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Passado um mês desde o início da guerra de Israel contra o grupo terrorista Hamas, brasileiros continuam presos na Faixa de Gaza e relatam dificuldade para encontrar itens básicos, como água e alimentos. O governo tem dito que está em negociação constante para repatriar o grupo de 34 pessoas, mas sem sucesso até agora: os brasileiros estavam fora de todas as listas de estrangeiros autorizados a seguir para o Egito pela passagem de Rafah até esta segunda-feira, 6.

Israel já disse ao Brasil que a liberação deve sair até a quarta-feira, 8, compromisso que voltou a ser relatado pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, em reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na manhã de hoje. Até agora, a ampla maioria dos estrangeiros que passaram pelo posto de Rafah é composta por americanos e europeus, principalmente britânicos, franceses e alemães.

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Até agora, no entanto, Israel e Egito não tornaram públicos os critérios adotados para escolha dos 1.400 estrangeiros contemplados nas primeiras listas. Após o acordo, selado na semana passada por intermediação do Catar e dos EUA, cerca de 500 pessoas por dia deixaram Gaza até o fim de semana, quando o processo foi interrompido, depois de suspeitas de que o Hamas embutia combatentes feridos entre os palestinos que deixavam Gaza para atendimento médico no Egito. As saídas foram retomadas nesta segunda-feira.

O embaixador do Brasil em Israel, Frederico Meyer, destacou a complexidade do processo diante do número de pessoas que tenta sair do enclave em guerra e rejeitou as especulações de que a relação do Brasil com Israel possa ter influenciado. "Não é uma questão de relação bilateral", disse ele ao citar como exemplo a Indonésia que não reconhece o Estado de Israel e foi contemplada na primeira lista.

O diplomata de carreira Rubens Ricupero, ex-embaixador brasileiro em Washington, que acompanha à distância, sem envolvimento na negociação, também diz não ver indícios de retaliação. "O Brasil não tem uma postura que se destaque pela agressividade", apontou Ricupero.

A tese também foi rechaçada ainda pelo embaixador israelense no Brasil, Daniel Zohar: "Israel não está decidindo quem será incluso na lista, não estamos impedindo ninguém de sair", disse ele ao apontar a responsabilidade do grupo terrorista Hamas, que controla Gaza. "O Hamas está impondo diversas condições para liberar a saída dos palestinos com dupla nacionalidade e isso está prejudicando a saída", enfatizou.

Na mesma linha, a embaixada de Israel, em sua posição oficial, aponta o Hamas e afirma que tem feito "absolutamente tudo que está ao seu alcance para que todos os estrangeiros deixem a Faixa de Gaza o mais rápido possível". Ainda de acordo com a representação diplomática de Tel-Aviv em Brasília, qualquer informação diferente disso "está errada ou é fruto de desinformação".

A ideia de que a posição brasileira teria atrasado a retirada de brasileiros se espalhou pelas redes sociais nos últimos dias, alimentada pela esquerda e pela direita. Isso porque, no momento em que Israel declarou guerra aos terroristas do Hamas, o Brasil ocupava a presidência temporária do Conselho de Segurança da ONU e insistiu para aprovar a resolução que previa pausas humanitárias no conflito. Mais uma vez, sem sucesso. O texto foi vetado pelos Estados Unidos porque, segundo a diplomacia americana, não mencionava o direito de defesa israelense.

A tese de que o Brasil teria sido deixado para depois foi reforçada por um diplomata de carreira, que pediu para não ser identificado. "O governo superestimou a capacidade do Brasil quando estava no Conselho de Segurança, não só na tentativa de aprovar as resoluções, mas também quando achou que tinha peso para liberar os brasileiros assim que a passagem de Rafah foi aberta para estrangeiros", disse.

A fonte aponta que além do "erro de avaliação sobre a capacidade de influência brasileira no processo", algumas declarações podem ter atrapalhado. Esse seria o caso, por exemplo, do discurso em que o presidente Lula chamou a resposta israelense ao ataque terrorista do Hamas de "insana".

"Fico lembrando que 1500 crianças já morreram na Faixa de Gaza, 1500 crianças que não pediram para o Hamas fazer o ato de loucura que fez, de terrorismo, atacando Israel. Mas também não pediram para que Israel reagisse de forma insana e matasse eles", declarou o presidente no mês passado.

Essa mesma fonte acredita que falas como essa foram interpretadas por Tel-Aviv como contrárias a Israel, que pode não admitir isso publicamente mas estaria "dando um troco no Brasil".

O embaixador do Brasil em Ramallah, Alessandro Candeas, não respondeu ao pedido de entrevista para esta reportagem. Mais cedo, ele confirmou ao Estadão que a passagem de Rafah foi reaberta e que os brasileiros ainda esperam por autorização para cruzar a fronteira. (COLABOROU DANIEL GATENO)

A Índia expulsou um importante diplomata do Canadá nesta terça-feira, 19, e acusou o Canadá de interferir nos seus assuntos internos, intensificando um confronto entre os dois países devido a acusações de que o governo indiano poderia estar envolvido no assassinato de um ativista da minoria Sikh, que tinha a cidadania canadense.

Na segunda-feira, 18, o Canadá expulsou um diplomata indiano em Ottawa depois de declarações do primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, que afirmou que existem indícios de que o governo da Índia poderia estar envolvido na morte de Hardeep Singh Nijjar no dia 18 de junho. O ativista foi morto no estacionamento de um templo Sikh na cidade de Vancouver.

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"O governo da Índia precisa levar este assunto com a maior seriedade", disse Trudeau a repórteres em Ottawa na terça-feira. "Estamos fazendo isso. Não pretendemos provocar ou escalar. Estamos simplesmente expondo os fatos tal como os entendemos."

A troca de acusações aumentou as tensões entre Ottawa e Nova Délhi. Trudeau e o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, chegaram a se encontrar durante a cúpula do G-20, mas o Canadá cancelou uma missão comercial ao país asiático logo após o encontro do bloco.

A minoria Sikh possui um movimento para estabelecer um país independente, conhecido como Khalistão, que seria estabelecido em algumas regiões do território indiano. Nos anos 1980, uma rebelião do grupo Sikh na Índia foi reprimida pelo país asiático.

