Tópicos | gênero

 As questões de gênero, na atualidade amplamente debatidas, são pautas que passam por desconstruções, debates e avanços diários em todo o mundo, mas seguem atuais a cada dia e ainda carentes de novos espaços de expansão. De circunstâncias associadas a esses problemas, o Dia Internacional de Luta Contra a Violência à Mulher, celebrado tradicionalmente no 25 de novembro, foi criado, em memória, originalmente, de três vidas perdidas para a violência contra a mulher nesta data.  

"Se me matam, levantarei os braços do túmulo e serei mais forte". Foi com esta frase que a ativista Minerva Mirabal, da República Dominicana, respondeu ao ter sua morte anunciada pelo regime trijilista (Rafael Leónidas Trujillo, 1930-1961). Em 25 de novembro de 1960, seu corpo foi encontrado no fundo de um barranco, no interior de um jipe, junto com os corpos de suas irmãs, Patria e Maria Teresa, e do motorista Rufino de la Cruz. As ativistas dominicanas ficaram conhecidas como “As Mariposas” (Las Mariposas) e o caso obteve repercussão mundial. 

##RECOMENDA##

Vinte e um anos após os assassinatos, foi proposto no Primeiro Encontro Feminista Latino-Americano e Caribenho de 1981, realizado em Bogotá, Colômbia, o Dia de Luta Contra a Violência à Mulher. Em 17 de dezembro de 1999, a Assembleia Geral das Nações Unidas declarou 25 de novembro o Dia Internacional da Eliminação da Violência Contra à Mulher, em homenagem às Mariposas. 

No Brasil

 A data é celebrada anualmente, em convenção com os mais de 150 países que reconhecem a importância da luta para o fim da violência de gênero. Como acontece desde 2003, o país adotou a campanha dos “16 dias de ativismo” pelo fim da violência contra à mulher, iniciativa mundial que, geralmente, se inicia no dia 25, mas no Brasil começa desde o dia 20 de novembro, incorporando também o Dia da Consciência Negra, levando em conta as questões de raça associada às de gênero e vulnerabilidade social. Hoje (25), o Congresso Nacional realizou uma sessão solene para marcar a data. 

A sessão foi realizada por requerimento das senadoras Leila Barros (Cidadania-DF) e Simone Tebet (MDB-MS) e das deputadas Tereza Nelma (PSDB-AL) e Celina Leão (PP-DF). Durante a sessão, a senadora Simone Tebet (MDB-MS) ressaltou a importância da sessão solene para dar visibilidade ao problema. 

O que é violência contra a mulher? 

A violência contra a mulher é qualquer ação ou conduta, baseada no gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto no âmbito público como no privado. 

Violência física (visual): É aquela entendida como qualquer conduta que ofenda integridade ou saúde corporal da mulher. É praticada com uso de força física do agressor, que machuca a vítima de várias maneiras ou ainda com o uso de armas, exemplos: Bater, chutar, queimar. cortar e mutilar. 

Violência psicológica (não-visual, mas muito extensa): Qualquer conduta que cause dano emocional e diminuição da autoestima da mulher, nesse tipo de violência é muito comum a mulher ser proibida de trabalhar, estudar, sair de casa, ou viajar, falar com amigos ou parentes. 

Violência sexual (visual): A violência sexual está baseada fundamentalmente na desigualdade entre homens e mulheres. Logo, é caracterizada como qualquer conduta que constranja a mulher a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada; quando a mulher é obrigada a se prostituir, a fazer aborto, a usar anticoncepcionais contra a sua vontade ou quando a mesma sofre assédio sexual, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade. 

Violência patrimonial (visual-material): Qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de objetos pertencentes à mulher, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades. 

Violência moral (não-visual): Entende-se por violência moral qualquer conduta que importe em calúnia, quando o agressor ou agressora afirma falsamente que aquela praticou crime que ela não cometeu; difamação; quando o agressor atribui à mulher fatos que maculem a sua reputação, ou injúria, ofende a dignidade da mulher. (Exemplos: Dar opinião contra a reputação moral, críticas mentirosas e xingamentos). Obs: Esse tipo de violência pode ocorrer também pela internet.  

Brasil 

Em 2020, os canais Disque 100 e Ligue 180 registraram 105.671 denúncias de violência contra a mulher, o que representa um registro a cada cinco minutos. O dado foi divulgado pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos na primeira quinzena de março deste ano. 

Segundo a pasta, 72% dessas denúncias foram de violência doméstica e familiar. De acordo com a Lei Maria da Penha, esse tipo de violência é caracterizado pela ação ou omissão que causem morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico da mulher. Ainda estão na lista danos morais ou patrimoniais a mulheres. Os outros 22% foram registros de violação de direitos civis e políticos, como tráfico de pessoas, cárcere privado e condição análoga à escravidão. 

O ministério informou que a maioria das vítimas são mulheres declaradas como pardas, de 35 a 39 anos, com renda de até um salário mínimo. O perfil mais comum dos suspeitos relatados nas denúncias é de homens brancos de 35 a 39 anos. 

País mais letal para pessoas trans 

Novamente em 2020, o índice de mortalidade entre pessoas trans no Brasil liderou entre os números mundiais. Foram 175 travestis e mulheres transexuais assassinadas, de acordo com o dossiê da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra). A alta foi de 41% em relação ao ano anterior, quando foram registrados 124 homicídios. 

 

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo) anunciou, na manhã desta sexta-feira (17), que irá vertar um projeto de lei que pune a discriminação de pessoas por sua identidade de gênero ou expressão de gênero. A fala foi realizada durante um evento na cidade de Arinos, Norte de Minas, ocasião na qual o presidente Jair Bolsonaro também esteve presente.

Embora o PL tenha sido aprovado pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais (Almg), Zema, que é um dos últimos governadores a exprimir apoio ao presidente, alegou que não poderia permitir que o “setor produtivo” fosse penalizado. Na sequência, justificou o raciocínio sugerindo que os negócios seriam punidos caso não tivessem “um terceiro banheiro para alguém cujo sexo não está definido”.

##RECOMENDA##

O aceno às pautas ideológicas defendidas pelo bolsonarismo arrancou elogios do chefe do Executivo Nacional. Em seu discurso, Bolsonaro disse que o Brasil não pode “aceitar a política da esquerda” que pretende colocar “homos contra héteros”, “brancos contra afrodescendentes”, "nordestinos contra sulistas” e “homens contra mulheres”.

“Se nota no Brasil a predominância do verde e amarelo sobre o vermelho. O nosso governador Zema acabou de anunciar o veto a um projeto votado na sua Assembleia Legislativa. Afinal de contas, nós temos que nos unir cada vez mais sem deixar que nos separem”, destacou o presidente.

O que diz o PL?

O PL 2.316/2020, rejeitado por Zema, é de autoria do deputado estadual André Quintão (PT) e foi aprovado na Alemg no dia 2 de setembro. Em seu projeto, o petista busca acrescentar um tópico à lei estadual 14.170, sancionada em 2002, responsável por punir empresas cujas ações atentam contra os direitos de alguém em razão de sua orientação sexual.

No projeto, acatado em segundo turno por 34 votos a 6, a definição de gênero aparece como “a percepção individual e interna de cada pessoa em relação ao seu gênero, podendo ou não corresponder ao seu sexo biológico ou ao sexo que lhe foi atribuído no nascimento e não se limitando às categorias masculino e feminino”.

