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O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), falou na tarde desta segunda-feira, 8, sobre a necessidade de aproximar o ministro da Economia, Paulo Guedes, de prefeitos e governadores para se construir um "grande acordo" para a pauta econômica, que deve incluir a Nova Previdência. Para Maia, é necessário avançar em outros temas, como cessão onerosa, Lei Kandir para socorrer de forma mais permanente a economia das unidades.

"Vamos entregar tudo. Todos sobrevivemos mais um ano, um ano e meio e depois volta tudo", disse. Maia ressaltou que há Estados e municípios brasileiros falidos e que a União ainda não caminha para isso porque tem recursos, como a emissão de dívidas, para contornar a situação.

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Maia discursou na sequência de Guedes, no evento "E Agora Brasil?" para discutir os 100 primeiros dias do governo, realizado pelos jornais Valor e O Globo. "Guedes fez uma análise verdadeira do que fizemos nos últimos anos", elogiou Maia ao tomar a palavra.

O presidente da Câmara começou o discurso respondendo a um questionamento sobre as pautas bombas. "A Câmara não será um instrumento para gerar nenhum problema fiscal para o País", respondeu. Ele citou como exemplo quando foi interpelado a pautar o perdão das dívidas do Funrural, demanda da bancada ruralista.

Maia falou sobre o Orçamento público que atende atualmente poucos grupos e também sobre a remuneração de servidores públicos, que para ele precisa ser revista. "Ninguém tem mais estímulo de fazer carreira no setor público. Cada um vai querendo criar uma estratégia. Se você já está no teto, você quer criar algo diferente", disse. "Reestruturar o Estado brasileiro é o fundamental", afirmou.

Maia comentou ainda sobre a aprovação da proposta de emenda à constituição do Orçamento pela Câmara. Ele negou que a PEC engesse o governo e tire o poder do Executivo para contingenciar gastos. A ação foi vista como um recado do Legislativo ao governo Bolsonaro após as farpas trocadas entre os poderes durante o mês de março. O parlamentar afirmou ainda que o governo do PSL está dando ao Legislativo o poder de reafirmar seu papel.

O presidente Jair Bolsonaro prometeu romper com a "velha política" e destravar a economia ao iniciar seu governo, que nos primeiros meses tem sido marcado por disputas de poder e erros que corroem sua popularidade e põem suas reformas em dúvida.

Capitão do Exército na reserva, apelidado de "Trump dos trópicos" por sua admiração ao presidente dos Estados Unidos, Bolsonaro cumpriu algumas das promessas de campanha nestes primeiros cem dias de governo, que serão completados na quarta-feira (10), como a autorização da posse de armas e o lançamento de privatizações.

Mas as intrigas, as divisões e as trapalhadas jogaram um balde d'água fria na euforia dos mercados e de setores que votaram no candidato de extrema direita, pondo um fim a décadas de governos de centro e centro-esquerda.

"Não seria subestimá-lo dizer que o desempenho do presidente até agora foi decepcionante", afirma Thomaz Favaro, da consultoria de riscos políticos Control Risks.

"Houve uma percepção equivocada de que Bolsonaro vinha com uma base de apoio muito forte e acho que agora começamos a ver que talvez não seja tanto", acrescentou.

Bolsonaro venceu as eleições graças a mensagens simples de que acabaria com a criminalidade, a violência e a corrupção endêmicas.

Mas o agora presidente, que durante os quase trinta anos como deputado ficou mais conhecido pelos insultos e declarações racistas, misóginas e homofóbicas, bem como pela defesa da ditadura militar (1964-1985) do que pelo trabalho como legislador, está descobrindo que seu estilo inflexível e a preferência pelo uso das redes sociais, como o Twitter, não funcionam com o Congresso, onde carece de maioria própria.

Seu plano para a reforma do insustentável regime previdenciário está travado após uma disputa com aliados políticos chave.

"Nas últimas semanas, realmente vimos o lado de Bolsonaro que as pessoas mais temiam", disse William Jackson, economista da Capital Economics, com sede em Londres.

"Sua falta de experiência de governo, ilustrada pela deterioração de suas relações com o Congresso, e suas lutas por manter unida sua coalizão, parecem ter levado a uma paralisia na formulação de políticas", acrescentou.

Nos últimos dias, o presidente deu a impressão de adotar um tom mais conciliador, mantendo reuniões com líderes de vários partidos.

Pode ser que finalmente tenha aceito ceder ao condenado "toma lá, dá cá", da política nacional, avaliou David Fleischer, professor emérito de ciência política da Universidade de Brasília.

Mas também pode ser que não chegue a aprovar reformas-chave e que seu governo "siga à deriva até 2022", acrescentou.

- Na corda bamba -

Bolsonaro conquistou algumas vitórias desde que assumiu a Presidência, em 1º de janeiro.

Entre elas, a flexibilização da legislação sobre a posse de armas de fogo e a entrega da concessão de doze aeroportos em licitações bem sucedidas, consideradas uma prova da confiança dos investidores estrangeiros.

Mas terá mais dificuldades em impulsionar políticas mais polêmicas na pulverizada Câmara dos deputados, onde seu partido, o PSL (Partido Social Liberal) tem apenas 54 dos 513 assentos.

Isto significa que ele será obrigado a fazer alianças ad hoc com legisladores de vários partidos que compõem as bancadas "BBB" (bíblia, bala e boi) - os evangélicos, os lobbies das armas e do agronegócio.

A confusão afeta o próprio Executivo, refém da disputa entre grupos militares, ideólogos conservadores e os filhos do presidente. Todos competindo para ter maior influência política.

O presidente "está constantemente na corda bamba", afirmou Favaro, para quem "a estratégia de Bolsonaro depende de sua capacidade política para criar uma coalizão viável no Congresso e isso é complicado porque agora vemos que o índice de aprovação do presidente diminuiu".

Os índices de popularidade do 'Mito', que em janeiro eram de 67%, caíram para 51% em março, os piores já registrados por um presidente nos primeiros três meses de seu primeiro mandato.

- Erros e horrores -

Uma série de erros e horrores socavou ainda mais a credibilidade de Bolsonaro e expôs a inexperiência de seu governo.

A iniciativa recente do presidente de comemorar o golpe militar de 1964 provocou indignação e protestos. E sua afirmação, durante visita ao museu do Holocausto, em Israel, este mês, de que os nazistas eram "esquerdistas" foi ridiculizada.

A promessa de transferir a embaixada brasileira em Israel de Tel Aviv para Jerusalém, até o momento adiada, também pode provocar represálias comerciais dos Estados árabes, alguns dos quais são importantes importadores de carne brasileira.

E uma série de escândalos, inclusive sobre denúncias de transações financeiras consideradas atípicas envolvendo um de seus filhos, o senador Flávio Bolsonaro, arranharam sua imagem de "paladino anticorrupção".

"Fez muitas coisas bobas", avaliou Fleischer. "Não tem assessores suficientes ao seu lado que lhe digam: 'Bom, é melhor que você não faça isso'".

Até mesmo os investidores, que tinham saudado sua chegada ao Palácio do Planalto em virtude de suas posições pró-mercado e suas propostas para reativar a alquebrada economia, estão perdendo a fé.

"Até um presidente que contasse com grande histórico na formação de coalizões teria que lutar muito para endireitar isso", afirmou Jackson.