Nijjar, que é um cidadão canadense, era procurado pelas autoridades indianas, que o acusaram de ligações com o terrorismo durante anos e ofereceram uma recompensa em dinheiro por informações que levassem à sua detenção. Nijjar negou as acusações e estava trabalhando com um grupo conhecido como Justiça pelos Sikhs para organizar um referendo não oficial da diáspora Sikh sobre a independência da Índia no momento de seu assassinato.

Índia nega

O ministério das Relações Exteriores da Índia rejeitou a alegação e a classificou como "absurda", acusando o Canadá de abrigar "terroristas e extremistas". "Essas alegações infundadas procuram desviar o foco dos terroristas e extremistas que receberam abrigo no Canadá e continuam a ameaçar a soberania e a integridade territorial da Índia", disse o documento em comunicado na terça-feira.

A Índia exige há algum tempo que o Canadá tome medidas contra o movimento de independência Sikh, que é proibido na Índia, mas tem apoio em países como o Canadá e o Reino Unido, que têm populações consideráveis da diáspora Sikh. O Canadá tem uma população Sikh de mais de 770.000 habitantes, cerca de 2% de sua população.

Em março, o governo de Modi convocou o alto comissário canadense em Nova Délhi, o principal diplomata do país, para reclamar dos protestos pela independência Sikh no Canadá.

G-20

Trudeau afirmou ao Parlamento canadense que abordou o assassinato de Nijjar com Modi na reunião do G20 em Nova Deli na semana passada. O primeiro-ministro afirmou que indicou para Narendra Modi que qualquer envolvimento do governo indiano seria inaceitável e pediu cooperação na investigação. Já Modi expressou "fortes preocupações" sobre a forma como o Canadá lidou com o movimento de independência Sikh durante uma reunião com Trudeau, disse o comunicado da Índia.

A declaração apelou ao Canadá para trabalhar com a Índia no que Nova Delhi disse ser uma ameaça à diáspora da Índia no Canadá e acusou o movimento Sikh de "promover o secessionismo e incitar a violência" contra diplomatas indianos.

Aliados

Ottawa pediu aos seus aliados mais próximos, incluindo Washington, que condenassem publicamente o assassinato. Mas as propostas foram rejeitadas, sublinhando o equilíbrio diplomático que a administração do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e os seus aliados enfrentam enquanto trabalham para cortejar a Índia, potência asiática vista como um contrapeso crucial à China.

Michael Kugelman, analista do Wilson Center, avalia que a disputa representa um dilema para os governos ocidentais, incluindo a administração Biden, que articulou uma "política externa baseada em valores que visa enfatizar os direitos e a democracia".

"Os EUA precisam caminhar na corda bamba diplomática, já que o Canadá é um aliado e vizinho, enquanto a Índia é um parceiro estratégico fundamental", disse Kugelman. "Haverá pressão sobre Washington para apoiar o Canadá, mas ao mesmo tempo os EUA valorizam, em grande medida, a sua relação com a Índia." (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

O presidente em exercício, Geraldo Alckmin, participou, nesta segunda-feira (18), da cerimônia de apresentação do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) ao corpo diplomático, no Palácio do Itamaraty, em Brasília. Ao destacar as potencialidades de investimentos no Brasil, ele citou ainda o bom momento da economia do país e o compromisso do governo com a estabilidade política. 

“São inúmeras oportunidades de investimento, parceria, comércio exterior, nós somos o quinto maior país do mundo em extensão territorial, temos 5.570 municípios. Um município, Altamira [PA], é maior que Portugal”, disse, explicando sobre as necessidades estruturais do país. “E o mais importante: democracia. Democracia atrai investimento, segurança jurídica, regras estáveis para investimento”, afirmou.  

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Com a apresentação do programa ao corpo diplomático – representantes oficiais de outros países no Brasil – o governo busca alcançar as empresas e fundos de investimentos internacionais. De acordo com o ministro da Casa Civil, Rui Costa, o objetivo é estimular a formação de consórcios envolvendo empresas nacionais e estrangeiras. 

“Buscamos não só dar celeridade e agilidade, agregar novas tecnologias, mas também obter recursos mais baratos para viabilizar os projetos, principalmente aqueles que se sustentam à base de tarifas, para que o impacto, portanto, seja de tarifas mais acessíveis à população”, disse o ministro. 

Segundo Rui Costa, não haverá estímulo financeiro-econômico diferenciado para empresas estrangeiras. O que o governo quer é atrair investimentos internacionais para alavancar os projetos e, inclusive, as empresas brasileiras que passam por problemas financeiros, mas ainda têm capacidade operacional.

“Elas têm um acervo grande de certificações, de conhecimento acumulado, com uma boa engenharia, mas lhes falta balança e capacidade financeira para participar de grandes projetos. Então, a solução seria elas se consorciarem a empresas internacionais ou empresas nacionais, com isso, por meio de consórcio, performarem para garantir acesso a crédito”, explicou. 

“Em muitas nações há um rito institucional, que a manifestação pública do governo orienta o investimento. Então, se o governo diz que a empresa pode entrar com investimento direto, pode fazer parcerias, as empresas se sentem liberadas, autorizadas a fazer. Nós queremos, de forma pública e transparente, que todos se sintam estimulados a fazer essas parcerias”, disse. 

Com previsão total de R$ 1,7 trilhão em investimentos públicos e privados, o Novo PAC foi lançado no mês passado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. 

Os principais objetivos do programa são gerar emprego e renda, reduzir desigualdades sociais e regionais e acelerar o crescimento econômico. Segundo o governo, as ações do programa estão comprometidas com a transição ecológica, a neoindustrialização, o crescimento com inclusão social e a sustentabilidade ambiental.

A ministra interina das Relações Exteriores, Maria Laura da Rocha, destacou que o Itamaraty vai contribuir na implementação do Novo PAC, em missões ao exterior e contato com as representações diplomáticas sediadas no Brasil. Segundo ela, com o programa, o governo quer promover equidade social e eficiência produtiva. 

“A formação do capital humano e o estímulo à inovação integram-se, portanto, na política de investimentos do país, de forma a contribuir para o aumento da produtividade, da renda e do emprego. Ao lançar um programa vicioso de desenvolvimento no Brasil e convidar investidores e governos parceiros a dele participarem, não devemos pensar única e exclusivamente no Brasil. Nosso país, como todos sabemos, não pode se desenvolver sozinho, só crescerá de forma sustentável com a integração a seu entorno regional, o que significa integração da infraestrutura e integração energética”, disse Maria Laura. 