 

Estão abertas as inscrições para o programa de estágio da Mondelēz, companhia do ramo alimentício. Ao todo, a empresa disponibiliza cerca de 30 vagas para estudantes nas áreas de marketing, finanças, jurídico, pesquisa e desenvolvimento, supply chain e vendas. As incrições seguem até 2 de agosto e são realizadas on-line.

Do total de oportunidades ofertadas pela empresa, 80% serão exclusivas para diversidade, distribuídas em: gênero, LGBTQIA+, PCD e étnico-racial. Para participar do processo seletivo, feito de forma virtual, o candidato precisa ter previsão de formatura, em nível superior, incluindo EaD, a partir de dezembro de 2022.

##RECOMENDA##

Os selecionados receberão bolsa a partir de R $1.350, plano de saúde médico e odontológico, seguro de vida, vale alimentação e vale transporte. Os aprovados poderão atuar em Recife, São Paulo ou Curitiba.

O Dia Mundial do Rock, celebrado nesta terça-feira (13), visa homenagear esse gênero musical, também considerado por seus amantes como um estilo de vida. A data também comemora o evento 'Live Aid', que ocorreu em 1985, nos Estados Unidos, Londres, Inglaterra e Finlândia, ao qual visava conscientizar a população sobre algumas questões sociais, como a pobreza e fome.

Na ocasião, grandes nomes do rock participaram, entre eles, Queen, Led Zeppelin, Rolling Stones, Elton John, U2, Scorpions, Black Sabbath e Paul McCartney. Embora o rock tenha conseguido um nível de popularidade expressivo no Brasil, devido a bandas como Legião Urbana, Charlie Brown Jr e Raimundos, para o vocalista da banda Detonautas, Tico Santa Cruz, o estilo musical está dentro de uma perspectiva de nicho. “Acredito que para fazer com que o rock retome algum protagonismo, será necessário reoxigenar o cenário. De alguma maneira, o estilo precisa voltar a dialogar com a juventude”, afirma o músico.

##RECOMENDA##

Durante a pandemia do Covid-19, o Detonautas gravou um disco que aborda as questões sociais e políticas do Brasil. “Não é a primeira vez que tratamos desse assunto, desde os primeiros discos temos músicas que falam sobre esse tema. Criamos uma playlist no Spotify só com músicas de protestos, que mostram que nunca nos omitimos em relação a essas abordagens”, comenta Tico Santa Cruz.

Além do rock, o vocalista do Detonautas acredita que todos os estilos podem contribuir com a atual crise sanitária e política do Brasil. O músico acredita que obteve bons resultados quando tratou do assunto em suas composições. “Conversamos com a juventude, conquistamos o quarto lugar no Spotify e entramos no Tiktok, que é uma plataforma voltada para os adolescentes. Ao usar a linguagem adequada, é possível realizar uma comunicação do que acontece no mundo por meio da música”, destaca.

Tico Santa Cruz acompanha a cena do rock desde os anos 1980; entre seus ídolos ele destaca Raul Seixas (1945-1989), Cazuza (1958-1990) e Renato Russo (1960-1996). Já nos anos 1990, o músico ia em todos os shows dos artistas da época, como Raimundos, Charlie Brown Jr e O Rappa. “Acompanhava tudo dessa geração, até chegar nos anos 2000, momento em que o Detonautas começa a fazer sucesso, junto com o CPM 22 e a Pitty”, recorda o músico. “Se não fosse o rock, com certeza a minha vida não teria o mesmo sentido”, complementa.

Para o vocalista da banda Fresno, Lucas Silveira, o rock não pode se prender em um formato estético, pois dessa maneira, ele se transformaria em um “som de tiozão”. “Ele se tornaria conservador, careta, sem novidades ou coragem. O que procuramos no estilo é exatamente o oposto desses elementos”, explica.

O músico conta que, por muito tempo, o rock abrigou machismos e outros preconceitos, que fizeram com que artistas de outras orientações sexuais se sentissem intimidados em expressar seus sentimentos. “O rock nunca teve essas amarras, basta pegar exemplos como David Bowie (1947-2016) e Freddie Mercury (1946-1991). Mas eu percebo que o rock oscila entre o conservadorismo e o liberalismo. Acredito que o momento pede por uma quebra desses paradigmas, que vão contra o rock”, analisa Silveira.

Na contra mão desses conceitos, o vocalista da Fresno observa que bandas atuais não possuem as influências radiofônicas ou televisivas de algumas gerações passadas, o que as tornam muito mais livres e criativas. O rock sempre foi um estilo presente na vida de Silveira, entre eles, o artista destaca o punk rock e o hardcore. Mas, ele percebeu o que realmente queria, no momento em que conheceu bandas como No Effects, Dance of Days, Sugar Kane e Dead Fish. “Eu vi algo muito próximo, do tipo ‘faça você mesmo’. Também percebi uma contra-cultura, já que aquilo não estava na grande mídia. A partir daquele ponto, o meu sonho de ter algum sucesso musical se aproximou de mim, já que o hardcore é basicamente 'junte seus amigos e vá tocar'”, recorda.

Em tempos pandêmicos, o músico percebe as composições do rock e de outros estilos como uma companheira dos humanos, uma vez que as pessoas colocaram sentimentos nas letras e sonoridades. “É possível deixar alguém chapado, triste, raivoso ou excitado por meio da música”, define Silveira. O vocalista também destaca a importância do ao vivo, algo que se tornou impraticável durante a crise sanitária. “Eu acredito que isso está com os dias contados, mesmo com uma perspectiva pessimista de Brasil, eu acho que em breve nos veremos em shows. Eu tenho muitas saudades, pois é ali que nossa música faz mais sentido”, ressalta.

O vocalista da banda Ego Kill Talent, Jonathan Dörr, entende que os grupos de rock ainda existem, mas nada comparado com os anos 1980, 1990 e 2000. “No Brasil, o rock perdeu muito espaço na mídia, não existe espaço nem mesmo em premiações de música, que no nosso país, já são pouquíssimas. Me parece que não há interesse no gênero por parte da grande mídia. O rock sempre resistiu e a gente segue resistindo como marginais”, enfatiza.

Apesar de perder espaço para outros estilos, Corrêa acredita que o rock pode contribuir de maneira expressiva, durante o período de pandemia. “Para mim, ouvir rock em tempos difíceis como esse, é uma forma de expurgar os meus demônios e encontrar alento para minha alma”, afirma. “O rock salva vidas. Salvou a minha”, complementa.

Na última sexta-feira (9), o Ego Kill Talent lançou a primeira parte do projeto “EGO KILL TALENT ACOUSTIC”, que será dividida em 3 EPs.

Rock em formato de orquestra

Para homenagear o Dia Mundial do Rock, a Orquestra Sinfônica Juvenil Carioca unirá o gênero com o modelo orquestral. A ideia surgiu em 2019, quando o grupo tocou ao lado do cantor e guitarrista do Legião Urbana, Dado Villa-lobos. “O evento foi contagiante, agregador para os alunos e também para nós professores. Desde então passamos a homenagear este gênero tão reconhecido mundialmente”, declara o regente da orquestra, Vinícius Louzada.