O cineasta ucraniano Oleg Sentsov completa nesta terça-feira 100 dias em greve de fome em uma prisão do norte da Rússia sem que o Kremlin tenha dado sinais de querer libertá-lo, e apesar da deterioração de seu estado de saúde e da pressão dos países ocidentais neste sentido.

O diretor de 42 anos, opositor da anexação da Crimeia, deixou de se alimentar em 14 de maio e recebe apenas complementos alimentares injetados por ordem da administração da penitenciária russa.

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Apesar dos diferentes pedidos feitos por escritores, atores, cineastas e dirigentes em defesa do cineasta, o Kremlin mantém silêncio sobre o tema, recorda a gravidade dos crimes de "terrorismo" pelos quais foi condenado e defende que, para a sua libertação, pode pedir um indulto.

Os serviços penitenciários russos disseram na semana passada que o estado de saúde do cineasta ucraniano era "satisfatório".

Contrário à anexação da Crimeia pela Rússia em 2014, Sentsov foi condenado a uma pena de 20 anos de prisão em 2015 por "terrorismo" e "tráfico de armas".

A senadora e presidente do PT, Gleisi Hofmann, afirmou que não desistirá de buscar a liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que completa hoje 100 dias preso na sede da Polícia Federal, em Curitiba, condenado na Operação Lava Jato.

Gleisi está em Havana, Cuba, junto com a ex-presidente Dilma Rousseff e militantes, onde participam do Foro de São Paulo, movimento que reúne partidos da esquerda de diversos países. "Viemos aqui para denunciar, e estamos recebendo a solidariedade para Lula. Não vamos desistir. Lula voltará a ser presidente do Brasil", afirmou Gleisi, em vídeo divulgado nas redes sociais.

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A senadora ainda voltou a criticar a atuação do Judiciário e a prisão de Lula que, conforme sustentam os advogados do PT, ocorreu sem provas concretas. "A tentativa de soltá-lo com uma argumentação justa e correta ficou frustrada. Parte expressiva do Judiciário mostrou que tem lado nessa disputa e politizou o tema. Não vamos desistir de Lula, pois não vamos desistir do povo brasileiro", completou, referindo-se à suspensão do habeas corpus conferido, semana passada, pelo plantonista do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF), desembargador Rogério Favreto.

Lula foi condenado a 12 anos e um mês de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do triplex do Guarujá. No centésimo dia da prisão, os administradores do seu perfil oficial no Twitter reafirmaram que em 15 de agosto será registrada sua candidatura à Presidência da República.

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Ao falar sobre os 100 dias de gestão, completados nesta segunda (10), o prefeito de Olinda, Lupércio (SD), em entrevista concedida ao LeiaJá, disse que os desafios continuam sendo muitos, mas que a cada dia o município está melhor. “Iremos melhorar muito também a nossa arrecadação uma vez que a população, aos poucos, está enxergando que a cidade está mudando a sua cara”.

Lupércio externou que um das maiores dificuldades encontradas, desde que assumiu, foi a de resgatar a confiança dos olindenses. “Não estou dizendo aqui que há uma unanimidade, não é isso, mas aos poucos com o trabalho de formiguinha, nós estamos conseguindo resgatar a autoestima”, garantiu.

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“São tantos desafios, entre eles, também a questão da saúde, segurança e dos próprios funcionários, muitos deles, desmotivados, mas graças a Deus, aos poucos, a gente está conseguindo resgatar o que há também sobre o valor de uma pessoa”, continuou.

Ele também falou que criou um “núcleo de gestão” onde estão sendo identificados todos os problemas e diagnósticos necessários como a redução dos gastos. Ainda pontuou que, na educação, tem feito um trabalho de valorização dos professores. “Sabemos, sem nenhuma hipocrisia, que os professores merecem muito mais até porque eu sou professor também, mas eles são conscientes e compreensivas e sabem o momento que o Brasil está enfrentando”, finalizou.

Lupércio venceu a eleição, em Olinda, derrotando o PCdoB, que se encontrava na gestão há 16 anos. Ele disputou o segundo turno com o irmão do ex-governador Eduardo Campos, Antônio Campos (PSB), que concorria pela primeira vez a uma eleição. 

O prefeito do município de Paulista, Junior Matuto (PSB), foi um dos gestores que aproveitou esta segunda-feira (10), quando se completa 100 dias de gestão [do segundo mandato], para falar sobre as ações que realizou. Segundo o socialista, nestes três meses de governo, foi entregue o novo Mercado de Paratibe, óculos para alunos da rede municipal, escolas e postos de saúde revitalizados, bem como a ampliação do programa ProPaz para estimular a cultura de paz nas escolas.

Matuto também contou que lançou o aplicativo Paulista Conectado para que os moradores possam realizar denúncias sobre violência e que “mantém suas viagens para Brasília em busca de recursos federais e emendas parlamentares para tocar obras na cidade”. 

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“Quando eu fui reeleito, ouvi muita gente dizendo que agora eu ia beber da água do descaso com a cidade e desacelerar as obras em andamento. Pelo contrário, estamos pisando no acelerador e correndo atrás de cumprir o que nos comprometemos com os paulistenses” declarou. 

Junior Matuto chegou a agradecer ao governador Paulo Câmara (PSB) afirmando que ele tem sensibilidade com os problemas da cidade. “O governador vem conduzindo o estado com serenidade e competência. Por isso, agradeço muito ao governador, em nome do povo do Paulista, tudo que fez por nossa gente”, finalizou. 

O Partido dos Trabalhadores (PT) dedicou uma parte, desta segunda-feira (10), para criticar o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), que completa 100 dias de gestão. Em matéria publicada no site oficial, a sigla disse que o tucano prioriza marketing e esquece de governar. “Como resultado estão crianças sem leite e transporte escolar, menos cultura e mais mortes no trânsito”, é destacado no texto.

Aumentando o tom nas críticas, a publicação também diz que Doria “se fantasiou de gari até para dar entrevista de rádio, bateu boca com qualquer um que o cobre sobre problemas da cidade, vive culpados aos berros o ex-presidente Lula e o PT por tudo e investe forte no marketing para encobrir as falhas reais de sua gestão”. 

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Por sua vez, na tentativa de rebater os julgamentos dos opositores, Doria publicou em seu Facebook uma pesquisa na qual ele aparece com 76% de aprovação em relação a outros prefeitos que já passaram pela cidade. Segundo ele, essa seria a maior percentagem da história. 

Hoje, no auditório da Prefeitura de São Paulo, ele chegou a discursar por mais de uma hora sobre o balanço dos 100 dias de governo. “São meses fazendo, realizando, promovendo e estabelecendo uma nova relação de gestão para a nossa cidade priorizando o trabalho para os mais pobres”, enalteceu.

Na semana passada, o prefeito declarou que já conseguiu uma economia anual para São Paulo no valor de R$ 400 milhões ao reduzir 31% dos cargos comissionados e fazendo uma renegociação dos contratos de aluguéis e de serviços prestados para a prefeitura. Ele definiu sua gestão como eficiente, enxuta e que respeita o dinheiro do contribuinte. 

 

"Toda vez que um treinador sai de um equipe, é mais um gol da Alemanha". A frase é repetida, mas Milton Mendes a usou novamente justamente no dia em que o fatídico jogo completa dois anos. Ele, que completou 100 dias no comando coral nesta sexta (8), estava falando do técnico Argel, cuja demissão do Internacional tem sido cogitada, mas o mesmo serve para sua própria situação.