Do total de recursos para o Novo PAC, R$ 371 bilhões virão do Orçamento Geral da União. O setor privado entra com R$ 612 bilhões. As empresas estatais vão aportar R$ 343 bilhões, especialmente a Petrobras, e mais R$ 362 bilhões virão de financiamentos. A previsão é que R$ 1,4 trilhão sejam aplicados até 2026 e o restante após essa data. 

A Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) fará esta semana um novo esforço para sabatinar embaixadores indicados pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, para ocupar representações do Brasil em outros países e em organizações internacionais. A reunião está marcada para quinta-feira (18), às 10 horas. 

Na última quinta-feira, foram nove sabatinados na comissão. Desta vez, serão seis sabatinas e logo depois as votações dos pareceres sobre as indicações, que, depois, ainda precisam ser votadas em Plenário. 

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Veja a lista das mensagens de indicação com os nomes dos sabatinados, na ordem da pauta: 

MSF 11/2023 - Antonio de Aguiar Patriota, para o cargo de embaixador do Brasil no Reino Unido 

MSF 22/2023 - Benoni Belli, para o cargo de representante permanente do Brasil junto à Organização dos Estados Americanos (OEA) MSF 20/2023 - Clemente de Lima Baena Soares, para o cargo de embaixador do Brasil no Peru 

MSF 15/2023 - Paulo Roberto Caminha de Castilhos França, para o cargo de embaixador do Brasil na Grécia 

MSF 17/2023 - Frederico Salomão Duque Estrada Meyer, para o cargo de Embaixador do Brasil em Israel 

MSF 19/2023 - Guilherme de Aguiar Patriota, para exercer o cargo de delegado permanente do Brasil junto à Organização Mundial do Comércio e a outras organizações econômicas, em Genebra, na Suíça

*Da Agência Senado

Foram publicadas no Diário Oficial da União da terça-feira (21) as indicações do Poder Executivo para chefiar as embaixadas do Brasil em seis países, além de um representante junto às Nações Unidas. Eles serão sabatinados pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), em datas que ainda serão definidas.   

pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, os nomes precisam ser aprovados pela CRE e, posteriormente, pelo Plenário. As matérias aguardam leitura em Plenário para serem despachadas para a comissão e terem seus relatores designados.

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Os diplomatas indicados são: Maria Luiza Ribeiro Viotti, para os Estados Unidos; Julio Glinternick Bitelli para a Argentina; Ricardo Neiva Tavares para a França e, cumulativamente, o Principado de Mônaco; Antonio de Aguiar Patriota para Grã-Bretanha e Irlanda do Norte; Paulino Franco de Carvalho Neto para o Egito e, cumulativamente, a Eritreia; Everton Vieira Vargas junto à Santa Sé e, cumulativamente, junto à Ordem Soberana e Militar de Malta, e Sérgio França Danese para representante permanente do Brasil junto às Nações Unidas.

O embaixador é o último degrau na carreira de um diplomata. É designado para exercer a função de chefe de missão diplomática permanente ou de delegação permanente junto a organização internacional.

*Da Agência Senado

O Ministério das Relações Exteriores deve anunciar, nesta segunda-feira (23), novos embaixadores e secretários, segundo apurou o Estadão/Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado. A expectativa é que sejam divulgados os escolhidos para os principais postos de representação brasileira no exterior.

Pelos nomes cotados no momento, três das dez secretarias do Itamaraty seriam chefiadas por mulheres. O número é visto como baixo por diplomatas em um cenário em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, prometeram aumentar a diversidade de gênero nos postos de chefia da atual administração.

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Segundo fontes, a mais cotada para assumir a embaixada do Brasil em Washington é Maria Luiza Viotti, que foi representante do Brasil nas Organização das Nações Unidas (ONU). Antônio Patriota, que foi chanceler no governo de Dilma Rousseff, deve ser anunciado embaixador em Londres. Em Paris, o cargo deverá ficar com Ricardo Neiva Tavares, que foi embaixador em Roma.

O nome mais forte para assumir a secretaria de América Latina e Caribe da Pasta é Gisela Padovan. Já a secretaria de Europa e América do Norte deve ficar com Maria Luisa Escorel. A secretaria de Clima, Energia e Meio Ambiente deverá ser chefiada por André Corrêa do Lago e a secretaria de Gestão Administrativa por Fátima Ishitani.

Nas embaixadas, a visão é de que as mulheres poderiam ocupar pelo menos 40% dos postos, algo que, pelo que está em discussão agora, não ocorrerá. De acordo com estudo da Associação de Diplomatas Brasileiro (ADB) as mulheres representavam 23% do total de diplomatas do Itamaraty em 2022, mas havia uma sub-representação nos cargos de chefia (abaixo de 20%). Dos 25 maiores postos da carreira, nenhum era chefiado por uma mulher.

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Edson Fachin, deu o prazo de cinco dias para o presidente Jair Bolsonaro (PL) se manifestar sobre as novas acusações de fraude nas urnas eletrônicas que fizeram parte do seu discurso a embaixadores estrangeiros e diplomatas na segunda-feira (18). 

O chefe do Executivo também voltou a criticar ministros do TSE e do Supremo Tribunal Federal (STF), durante o encontro diplomático no Palácio da Alvorada. O teor das novas declarações provocou, ainda, o protocolo de ações em desfavor, registradas pelos partidos Rede e PCdoB (de forma conjunta), PT e PDT. 

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As legendas pediram a remoção do conteúdo do canal da TV Brasil do Youtube, mas esta plataforma não consta como parte nas ações. Sobre os pedidos, Fachin disse ser preciso ouvir as partes envolvidas nos processos para analisar os pedidos. 

“Antes, porém, de poder analisar o pedido formulado em caráter de urgência, faz-se necessária a aferição da regularidade do meio processual adotado. Isso porque embora a demanda tenha sido identificada como Representação, da leitura da petição inicial extrai-se da causa de pedir que os fatos retratados indicam que a aludida prática de desinformação volta-se contra a lisura e confiabilidade do processo eleitoral, marcadamente, das urnas eletrônicas”, declarou. 