De acordo com Louzada, o rock é um estilo musical presente no gosto popular e, todo movimento cultural tem o poder de contribuir de maneira positiva com a sociedade. “A união da orquestra com o rock nos dá ferramentas para potencializar a educação brasileira. Viva à arte, viva à música, viva o rock”, destaca.

O regente possui muitas expectativas para a apresentação, pois acredita que todos os integrantes farão a orquestra brilhar. “Esperamos que o concerto chegue ao maior número de pessoas, vamos inundar os corações de cada um com esperança, boas energias e muita música”, deseja. A apresentação poderá ser acompanhada no YouTube.

O governo espanhol de esquerda aprovou, nesta terça-feira (29), um projeto de lei que visa a permitir que transexuais mudem de gênero a partir dos 16 anos - e até a partir dos 14, sob algumas condições - por meio de uma simples declaração perante a administração pública.

Se for aprovado pelo Parlamento, este texto - que tem criado tensões entre os socialistas e a esquerda radical do Podemos, um aliado minoritário na coalizão governista - faria da Espanha um dos poucos países da Europa a permitir a autodeterminação de gênero.

Conforme explicou à imprensa a ministra da Igualdade e dirigente do Podemos, Irene Montero, o projeto permitirá "garantir a igualdade real e efetiva das pessoas trans", bem como "uma importante bateria de direitos para as pessoas LGTBI, que atualmente estão sendo violados".

De acordo com uma versão preliminar do projeto consultada pela AFP, "qualquer pessoa de nacionalidade espanhola maior de dezesseis anos pode requerer para si no Registro Civil a retificação do registro de sexo".

Esta lei permitirá, portanto, que a pessoa altere seu nome e seu gênero em sua documentação, se assim o quiser e requisitar.

Para isso, não serão mais exigidos relatórios médicos, ou tratamento hormonal. Bastará o pedido do requerente, um ponto muito sensível e que está na origem de muitas tensões dentro do governo de coalizão.

A número dois do Executivo, a socialista Carmen Calvo, havia dito em fevereiro que se preocupava com a ideia de que "o gênero passe a ser escolhido sem mais do que a mera vontade, ou desejo, colocando em risco os critérios de identidade dos demais 47 milhões de espanhóis".

Os dois parceiros governamentais acabaram por encontrar um terreno de entendimento, graças à inclusão de um período de três meses entre a formalização do pedido e sua validação pelo demandante, para que este confirme sua decisão de mudança de gênero.

"No prazo máximo de três meses, contados da data do comparecimento e pedido de retificação inicial, o responsável pelo Registro Civil deverá convocar a pessoa a comparecer novamente e ratificar seu pedido, afirmando a persistência de sua decisão", estipula o texto.

O projeto também pretende abrir essa possibilidade para jovens de 14 a 16 anos, desde que acompanhados durante todo processo por seus representantes legais.

Desde 2019, a Organização Mundial da Saúde (OMS) não considera mais a transidentidade como uma doença mental.

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta segunda-feira, 28, Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+, que o Ministério da Saúde garanta o acesso a tratamentos médicos com base na autodeclaração de gênero dos pacientes. O prazo para adequação nos sistemas de informação do SUS é de 30 dias.

A decisão liminar foi tomada em uma ação ajuizada pelo Partido dos Trabalhadores (PT) em fevereiro. A sigla argumentou que, mesmo após o STF autorizar a mudança do nome e da classificação de gênero no registro civil, pessoas transexuais ainda têm dificuldade de acesso a programas que garantam seus direitos sexuais e reprodutivos.

##RECOMENDA##

"Cabe ao órgão competente tomar as medidas necessárias para adequação de seus sistemas, de modo a permitir o acesso das políticas públicas existentes sem a imposição de barreiras burocráticas, que além de comprometer a própria efetividade da política pública, poderá causar constrangimento, discriminação e sofrimento à pessoa trans", escreveu o ministro.

O problema acontece porque os sistemas do SUS usam o gênero como critério para agendamento de consultas e tratamentos ambulatoriais de especialidades médicas como ginecologia, obstetrícia, urologia e proctologia.

Em seu voto, Gilmar Mendes disse que a 'realidade burocrática' viola o direito social à saúde. O ministro também lembrou que, desde 2009, o Ministério da Saúde vem adequando os procedimentos para atender a população transexual ao reconhecer, por exemplo, o uso do nome social por seus servidores e o direito ao nome social no Cartão Nacional de Saúde, mesmo que a pessoa não tenha feito a alteração oficial em cartório.

"É necessário, especialmente, a eliminação de obstáculos ou burocracias que dificultem o agendamento das consultas relativas a especialidades médicas pertinentes, especialmente no caso de homens transexuais que se encontrem gestantes ou no puerpério", ressaltou.

Na mesma decisão, o ministro determinou que passe a constar, na Declaração de Nascido Vivo, o campo 'parturiente' no lugar de 'pai' e 'mãe'.

"O que se faz necessário é a utilização de termo técnico e neutro para identificar a pessoa que gestou e pariu o nascido vivo. Desnecessária, portanto, a identificação da mãe ou do pai da criança na DNV, uma vez que a emissão da DNV destina-se à formulação de políticas públicas e não dispensa o registro da certidão de nascimento", defendeu.

A decisão liminar ainda vai ser submetida ao plenário do tribunal.

[@#galeria#@]

Segundo pesquisa realizada pela rede social LinkedIn, 35% dos entrevistados LGBT já sofreram algum tipo de discriminação no trabalho, seja direta ou velada. Esse número alarmante evidencia o preconceito enraizado na sociedade brasileira, e o quão prejudicial esse contexto é para a comunidade LGBTQIA+, seja no sentido profissional, o qual é diretamente afetado, seja nos quesitos psicológicos.

##RECOMENDA##

A universitária Gabi Muller, coordenadora da ONG Grupo de Trabalho de Gênero da Associação de Jovens Engajamundo, conta que o fato de ser lésbica não afetou na sua escolha profissional, mas fez diferença no ambiente universitário. “Na universidade, ao me entender não heterossexual, percebi que, sim, isso diria muito sobre as provações que a universidade e o mercado de trabalho trariam. Uma das coisas mais marcantes pra mim, no entanto, não é a sexualidade em si, mas a performance de gênero e as coisas das quais não se pode falar. Foi só quando tranquei o curso em 2019 que consegui me orientar melhor quanto a essa tal performance. E me descobri fora da feminilidade. Foi um trabalho danado até eu conseguir voltar, me inscrever pra estágio e ocupar esse espaço enquanto sapatão”, explica Gabi.

A estudante de Engenharia Ambiental relata que sua primeira experiência sofrendo preconceito no ambiente de trabalho foi em uma padaria, e que seu chefe a questionava sobre sua sexualidade, algo sobre o que ela não sabia se posicionar na época. Esse tipo de relato, mais comum do que o imaginado, revela a frequência do preconceito e da discriminação na sociedade, e o quanto tais experiências são nocivas para quem as sofre.

Além dos aspectos psicológicos, o rendimento da comunidade é posto em prova diante dos diversos ataques sofridos na jornada profissional. “Além disso, tem o próprio cansaço de ser questionada sobre identidade e sexualidade fora do ambiente profissional. Isso reduz com certeza a energia que uma pessoa pode ter, e eu inclusa nisso, para cumprir com prazos, pressão etc.”, expõe Gabi Muller.