Questionado por boa parte da torcida diante dos últimos resultados no Brasileirão, Mendes passa por um período de turbulência no Santa Cruz, mas isso não parece ter tirado a confiança do treinador. "Meu estado de espírito é bom. Estou com a alma boa, mas estou muito mais exigente. Se eu trabalhava oito horas quando estávamos bem, estou trabalhando 16 agora e acho que todos deveriam fazer isso", afirmou o treinador coral.

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O péssimo aproveitamento dos pontos nas últimas rodadas podem ter deixado o Santa em uma posição incômoda, mas o trabalho de Milton Mendes ainda chama a atenção de outros clubes, segundo ele mesmo. "Tive um convite ontem (quinta, dia 7) aqui do Brasil. Para mim seria muito fácil sair agora. Mas se eu não saí quando estava no auge, não seria justo abandonar o trabalho agora. Tem gente que acha que só importa dinheiro, mas para mim tem muito mais do que isso. Sou um treinador de projeto e assinei por dois anos", disse.

Mudanças

Para sair da vice-lanterna do campeonato e diminuir a distância para os clubes fora do Z4, o Santa precisa vencer o Internacional, neste domingo (10), no Arruda. Para isso, Milton Mendes deve promover mudanças. "Não vou usar todos os reforços, porque seria mexer muito. Temos uma espinha dorsal que vamos manter, mas precisamos de uma segurança maior no meio de campo. Vai ter mudança", confirmou.

Perguntado sobre quem sairia do time, Milton não quis comentar, mas deixou a entender que o meia Lelê - alvo de pesadas críticas da torcida - ainda conta com sua confiança, mas perde espaço no time titular. "Ele estará no banco e se for necessário irei usá-lo. As pessoas acham que o jogador vem aqui, joga e depois relaxa. Não é verdade. Nós todos estamos sofrendo com a situação. O Lelê conversou comigo e precisa de apoio. É um ser humano e precisa de ajuda", afirmou Mendes.

O treinador ainda falou sobre quais os aspectos vem sendo trabalhados para o time volte a vencer no campeonato. "Precisamos de melhorias e o clubes tem tentado, dentro de suas possibilidades, se reforçar. Mas acredito que precisamos buscar nossa estabilidade emocional. Conseguimos construir e não finalizamos. Levamos gols no início dos jogos", finalizou.

A exatos 100 dias para o início dos Jogos do Rio, a chama olímpica finalmente chegou às mãos do Brasil. A cerimônia no Estádio Panatenaico, em Atenas, foi realizada nesta quarta-feira e marcou o fim da passagem da flama pela Grécia para, enfim, ser entregue ao presidente do Comitê Olímpico do Brasil e do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos do Rio, Carlos Arthur Nuzman.

Como já se tornou tradição, o Estádio Panatenaico, palco da primeira Olimpíada da era moderna em 1896, recebeu a passagem da chama. Depois de rodar por toda a Grécia, a flama agora é de responsabilidade brasileira. Mas antes de chegar ao País, ela ainda passará pela Suíça, onde ficará até a próxima terça-feira, para, só então, embarcar para o Brasil.

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"O Rio está pronto para fazer história. O esporte é nosso mundo, a chama olímpica é nosso norte", disse Nuzman. "Nunca estamos sozinhos. Sem a ajuda do presidente do COI (Comitê Olímpico Internacional), Thomas Bach, e toda sua equipe, estaríamos sem rumo. Mas sabíamos que o governo e o povo brasileiros nos apoiariam."

Sem a presença da presidente Dilma Rousseff, que desistiu de ir à Grécia em meio à crise política no Brasil, Nuzman se tornou o representante do País na cerimônia, ao lado do ministro do Esporte, Ricardo Leyser. E o presidente do COB fez questão de exaltar o clima de união para os Jogos.

"Os Jogos Olímpicos pertencem a todos os povos, a todos os países e à humanidade. Queremos manter a promessa de fazer todas as pessoas participarem dos Jogos. O Brasil aguarda pela chama olímpica com paixão. Vamos levar a experiência olímpica a todos os cantos do País, que é bonito por natureza", comentou.

O evento desta quarta seguiu o tradicional protocolo repetido a cada edição da Olimpíada. Com bandeiras da Grécia e do Brasil posicionadas no centro do estádio, crianças interpretaram os hinos nacionais de ambos os países, além do olímpico. Houve apresentação de músicas e danças típicas das duas nações.

A chama olímpica percorreu seus últimos metros em território grego. Depois de percorrer 27 cidades do país nas mãos de 450 condutores, finalmente passou a ser de posse brasileira. E após uma breve escala na Suíça, chegará ao Brasil, onde rodará por mais de 300 cidades até a cerimônia de abertura, marcada para o dia 5 de agosto.

Em janeiro deste ano, a balconista Marize da Conceição Alves, de 40 anos, sofreu um grave acidente de carro. Em junho, um laudo mostrou que a colisão provocou uma fratura na coluna e que ela precisaria se afastar do trabalho. Quase seis meses depois, ela ainda não conseguiu agendar a perícia médica no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Há 100 dias em greve, médicos peritos do INSS cobram a efetivação em lei da carga horária de 30 horas, o fim da terceirização da perícia médica e reposição das perdas salariais de 27% divididos em dois anos. Dados do próprio instituto apontam que cerca de 1 milhão de perícias deixaram de ser realizadas desde o início da paralisação.

“Primeiro, o próprio INSS estava de greve. Quando consegui ir até uma agência, marcaram a perícia para dois meses depois. Aí, os médicos peritos pararam de trabalhar”, contou. “Essa greve me atrapalhou muito. Se eu não tivesse uma reserva financeira, eu passaria dificuldade. Já tem mais de quatro meses que estou sem receber meu salário.”

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A fotógrafa Elizineide da Silva Carvalho, de 41 anos, passa por um drama similar ao da balconista Marize. Em setembro deste ano, o marido dela foi diagnosticado com um tumor no cérebro. Desde então, ela tenta agendar uma data para a perícia médica, mas, por causa da greve dos médicos peritos, o procedimento foi marcado apenas janeiro de 2016.

“Assim que ele adoeceu, nós agendamos. Mas, devido à greve, tivemos que remarcar para janeiro. Somos fotógrafos e ele fazia boa parte do trabalho. Tive que pagar algumas pessoas pra realizar nosso trabalho, o que me acarretou uma despesa não prevista. Eu mesma não estou conseguindo trabalhar para ficar com ele e dependemos da ajuda das pessoas”, conta.

Em entrevista à Agência Brasil, o presidente da Associação Nacional dos Médicos Peritos, Francisco Eduardo Cardoso, garantiu que 30% dos médicos peritos de cada gerência estão trabalhando. A dificuldade, segundo ele, é que muitos profissionais estão sendo mantidos nos cargos que exerciam antes do início da greve e que não envolvem a realização de perícia. “O INSS precisa colocá-los para atender à perícia e isso não está acontecendo. O perito que atendia na procuradoria, por exemplo, não está sendo deslocado para a perícia e está sendo mantido na atividade quer fazia fora da greve. O INSS não está aproveitando esses 30% para beneficiar a população e não está obedecendo ao interesse público.”