Segundo o PDT, a apresentação é “nítida” propaganda negativa “em desfavor da integridade do sistema eleitoral, através de fake news”. Além da remoção do conteúdo, o PT sugeriu também que Bolsonaro seja multado em R$ 25 mil por propaganda irregular. 

No despacho, Fachin afirmou que o enquadramento do caso no TSE é de supostos atos de abuso de poder político ou de uso indevido dos meios de comunicação. O ministro ressaltou a posição da Corte de que ações contra esses tipos de práticas só podem ser ajuizadas depois do registro de candidatura. 

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) convidou diplomatas de 68 países e dois organismos internacionais para conhecer de perto o processo eletrônico de votação. O órgão realizou uma votação fictícia na qual os representantes utilizaram as urnas eletrônicas e acompanharam o processamento dos votos. 

Um grupo de 57 diplomatas participou da “Sessão Informativa para Embaixadas: o sistema eleitoral brasileiro e as Eleições 2022”, nessa terça-feira (31), e tiveram a oportunidade de esclarecer dúvidas e questionamentos sobre as etapas da votação no Brasil. 

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Os “eleitores” escolheram o time que consideravam ser o melhor do Brasil e votaram em duas urnas eletrônicas. O clube eleito foi o Flamengo, com 21 votos, equivalente a 36,64% do eleitorado. Pelo índice da votação, a disputa seria decidida no segundo turno. 

O TSE avaliou a experiência como positiva e explicou que “os visitantes acompanharam com curiosidade a impressão do Boletim de Urna e as explicações sobre o caminho do voto a partir da seção eleitoral até a totalização na Corte Eleitoral, em Brasília”. 

O Partido dos Trabalhadores (PT) entrou com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para proibir o governo federal de hostilizar autoridades diplomáticas venezuelanas. O processo foi distribuído para relatoria da ministra Cármen Lúcia.

A iniciativa é uma reação às investidas da gestão bolsonarista contra o corpo diplomático da Venezuela no Brasil. O alinhamento do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) com o autoproclamado presidente interino do país, Juan Guaidó, principal opositor da ditadura chavista, estremeceu as relações contra as autoridades consulares representantes do presidente constitucional Nicolás Maduro.

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"Não cabe ao governo brasileiro tomar lado de rebeldes, no caso o Sr. Guaidó e seus apoiadores, contra um governo estrangeiro estabelecido. Fazê-lo implica claramente intervenção em política doméstica, ainda que o governo possa não ser do agrado ideológico do mandatário da vez", diz um trecho da ação.

Em maio do ano passado, o Supremo derrubou um ato do governo que determinava a expulsão corpo diplomático venezuelano do País. Depois disso, o Ministério das Relações Exteriores, ainda sob comando do ex-chanceler Ernesto Araújo, proclamou como 'persona non grata' 29 venezuelanos, entre diplomatas e funcionários consulares - a declaração funciona na prática como um indicativo de que os oficiais estrangeiros não são mais bem-vindos no Brasil. A pressão para que as autoridades deixem o País aumentou em março deste ano, durante a pandemia, quando a Polícia Federal pediu que os representantes diplomáticos, consulares e administrativos do 'regime ilegítimo da Venezuela', regularizem sua situação migratória ou saiam voluntariamente do Brasil.

"É factível a possibilidade de que o atual governo dê continuidade ao ato inconstitucional de investir contra o corpo diplomático da Venezuela no Brasil, por meio do Ministério das Relações Exteriores ou quaisquer outros aparatos estatais servíveis a esse fim, motivo pelo qual se faz jus à concessão de tutela de urgência nesta Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental", pede o PT.

Na avaliação do partido, o tratamento dispensando pelo governo Bolsonaro à Venezuela fere os princípios da não ingerência em assuntos domésticos de outros países e da igualdade entre os Estados. O PT argumenta que, embora tenha margem de discricionariedade para decidir sobre a política externa, o presidente não pode violar preceitos fundamentais das relações internacionais.

"O atual governo brasileiro se norteia por motivações ideológicas nos assuntos externos do País, o que invariavelmente reflete nas relações do País perante o cenário exterior", argumenta o partido.

O ministério das Relações Exteriores da Itália anunciou nesta quarta-feira (31) a "expulsão imediata" de dois funcionários da Embaixada da Rússia envolvidos em um escândalo de espionagem. De acordo com especialistas italianos, é o caso mais grave de espionagem envolvendo os dois países desde o fim da Guerra Fria.

"Convocamos o embaixador russo na Itália e comunicamos o firme protesto do governo italiano. Notificamos a expulsão imediata de dois funcionários russos envolvidos neste grave caso", escreveu o chanceler italiano, Luigi di Maio. "A entrega de documentos secretos é um ato hostil de extrema gravidade."

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O incidente diplomático teve início na terça-feira, quando um oficial da Marinha italiana foi detido em flagrante por espionagem ao entregar documentos confidenciais a um militar russo. Segundo autoridades italianas, os dois se encontraram em uma "reunião clandestina" em Roma.

A operação ocorreu sob a supervisão do serviço de inteligência e do Estado-Maior de Defesa, onde trabalhava o espião italiano, identificado como Walter Biot, um capitão de fragata. O cidadão russo era um funcionário do escritório do adido militar da embaixada em Roma. Ele não foi oficialmente detido em razão de suas credenciais de diplomata.

"Esperamos que o caráter positivo e construtivo de nossas relações permaneça e seja preservado", afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, a respeito do caso. Peskov disse ainda que a presidência russa "não dispõe de nenhuma informação sobre as causas e circunstâncias" da expulsão.

Biot foi preso e pode pegar até 10 anos de cadeia. Segundo autoridades, depoimentos revelaram que ele agiu por razões econômicas. O capitão teria entregado os documentos secretos em troca de um pagamento, porque estava passando por graves problemas familiares. O dinheiro teria sido encontrado dentro de várias caixas.

As funções do capitão de fragata italiano, dentro do Estado-Maior de Defesa, lhe permitiam ter acesso a várias informações estratégicas sobre as atividades da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

O escândalo ocorre em um momento delicado para as relações entre Rússia e União Europeia, tensas em razão da detenção do opositor Alexei Navalni e por outros casos recentes de espionagem. Moscou acusa a União Europeia de adotar uma "posição de conflito", enquanto os europeus culpam a Rússia por violação dos direitos humanos, assim como por frequentes "ataques cibernéticos" contra os países do bloco. (Com agências internacionais).