Como uma mulher lésbica, Gabi diz que, para enfrentar o problema, as empresas precisam contratar não apenas LGBTQIA+, mas também outros grupos que rompam com o padrão socialmente aceito. “Acredito que as empresas privadas grandes, por exemplo, por seu maior potencial de financiar, poderiam se posicionar mais enfaticamente diante de retrocessos na nossa agenda, embutir dinheiro para financiar projetos de ONGs e coletivos. Os setores públicos deveriam ter políticas mais efetivas de inclusão também”, finaliza Gabi.

Marcos Melo, assessor de comunicação da ONG Olivia, diz que felizmente não sofreu dificuldades de acessar o mercado de trabalho por ser gay. Ele relata que sempre conseguiu contrapor o preconceito se posicionando quanto profissional. Mas tem consciência de que sempre vai haver quem sofra discriminação em ambientes de trabalho por ser LGBTQ+.

“Felizmente eu estou em uma área que consegue, sim, ser muito mais abrangente em relação a pensamentos que estão fora do padrão”, expõe o assessor sobre o seu ambiente de trabalho.

Marcos diz que ser um homem gay no Brasil é um exercício diário de sobrevivência. O Brasil é um dos países que mais matam LGBTQ+ todos os dias. Em 2020, foram registrados 237 mortes violentas contra LGBTQ, segundo o Acontece - Arte e Política LGBTI+ e o Grupo Gay da Bahia. O país também é líder em assassinato de transgêneros e travestis pelo 12º ano consecutivo, levantamento de mesma fonte.

“Você diariamente precisa dizer para si mesmo, que a sua vivência não é errada, que a sua vivência não é um afronte para a sociedade. Pelo contrário, é a expressão da sua liberdade, então ser LGBT no Brasil é resistir psicologicamente e fisicamente todos os dias”, relata Marcos.

Marcos fala que a inclusão é baseada em repensar toda a estrutura da empresa, como a pessoa será recebida, como lidar com essas pessoas diariamente, como os outros funcionários irão se portar diante disso. É conceder qualidade de vida dentro do ambiente de trabalho, orienta, para que a pessoa possa se sentir confortável. Esse comportamento não se limita à comunidade LGBTQ+, mas a todas as comunidades que ainda são excluídas, como os pretos, os deficientes, os indígenas, reforça Marcos.

“Falar em preconceito é falar em garantia de direitos, de direitos que também são nossos”, diz o assessor da ONG Olivia.

Marcos acredita que a educação é a forma de combater o preconceito. "É a forma que a sociedade vai caminhar para frente, é a base de qualquer indivíduo. Então é com a educação que podemos mudar a realidade que vivemos hoje." E faz um apelo: “É que as pessoas nos deixem viver, deixem ser quem nós somos, deixem amar quem nós queremos amar, deixem viver a nossa vida da maneira que nós achamos correta. Isso não diz respeito a ninguém e nem deve dizer, então que as pessoas sejam livres e nos deixem ter a liberdade que é nossa por direito”.

A ONG Olivia oferece informações a empresas sobre como proceder para que as pessoas LGBTQ+ possam viver de forma saudável com seus colegas em ambiente de trabalho. A ONG também oferece apoio psicológico para quem precisar (@olivialgbt). “A ONG Olivia está sempre disposta a ajudar”, encerra Marcos.

Por Alessandra Nascimento e Roberta Cartágenes.

 

Um minicurso com o tema 'Desigualdade de Gênero e Direitos Sexuais – Maio Laranja' será realizado nos dias 19, 20 e 21 de maio, das 19h às 22h. O encontro será promovido pela Coordenação Setorial de Extensão e Cultura da Faculdade de Direito e Administração de Pernambuco (FCAP) da Universidade de Pernambuco (UPE), o Laboratório Interseccional de Gênero, Discurso e Direitos Humanos da UPE e o Grupo de Mulheres do Brasil, seção Recife.

A ser realizado por meio da plataforma Google Meet, o evento visa debater questões de cidadania, direitos humanos, violência sexual e políticas públicas. As inscrições devem ser realizadas por meio do endereço eletrônico. O link de acesso às palestras será enviado no ato da candidatura.

##RECOMENDA##

Os participantes do evento que comparecerem a 70% das atividades receberão um certificado com carga horária de 10 horas.

Confira, a seguir, o tema das palestras, bem como as palestrantes que as ministrarão:

• 19.05 - Desigualdade de gênero e cidadania - Drª Fabiana Leite (OAB/ESA)

• 19.05 - Direitos humanos e gênero - Drª Rebeca Lins (UPE/ LIGEDDH/ Grupo Mulheres do Brasil)

• 20.05 - Violência sexual de gênero - Drª Gisele Araújo (OAB/ Centro Clarice Lispector/ Grupo Mulheres do Brasil)

• 20.05 - Políticas públicas para mulheres - Drª Adriana Rocha (OAB/Unicap/ Prefeitura do Recife)

• 21.05 - Abordagens práticas para gerenciamento de situações traumáticas (Foco em direito) - Drª Gisele Araújo (OAB/ Centro Clarice Lispector/ Grupo Mulheres do Brasil)

• 21.05 - Abordagens práticas para gerenciamento de situações traumáticas (Foco saúde mental) - Elza Alexandre (Psicóloga/ docente/Grupo Mulheres do Brasil)

LeiaJá também

--> Minicurso debate história japonesa por meio da literatura

Intitulado de Frida, o Formulário Nacional de Risco e Proteção à Vida ganhou forma através da  Lei 14.149/21, sancionada e publicada no Diário Oficial da União na última quinta-feira (6), sem vetos, pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido). O novo boletim deve ser aplicado, preferencialmente, pela Polícia Civil no momento do registro da ocorrência de violência contra a mulher. Para as autoridades policiais, o formulário deve auxiliar no combate à subnotificação e na imposição de novos limites ao agressor.

O documento é formado por 27 perguntas, que contemplam questões essenciais para o entendimento da natureza da violência da mulher vítima, o grau de dependência dela para com o agressor, os seus recursos, base de apoio familiar, dentre outros aspectos. O objetivo é identificar fatores que indiquem a iminência de qualquer forma de violência nas relações domésticas.

##RECOMENDA##

Além disso, subsidia a atuação dos órgãos de segurança pública, do Ministério Público, do Poder Judiciário e dos órgãos e entidades da rede de proteção a fim de gerir o risco identificado. Em qualquer caso, deverá ser preservado o sigilo das informações.

A nova legislação é oriunda do Projeto de Lei 6298/19, da deputada Elcione Barbalho (MDB-PA), aprovado pelos deputados em março e pelos senadores em abril. Conforme a nova lei, o formulário seguirá modelo aprovado conjuntamente pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP).

“O Frida, foi estudado e desenvolvido cientificamente pelos peritos Ana Lúcia Teixeira, Manuel Lisboa e Wania Pasinato, e indica, de forma objetiva, o grau de risco da vítima em virtude das respostas dadas às perguntas do formulário”, explica a autora da proposta.

Se for impossível a aplicação do formulário no registro da ocorrência, ele deverá ser aplicado pela equipe do Ministério Público ou do Poder Judiciário no momento do primeiro atendimento à mulher vítima de violência doméstica e familiar. Outros órgãos e entidades públicas ou privadas que atuem na área da prevenção e do enfrentamento desse tipo de violência também poderão usá-lo.