INSS

Por meio de nota, o INSS informou que, entre setembro e novembro deste ano, 1.047.239 perícias foram marcadas em todo o país, mas o órgão calcula que cerca de 730 mil pedidos de concessão de benefícios como auxílio-doença e aposentadoria por invalidez estejam represados. Ainda segundo o instituto, o tempo médio de espera para o agendamento da perícia passou de 20 dias (antes do início da greve) para 63 dias.

“O INSS reconhece todas as dificuldades impostas à população pela não regularização do atendimento da perícia médica e espera que as negociações entre o Ministério do Planejamento e os servidores da carreira de perito médico previdenciário sejam concluídas com brevidade para a pronta retomada dos serviços”, informa o órgão na nota.

O comunicado destacou ainda que, para todo benefício concedido, o que vale é a data de entrada do requerimento. Isso significa que, se um segurado tinha uma perícia marcada para novembro, por exemplo, mas será atendido apenas em janeiro, se o benefício for aprovado, passa a valer, para efeitos financeiros, a data de entrada do requerimento e não a data em que ele foi concedido.

A proposta oferecida pelo governo à categoria consiste no reajuste geral dado ao funcionalismo público e a criação de um comitê de reestruturação da carreira, mas não trata da efetivação da jornada de 30 horas e do fim da discussão da terceirização das perícias. O pacote será votado amanhã (14) pela manhã durante assembleias realizadas em diversos estados.

O mais poderoso dos empreiteiros alvos da Operação Lava Jato, Marcelo Bahia Odebrecht, completa hoje, 27, 100 dias encarcerado. Nos meios jurídico, político e empresarial, a efeméride é considerada um marco, por motivos distintos, e tem suscitados debates e batalhas nos tribunais.

Eram 5h30 do dia 19 de junho de 2015 quando uma equipe da Polícia Federal comunicou a prisão dele. Odebrecht, aos 46 anos, estava pronto para uma de suas rotinas matinais: a natação na piscina de sua casa, no bairro do Morumbi, em São Paulo. Seu primeiro pedido aos policiais foi ter acesso ao mandado expedido pelo juiz federal Sérgio Moro - que conduz os processos da Lava Jato, em Curitiba, sede das investigações.

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Nas redes sociais, imediatamente, uma bolsa de apostas informais começou a funcionar. A unanimidade se formava no sentido de que o empresário não permaneceria preso mais do que um fim de semana. Seus defensores alegavam que a prisão era abusiva e seria rapidamente revista. Os céticos iam em outra direção: por ser um homem rico, ele sairia do cárcere porque a Justiça brasileira sempre fora conivente com os poderosos.

A prisão de Odebrecht foi o maior desafio enfrentado até aqui pela força-tarefa do Ministério Público Federal. Chamado pelos demais empreiteiros do esquema de "príncipe", nem mesmo os investigadores acreditavam que ele poderia ficar por longo período encarcerado. Alvo central da 14.ª fase, batizada de Operação Erga Omnes - "vale para todos", em latim -, colocar Odebrecht atrás das grades, para a força-tarefa, era mais do que atingir o suposto líder do esquema de cartel. Sua prisão teve papel simbólico. "A lei deve valer pra todos ou não valer pra ninguém", disse o procurador da República Carlos Fernando de Santos Lima, no dia da prisão.

Dono da nona maior fortuna do País, avaliada em R$ 13 bilhões pela revista Forbes, o presidente do Grupo Odebrecht foi forjado desde criança pelo avô Norberto Odebrecht e pelo pai Emílio Odebrecht para assumir o comando do império familiar. No âmbito da operação, ele é acusado de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa em contratos da Petrobras. O empresário nega todas as acusações.

A expectativa da defesa era tirar o empresário do cárcere em um mês. No entanto, antes de o primeiro pedido de habeas corpus ser analisado pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF), Moro decretou uma nova prisão preventiva, no dia 24 de julho. O tribunal, então, julga o pedido prejudicado.

"No curso das investigações, surgiram elementos supervenientes que reforçam a relação entre a Odebrecht e o pagamento de propinas no exterior", afirmou Moro na ordem de prisão. As investigações encontraram cinco contas na Suíça que seriam da Odebrecht. Para Moro, a prisão do executivo se faz necessária porque "a Odebrecht tem condições de interferir de várias maneiras na colheita das provas, seja pressionando testemunhas, seja buscando interferência política, observando que os próprios crimes em apuração envolviam a cooptação de agentes públicos".

Defesa

Para a defesa de Odebrecht, os 100 dias dele na prisão são a marca indiscutível de uma "injusta antecipação de punição", um abuso do juiz para mostrar ao País que os poderosos não estão acima da lei. Segundo os advogados, não há elementos que justifiquem a manutenção dele na prisão. Argumentam que o empreiteiro não foi citado pelos delatores e a teoria do domínio do fato não pode ser aplicada para o presidente de um conglomerado empresarial tão grande quanto o Grupo Odebrecht. A expectativa da defesa é de que nesta semana Odebrecht consiga um habeas corpus.

A cerca de 20 dias de completar 47 anos, Odebrecht na parece estar resignado. É o principal orientador da estratégia de confrontar a validade das provas das investigações da Lava Jato, a competência do juiz Sérgio Moro e sua suspeição para julgar o caso. Não pensa em assinar o acordo de deleção premiada, dizem seus assessores. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O senador e presidente do PSDB, Aécio Neves, criticou nesta sexta-feira, 10, em coletiva na sede do diretório estadual do partido, os 100 dias de segundo mandato da presidente Dilma Rousseff (PT) e do governador do Estado, Fernando Pimentel (PT). Sobre o governo federal, o senador disse que os 100 dias marcam o término de um governo que terminou antes de começar.

"Houve a perda de cinco ministros nesse tempo. É um governo acossado, que cometeu o maior estelionato eleitoral de nossa história", disse. Ele ressaltou que melhor moldura da situação do governo atual é "o tesoureiro do partido acusado por inúmeros delatores de ter cometido irresponsabilidades e foi ao STF pedir licença para mentir".

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"O habeas corpus é o atestado da culpa dos crimes alardeados", declarou. Ele comentou que a presidente Dilma optou por não aplicar as medidas de ajustes que estão sendo anunciadas agora para não perder as eleições do ano passado. "Muitas das medidas já eram anunciadas e estudadas no ano passado e até antes disso e foram adiadas. E esse adiamento quem paga a conta são os brasileiros", disse.

"O lado mais perverso da mentira é sentida pelos brasileiros mais pobres. E mais uma vez para o PT, o projeto do poder interessa mais do que as necessidades dos brasileiros. O governo do PT mergulhou o Brasil nas mais graves crises de sua história", declarou. Especificamente sobre o governo de Minas Gerais, de Pimentel, Aécio disse que o que viu nesses últimos dias (no início da semana, a equipe do petista apresentou um diagnóstico do Estado, acusando a gestão anterior de despesas fora do necessário) "está no limite entre o patético e ridículo".

"Pela primeira vez na história da política mineira, se reúne não para anunciar novas medidas, mas para mentir aos mineiros e aos brasileiros", afirmou. "O futuro o governo pode construir, o passado nenhum governo pode mudar. Nosso período de governo foram épocas que honraram Minas Gerais", completou.

Segundo ele, "é claro" que houve uma redução da expectativa de receita, porque "o governo federal fez o País parar de crescer", se referindo às afirmações da equipe econômica de Pimentel de que no orçamento previsto para o ano pela gestão anterior, de Alberto Pinto Coelho (PP), houve superestimativa de receita.