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Nesta quinta-feira (22), o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), declarou durante a cerimônia de formatura do Instituto Rio Branco, no Palácio do Itamaraty, que não há “nada queimando” na Amazônia. Ele também convocou diplomatas estrangeiros a realizar um sobrevoo da floresta tropical em uma viagem na qual verão que não há “sequer um hectare de selva devastada".

“Estamos ultimando uma viagem Manaus-Boa Vista, onde convidaremos diplomatas de outros países para mostrar naquela curta viagem de uma hora e meia, que não verão em nossa floresta amazônica nada queimando ou sequer um hectare de selva devastada", disse Bolsonaro. A intenção de fazer um voo com diplomatas sobre a Amazônia já havia sido mencionada anteriormente, em setembro, pelo vice-presidente Hamilton Mourão, que está à frente do Conselho Nacional da Amazônia Legal.

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A afirmação foi feita no mesmo dia em que veio à tona a informação de que as brigadas de incêndio florestal do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) foram desmobilizadas por falta de recursos. Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostram que o número de focos de incêndio na Amazônia de janeiro a setembro de 2020, que teve 76.030 focos de incêndio, foi o maior desde o ano de 2010, com 102.409 pontos de fogo.

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O governo Jair Bolsonaro declarou como "persona non grata" diplomatas venezuelanos que representam o governo Nicolás Maduro no Brasil. O Itamaraty afirmou que comunicou nesta sexta-feira, 4, ao corpo diplomático, consular e administrativo da Venezuela que eles deixaram de ser bem-vindos no País. Na prática, os funcionários de Maduro podem permanecer no Brasil, mas perdem o status diplomático ou consular, além de imunidades e privilégios garantidos internacionalmente.

Em nota, o Ministério das Relações Exteriores informou que o status de "persona non grata" não equivale à expulsão ou qualquer outra medida de retirada compulsória dos venezuelanos do território nacional". O Itamaraty argumenta que tem como prerrogativa usar da declaração "para indicar que um representante oficial estrangeiro não é mais bem-vindo como tal em seu território". A pasta diz que, com isso, a Venezuela tem a prerrogativa de retirá-los do Brasil.

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A decisão do governo ocorre depois de o governo Maduro cobrar publicamente uma resposta a pedidos de trégua e cooperação em ações humanitárias e de saúde por causa da pandemia do novo coronavírus. Recentemente, o cônsul venezuelano em Boa Vista (RR) foi infectado e morreu em complicações decorrentes da covid-19, depois de transferido ao país vizinho.

A declaração é mais um sinal de hostilidade de Bolsonaro ao regime chavista. O governo considera Maduro "ilegítimo" e reconhece o presidente da Assembleia Nacional, o opositor Juan Guaidó, como presidente encarregado da Venezuela.

O Brasil já havia decidido fechar a embaixada em Caracas, além das repartições consulares na Venezuela. Brasileiros passaram a ser orientados a procurar apoio na Colômbia. Os diplomatas e funcionários brasileiros foram removidos de volta - e os contratados localmente, dispensados.

Há meses a embaixadora enviada por Guaidó a Brasília, Maria Teresa Belandria, cobrava do governo Bolsonaro uma ação mais incisiva contra os diplomatas enviados por Maduro. Parte deles estava com credenciais vencidas, mas o grupo controla a sede da embaixada na capital federal e consulados. Belandria despacha de um quarto de hotel. Ela se reuniu nesta sexta com embaixadores dos países do Grupo de Lima, criado em oposição ao regime bolivariano.

O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, ratificou neste sábado, 16, liminar que suspendeu a retirada compulsória do corpo diplomático venezuelano do País determinada pelo presidente Jair Bolsonaro e pelo ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo. A decisão assegura que os funcionários da Embaixada da Venezuela em Brasília e de consulados venezuelanos em Belém (PA), Boa Vista (RR), Manaus (AM), Rio de Janeiro (RJ) e São Paulo (SP) fiquem no Brasil enquanto durar o estado de calamidade pública e emergência sanitária reconhecido pelo Congresso Nacional.

O ministro do Supremo entendeu que a situação de emergência sanitária reconhecida pela Organização Mundial de Saúde e pelo Congresso Nacional em razão da pandemia do novo coronavírus 'coloca em risco a integridade física e psíquica dos pacientes, tornando irrazoável a ordem de saída imediata (ou em 48 horas) do território nacional'.

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No último dia 2 Barroso suspendeu o ato de Bolsonaro por dez dias e requisitou ao presidente e ao ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo que prestassem informações sobre a expulsão. O governo havia estipulado que a saída dos diplomatas do governo Nicolás Maduro se desse até o sábado, 2, data em que Barroso proferiu sua decisão. A Venezuela se recusava a cumprir o ato do Planalto alegando 'pressões desnecessárias' do Planalto.

No início de 2019, Bolsonaro reconheceu a 'presidência autoproclamada' de Juan Guaidó, presidente da Assembleia Nacional, de maioria opositora, que teve suas prerrogativas anuladas pela Justiça controlada por Maduro.

Ao suspender atender pedido do deputado Paulo Pimenta (PT-RS) e suspender o ato de Bolsonaro por dez dias, Barroso considerou que a decisão era urgente em razão da pandemia da covid-19. Para ele, a ordem de saída imediata "viola razões humanitárias mínimas" porque os integrantes do corpo diplomático "não representam qualquer perigo iminente".

O presidente Bolsonaro criticou a decisão de Barroso em suas redes sociais, afirmando que o ministro, ao atender o pedido do deputado Paulo Pimenta, acatou os argumentos de um defensor do regime de Nicolás Maduro, sucessor de Hugo Chávez no comando da Venezuela. "O deputado em questão, como se observa em vários vídeos, é um ferrenho defensor do regime Chaves/Maduro", afirmou Bolsonaro.

Em parecer ao Supremo a Advocacia-Geral da União afirmou que a expulsão faz parte de um acordo feito com o governo Maduro, no qual, em um prazo de 60 dias, o Brasil retiraria seus representantes de Caracas e o mesmo deveria ser feito com os funcionários da Venezuela da embaixada em Brasília. Os venezuelanos, no entanto, não partiram no prazo estipulado, segundo a AGU.

Após avaliar as informações prestadas pelo governo, Barroso destacou que em razão da pandemia do novo coronavírus foram impostas severas restrições ao deslocamento de pessoas, com a recomendação de que esses deslocamentos sejam, tanto quanto possível, evitados.

"Nesse cenário atual, o prazo de 48 horas fixado pela decisão impugnada é flagrantemente irrazoável e, portanto, contrário ao compromisso assumido pela República Federativa do Brasil ao ratificar a Convenção de Viena de Relações Diplomáticas e a Convenção de Viena sobre Agentes Consulares", afirmou.

O ministro anotou que a decisão do Estado brasileiro é válida e produzirá os seus efeitos tão logo cessem as razões de saúde pública que motivaram a suspensão temporária de sua eficácia.

No entanto, antes disso destacou que o Brasil assumiu uma série de compromissos que impede a retirada de estrangeiros do país quando esta medida importar em risco à vida e à integridade pessoal de tais indivíduos.

"Critérios puramente formais na interpretação da separação de Poderes, com indiferença às consequências que produzirão na realidade, já prevaleceram na jurisprudência em outros tempos. E, não por acaso, permitiram decisões como a que levou à entrega de Olga Benario à Alemanha nazista. A hipótese aqui se afigura menos dramática, mas a ideia subjacente é a mesma: onde há risco grave para os direitos fundamentais de quem quer que seja, aplica-se o princípio da precaução. Não há urgência ou emergência na retirada dos pacientes, sendo possível e razoável aguardar até o Congresso revogar o estado de calamidade pública e emergência sanitária que vivemos", escreveu Barroso na decisão.

O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, suspendeu o envio de notícias da imprensa brasileira aos diplomatas no exterior. Apenas as informações de veículos internacionais, que trabalham no Brasil, serão fornecidas.

O trabalho feito pela assessoria do Itamaraty auxiliava os diplomatas brasileiros com informações sobre o cotidiano do país. Segundo a apuração da Reuters, a decisão foi tomada pela insatisfação de Araújo com a cobertura da política externa do país, que é liderada pelo próprio ministro.

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A proibição veio após um artigo assinado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e os ex-chanceleres Aloysio Nunes Ferreira, Celso Amorim, Celso Lafer, Francisco Rezek e José Serra, o ex-ministro da Fazenda Rubens Ricupero e o ex-secretário especial de Assuntos Estratégicos da Presidência, Hussein Kalou.

O grupo se mostrou preocupação com o “desmoronamento da credibilidade externa, perdas de mercados e fuga de investimentos" e a “sistemática violação pela atual política externa dos princípios orientadores das relações internacionais do Brasil”. A aparente subserviência aos Estados Unidos também foi criticada.

No ano passado, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) suspendeu a assinatura da Folha de S. Paulo - jornal com maior circulação no país. Depois, o gabinete do ministro ordenou a assinatura de sites que apoiam o mandatário.

Barroso concedeu liminar pedida pelo deputado Paulo Pimenta (PT-RS). (Fernando Frazão/Agência Brasil)

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O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu a expulsão de 34 diplomatas venezuelanos do Brasil. Os representantes do regime de Nicolás Maduro teriam de deixar o país hoje (2), sob pena de serem declarados personas non gratas pelo governo brasileiro. Barroso concedeu liminar pedida pelo deputado Paulo Pimenta (PT-RS) para suspender a ordem por dez dias, até que o presidente Jair Bolsonaro e o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, prestem esclarecimentos sobre os motivos da expulsão.

Na decisão, Barroso considerou que pode ter ocorrido violação à Constituição brasileira, a tratados internacionais de direitos humanos e à Convenção de Viena, que rege as relações diplomáticas e consulares entre os países. O ministro também citou que os diplomatas, caso sejam expulsos, estarão expostos à Covid-19 caso fiquem em locais fechados por longo tempo durante a viagem de volta à Venezuela.

O governo brasileiro não reconhece o regime de Nicolás Maduro e considera o líder oposicionista Juán Guaidó como presidente da Venezuela, assim como considera a advogada María Teresa Belandria como embaixadora do país vizinho. A advogada foi enviada por Guaidó como representante dos interesses dele no Brasil. Barroso atendeu a recomendações do procurador-geral da República, Augusto Aras, que ontem (1º) encaminhou ofício ao Itamaraty recomendando suspender a expulsão dos diplomatas.

No documento, Aras destacou que a logística para a viagem dos diplomatas do regime de Maduro deve levar em conta a epidemia de Covid-19, a perspectiva humanitária e aos trâmites legais nacionais e externos.

Frente ao presidente americano, Donald Trump, e seus tuítes frenéticos, Pequim não poderia ficar para trás: seus diplomatas usam o Twitter - ainda que, na China, a rede social seja bloqueada - para defender a gigante nação asiática.

Dezenas de embaixadores, cônsules e altos funcionários usam com frequência a rede social americana, rompendo com estereotipado discurso do poder comunista.

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Até mesmo o ministério das Relações Exteriores chinês começou a usá-lo. Em dezembro, a instituição abriu uma conta no Twitter, com mensagens que não economizam nos sinais de exclamação.

"Alguns estão dispostos a engolir mentiras mais do que aceitar as informações verídicas. Absurdo e preocupante!", tuitou o ministério sobre o suposto ex-espião chinês que solicitou asilo na Austrália no final de 2019.

"A China enriqueceu graças ao dinheiro do Estados Unidos? LOL (expressão 'Laughing Out Loud', em português 'Rindo alto')", publicou o órgão, ironizando as declarações americanas de que Washington teve papel decisivo no desenvolvimento econômico chinês.

A embaixadora chinesa no Nepal tuíta sua foto em frente a um dos templos, a sua colega sul-africana publica poesia ocidental, enquanto o britânico defende com veemência a gigante tecnológica Huawei frente às sanções impostas pelos EUA.

O crescente interesse pela rede social coincide com as pressões dos países ocidentais a Pequim, após a prisão de muçulmanos em Xinjiang e as manifestações em Hong Kong.

Sem mencionar a guerra comercial entre China e Estados Unidos, cuja escalada de tensão acontece desde 2018.