Para elucidar dúvidas sobre a funcionalidade do novo registro na prática, o LeiaJá conversou com a delegada e deputada estadual referência no combate à violência de gênero em Pernambuco, Gleide Ângelo (PSB-PE). Em entrevista, a especialista destaca pontos sobre proteção prolongada da vítima e retomada da confiança da população nas forças de prevenção do Estado.

A delegada de polícia explica que, antes do formulário, o procedimento nas delegacias tinha um formato limitado. Isso também considerando que, dos 184 municípios de Pernambuco, apenas 11 possuem delegacia especializada. No processo anterior, ao comparecer à DP, a vítima apenas abre o b.o e solicita a medida protetiva, que deve ser registrada em até 48h, e essas são todas as informações às quais o Judiciário tem acesso para conceder suporte ao caso.

Com o Frida, o juiz do órgão de Justiça competente terá acesso às 27 respostas que indicam o grau de risco da mulher. A depender dos resultados, a vítima pode seguir diretamente com o acolhimento, à uma casa-abrigo, sem retornar ao ambiente de violência.

“Essas mulheres serão mais bem encaminhadas aos órgãos de proteção à mulher. De uma secretaria é possível entender se essa mulher precisa de um emprego, se a natureza da violência dela é física, psicológica ou patrimonial, se ela é ameaçada, se os filhos são ameaçados. Também é possível saber se ela deve ser encaminhada para um programa de geração de emprego e renda, um centro de referência como CRAS e CREAS (assistência social). Isso só vem para somar, é como um diagnóstico, a "radiografia" dos casos”, esclarece Ângelo.

Através do protocolo básico da segurança pública, nas DPs, muitas mulheres não são inseridas na política pública de prevenção, nem encaminhadas ao tratamento psicossocial ou às secretarias, de acordo com a deputada, o que pode resultar em uma nova chance ao agressor. Não é possível ajudar a vítima adequadamente, se a natureza da violência dela é desconhecida. “É preciso incentivar a denúncia e a permanência da denúncia, a mulher precisa acreditar na lei que a protege, no Estado, saber que não está sozinha”, continua.

“Se a mulher de determinado município ver que a Secretaria da Mulher está oferecendo apoio psicológico, geração de emprego e renda com cursos de capacitação para que ela consiga ganhar o dinheiro dela, ela irá à Secretaria. Pode não ir à Polícia, mas a Secretaria toma conta dessa parte. Ela precisa ser encorajada a denunciar e não a acreditar em uma mudança que nunca chega, em um grande amor e menos ainda a acreditar que essas situações são comuns em um relacionamento”, argumenta, deixando claro que “em briga de marido e mulher se mete a colher sim”.

Outro ponto abordado foi a subnotificação dos casos de violência doméstica, que atingiu um novo pico durante a pandemia da Covid-19. O isolamento social influenciou a queda de contínua no número de boletins de ocorrência (BO) do tipo no período inicial da quarentena, tendo registrado 25,45% de recuo entre abril e maio de 2020, segundo a Secretaria de Defesa Social (SDS-PE). Os resultados foram uma tendência nacional.

“A subnotificação é um problema gigante em Pernambuco. Ano passado, foram 42 mil boletins de ocorrência. A quantidade de mulheres que apanha é infinitamente maior. Elas não confiam, têm medo, principalmente porque são ensinadas assim. 'Agora tu não apanha, tu morre', 'medida protetiva não serve de nada' são os discursos que circulam na sociedade e isso é tudo o que a cultura machista quer. Sobreviver na impunidade e fazer parecer que não tem solução”, pontua a parlamentar.

Por fim, reconhece que o sistema de informações e atuação da segurança pública ainda precisa de muito trabalho, sobretudo na acolhida das vítimas da violência de gênero. “Temos que ir além. Se existe mulher com medida protetiva morrendo, é uma falha da rede. Mulher com protetiva não deve morrer, ela deve ser protegida pelo Estado. O documento vai ajudar a rede de proteção da Civil, do Ministério Público e do Judiciário. Ele é informação, é base para estatística e para conseguirmos entender que processo é esse que as mulheres não estão conseguindo sair dele”, finaliza.

Uma pesquisa realizada pela empresa de tecnologia e recrutamento Infojobs aponta que 73,7% das mulheres sentem que precisam ser mais qualificadas que homens para ter uma oportunidade em cargos de liderança. O levantamento ouviu 3 mil respostas de profissionais cadastrados no site.

De acordo com a pesquisa, 70,4% das entrevistadas acreditam que o gênero impacta em processos seletivos de áreas como engenheira e tecnologia, profissões que, segundo dados divulgados pela Secretaria Especial da Previdência e do Trabalho, as mulheres tem ganhado espaço, porém existe diferença salarial na comparação com os homens.

##RECOMENDA##

Ainda segundo o levantamento realizado pela Infojobs, 40,7% das entrevistadas afirmaram que menos de 10% dos cargos de liderança nas empresas em que trabalham são ocupados por mulheres. Já na pesquisa realizada pela empresa de recrutamento especializado Robert Half, 62% das organizações ainda não têm políticas específicas para aumentar a participação de mulheres em cargos de liderança.

Na faixa salarial, a pesquisa da empresa Infojobs mostra que em cargos de liderança 2,3% das mulheres pretendem ganhar acima de R$10 mil. Em sete das dez áreas estudadas, os homens tem maiores pretensões salariais que as mulheres. Já em cargos de serviços gerais e TI, a pretensão salarial das mulheres é maior que a dos homens.

Outros dados do levantamento apontam que 51,1% das mulheres já enfrentaram preconceito no mercado de trabalho. E o percentual das entrevistadas que fazem dupla jornada, considerando os afazeres domésticos, é de 85,8%.

Por Emmanueli Nunes

O Programa Futuras Cientistas, organizado pelo Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste (Cetene), está com inscrições abertas para sua 7ª edição. O objetivo é aumentar o interesse e a participação das mulheres em áreas de ciência e tecnologia auxiliando alunas e professoras no desenvolvimento de projetos junto a centros de pesquisa. 

Para participar, é necessário preencher o formulário de inscrição disponível no site do programa até o dia 12 de março. Ao todo, 30 participantes serão selecionadas, sendo 10 alunas de escolas regulares, 10 estudantes de ensino integral, semi-integral e técnico e 10  professoras, com um auxílio de R$ 400 para cada uma.

##RECOMENDA##

As alunas também precisam enviar um currículo resumido no modelo Lattes/CNPq; anexar documento com carimbo da direção da escola informando as médias do ano letivo anterior (2020) das disciplinas de química, física, matemática, biologia e português, ou cópia do boletim escolar do ano de 2020; documento de identidade (frente e verso) e CPF; termo de adesão assinado pelo representante legal; e comprovante de residência. 

Professoras interessadas devem, além de preencher o formulário, anexar uma cópia do currículo resumido no modelo Lattes/CNPq, do diploma do curso de graduação, documento de identidade (frente e verso), CPF e comprovante de residência.  

 O resultado final das participantes será divulgado no dia 21 de abril e as atividades estão previstas para acontecer entre os dias 05 e 16 de julho. Mais informações podem ser obtidas pelos telefones (81) 3334-7267/3334-7224/3334-7201, pelo e-mail futurascientistas@cetene.gov.br e através do edital do Programa Futuras Cientistas.