"Minas não é uma ilha. Minas sofre as consequências de ações desastrosas do governo federal", ressaltou. "Não reconheço autoridade nenhuma aqueles que recém-chegados não compreendem que governar é um desafio e não se governa olhando no retrovisor. Desejo ao governador eleito que se coloque à altura dos desafios que terão pela frente e das expectativas dos mineiros. Governar é sim enfrentar desafios, mas não se enfrenta isso buscando justificativas aonde não existe", falou, dizendo que a oposição na assembleia vai acompanhar o desempenho do governo atual.

Próximo a completar 100 dias de gestão, o governador Paulo Câmara (PSB) já imprimiu um estilo próprio. Algumas coisas lembram o seu guru, o ex-governador Eduardo Campos, como a disposição para o trabalho, os incansáveis expedientes noturnos, a pontualidade e a disposição para o diálogo.

Câmara tem, porém, diferenças gritantes. De perfil técnico, não costuma exagerar na dosagem em discursos. Em algumas ocasiões, nem fala, abrindo espaços para aliados. Em viagens, Câmara também é bem diferente. Raramente usa jatinhos nos deslocamentos a Brasília.

Ao interior, quando os trechos são curtos ou médios abre mão do helicóptero e embarca com alguns auxiliares numa Van, como fez, ontem, para chegar até Surubim, um trecho de 122 km, de onde seguiu depois para a cidade de Garanhuns, onde abre hoje o seminário Todos por Pernambuco.

De Garanhuns, segue amanhã, logo cedo, para Caruaru, para a terceira etapa do seminário, o que na prática terá percorrido mais de 800 km em apenas três dias. “O governador só usa avião em casos extremamente necessários”, diz o secretário da Casa Civil, Antônio Figueira.

Nos contatos com a população no Interior, o governador tem um estilo que lembra um pouco Eduardo, se misturando ao povo e sempre disponível para fotos com fãs e eleitores. Câmara também é madrugador e pontual como Eduardo. Nos seminários, não fossem as falas prolongadas dos aliados, dificilmente atrasava a programação.

Ontem, por exemplo, na assinatura da ordem de serviços da duplicação da PE-160, ligando do entroncamento da BR-104, em Pão de Açúcar, à entrada da cidade de Santa Cruz do Capibaribe, o governador fez um ato de 15 minutos, usando da palavra apenas o deputado Diego Moraes (PSB) e ele próprio, que falou cinco minutos.

COM AÉCIO– Na conversa que teve com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, terça-feira passada, o governador Paulo Câmara informou que estaria procurando nos próximos dias o senador Aécio Neves, presidente nacional do PSDB. Com as principais lideranças tucanas, Câmara tem procurado antecipar entendimentos com relação as eleições municipais, para garantir a presença do PSDB na aliança de Geraldo Júlio.

Reação inesperadaPetista de carteirinha, cria do ex-prefeito Flávio Nóbrega, o prefeito de Surubim, Tulio Vieira, não só prestigiou o seminário Todos por Pernambuco, ontem, em sua terra, como fez rasgados elogios ao tratamento recebido pelo governador, citando, inclusive, a parceria selada para custeio do carnaval no município.

O jogo do governoOs seis senadores do PSB denunciam que a criação de sucessivas CPIs tem como objetivo dispersar e enfraquecer investigações que estão em curso. O alvo seria retirar o peso das CPIs do HSBC, da Operação Zelotes e do Extermínio de Jovens. O PSB critica a eventual criação da CPI dos Fundos de Pensão, proposta pelo senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), e decidiu retirar suas assinaturas do requerimento.

Indecisão tucanaO PSDB está em dúvida sobre a presença de seu presidente, Aécio Neves, na manifestação de domingo. Tasso Jereissati opinou que se fosse menor que no dia 15, o tucano seria associado a um fracasso. Cássio Cunha Lima sustentou que se fosse pequena, Aécio viraria líder. Rita Camata sugeriu que ele olhasse o tamanho para decidir se vai ou não. Bruno Araújo teme a overdose de protestos.

Nem ai!O senador Fernando Bezerra Coelho participou, ontem, apenas da abertura do seminário Todos por Pernambuco em Surubim, queimando as plenárias da tarde. Sobre a sua defesa no processo da Lava Jato em que é acusado de receber R$ 20 milhões para a campanha de Eduardo, o socialista disse que está assessorado por um excelente advogado e que vai tirar de letra.

CURTAS

OPOSIÇÃO– Na segunda etapa Agreste do seminário Todos por Pernambuco, hoje, em Garanhuns, o governador terá como anfitrião mais um prefeito do bloco de oposição: Izaías Régis (PTB), ligado ao ministro Armando Monteiro Neto. Resta saber se terá comportamento dócil feito o prefeito petista de Surubim.

AUDIÊNCIA O senador Fernando Bezerra Coelho preside, hoje, em Petrolina, audiência pública da Comissão de Reforma Agrária e Agricultura do Senado para discutir a crise hídrica que se abate sobre a fruticultura irrigada no Vale do São Francisco, destruindo produções e empregos.

Perguntar não ofende: Vale a pena fazer balanço de cem dias de Governo?

Para marcar os 100 dias da administração do governador Paulo Câmara (PSB), completados nesta sexta-feira (10), o PSOL fez uma visita ao Túnel da Abolição na Avenida Caxangá, no Recife, e criticou o atraso da obra. O protesto organizado pelo o presidente do Psol em Pernambuco e deputado estadual Edílson Silva (PSOL), nesta quinta-feira (9) também contou com a presença de alguns militantes da legenda que levaram cartazes e faixas e entregaram panfletos à população. 

Segundo o partido de oposição, a intervenção urbana deveria ter ficado concluída antes da Copa de 2014 com o custo de R$ 16 milhões, mas não tem prazo para ser inaugurada. “Esse túnel representa os desmandos de um governo de continuidade que se baseia em promessas, e não em ações concretas. Um conjunto de obras foi prometido para a Copa, mas apenas a Arena foi concluída a tempo”, discursou Edilson Silva, usando um microfone e uma caixa de som na Avenida Caxangá. 

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De acordo com o deputado, a construção iniciada desde maio de2013, acumula sucessivos atrasos no cronograma.  Ele também relembrou que no dia 25 de fevereiro, o governador Paulo Câmara e o secretário das Cidades, André de Paula, visitaram a intervenção. Na ocasião, prometeram liberá-lo ao tráfego no dia 15 de março. Mas, segundo o presidente do Psol, o governo foi obrigado a recuar posteriormente e cancelou a inauguração.

“BICA DO GERALDO” – Ironizando a infiltração d’água nas paredes, os dirigentes e militantes do PSOL deram ao Túnel da Abolição o apelido de “bica do Geraldo”, em referência ao prefeito do Recife, Geraldo Júlio, secretário estadual de Planejamento à época da licitação da obra. 

“O governo tenta ganhar tempo, dizendo que as obras estão em fase de teste. Mas ninguém, até agora, veio a público explicar o porquê de tanta água jorrando das paredes. Está cada dia mais evidente que não houve zelo, nem responsabilidade. Os danos causados pela obra estão prejudicando o Museu da Abolição, a população do entorno e, agora, ameaça o subsolo”, disparou Edilson Silva que depois da visita seguiu para a sessão da Assembleia Legislativa, onde fez questão de pontuar o assunto na Casa. 

