política com p maiúsculo”, argumentou, ressaltando que 2015 foi um ano duro e 2016 pior do que ele.
“Não podemos deixar nossos estados e municípios se desequilibrarem. Os cortes precisam ocorrer, mas os serviços básicos precisam acontecer. Falo isso porque em nenhum momento deixamos de investir em educação, sempre 26%, e saúde, sempre 15%. Isso vale também para área de segurança, nosso grande desafio. Ou seja, comprometimento com saúde, educação e segurança comprometem mais de 50% do nosso orçamento”, acrescentou o governador.
Paulo Câmara ainda destrinchou sobre os investimentos que a gestão vem fazendo no estado, citando as obras da Adutora de Serro Azul, a continuidade do FEM 3, para os municípios que concluírem a etapa anterior; a finalização dos corredores de transporte leste/oeste e norte/sul, além das ações de segurança pública.
“Isso vale para o Pacto Pela Vida, nosso maior desafio. A segurança tem sido olhada todos os dias, com o máximo de atenção. Vamos investir mais de R$ 4 bilhões com segurança e a partir de 2018 vamos ter concurso todo ano para Polícia Militar com pelo menos 500 vagas. Nosso estado é maior do que qualquer crise. Quero governar com o apoio de vocês e o Pernambuco em Ação vai dar a garantia de que os investimentos não podem faltar. Quando encerrarmos o programa vamos ter anunciado mais de R$ 1 bilhão de investimentos nas cidades de todas as regiões”, observou.
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Cobrança por mais
Após a abertura do evento, que durou mais de duas horas, o presidente da Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe) e prefeito de Afogados da Ingazeira, José Patriota (PSB), disse que compreende o discurso de balanço do governador e do ministro das Cidades, Bruno Araújo (PSDB), também presente na solenidade, mas afirmou que "é preciso mais". Patriota também pontuou a necessidade de deixar as "brigas miúdas de lado por Pernambuco".
"Como o município não tem autonomia financeira fica sempre esperando que chegue socorro e mais recursos. Sabemos que o aperto fiscal é de todo mundo, compreendemos o aperto fiscal que a União e o Estado estão passando, mas sempre queremos mais. Esta cobrança não é partidária, ela é a partir da necessidade do povo que está perto do prefeito. É natural que se tenha esta aparente tensão de necessidades. Todos os serviços do município não podem ser interrompidos", declarou. "Precisamos de equilíbrio e serenidade para encarar este momento que estamos passando, não é nada fácil", completou Patriota.
Congresso Pernambucano dos Municípios
O evento segue até a próxima quinta-feira (27) e tem como tema principal: “A cidade que queremos”. De acordo com a Amupe, durante os três dias serão realizados 28 painéis sobre temas diversificados, como saúde pública, transparência e controle social, iluminação, desenvolvimento sustentável e financiamento da educação.
Em paralelo aos painéis outros eventos também vão acontecer, como o Encontro Regional de Consórcios Públicos, apresentação de boas práticas de gestão municipal, lançamento do plano safra 2017-2018 e Fórum Internacional Implementando Cidades Sustentáveis.