As provas de Ciências Humanas, redação e Linguagens do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020 foram aplicadas no último domingo (17) e, nesta segunda (18), o presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a atacar quesitos da prova que o desagradam. Ele criticou um dos itens do Enem que abordou questões de gênero comparando os salários do jogador de futebol Neymar e de Marta, que também foi uma estrela da Seleção Brasileira de futebol. 

“Você vê as provas do Enem, o banco de questões do Enem não é do meu governo, é de governos anteriores. Tem questões ridículas ainda, tratando do assunto, comparando mulher jogando futebol e homem: "Porque que a Martha ganha menos que o Neymar?”, questionou o mandatário. 

##RECOMENDA##

Para Bolsonaro, os salários não deveriam ser comparados pois o futebol feminino “não é uma realidade no Brasil” e a culpa da diferença salarial não seria fruto de machismo e sim da iniciativa privada. 

“Não tem que ter comparação. Futebol feminino ainda não é uma realidade no Brasil. O que o Neymar ganha por ano, todos os times de futebol juntos não faturam por ano. Como é que vai pagar para Marta o mesmo salário? Isso chama-se iniciativa privada. É ela que faz o salário, que mostra para onde o mercado deve ir. Então, (o Enem) faz questões absurdas sempre pregando igualdade, mas por baixo”, afirmou o presidente na saída do Palácio do Alvorada, onde ele costuma falar com apoiadores. 

Apesar das críticas ao exame, Bolsonaro não fez comentário algum a respeito da abstenção recorde que foi constatada no primeiro dia de aplicação das provas. Na noite de domingo, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) anunciou que a prova teve uma abstenção de 51,5%.

Aulas no ensino superior

Bolsonaro também falou sobre possibilidades de retorno às aulas presenciais em cursos superiores. Ao ser questionado por um rapaz que afirmava ser aluno da Universidade de Brasília (UnB), ele afirmou que “O problema não é eu [sic] não. Tem uma justiça aí que muitas vezes é contra. Chama-se autonomia universitária”, completou ele. 

O homem que questionou o presidente afirmou, em seguida, que a autonomia deveria acabar. Em resposta, Bolsonaro disse que “Passa pelo Parlamento isso aí, tem que ser uma emenda constitucional.”

LeiaJá também

--> 'Imortal', Pernambuco pauta questões do Enem

--> O que motivou o número recorde de faltosos no Enem?

--> Enem: Geografia chama atenção por alto número de questões

--> Enem: veja uma redação modelo feita por professora

A prova de Linguagens do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020, aplicada neste domingo (17), trouxe questões sobre desigualdade de gênero. Um dos quesitos comparava os salários entre os jogadores Neymar e Marta. 

Na questão 10 da prova, uma imagem mostrava o salário de Marta e Neymar, a quantidade de gols que cada um marcou pela seleção e o valor que ganham por gol marcado.

##RECOMENDA##

Outra questão tratava de jogos eletrônicos e também do futebol feminino. "Essa questão falava da desigualdade de gênero e como jogos eletrônicos poderiam promover uma maior igualdade de gênero, porque até 2015 não existia nenhum jogo eletrônico com equipes femininas. Depois de muita pressão e petição online, o Fifa 2015 saiu com essa inclusão de times femininos", disse o professor de Linguagens e redação Diogo Xavier. 

"São temáticas importantes e atuais e que não são pautas do governo atual", afirmou o docente. Apesar dessa análise, ele lembrou que provas anteriores trouxeram questões semelhantes.

Ainda na questão de gênero, uma pergunta mencionava o assédio contra a mulher e a forma de combatê-lo. Outra tratava do respeito às torcedoras nos estádios de futebol.

Neste domingo (17), primeiro dia do Enem 2020, os candidatos responderam, das 13h30 às 19h, questões de Ciências Humanas, Linguagens, além da redação. Já no dia 24 deste mês, os feras enfrentarão quesitos de matemática e Ciências da Natureza. 

A versão digital está programada para o dia 31 de janeiro e 7 de fevereiro. De acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão responsável pela organização do Enem, quase 5,8 milhões de candidatos se inscreveram no Exame, cujo resultado está programado para março.

O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (CFOAB) deve decidir, nesta segunda-feira (14), se adota cotas para candidaturas femininas e negras nas chapas que disputarem eleições internas da entidade. A proposta aprovada em votação apertada no Colégio de Presidentes, formado por 27 homens em sua maioria brancos, prevê a reserva de 50% das vagas a mulheres e 15% a negros e pardos.

A ideia é que as cotas sejam aplicadas tanto para titulares como para suplentes e também para os cargos de Diretoria do Conselho Federal da OAB, do Conselho das Seccionais, das Subseções e das Caixas de Assistência.

##RECOMENDA##

A conselheira federal Daniela Borges, presidente da Comissão Nacional da Mulher Advogada, decidiu se antecipar ao julgamento e pediu um parecer técnico sobre a aplicabilidade da medida já nas próximas eleições. O documento, assinado pela advogada Maria Cláudia Bucchianeri Pinheiro, defende que as medidas afirmativas não devem ser submetidas à cláusula da anualidade eleitoral.

Em um ofício fundamentado em decisões proferidas pelos ministros Celsos de Mello, Ricardo Lewandowski, Edson Fachin e Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), Maria Cláudia conclui que o princípio da anualidade compreende normas que alterem o 'processo eleitoral' apenas em suas fases de 'convenções partidárias, realização de votações e diplomação'.

"O posicionamento firmado pela Suprema Corte há mais de 15 anos não deixa margem para dúvidas no sentido de que políticas afirmativas de inclusão de grupos vulneráveis, mesmo na perspectiva de disputas eleitorais, não se encaixam nem no objeto e nem dos objetivos que inspiram o art. 16 da CRB", diz um trecho do parecer. "Nenhuma interpretação legítima do art. 16 da Carta Política autorizaria sua invocação para fins de refrear ou protrair no tempo a aplicação de políticas, que se fazem urgentes, de inclusão de gênero e de raça nos espaços de poder", completa.

O documento lembra ainda que a própria OAB defendeu junto ao Supremo Tribunal Federal o uso do critério de gênero na divisão de recursos do Fundo Eleitoral e do tempo de propaganda no rádio e na televisão nas eleições brasileiras como medida para ampliar os espaços de participação das mulheres.

Na noite de domingo, 13, o presidente nacional da OAB, Felipe Santa Cruz, que teve voto de desempate para aprovar as medidas afirmativas no Colégio de Presidentes e garantir que elas fossem submetidas ao Conselho Federal, escreveu nas redes sociais: "Amanhã a Ordem votará dois temas decisivos em sua história: paridade de gênero e cota racial. Ao longo desses anos juntos eu e Dani fomos tecendo as ideias e os ideais que poderão se tornar realidade agora, diminuindo o machismo e o racismo existentes, mesmo em ambientes de vanguarda. Orgulhoso de presidir o Conselho Federal nesse momento, pautando essas matérias, parabenizo todas e todos que lutaram para que esse dia chegasse".