 

Entre altos e baixos a gestão do governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), completa os primeiros 100 dias nesta sexta-feira (10). Durante o período, questões como a crise penitenciária, o aumento dos homicídios, o anúncio da versão de 2015 do Fundo Estadual de Apoio ao Desenvolvimento Municipal (FEM) e o início do Todos por Pernambuco alcançaram destaque tanto para a base governista quanto para a oposição. 

Assunto que atraiu o foco logo nos primeiros dias da gestão, à crise no sistema penitenciário fez com o governador decretasse Estado de Emergência na área. Com uma das maiores rebeliões do Brasil, que durou três dias e resultou na morte de três pessoas, Câmara anunciou uma força-tarefa para destravar a construção do Centro Integrado de Ressocialização de Itaquitinga e do Complexo Prisional de Araçoiaba. A medida, no entanto, não amenizaria as condições precárias do sistema superlotado. Para isso, foi criado um mutirão do Tribunal de Justiça para julgar os processos e desafogar os presídios. 

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>> Oposição avalia os 100 primeiros dias do governo de Câmara 

Em paralelo a crise penitenciária, o aumento da violência e a redução dos impactos do programa Pacto Pela Vida também entraram na agenda governista. Medidas pontuais foram anunciadas para a repactuação do programa, como a ampliação da inteligência funcional dos policiais e a contratação de agentes aprovados no concurso de 2009. Mas, apesar delas, os três primeiros meses do ano registraram um total de 1.000 homicídios em todo o estado. 

Contrariando promessas de campanha, o governador durante os cem primeiros dias também anunciou o aumento da tarifa dos ônibus na Região Metropolitana do Recife (RMR). Os valores foram aprovados pela Agência de Regulação de Pernambuco (Arpe) em 9 de janeiro e, no mesmo dia, estudantes foram às ruas protestar contra o reajuste, mas não surtiu efeitos. Entre as alterações, por exemplo, o anel A, mais usado na RMR, passou de R$2,15 para R$2,45. Na campanha eleitoral, Câmara havia prometido uma tarifa única de R$ 2,15 para todas as áreas da RMR

Mesmo sendo apontado como um governo de continuidade, por permanecer sob a batuta do PSB, a gestão do socialista não entregou obras que estavam prometidas para o período. As estações do BRT e os corredores exclusivos de ônibus ainda estão inacabadas e, algumas até, sem previsão de entrega. Outro exemplo pontuado com constância é o Túnel da Abolição, no bairro da Madalena, que já teve a data de entrega remarcada inúmeras vezes e até agora nada feito. Essas intervenções, inclusive, foram projetadas para a melhoria da mobilidade na Copa do Mundo do Brasil, que aconteceu entre os meses de junho e julho de 2014.

Apesar dos aspectos negativos do início da gestão, Paulo Câmara massageou o ego dos prefeitos pernambucanos com o lançamento da versão de 2015 do Fundo Estadual de Apoio ao Desenvolvimento Municipal (FEM) e do Escritório de Projetos. As duas iniciativas tem como objetivo ajudar nas gestões municipais, a primeira dando subsídio para a execução de algumas obras, sendo 5% das verbas destinadas para políticas voltadas à mulher, e a segunda dando apoio para a criação de projetos e a captação de recursos e parcerias nacionais e internacionais das prefeituras. 

Assim como o padrinho político, o ex-governador Eduardo Campos (PSB) – falecido em agosto de 2014 – Paulo Câmara também deu continuidade ao programa Todos por Pernambuco, que coleta sugestões da população para a construção do Plano Plurianual (PPA) do governo para os próximos quatro anos. 

O período também foi marcado pelo primeiro encontro do governador Paulo Câmara com a presidente Dilma Rousseff (PT). A reunião aconteceu em Brasília, no dia 25 de março, e, além do socialista, os governadores dos estados do Nordeste também participaram. Ainda no foco político, Câmara se reuniu com ministros em Pernambuco e em Brasília para angariar parcerias e destravar obras locais.

Assumindo o papel de liderança política, o governador, durante o período, também encontrou com os ex-presidentes Lula (PT) e Fernando Henrique Cardoso (FHC-PSDB). Os dois tinham um diálogo constante com Eduardo Campos e, por consequência, Paulo Câmara quis iniciar a gestão também abrindo espaço para articulações com os líderes. 

>>> Entrevista: governador Paulo Câmara (PSB) 

Qual a avaliação dos primeiros 100 dias do seu governo?

Foram muitos trabalhos. Desde o dia 1° de janeiro temos a missão de trabalhar para fazer Pernambuco continuar avançando. Tenho tido muito cuidado de fazer um planejamento de acordo com as condições que o Brasil vive, que Pernambuco vive, bem pé no chão. Mas também ouvindo a população, estou indo a todo o estado fazendo deste amplo debate com a população e vendo os caminhos para ultrapassar 2015 e, a partir disso, começar a fazer as entregas em todas as áreas. Estou convicto que temos muito que fazer, mas estou preocupado agora é com os meus próximos 1.360 dias que faltam para o fim do meu mandato. Esses aí é que são importantes para o futuro de Pernambuco.

O que foi mais complicado enfrentar durante esse período?

Tudo é complicado. Tudo precisa de um trabalho de afinco e dedicação com todos. Temos que enfrentar cada vez mais o problema da violência e da segurança, fazer com que o Pacto Pela Vida continue sendo esta política consistente para reduzir homicídios e nós estamos trabalhando para isso. Somos conscientes também de que os avanços na educação precisam continuar, com as escolas de tempo integral, e fazer uma saúde mais humanizada. E isso tudo são desafios presentes que fazem com que o nosso governo tenha muito que fazer para trabalhar. São muitas frentes, muitas questões. Estamos com diálogo, com coesão e determinação. Mesmo com a escassez de recursos vamos conseguir superar os desafios.

Quais os pontos positivos que o senhor destaca nesses primeiros 100 dias?

O processo de discussão com a população no Todos por Pernambuco é muito positivo. É o que vai nortear o nosso governo nos próximos quatro anos. Vamos para o Agreste, a Zona da Mata e a Região Metropolitana, até porque já fomos para o Sertão. Esse processo de escuta é fundamental, foi isso que fez com que as gestões de Eduardo Campos fossem exitosas, pois ouviu a população e desse processo saiu todas as informações necessárias para Pernambuco se desenvolver.  

A bancada da oposição na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) apresentou, nesta quinta-feira (9), um balanço dos 100 primeiros dias da gestão do governador Paulo Câmara (PSB), que se completam nesta sexta-feira (10). Durante a reunião, o líder da bancada, deputado Silvio Costa Filho (PTB), elencou deficiências da administração na economia, educação e segurança pública, além de ressaltar os imbróglios criados pelas Parcerias Público Privadas (PPPs) firmadas pelo governo para construir, por exemplo, a Arena Pernambuco e o presídio de Itaquitinga. 

Um dos itens questionados pelo líder da oposição na questão econômica foi a atual divida do Estado que, segundo ele, é a maior do Nordeste. “Em 2011 a divida era de R$ 5,6 bilhões e em pouco mais de quatro anos dobrou para R$ 10,6 bilhões. O Estado está dentro do limite, mas não tem a capacidade de pagar o endividamento. A gente observa um quadro profundamente preocupante”, afirmou, justificando que por isso a gestão não consegue angariar novos empréstimos para investimentos.  