- "Mais eficaz" -

Há uma dificuldade dos dirigentes e da imprensa chinesa em difundir suas mensagens no exterior, principalmente por causa da barreira do idioma e do formalismo, explica Yuan Zeng, especialista em meios de comunicação da Universidade de Leeds, na Inglaterra.

Porém, hoje em dia há "uma demanda insistente para se fazer ouvir, de forma mais eficaz, ao que a China tem a dizer" principalmente no Twitter, ressalta à AFP a pesquisadora.

Pequim percebe "como o presidente americano é popular nas redes sociais e como a mídia ocidental cita suas publicações a todo momento", destaca Tang Wenfang, professor da Universidade de Ciências e Tecnologia de Hong Kong.

"Nesse sentido, é o efeito Trump", disse.

Na China, as autoridades bloqueiam o acesso às redes sociais estrangeiras, como o Facebook, Twitter, Instagram e YouTube, uma medida convencionada como "a Grande Muralha tecnológica".

Para evitar qualquer problema, até recentemente os diplomatas chineses não utilizavam muito as redes sociais, e deixavam a cargo da mídia estatal defender a posição do governo.

Mas a importância política e econômica de Pequim fez com que eles se lançassem na internet. Agora se expressam de maneira mais dura, ressalta Ardi Bouwers, especialista em meios de comunicação na empresa holandesa China Circle.

Em comunicado, o ministério das Relações Exteriores afirmou à AFP que tinha aberto as contas no Twitter com objetivo de "se comunicar mais com os outros países e explicar melhor a situação da China e da sua política".

- Crianças e vacas -

No entanto, é justo que Pequim utilize essa rede social, proibida no país e inacessível para a grande maioria dos cidadãos chineses?

"Temos o maior número de internautas do mundo. Ao mesmo tempo, gerenciamos a internet de acordo com as leis e regulações em vigor" na China, ressaltou um porta-voz da chancelaria, Geng Shuang, durante uma coletiva de imprensa nesta segunda-feira (15).

A resposta dos usuários estrangeiros do Twitter em relação a esses perfis é muito satisfatória.

Por exemplo, a embaixadora da China no Nepal, Hou Yanqi, tem mais de 16 mil seguidores, em grande parte por causa das postagens em foto nas quais aparecem crianças e vacas. Essas imagens, que recebem milhares de curtidas, tiveram uma ótima repercussão com os internautas nepaleses.

Os comentários em relação às mensagens do ministério de Relações Exteriores são, por sua vez, menos agradáveis. Muitos deles são críticos e apresentam uma série de matérias que denunciam as políticas repressivas chinesas, ou até mesmo imagens em GIF em deboche a Pequim.

Resta ver "até que ponto as autoridades chinesas fãs da tecnologia serão convincentes em melhorar a imagem do seu país diante do público estrangeiro", argumenta Alessandra Cappelletti, professora de Relações Internacionais na Universidade de Xi'an Jiaotong-Liverpool, situada em Suzhou, na China.

A presidente interina da Bolívia, Jeanine Áñez, anunciou nesta segunda-feira (30), que o país expulsará a embaixadora do México, a chefe de negócios e o cônsul da Espanha, em mais uma capítulo do incidente diplomático surgido após uma suposta tentativa de resgatar um ministro do ex-presidente Evo Morales, que está refugiado na embaixada mexicana em La Paz.

"O governo constitucional que presido decidiu declarar 'personas non gratas' a embaixadora do México na Bolívia, María Teresa Mercado, a encarregada de Negócios da Espanha na Bolívia, Cristina Borreguero, e o cônsul Álvaro Fernández", disse Añez em comunicado à imprensa.

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A presidente acusou os diplomatas de "ferir gravemente a soberania e a dignidade do povo e do governo constitucional da Bolívia" e ordenou que "deixassem o país dentro de 72 horas".

Pouco tempo depois, o governo espanhol declarou como "persona non grata" três diplomatas bolivianos e deu-lhes 72 horas para deixar a Espanha, em retaliação à decisão da Bolívia. "Em reciprocidade com o gesto hostil do governo interino da Bolívia (...), a Espanha decidiu, por sua vez, declarar que três membros da equipe diplomática e consular boliviana credenciada em nosso país têm um período de 72 horas para que deixem a Espanha" , disse um comunicado oficial.

Por seu lado, o Ministério das Relações Exteriores do México afirmou que a decisão tem "caráter político" e informou que instruiu o María Teresa a retornar ao seu país.

As três autoridades diplomáticas são apontadas pelo Ministério das Relações Exteriores boliviano como responsáveis pelo incidente registrado na sexta-feira passada na embaixada mexicana em La Paz, onde nove a dez funcionários do ex-presidente Evo Morales estão isolados, após sua renúncia em 10 de novembro.

Segundo o governo boliviano, a chefe de negócios e o cônsul chegaram à embaixada mexicana, juntamente com agentes de segurança "encapuzados e supostamente armados", com o objetivo de resgatar o ex-ministro Juan Ramón Quintana, o braço direito de Morales desde que chegou ao poder, em 2006.

A Bolívia já havia enviado uma nota de "forte protesto" à Espanha no sábado, enquanto Madrid negou "sem rodeios" que a visita fosse para "facilitar a fuga" dos ex-funcionários de Morales e que se tratava de uma "visita de cortesia".

La Paz tem reiterado que há pedidos de prisão ou de investigação contra os refugiados na embaixada mexicana e que, por isso, tem se recusado a deixar que essas pessoas saiam da Bolívia.

Áñez disse que houve "comportamento hostil" por diplomatas espanhóis, "tentando entrar clandestinamente na residência do México na Bolívia".

As relações da Bolívia com o México deterioraram-se desde que o governo de Andrés Manuel López Obrador decidiu conceder asilo a Morales e seus parentes.

O governo dos Estados Unidos exigiu nesta quinta-feira (19) que dois diplomatas cubanos credenciados na ONU deixem o país "imediatamente", após acusá-los de participação em "atividades prejudiciais aos interesses nacionais" e de abusar dos privilégios de sua residência.

"O Departamento de Estado notificou o Ministério das Relações Exteriores de Cuba que os Estados Unidos exigem a partida iminente de dois membros da Missão Permanente de Cuba na ONU por abusar dos privilégios de sua residência", destaca um comunicado da diplomacia americana.

A porta-voz do departamento de Estado Morgan Ortagus escreveu num tuíte, que depois foi apagado, que os diplomatas participaram em "atividades prejudiciais aos interesses nacionais dos Estados Unidos".

O Departamento de Estado também pediu que o restante dos diplomatas da missão cubana permaneçam na ilha de Manhattan, em Nova York, onde está localizada a sede da ONU.

A missão permanente de Cuba na ONU conta com 16 funcionários.

"Vamos continuar investigando qualquer outro funcionário que esteja manipulando os privilégios de sua residência", acrescentou o Departamento de Estado no comunicado.

- "Expulsão injustificada" -

Cuba criticou a medida adotada por Washington em relação a seus representantes creditados na ONU.

"Rejeito categoricamente a injustificada expulsão de 2 funcionários da Missão Permanente de Cuba na ONU e o endurecimento das restrições de movimento para os diplomatas e famílias", escreveu no Twitter o ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez.

"É uma calúnia vulgar a acusação de que eles executaram atos incompatíveis com o status diplomático", acrescentou Rodriguez, referindo-se aos argumentos apresentados por Washington para expulsar diplomatas cubanos, cujos nomes não foram divulgados.

Os Estados Unidos e Cuba tiveram uma histórica aproximação entre 2014 e 2016, quando foram restabelecidas as relações diplomáticas - rompidas após a revolução em 1959 - durante o governo do presidente americano Barack Obama.

Mas com a chegada de Donald Trump à Casa Branca em 2017, os laços voltaram a ser desfeitos.

No centro da deterioração das relações está o apoio cubano ao governo de Nicolás Maduro, na Venezuela, que os Estados Unidos buscam derrubar com uma bateria de sanções que afetaram a economia da ilha.

Entre as sanções americanas impostas este ano contra Cuba estão a proibição de viagens de navios de cruzeiro, a limitação de remessas familiares e a ativação do título III da Lei Helm-Burton, que permite a abertura de processos nos tribunais americanos contra empresas estrangeiras que administrem bens que foram nacionalizados pela revolução cubana.

- Vistos para diplomatas -

Como a sede da ONU está em Nova York, os Estados Unidos tem a obrigação de conceder vistos para os Estados membros para permitir que seus delegados participem das reuniões ou que representem seus países de forma permanente.

Mas, em algumas ocasiões, as autoridades americanas usam uma margem de manobra para restringir o movimento de funcionários de países que sejam adversários de Washington, como Coreia do Norte, Venezuela e Irã.

Em julho, os Estados Unidos deram ao chefe da diplomacia iraniana, Mohamad Javad Zarif, um visto de entrada para participar de uma reunião da ONU que limitava sua circulação a um perímetro em torno da sede da organização internacional, localizada na região leste de Manhattan.

"Levamos muito a sério todas as tentativas contra a segurança nacional dos Estados Unidos", disse Ortagus.

Este anúncio ocorre em um momento em que a ONU se prepara para realizar sua 74ª Assembleia Geral em Nova York.

O deputado federal Marcelo Calero (Cidadania-RJ) apresentou dois projetos [um de lei e outro de emenda à Constituição] para restringir a designação para chefe de missão diplomática permanente a integrantes do quadro de carreira do Ministério das Relações Exteriores. Ou seja, impede que sejam indicados como embaixadores pessoas que não são diplomatas.  

“Isso vai ao encontro dos anseios da sociedade brasileira que quer que sejam prestigiadas as meritocracias na escolha dos ocupantes das funções públicas”, argumentou ao defender as propostas. Para passar a valer, o texto precisa ser aprovado na Câmara e no Senado.

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As propostas surgem um dia depois que o presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), disse que poderia indicar o filho e deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) para embaixador nos Estados Unidos (EUA). 

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Calero, que é diplomata de carreira, classificou a intenção de Bolsonaro como uma “ação de desprestígio”. “Vejo com muita preocupação essa possibilidade. É uma ação de desprestígio a essa carreira que está nas maiores tradições da nossa República”, considerou o parlamentar. 

“Devemos lembrar primeiro que coube ao Itamaraty a delimitação das nossas fronteiras e a aquisição de um prestígio internacional que poucos países tem. Em segundo lugar, essa nomeação surge sob a sombra do nepotismo, a gente tem que chamar no Brasil as coisas pelo que elas são”, acrescentou o deputado. 

Calero chamou, ainda, a atitude de Bolsonaro de “caprichosa” e disse que fará um apelo a Eduardo Bolsonaro para que ele não não aceite o convite.

Um vídeo do sistema interno de monitoramento do aeroporto internacional Viru Viru, na Bolívia, gravou dois diplomatas brasileiros trocando agressões no dia 17 de janeiro. As imagens foram reveladas pelo site Metrópoles e mostram José Augusto Silveira de Andrade Filho e Sóstenes Arruda de Macedo, que ocupavam cargos no Consulado Geral do Brasil em Santa Cruz de la Sierra, em meio a tapas e socos em local público.

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De acordo com o vídeo, Macedo, que já foi cônsul-adjunto naquele país, dá um tapa em Andrade Filho e derruba o aparelho celular que estava em sua mão. Em seguida, Andrade Filho, que foi cônsul-geral na Bolívia e superior hierárquico de Macedo, vai para cima de seu colega e dá um soco em seu rosto. Segundo o Metrópoles, os dois acionaram a Justiça boliviana. O entrevero foi encerrado com a chegada de um funcionário do aeroporto.

Ao Metrópoles, Macedo disse ter ido falar com o colega que, segundo ele, estava nervoso e pegou o celular para gravá-lo. "Bati na mão dele para o celular cair. Quando caiu, ele me deu um soco. Quando me recompus, meu ímpeto foi de imediatamente reagir, mas me lembrei que estava no exterior, em local público, diante de câmeras", descreveu Sóstenes.

O diplomata ainda disse que seus problemas com o ex-cônsul-geral na Bolívia, e recém aprovado pelo Senado para o cargo de embaixador na Namíbia, são da época e que os dois trabalharam juntos em Santa Cruz de la Sierra. Segundo ele, Andrade Filho o perseguiu por causa de desentendimentos para execução do orçamento disponível para alimentação de presos brasileiros no sistema prisional local.

A reportagem procurou o Itamaraty e questionou se a pasta teve conhecimento sobre o ocorrido e qual medidas foram tomadas. A reportagem ainda não obteve uma resposta.

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