No julgamento desta segunda, que ainda está acontecendo, o conselheiro Francisco Caputo, ex-presidente da OAB-DF (2010-2012), defendeu a adoção imediata das cotas. "A adoção do percentual mínimo deve ajudar a corrigir a distorção que existe hoje dentro da OAB e que perpetua a mentalidade machista e racista dentro da entidade. As novas regras são mais do que necessárias para superarmos esses problemas. Hoje existe um descompasso entre os espaços de poder, dentro da OAB, e a realidade do mundo da advocacia e da própria sociedade", afirmou.

Por meio de sua Gerência de Educação Inclusiva e Direitos Humanos (GEIDH) e da Unidade de Educação para as Relações de Gênero e Sexualidades (UNERGS), a Secretaria de Educação e Esportes de Pernambuco (SEE) recebe inscrições, até esta sexta-feira (6), para o curso "Azougada: Gênero e Sexualidades no front da educação". A capacitação é destinada a educadores da rede estadual de ensino.

As aulas terão início na próxima segunda-feira (9) e a inscrição deve ser feita pela internet. A ser realizada na plataforma Google Classrom, a capacitação promoverá várias palestras até o próximo dia 18. Será emitido um certificado de 25 horas/aula para os participantes.

##RECOMENDA##

O objetivo do curso vai além de repensar o que é ensinado na escola, observando também a maneira como é ensinado e quais significados os sujeitos escolares dão ao que aprendem e ensinam, questionando também as teorias que orientam a prática pedagógica.

O evento virtual MINAs nas Escolas 2.0, organizado pelo Porto Digital em parceria com a Microsoft, faz parte do programa Mulheres em Inovação, Negócios e Artes (MINAs). Até o próximo dia 13 de novembro, a iniciativa promoverá atividades para meninas do ensino médio. 

Ao longo de duas semanas, serão ofertados painéis e workshops ministrados por facilitadores mulheres sobre codificação, carreiras do futuro, empreendedorismo e Power BI e questões de gênero. O acesso ao evento é gratuito mediante inscrição através da página do evento no Sympla.  

##RECOMENDA##

Confira a programação

Semana 1 - Carreiras do futuro: por onde começar?

De 3 a 5 de novembro

 04/11:

Palestra "Indústria 4.0: o que esperam de profissionais do futuro?" às 18h30 no Youtube do Porto Digital (Com intérprete de libras)

A quarta revolução industrial, ou Indústria 4.0, “transformará fundamentalmente a forma como vivemos, trabalhamos e nos relacionamos” (Schwab). É, portanto, uma mudança de paradigma, não apenas mais uma etapa do desenvolvimento tecnológico. O mundo segue se transformando e isso não diz respeito apenas às máquinas e à produção industrial, há um agente fundamental nesta transformação: os seres humanos. Para lançar esse olhar humanizado ao desenvolvimento tecnológico, realizaremos uma análise de panorama do conceito da indústria 4.0 e a sua aplicação no mercado, ofertas e oportunidades de trabalho.

Facilitadora:

Eduarda Motta - Bacharela em Relações Internacionais com mobilidade internacional em ciência política, faz MBA em Digital Strategy. É consultora de qualificação no CESAR School, professora do curso de Desenvolvimento de Sistemas da Escola Técnica Estadual Porto Digital e consultora de negócios.

05/11:

Palestra "Fit Cultural: a empresa que você trabalhar pode ser a sua cara (ou não)!" às 18h30 no Youtube do Porto Digital (Com intérprete de libras)

Palestra

sobre orientação de carreira e autoconhecimento para desenhar o futuro profissional.

Facilitadora:

Karol Branco - Recifense, animada, adora aprender coisas novas, viajar e cozinhar e ama GENTE!. Co - fundadora da RECRUT.AI, trabalhou durante a carreira em multinacionais

com foco em processo e modelo de gestão e construção de times!

Semana 2 - Mão na massa para se destacar!

De 9 a 13 de novembro

09/11:

Workshop de Propósito para futuras empreendedoras, às 18h30 no Microsoft Teams

Um workshop para empoderar meninas e mulheres que tenham boas ideias e desejam transformar em negócios. Como começar? Quais os primeiros passos? O que pode facilitar? E o que não pode faltar? Traz a sua ideia e vamos construir juntas. 

Facilitadora:

Manoela Dubeux  - Psicóloga, MBA em Gestão Estratégica pela FGV, +10 anos de mercado corporativo atuando no desenvolvimento de líderes, Empreendedora, Fundadora e CEO da startup POWER | Empreendedorismo Feminino: somos um hub que desenvolve negócios de mulheres criativas e autorais.

11/11:

Oficina Conhecendo o Power BI e como criar painéis mais atrativos, às 18h30 no Microsoft Teams 

A ferramenta Microsoft Power BI é a nova queridinha entre muitas empresas para demonstrar os dados de uma maneira mais dinâmica e atraente. Aproveite essa oportunidade para conhecê-la e fazer apresentações mais interessantes.

Facilitadora:

Camila de Macena Ribeiro - Consultora Azure Cloud & AI na empresa Microsoft, trabalha com Business Intelligence há 10 anos e atualmente atua no setor público

13/11:

Oficina "Code like a girl" às 18h30 no Microsoft teams

Você sabia que a primeira pessoa no mundo criou que escreveu uma linha de código foi uma garota? Ada Lovelace é a mãe da programação e, nesta oficina, vamos criar um site em sua homenagem. No final da oficina, você terá aprendido sobre programação para web e terá um site 100% GIRL POWER!

Facilitadora:

Cynthia Zanoni - Líder de Developer Relations na Microsoft para América Latina e coordena o pilar de mulheres na Microsoft Brasil (Women at Microsoft). Desenvolvedora de Software com mais de 10 anos de experiência em tecnologias Open Source e Acessibilidade é fundadora da WoMakersCode - uma comunidade global focada em ajudar, inspirar e capacitar ainda mais mulheres em tecnologia que as ajuda a ganhar oportunidades de emprego, por exemplo, e foi reconhecida pela Mozilla Foundation (2016) como uma das mulheres técnicas mais influentes da América Latina, no apoio à diversidade e inclusão.

LeiaJá também

--> Porto Digital inaugura sala de cinema no Recife Antigo

Além de rebater as críticas sobre sua participação no filme Amor Estranho Amor, em entrevista ao Fantástico, Xuxa comentou outros assuntos polêmicos que marcaram sua carreira. Nesse domingo (1º), a apresentadora relembrou a relação com Pelé e pontuou sobre uma possível relação com outra mulher.

Na época, o namoro entre Xuxa e Pelé arrastou os holofotes e foi um dos assuntos mais comentados pela imprensa. A Rainha dos baixinhos lembra que o relacionamento foi alvo de preconceito e indicou que tomaria outra postura diante dos racistas.

##RECOMENDA##

“Tinha até uma piada, que diziam: qual é a diferença entre a Xuxa e o chuchu? Que a Xuxa era comida de preto rico e chuchu era de preto pobre. E as pessoas riam, vinham me falar disso rindo e eu não respondia nada. Como é que eu posso não ter respondido nada? ”, questionou-se.

Perguntada se já havia se apaixonado por uma mulher, Xuxa garantiu que não teria problema em manter uma relação homoafetiva e destacou que o amor vai além do gênero. “Não, mas se eu me apaixonasse, com certeza, todo mundo iria saber. Dois homens podem se amar, um homem e uma mulher, duas mulheres, eu acho que a gente não tem que botar um rótulo nisso daí. Amor é amor, não importa o sexo”, afirmou.