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No quesito segurança pública, a crise do sistema prisional e a situação do programa Pacto Pela Vida foram o mote da explanação. Para Costa Filho, as rebeliões nos presídios e unidades da Fundação de Atendimento Socioeducativo (Funase) estão “anestesiadas”, “mas a qualquer momento pode estourar novamente”. Corroborando o líder, o deputado estadual Edilson Silva (PSOL) pontuou a falta de ações do governo para modificar o quadro.

“Estamos vivendo o tempo que a retórica tem que se confrontar com os fatos. O sistema prisional hoje é um fato. O administrador do Estado que aí está não consegue dar conta da crise e o nosso sistema prisional é motivo de vergonha nacional”, disparou o psolista. Tanto Silva, quanto Costa Filho pontuaram que o maior anseio da população para destravar o sistema prisional é a dissolução dos problemas criados em torno da PPP para a construção do presídio de Itaquitinga.

Na área de educação, o reajuste salarial para os professores passou pelo crivo dos deputados da bancada de oposição. Posicionando-se contra a matéria aprovada na última semana pela Casa, a deputada estadual Teresa Leitão (PT) observou a falta de diálogo da gestão com os servidores e mencionou “engodos e falhas” da proposta. 

“Temos 14 estados com o piso implementado na forma da lei. O que veio para esta Casa foi o reajuste de salário de determinados cargos e não para todos os professores. O governo tenta enganar a população em relação a isso. Detectamos todas as falhas e engodos que ele tem”, disse a petista.  “A sinalização de aumento é zero no governo. A gestão não se preparou para a valorização dos servidores nos próximos anos... Atingiu o limite prudencial da Lei de Responsabilidade Fiscal e isso impossibilita novos contratos e o reajuste dos servidores”, completou Silvio Costa Filho.

Além de analisar os 100 primeiros dias do governo Câmara, a Nova Oposição, como eles mesmos se intitulam, também apresentou um balanço da atuação da bancada. De acordo com o líder, foram feitos 14 pedidos de informação; audiências públicas, entre elas a de esclarecimento da situação financeira do estado; o grande expediente para debater o sistema prisional; fiscalização em obras paralisadas; conversa com servidores públicos e sindicatos; cobranças sobre um novo Pacto Pela Vida e o pedido para a liberação da senha do E-fisco.

Análise da postura política

Na questão da condução política da gestão estadual comandada pelo governador Paulo Câmara, o líder da bancada de oposição observou que existe um “déficit de liderança e falta de diálogo nacional”. “É um governo que não tem falado do futuro do estado. Temos visto que não é mais do mesmo e sim menos do mesmo. Esta existindo em Pernambuco um déficit de lideranças e falta de diálogo nacional”, disse.

“Pernambuco estava transformando-se no verdadeiro Leão do Norte, tínhamos uma economia pujante, era o centro de excelência dos investimentos e do pioneirismo, mas hoje somos o terceiro estado mais endividado do Brasil e com uma queda imensa na capacidade dos investimentos públicos”, acrescentou o deputado.

Sob a ótica da deputada Teresa Leitão, a gestão socialista deveria ter mais criatividade. Segundo ela, como o PSB desembarcou da base de governo do PT em 2013 colocando a culpa na crise internacional, deveria ter se articulado para não deixar que ela atingisse como tem feito com Pernambuco.

“Tudo o que acontece de ruim em Pernambuco, a culpa é do governo federal. Se chove a culpa é do governo federal; se tem seca, a culpa é do governo federal... Um governo de continuidade deveria ter um pouco mais de criatividade”, frisou. “O que é que está falhando nesse contexto? A condução política do governo que é equivocada. Estamos diante de 100 dias, não de um governo, mas de uma administração. Ele foi lançado como alguém que tinha todas as condições para dar continuidade ao governo de Campos e Lyra, mas não tem feito isso”, concluiu a petista.

A bancada de oposição na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) vai divulgar, na próxima quinta-feira (9), um balanço dos 100 primeiros dias da gestão do governador Paulo Câmara (PSB), que se completam na sexta-feira (10). De acordo com o líder do colegiado, o deputado estadual Silvio Costa Filho (PTB), a intenção é reunir todas as informações já coletadas e expostas no plenário da Casa Joaquim Nabuco para fazer um balanço completo da “gestão de continuidade” do PSB. 

“Tivemos uma reunião ontem (segunda-feira) para alinhavar os pontos e os discursos. Estamos juntando todas as informações que cada um entende como importante para a primeira avaliação geral do governo de Paulo Câmara. Até quarta-feira estaremos com este balanço feito”, afirmou o parlamentar em conversa com o Portal LeiaJá.

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De acordo com Costa Filho, além da avaliação do governo socialista, o encontro também vai servir para que a própria bancada de oposição exponha um balanço da sua atuação na Alepe. Ainda segundo ele, no encontro do grupo essa segunda (6) também ficou definida a próxima linha de atuação da bancada. 

“Vamos nos debruçar na situação da saúde estadual. Já definimos três linhas gerais: a situação materno-infantil do estado, que é profundamente preocupante; as Organizações Sociais, queremos saber o custo benefício e o papel social delas; e a questão geral da valorização profissional, da falta de médico nos hospitais e da dificuldade da população conseguir fazer exames”, detalhou o petebista. “Vamos coletar todas as informações necessárias para fazer um diagnostico da área”, acrescentou finalizando. 

O dia 4 de março marca o início da contagem regressiva de 100 dias para o início da Copa. A fim de esquentar o torneio, o Comitê Organizador Local (COL) pretende realizar uma série de atividades em várias partes do mundo para marcar a data. Nesse dia, por exemplo, será realizado na Suíça o famoso "Jogo contra a Pobreza", com a participação de Ronaldo e Zidane no mesmo time. Lá, o Fuleco, mascote oficial do Mundial, dará as boas vindas.

Enquanto isso, a seleção brasileira estará na África do Sul para enfrentar os anfitriões no Soccer City, em Johannesburgo, no dia seguinte. Mas o Fuleco também vai aparecer por lá, para um encontro inédito com Zakumi, mascote da Copa de 2010. O evento vai ocorrer durante um treinamento do time comandado por Luiz Felipe Scolari.

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Por ser um período de data Fifa, uma série de amistosos preparatórios serão realizados, entre eles o encontro entre dois campeões mundiais em Madri: Espanha x Itália. Após uma tratativa com a embaixada e o governo local, o COL conseguiu um espaço para apresentar o mascote e levar um ex-jogador para promover a Copa no Brasil. Ainda no dia 5, o mesmo será feito antes do duelo entre França e Holanda, em Paris.

Nas cidades brasileiras, apesar de a data cair em plena terça-feira de carnaval, algum barulho será feito. O Ministério do Esporte está promovendo ações, que pretendem marcar a data com algo especial. As cidades estão se mobilizando e muitas delas vão fazer iluminações especiais em verde e amarelo em monumentos públicos.

Além disso, os organizadores do Mundial vão promover ações nas redes sociais. A hashtag #100diaspracopa será o carro-chefe para divulgar o evento. Durante o Congresso Técnico da Fifa, em Florianópolis, muitos treinadores aceitaram participar da ação e tiraram fotos específicas para ajudar a divulgar a competição.

O último dos 26 ativistas estrangeiros do Greenpeace anistiados pelas autoridades russas, o polonês Tomasz Dziemianczuk, deixou hoje a Rússia, mais de 100 dias depois da detenção por um protesto no Ártico, anunciou a organização.

“O militante polonês Tomasz Dziemianczuk deixou a Rússia, é o 26º e o último estrangeiro” dos 30 membros da tripulação de um navio da organização ambiental detidos no final de setembro pela guarda costeira russa, informou o Greenpeace em comunicado. “Isso marca o início de um novo capítulo na campanha para salvar o Ártico”, acrescentou.

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Os outros 25 ativistas estrangeiros deixaram o território russo entre quinta-feira (26) e sábado (28), à medida que foram obtendo os vistos de saída.

“Estou muito feliz por voltar para casa”, disse Dziemianczuk, 37 anos, citado no comunicado. “Fomos para o Norte, para uma ação contra as companhias petrolíferas que fazem fila para lucrar com o derretimento dos gelos no Ártico”, e “essa campanha está longe de acabar”, acrescentou.

Trinta membros da tripulação do navio Arctic Sunrise foram detidos no fim de setembro, após protesto em uma plataforma petrolífera no Ártico para denunciar os riscos da exploração de hidrocarbonetos naquele ecossistema particularmente frágil.

Inicialmente acusados de pirataria, crime passível de condenação a 15 anos de prisão, os ativistas foram mais tarde acusados novamente pelo crime de vandalismo, punível com sete anos de prisão.

Os 30 ficaram detidos, primeiramente, em Murmansk e foram depois transferidos para São Petersburgo, tendo sido libertados sob caução em novembro e beneficiados, na semana passada, por uma anistia aprovada pelo Parlamento russo para assinalar os 20 anos da Constituição da Rússia. O navio continua apreendido pelas autoridades russas em Murmansk.

O primeiro Papa jesuíta e sul-americano da história, o argentino Francisco, completa nesta quinta-feira 100 dias no Trono de Pedro, durante os quais conquistou uma surpreendente popularidade em todo o mundo, mostrando a face mais humilde e simpática da Igreja, enquanto prepara uma revolução pacífica dentro da desacreditada Cúria Romana, um desafio que marcará sua passagem pela Santa Sé.

Francisco, 76 anos, que adotou o nome de São Francisco de Assis para lembrar que é preciso "uma Igreja pobre e para os pobres", se transformou em pouco mais de três meses no Papa de todos, por sua linguagem direta e clara, por seus gestos de afeto em público e seu estilo simples e despojado junto aos fieis.

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Ele tem um estilo menos tímido que o de seu antecessor, o alemão Bento XVI, com quem convive dentro do Vaticano, sendo esta a primeira vez na história que dois papas coabitam na Santa Sé. Desde sua eleição em 13 de março, o Papa surpreende por suas decisões inauditas, como a opção que fez em morar na austera residência Santa Marta em vez do luxuoso e inacessível apartamento papal dentro do Palácio Apostólico, ou a de usar seus confortáveis sapatos pretos no lugar dos tradicionais vermelhos, ou ainda a de manter seus bate-papos informais com religiosos e amigos, com quem fala sem cerimônia dos problemas de seu cargo, da corrupção, das intrigas, das lutas pelo poder e até da existência de um lobby gay dentro do Vaticano, em síntese, dos escândalos que abalaram o papado de Bento XVI.

Francisco faz suas refeições com bispos, funcionários, empregados domésticos, não tem um lugar especial no refeitório comum e prefere estar cercado de pessoas, algo que causa muita preocupação a seus agentes de segurança. Em um mundo afligido pela crise econômica, que não tolera mais os privilégios disparatados, o Papa que "veio do fim do mundo", como ele próprio definiu, abandonou todo o luxo, condenou a riqueza, as injustiças sociais e a falta de ética.

Ao rejeitar a "tirania do dinheiro" e a "ditadura de uma economia sem rosto", como a definiu, se tornou o porta-voz de milhões de pobres de todos os continentes e suas aparições e frases célebres atraem multidões à Praça de São Pedro.

Suave nas palavras e firme nos conteúdos

Se para muitos observadores a linha pastoral é clara, "suave nas palavras e firme nos conteúdos", é evidente que ainda está por começar o que alguns chamam de "revolução pacífica". Reformar a Cúria Romana não será tão difícil. O controvertido Banco do Vaticano, acusado de lavagem de dinheiro, será reorganizado para que cumpra com os requisitos internacionais de transparência. O mais difícil será colocar em andamento mecanismos colegiais de consulta, que permitam aos bispos participar das decisões das estratégias do papado", resumiu o vaticanista Marco Politi.

Um mês depois de sua eleição, a designação de oito cardeais de todos os continentes para reformar a Cúria Romana é considerada o ato mais significativo de sua breve gestão. Em poucos meses haverá uma ideia mais definida de sua reforma e do modelo de Igreja que propõe.

Francisco tem consciência de que foi eleito para recuperar a autoridade perdida devido aos escândalos de corrupção, intrigas e sexo."A reforma não pode ser feita sozinha", admitiu o Papa com franqueza, diante de um grupo de religiosos latino-americanos, depois de ter visitado, sistematicamente, todas as congregações e conselhos vaticanos, ouvido queixas e elogios, e analisado o que se pode fazer de melhor e o que se pode mudar.

"Fala-se de 'lobby gay' e a verdade é que está aí... é preciso ver o que podemos fazer", admitiu, referindo-se ao sistema de chantagens internas baseado nas fraquezas sexuais dos padres, denunciado pela imprensa italiana em fevereiro. O Papa, que não era íntimo das entranhas da maquinaria vaticana, mantém contatos permanentes com o cardeal hondurenho Oscar Andres Rodríguez Maradiaga, coordenador especial do grupo de consulta, que prepara um projeto de reforma para o início de outubro.

"É um Papa independente da Cúria, que está construindo sua própria rede e não gosta de burocracia", explica o vaticanista Sandro Magister. Acabar com o ancestral centralismo da Igreja e tratar de interesses, inclusive econômicos, de importantes correntes internas, em sua maioria conservadoras, começa a irritar algumas pessoas.

"É um demagogo", "não tem o nível intelectual de um Bento XVI", "um bonachão", "puro folclore latino-americano", são algumas das definições sussurradas nos corredores da Cúria, segundo o vaticanista Marco Politi, do Fatto Quotidiano. Outros lamentam que o Papa não tenha substituído ainda o número dois da Santa Sé, o 'primeiro-ministro' do Vaticano, cardeal Tarcisio Bertone, cujo cargo perdeu influência nos últimos meses, em um ensaio de talvez uma nova forma de governa, menos hierárquica e mais democrática.

As tensões provocadas pelo estilo do novo Papa foram ilustradas pelo secretário da Pontifícia Comissão para a América Latina, o laico uruguaio Guzmán Carriquiry, que vê na tendência a comparar Francisco a Bento uma "obra de Satanás". Ninguém sabe se ele conta com os conselhos de Bento XVI, mas o fato é que Francisco prestará ao antecessor uma curiosa homenagem quando assinar com ele a encíclica sobre a fé, a primeira escrita por dois pontífices vivos.

"É um documento forte. Um grande trabalho, o que ele fez e o que eu vou terminar", comentou Franciso há uma semana. Como Bento XVI, Francisco segue uma linha rigorosa sobre a doutrina, mas seu estilo papal com certeza será diferente.

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