Redes sociais, aplicativos e a internet, de uma forma geral, são mais utilizados por mulheres empreendedoras do que pelos homens que têm negócios. A Pesquisa de Impacto da Pandemia nos Pequenos Negócios, desenvolvida pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), mostra que 69% das empresárias já vendiam ou passaram a vender on-line impulsionadas pela pandemia de Covid-19, contra 63% entre os homens. 

Quando se trata da utilização de ferramentas digitais mais complexas, a situação se inverte: 68% dos homens já as utilizaram, enquanto o percentual de mulheres fica em torno dos 32%. No que diz respeito ao sentimento em relação aos negócios, 73% das empresárias acreditam que menos da metade da clientela irá voltar a frequentar os estabelecimentos após a reabertura, enquanto 68% dos homens pensam o mesmo.

##RECOMENDA##

O levantamento ouviu 6.506 donos e donas de micro e pequenas empresas de todos os estados e do Distrito Federal na última semana de julho. Nele, também foi constatado que a maioria dos negócios está instalada em loja ou sala de rua, mas quando se trata de empreendedores que trabalham em casa, 35% são mulheres e 27% homens. 

“Sabemos que essa é uma realidade cultural do nosso país e que outras pesquisas do Sebrae já mostraram que as mulheres dedicam, em média, 17 % menos horas semanais aos negócios do que os homens, por estarem envolvidas com o que chamamos de economia de cuidados, seja com a casa ou com familiares. Então, a crise da pandemia jogou um holofote nessa questão porque vimos que as crianças estão em casa, houve dispensa de ajudantes e essas atividades recaíram muito mais sobre as mulheres”, afirmou Renata Malheiros, analista do Sebrae. 

Confira, a seguir, outras informações sobre a pesquisa: 

- A maioria dos empreendedores está em processo de reabertura, com ligeira vantagem para as mulheres (55%) em relação aos homens (51%).

- A grande maioria dos empresários (81%), de ambos os gêneros, acusou diminuição do faturamento mensal na pandemia - com as mulheres sendo um pouco mais penalizadas. Em relação a uma semana normal de trabalho, as perdas para elas foram de 59% e, para eles, de 57%.

- Mais da metade dos empresários de ambos os gêneros entrevistados eram MEI, com predominância das mulheres (62% delas contra 53% dos homens).

- Há um percentual de mulheres jovens empreendendo maior do que o de homens. Mas é na faixa etária entre 36 e 55 anos que estão concentrados os empresários de ambos os sexos (60% deles).

- As mulheres são mais escolarizadas do que os homens: 49% delas têm nível superior completo ou pós-graduação contra 40% dos homens com esses mesmos níveis de escolaridade.

- Mais da metade dos empresários não conseguiu empréstimo. Apenas 22% das empreendedoras e 20% dos empreendedores tiveram êxito na obtenção de crédito.

- Empreendedores masculinos e femininos acreditam que a situação econômica do país voltará ao normal em 12 meses.

*Com informações do Sebrae 

LeiaJá também

--> Sebrae: pesquisa revela mudanças para pequenos negócios

Um projeto de lei que tramita na Câmara dos Deputados extingue a reserva mínima de 30% das vagas para mulheres nas candidaturas para mandatos eletivos preenchidos pelo sistema proporcional. A proposta, da deputada Caroline de Toni (PSL-SC), altera a Lei Eleitoral, que estabelece cota mínima de 30% e máxima de 70% de cada sexo.

Segundo a deputada, desde que a “famigerada cota” foi incluída na legislação os partidos têm enfrentando uma série de problemas para segui-la. “Conquanto seja louvável o incentivo à participação feminina na política, é inegável que infelizmente apenas uma parcela muito pequena das mulheres se interessa por atividade político-partidária”, disse Caroline de Toni.

##RECOMENDA##

Muitos partidos têm que “praticamente implorar” para mulheres se candidatarem a uma vaga no Legislativo. “Uma vez cumprida a cota de gênero no momento do registro de candidatura, a desistência voluntária de determinada candidata gera a cassação integral da chapa de candidaturas”, afirmou Caroline de Toni.

A deputada disse que a proposta não tenta marginalizar a participação feminina nas eleições, mas minimizar a insegurança jurídica por que passam os partidos políticos durante o processo eleitoral.

*Da Agência Câmara de Notícias

As condições de trabalho se transformaram radicalmente durante a pandemia de Covid-19, sobrecarregando, principalmente, as mulheres. Metade das brasileiras passou a cuidar de alguém durante esse período, e 41% das mulheres com emprego afirmam estar trabalhando mais do que antes. Os dados são de pesquisa realizada pela organização de mídia Gênero e Número, em parceria com a SOF Sempreviva Organização Feminista. O estudo indica que a realidade não é a mesma para todas. Nos ambientes rurais, 62% das respondentes afirmaram que passaram a exercer tarefas de cuidado.

Para identificar os efeitos da pandemia sobre o trabalho, a renda das mulheres e a sustentação financeira da casa, os pesquisadores aplicaram um questionário online com mais de 2.600 mulheres brasileiras entre abril e maio. A perspectiva era de que as tarefas de cuidado e trabalho passaram a se sobrepor de forma mais intensa durante os meses de isolamento social. A análise das respostas levou em conta variáveis como raça e área de residência das respondentes, se moram em zonas rurais ou urbanas. A amostra é representativa da população brasileira.

##RECOMENDA##

Os dados mostram que as mulheres residentes em áreas rurais e negras assumiram mais responsabilidades com relação ao cuidado do outro. Além disso, as mulheres negras parecem ter menos suporte nestas tarefas.

A maior parcela das mulheres que seguiu trabalhando durante a pandemia com manutenção de salários é de mulheres brancas. Elas relataram estar trabalhando mais no período da quarentena, evidenciando que a ausência de funcionárias no domicílio ou de espaços como a creche/escola pesou mais para esse grupo. As mulheres que estão em casa sem renda ou com prejuízo de renda são 39%.

A pesquisa também coletou depoimentos, que mostram como é complexa a leitura da condição de vida e de trabalho neste momento. Mesmo as que seguem trabalhando, com renda, podem estar sob condições diferentes, mais precarizadas, em relação ao período anterior ao da quarentena. Para Tica Moreno, socióloga da SOF Sempreviva Organização Feminista envolvida no estudo, os dados mostram que as dinâmicas de vida e trabalho das mulheres se contrapõem ao discurso de que o trabalho e a economia pararam durante o período de isolamento social. “Os trabalhos necessários para a sustentabilidade da vida não pararam – não podem parar. Pelo contrário, foram intensificados na pandemia. A economia só funciona porque o trabalho das mulheres, quase sempre invisibilizado e precarizado, não pode parar”, comenta.

Para os pesquisadores, entender a situação do cuidado durante a pandemia é fundamental para o desenho de ações que sejam capazes de transformar essas dinâmicas de desigualdade que imbricam gênero, raça e classe. Os resultados do estudo, segundo Guilliana Bianconi, diretora da Gênero e Número, dão visibilidade para a crise do cuidado. “O cuidado está no centro da sustentabilidade da vida. Não há possibilidade de discutir o mundo pós-pandemia sem levar em consideração o quanto isso se tornou evidente no momento de crise global”.

Da Agência Bori

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando