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O tenente-coronel Mauro Cid, ex-aliado e coordenador de ajudantes de ordem do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), tentou acessar, por 99 vezes, o antigo e-mail presidencial, desativado pelo Governo Lula em março. A informação, que foi obtida pela Folha de S.Paulo através da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPI) do 8 de Janeiro, consta em uma planilha entregue pela Casa Civil à CPMI. 

As 99 tentativas ocorreram em apenas 72h, nos primeiros três dias após o bloqueio, entre 15 de março e 17 de março, quando houve a última tentativa, às 11h16. O e-mail funcional de Cid foi acessado mais de 500 vezes em 2023, mesmo após a saída de Bolsonaro. Nos documentos constam que o usuário maurocbc (iniciais de Mauro César Barbosa Cid) foi impedido de entrar sempre pelo mesmo motivo: "Conta desativada, expirada ou bloqueada". 

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As informações de acesso aos e-mails utilizados por antigos membros do Governo Bolsonaro foram solicitadas pelos parlamentares da CPI "quando ocorreram acessos ao e-mail no período após 31/12/2022 e o nome dos eventuais responsáveis pelo login", descreve a solicitação. 

A Casa Civil respondeu que, durante esse período, "constam registros de validação das credenciais do agente público mencionado na requisição [Cid], realizadas por meio dos servidores de rede que disponibilizam o acesso via internet ao serviço de correio eletrônico". Antes do bloqueio do endereço eletrônico, o militar chegou a receber mensagens com os roteiros de viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e da equipe de segurança do atual presidente. 

O documento entregue à CPI mostra todos os registros de autenticação do e-mail funcional de Cid em 2023. A informação é gerada quando são validados dados do usuário, como nome e senha, para acessar o e-mail. 

E-mails entregues à CPI também sugerem que o militar tentou vender por quase R$ 300 mil um relógio recebido como presente em viagem oficial. As mensagens recebidas por Cid em 2023 mostram nomes dos responsáveis pela coordenação da segurança de eventos com a presença de Lula.

O ex-ministro das Comunicações, Fábio Faria, enviou, em 2022, uma proposta de discurso ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), diante da derrota do conservador no segundo turno das Eleições 2022. O texto foi enviado ao então chanceler Carlos França, com cópia para o ajudante de ordens de Bolsonaro, Daniel Lopes de Lucca. O texto não chegou a ser usado pelo ex-presidente. 

A informação foi divulgada por parlamentares da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro e revelada pelo jornal O Globo, que teve acesso aos e-mails com o discurso. As mensagens são do dia 31 de outubro, 24h após a votação em segundo turno. 

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Caso tivesse utilizado a proposta, Bolsonaro teria repetido seu jargão "Brasil acima de tudo e Deus acima de todos" para ressaltar a soberania do país e, assim, o respeito à escolha dos eleitores. O ex-presidente, porém, optou pelo silêncio. Exceto pelo pronunciamento da terça-feira, 1º de novembro, dois dias após a derrota, Bolsonaro passou semanas sem se pronunciar publicamente e também não teve agenda.  

"Todos são testemunha do quão desigual foi o processo eleitoral. Começaram por tornar elegível alguém condenado em várias instâncias do Poder Judiciário. Mascararam a exitosa retomada econômica do Brasil em relação ao mundo pós pandemia. Ao contrário, focaram na desconstrução das minhas falas e em falsas narrativas", diz trecho do e-mail. 

O discurso no email também se queixava de "manipulação dos institutos de pesquisa e da grande mídia" e do bloqueio dos "grandes perfis de direita" nas redes sociais. 

Apesar disso, o texto trazia um reconhecimento da derrota.

"Mesmo assim, a diferença no resultado da votação em favor de meu adversário foi de apenas 1,8%. Estou certo de que, se houvesse imparcialidade e igualdade de tratamento, o resultado seria muito diferente." 

"Eu sempre disse que o Brasil está acima de tudo e Deus acima de todos e que daria minha vida pelo Brasil. Por esse motivo, não contestarei o resultado das eleições", diz trecho do discurso que não foi lido por Bolsonaro.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), avalia dar entrada em um projeto de lei na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) para retirar as multas de quem desrespeitou o uso obrigatório de máscara de proteção na pandemia.

Se a anistia for aprovada pelos deputados estaduais, o grande beneficiado será o ex-presidente Jair Bolsonaro, que acumula uma dívida de R$ 936 mil.

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Cerca de 10 mil multas foram aplicadas contra pessoas físicas, empresas e pequenos estabelecimentos em São Paulo durante a crise sanitária do Covid-19. Ao todo, o pagamento das infrações equivale a cerca de R$ 72 milhões para os cofres da gestão.

A base do governo na Alesp espera a proposta ser enviada desde o começo do ano. Ouvido pelo O Globo, o deputado e líder da situação na Alesp, Jorge Wilson (Republicanos), disse que falta a conclusão dos pareceres técnicos para que a matéria seja encaminhada.

"O projeto está em estudo. Ele depende de pareceres da [secretaria] da Fazenda e da Procuradoria Geral do Estado. Acredito que o governo deve enviar o quanto antes", explicou.

Dois textos sobre a mesma matéria já tramitam na Casa, um do deputado tenente Coimbra e outro produzido por Alex Madureira e Lucas Bove, todos do PL. "Muitos estabelecimentos foram multado sem ter culpa. Simplesmente porque alguém resolveu entrar no local sem usar máscara", defendeu Madureira.

Contudo, a anistia oferecida nos projetos pode ser considerada inconstitucional por ferir a competência exclusiva do Executivo em definir a rejeição da receita pelo Estado.

 

O ex-presidente Jair Bolsonaro recorreu nesta segunda-feira (7) da decisão Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que o condenou à inelegibilidade pelo período de oito anos, em junho.

O TSE julgou a conduta de Bolsonaro durante reunião realizada com embaixadores, em julho do ano passado, no Palácio da Alvorada, para atacar o sistema eletrônico de votação. A legalidade do encontro foi questionada pelo PDT.

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No início da noite desta segunda-feira, a defesa do ex-presidente protocolou no TSE os chamados embargos de declaração. Não há prazo para o julgamento do caso.

O recurso pretende apontar erros ou contradições no acórdão do julgamento. O documento foi publicado na semana passada e tem 433 páginas.

A sentença do colegiado reúne a íntegra do julgamento, incluindo os votos dos ministros e as fundamentações que levaram ao resultado do julgamento.

Os advogados ainda podem recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF). Três dos sete ministros do TSE também fazem parte do STF e podem participar do julgamento de eventual recurso.

Pelas regras internas da Corte, os ministros que atuam no tribunal eleitoral não ficam impedidos automaticamente de julgar questões constitucionais em processos oriundos do TSE.

Os escândalos acerca do acervo pessoal da Família Bolsonaro, a partir de supostos desvios do inventário da presidência, acaba de ganhar uma adição: em um e-mail captado pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin), um ajudante de ordens é orientado a entregar dois pacotes de pedras preciosas ao tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da gestão Bolsonaro, em vez de registrá-las no acervo do Palácio do Planalto. Os itens seriam entregues ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e sua esposa, Michelle. 

A informação foi revelada durante uma sessão da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8/1, nessa terça-feira (1º), pela deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ). Jair e Michelle teriam recebido, respectivamente, um envelope e uma caixa com pedras preciosas em outubro de 2022, mas os presentes não constam na lista de 46 páginas e 1055 itens recebidos durante o mandato. Cleiton Henrique Holzschuk é o ajudante de ordens que envia a mensagem em questão aos colegas. 

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Em 27 de outubro de 2022, no dia seguinte ao recebimento das pedras preciosas, a referida mensagem de Holzchuk apareceu em troca de e-mails com outros dois colegas: Adriano Alves Teperino e Osmar Crivelatti. 

Holzchuk ordena que o envelope e a caixa de pedras preciosas, que seriam de Jair e Michelle Bolsonaro, não fossem cadastrados na lista de presentes recebidos pelo então presidente e entregues a Cid. Além disso, o sargento Marcos Vinícius Pereira Furriel deveria ser acionado em caso de alguma dúvida ou dificuldade. Os e-mails são analisados pela comissão na tentativa de chegar aos mandantes da investida golpista no início da gestão Lula, este ano. 

 

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse a aliados que, desde janeiro deste ano, não atende aos telefonemas da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP). Ele teria dito que chegou a ser procurado pela parlamentar novamente nas últimas semanas, mas decidiu não atendê-la.

As informações apuradas pelo blog da jornalista Daniela Lima, do G1, ainda afirmam que os aliados do ex-mandatário acompanham com apreensão os desdobramentos da operação da Polícia Federal que tem como alvos a bolsonarista e o hacker Walter Delgatti Neto.

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Vale ressaltar que a operação da PF tem como objetivo identificar os autores da invasão ao sistema do Judiciário, que foram responsáveis por criar um falso mandado de prisão contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.

De acordo com a investigação, Carla Zambelli chegou a levar o hacker para uma reunião com o próprio Bolsonaro ainda em 2022. Na ocasião, ela teria falado sobre um plano, obviamente frustrado, de invadir o sistema das urnas eletrônicas.

Uma pessoa próxima a Bolsonaro disse que ele ouviu toda a conversa da parlamentar “calado”. Porém, Delgatti disse que durante o encontro no Palácio da Alvorada, em Brasília, o ex-presidente o perguntou se “munido do código-fonte, conseguiria invadir a urna eletrônica”.

No momento, a meta do ex-mandatário e dos seus aliados é isolar totalmente a parlamentar investigada, que recebe diversas críticas da própria direita e da extrema direita brasileira desde a véspera do segundo turno da eleição de 2022, quando ela perseguiu pelas ruas de São Paulo, com arma em punho, um jornalista apoiador da esquerda.

O hacker Walter Delgatti Neto, da “Vaza Jato”, preso nesta quarta-feira (2) pela Polícia Federal, alegou, em depoimento anterior à corporação, que se reuniu com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), no Palácio da Alvorada, para responder questões sobre a segurança das urnas eletrônicas. O antigo mandatário teria perguntado ao hacker se ele conseguiria invadir as urnas através do código-fonte dos equipamentos. O contato entre os dois, no entanto, “não foi adiante”. 

Delgatti é investigado por invadir contas no Telegram e vazar mensagens de procuradores da antiga Operação Lava Jato, em 2019, e por invadir o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) este ano. Ele é aliado à deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP), para quem prestou serviços de assessoria nas redes sociais. Os dois foram alvo de buscas da PF na manhã desta quarta-feira (2). A reunião entre Bolsonaro e o hacker teria sido intermediada por Zambelli. 

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Delgatti Neto disse aos investigadores que só poderia ter acesso ao código-fonte das urnas dentro da sede do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e que "não poderia ir lá". Para garantir a segurança dos equipamentos, a Corte autoriza o acesso antecipado aos sistemas eleitorais, para fins de auditoria, 12 meses antes da data do primeiro turno. No entanto, segundo o TSE, o acesso ocorre em ambiente específico e sob a supervisão do tribunal. 

"Que apenas pode afirmar que a Deputada Carla Zambelli esteve envolvida nos atos do declarante, sendo que o declarante, conforme saiu em reportagem, encontrou o ex- Presidente Jair Bolsonaro no Palácio do Alvorada, tendo o mesmo lhe perguntado se o declarante, munido do código fonte, conseguiria invadir a Urna Eletrônica, mas isso não foi adiante, pois o acesso que foi dado pelo TSE foi apenas na sede do Tribunal, e o declarante não poderia ir até lá, sendo que tudo que foi colocado no Relatório das Forças Armadas foi com base em explicações do declarante", diz o relatório da PF. 

A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) afimour que, segundo dados da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), em outubro de 2022, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) receberam pedras preciosas, porém os presentes não constam na lista dos itens recebidos durante o então mandato. 

A declaração da parlamentar foi feita nesta terça-feira (1), durante a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Congresso Nacional que investiga os atos golpistas do 8 de janeiro.

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Através da denúncia, Jandira Feghali aponta que em troca de e-mails analisados pela CPMI, auxiliares de Bolsonaro dizem que um envelope e uma caixa contendo joias preciosas não deveriam ser cadastrados, e sim entregues ao tenente-coronel Mauro Cid, ajudante de ordens e braço direito do ex-mandatário. 

A análise dos e-mails feita pela CPMI tenta identificar os mandantes e os financiadores dos atos antidemocráticos que começaram após a derrota de Jair Bolsonaro no segundo turno das eleições do ano passado, e resultaram na invasão à Praça dos Três Poderes, em 8 de janeiro. 

Para a parlamentar, o fato em si justifica a convocação e quebra de sigilo bancário do ex-presidente e de sua esposa, assim como também dos seus auxiliares e de Mauro Cid. 

O tenente-coronel, preso em maio em uma investigação de fraudes em cartão de vacina da família Bolsonaro, foi apontado pelo Conselho de Controle de Atividades Fiscais (COAF), de ter realizado movimentações milionárias em suas contas bancárias que não condizem com o salário que recebia. O COAF é o órgão responsável por identificar e combater crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.

A Procuradoria Geral da República (PGR) solicitou à Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) o envio de todos os relatórios produzidos durante o período da pandemia da Covid-19 enviados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). 

Documentos escritos pela Abin e pelo Gabinete de Segurança Institucional entre março de 2020 e julho de 2021 foram mantidos em sigilo pela gestão do ex-mandatário. Os relatórios projetavam o número de pessoas mortas pelo coronavírus no país.

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Os mais de mil documentos alertavam o então governo sobre o aumento na projeção de mortes, sobre a necessidade de políticas públicas de incentivo ao isolamento social e, ainda, sobre a falta de transparência da gestão e a lentidão do Ministério da Saúde para definir estratégias que diminuíssem o impacto da doença.

Os relatórios também apontavam os riscos do uso da cloroquina, medicamento que foi defendido por Bolsonaro. Além disso, mencionavam a importância da vacinação e alertavam sobre um possível colapso das redes de saúde e funerária.

No início deste mês, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, anulou uma decisão da Justiça Federal de Brasília que havia arquivado parcialmente uma investigação sobre supostas omissões e irregularidades do governo Bolsonaro na pandemia.

Por ordem do ministro do STF, a PGR terá de reavaliar, a partir de um relatório da Polícia Federal (PF), se há indícios de crimes nas condutas de Bolsonaro; do ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello; do ex-braço direito de Pazuello na pasta, coronel Elcio Franco; e do ex-secretário de Comunicação da Presidência, Fábio Wajngarten.

Mayra Isabel Correia Pinheiro, ex-secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, e Mauro Luiz Ribeiro, do Conselho Federal de Medicina, também devem entrar na mira.

A investigação analisa, entre outros, possíveis crimes de epidemia com resultado de morte, emprego irregular de verbas pública e prevaricação.

A Procuradoria Geral da República (PGR) solicitou à Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) o envio de todos os relatórios produzidos durante o período da pandemia da Covid-19 enviados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). 

Documentos escritos pela Abin e pelo Gabinete de Segurança Institucional entre março de 2020 e julho de 2021 foram mantidos em sigilo pela gestão do ex-mandatário. Os relatórios projetavam o número de pessoas mortas pelo coronavírus no país.

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Os relatórios também apontavam os riscos do uso da cloroquina, medicamento que foi defendido por Bolsonaro. Além disso, mencionavam a importância da vacinação e alertavam sobre um possível colapso das redes de saúde e funerária.

No início deste mês, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, anulou uma decisão da Justiça Federal de Brasília que havia arquivado parcialmente uma investigação sobre supostas omissões e irregularidades do governo Bolsonaro na pandemia.

Por ordem do ministro do STF, a PGR terá de reavaliar, a partir de um relatório da Polícia Federal (PF), se há indícios de crimes nas condutas de Bolsonaro; do ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello; do ex-braço direito de Pazuello na pasta, coronel Elcio Franco; e do ex-secretário de Comunicação da Presidência, Fábio Wajngarten.

Mayra Isabel Correia Pinheiro, ex-secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, e Mauro Luiz Ribeiro, do Conselho Federal de Medicina, também devem entrar na mira.

A investigação analisa, entre outros, possíveis crimes de epidemia com resultado de morte, emprego irregular de verbas pública e prevaricação.

Segundo o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), o ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Mauro Cid, movimentou R$ 3,2 milhões entre julho de 2022 e janeiro de 2023. Cid é investigado pela Polícia Federal por participar de supostas fraudes em cartões de vacina e ter envolvimento em atividades golpistas.

De acordo com documento do órgão de combate à lavagem de dinheiro, as contas do aliado de Bolsonaro tem indícios de “movimentação de recursos incompatível com o patrimônio, atividade econômica ou a ocupação profissional e capacidade financeira do cliente” e “transferências unilaterais que, pela habitualidade e valor ou forma, não se justifiquem ou apresentem atipicidade”.

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O militar que recebe mensalmente uma remuneração de R$ 26.239, movimentou R$ 3,2 milhões em sete meses, registrando operações de R$ 1,4 milhão em débitos e R$ 1,8 milhão em créditos.

O documento também chamou atenção para as transações entre Cid e o sargento Luis Marcos dos Reis, que trabalhava com o tenente-coronel como supervisor na área de Ajudância de Ordens da Presidência.

O Coaf ainda afirmou que Reis trabalhou diretamente com o ex-presidente desde o início do mandato, em janeiro de 2019, até agosto de 2022, quando foi transferido para o Ministério do Turismo.

"Considerando a movimentação atípica, sem clara justificativa e as citações desabonadoras em mídia, tanto do analisado quanto do principal beneficiário, comunicamos pela possibilidade de constituir-se em indícios do crime de lavagem de dinheiro, ou com ele relacionar-se", diz o Coaf.

A defesa de Cid afirma que "todas as movimentações financeiras do tenente-coronel, inclusive aquelas referentes a transferências internacionais, são lícitas e já foram esclarecidas para a Polícia Federal".

Desde o dia 3 de maio deste ano, Mauro Cid está preso preventivamente em um batalhão do Exército. Ele foi alvo de uma operação da PF que investiga supostas fraudes no cartão de vacinação de Jair Bolsonaro e de pessoas ligadas a ele. Cid era responsável por cuidar das contas pessoais do ex-mandatário e seus familiares em razão da sua atribuição como ajudante de ordens.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) reencontrou, nessa quarta-feira (26), o médico Antônio Luiz de Vasconcellos Macedo, que foi o responsável pela cirurgia realizada logo após ele ser esfaqueado em Juiz de Fora (MG), durante um ato de campanha em setembro de 2018.

O encontro aconteceu durante um evento realizado pelo ex-ministro Fábio Wanjgarten. Bolsonaristas presentes no momento ovacionaram o médico. Veja:

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“Eu liguei para ele e prontamente se ofereceu para ir para Juiz de Fora. Dr Macedo é amigo da minha família e eu o acionei para salvar o presidente de uma condição muito ruim”, detalhou Fábio. Vasconcellos é especialista e mestre em Cirurgia Geral e Gastrocirurgia pela Universidade de São Paulo (FMUSP). O evento aconteceu em São Paulo.

 

A influenciadora Karol Eller, amiga Jair Renan Bolsonaro, se filiou ao Partido Liberal (PL) na última terça-feira (24). A cerimônia de filiação aconteceu na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) com a participação e a “benção” o ex-presidente, atual patrono da sigla. Nas redes sociais, a nova filiada disse que sua trajetória política se iniciou em 2015 e que a assinatura Jair Messias Bolsonaro é um passo importante na sua luta por “Deus, Pátria e Família”. 

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A influenciadora esteve presente nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro e fez transmissões ao vivo das invasões, à época. Na ocasião, ela ainda exercia um cargo de confiança na Empresa Brasil de Comunicação (EBC), do qual foi exonerada no dia seguinte após os atos. 

Atualmente, Karol Eller está lotada no gabinete do deputado estadual Paulo Mansur (PL). Como assessora especial recebe uma remuneração líquida de R$ 12.872,04. A youtuber é amiga próxima do filho 04 do ex-presidente e, por isso, esteve no Palácio do Alvorada e em carros oficiais da Presidência ao longo da gestão de Bolsonaro. Ela também já posou ao lado do ex-ministro da Economia Paulo Guedes, do filho Eduardo Bolsonaro, e tem um vídeo abraçando a senadora eleita Damares Alves (Republicanos-DF). 

 

A Justiça do Distrito Federal decidiu, nesta segunda-feira (24), arquivar a ação penal na qual o ex-presidente Jair Bolsonaro era réu por insultos contra a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS). Na decisão, o juiz Francisco Antonio Alves de Oliveira verificou que, de acordo com a legislação penal, os crimes de calúnia e injúria imputados ao ex-presidente prescreveram.

“Tendo em vista a data do recebimento da queixa-crime, o período em que o processo permaneceu suspenso, o correspondente prazo prescricional e a pena máxima cominada no caso verifica-se a ocorrência da prescrição da pretensão punitiva do Estado, uma vez que transcorridos mais de três anos sem que tenham ocorrido outras causas de interrupção e suspensão”, escreveu o magistrado.

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No dia 9 de dezembro de 2014, em discurso no plenário da Câmara dos Deputados, Bolsonaro disse que só não estupraria Maria do Rosário porque “ela não merecia”, em uma crítica à aparência da colega de parlamento. No dia seguinte, o então parlamentar repetiu a declaração em entrevista ao jornal Zero Hora. Posteriormente, a deputada processou Bolsonaro.

O ex-presidente passou a responder às acusações no Supremo Tribunal Federal (STF), mas o processo foi suspenso após ele assumir Presidência da República, em 2019. Com o fim do mandato e do foro privilegiado, o Supremo determinou que o caso voltasse a tramitar na primeira instância da Justiça do DF.

A defesa de Bolsonaro alegou que o embate entre Maria do Rosário e Bolsonaro ocorreu dentro do Congresso e deveria ser protegido pela regra constitucional da imunidade parlamentar, que impede a imputação criminal quanto às suas declarações.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) esclareceu nesta terça-feira (18) pedido feito ao Supremo Tribunal Federal (STF) de acesso aos dados de identificação dos seguidores do ex-presidente Jair Bolsonaro nas redes sociais.

Na segunda-feira (17), o subprocurador Carlos Frederico Santos solicitou a medida ao ministro Alexandre de Moraes para apurar eventuais manifestações de Bolsonaro a favor dos atos golpistas de 8 de janeiro.

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Em nota divulgada à imprensa, a procuradoria afirma que o acesso às informações de seguidores servirá apenas para medir o alcance das postagens.

"O órgão esclarece que essas pessoas não estão sendo investigadas nem terão seus dados expostos. O objetivo do pedido é obter informações que permitam avaliar o conteúdo e a dimensão alcançada pelas publicações do ex-presidente em relação aos fatos ocorridos em 8 de janeiro nas redes sociais", escreveu o órgão.

O subprocurador também reiterou que a investigação envolve apenas o ex-presidente Bolsonaro. Santos lembrou entre os seguidores estão pessoas que acompanham as redes sociais de Bolsonaro por serem admiradores, por curiosidade ou motivação profissional. 

"Impõe-se dimensionar o impacto das publicações e o respectivo alcance. Jamais iria investigar milhões de pessoas, seria até impossível fazer isso”, concluiu. 

Bolsonaro foi incluído na investigação após publicar, no dia 10 de janeiro, um vídeo que questionava a legitimidade do resultado das eleições de 2022. A postagem foi apagada após a repercussão do caso, mas Moraes determinou que as plataformas preservem o material.

Jackson Vilar, autointitulado pastor evangélico, que organizou em 2022 motociatas em apoio ao então presidente Jair Bolsonaro (PL), fez um vídeo criticando o governo anterior, comparando o preço de alguns produtos no supermercado. 

Segurando uma garrafa de óleo de soja, ele diz que costumava pagar até R$ 15,00, e hoje em dia, custa R$ 5,00. “Viu, Paulo Guedes, pilantra, por que no seu governo você não conseguia baixar essa p****?”, declara, mencionando o ex-ministro da Economia. 

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Vilar ainda vai à seção de carnes e mostra o preço do contrafilé. Pagando R$ 30,93 pelo quilo da peça, ele comentou que estava levando três. “Esse Paulo Guedes tinha que ser preso, tinha que pagar pelo que ele fez com o país, ele ferrou o país”, afirmou. 

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Em outro trecho do vídeo, Vilar critica o ex-presidente, que tanto apoiou no passado, lembrando de quando ele disse que a carne se tornaria um artigo de luxo. 

 

Através de suas redes sociais, a ex-deputada federal Joice Hasselmann fez críticas à ex-amiga e deputada federal Carla Zambelli (PL-SP). Ao opinar sobre a bolsonarista, Joice definiu Zambelli como "biruta", "bandida" e "burra", além de afirmar que ela anda a "passos largos rumo à sua cassação".

Segundo Joice, a aliada do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é um personagem "folclórico", digno de "deboche" por parte dos colegas parlamentares. Ela ainda afirma que os deputados federais não escondem o seu "desprezo por tamanha estupidez em forma de gente". 

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“Carla Zambelli é a perfeita oligofrênica. No bom popular, burra mesmo. A criatura consegue protagonizar uma cena mais dantesca que a outra”, continua. Ao lembrar sobre o episódio que Zambelli sacou um revólver contra um homem às véspera do segundo turno das eleições, Hasselmann a chamou de “bandida” e “biruta”.

Sobre as recentes polêmicas de Zambelli e seus possíveis envolvimentos com ataques à democracia brasileira, a ex-tucana disse: "É óbvio que esses encontros eram conspiradores contra a democracia brasileira. Como também é óbvio que os líderes da Câmara, e o próprio presidente da Câmara, Arthur Lira, não colocarão mais as mãos no fogo para salvar Carla Zambelli, como já fizeram outras vezes, quando ela andava de amores com o Bolsonaro". 

A fala ocorre após desdobramentos do caso do "hacker da Vaza Jato", Walter Delgatti Neto. Ele relatou à Polícia Federal (PF) ter recebido uma proposta de Carla Zambelli para tentar "invadir" as urnas eletrônicas, bem como o e-mail e celular do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). 

Zambelli rebate críticas

Em resposta às acusações de Joice Hasselmann, Carla Zambelli questionou ao jornal O Globo o desempenho eleitoral da ex-deputada, mencionando que ela teria conquistado apenas 13 mil votos nas eleições do ano passado, mesmo tendo gasto mais de R$ 3 milhões para sua campanha.

Inelegível por oito anos e alvo de dezenas de processos, Jair Bolsonaro ainda recebe R$ 41,6 mil mensais da União através do Fundo Partidário destinado ao PL. Também sem ocupar cargo público, a esposa Michelle ganha mesmo "salário" do partido. 

O casal participa da alta cúpula da legenda. O presidente Valdemar Costa Neto criou a cadeira de "presidente de honra" para empregar Bolsonaro e colocou a ex-primeira-dama para comandar o diretório feminino nacional do partido.

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O subprocurador-geral do Ministério Público do Tribunal de Contas da União (TCU), Lucas Furtado, pediu a apuração de irregularidades na remuneração do ex-presidente, que também é beneficiado com o pagamento de seus assessores. 

"A utilização de recursos públicos para remunerar pessoa que foi condenada pelo Poder Judiciário, no âmbito do TSE, é a meu ver violação direta e mortal do princípio da moralidade administrativa. Não se mostra cabível que o Partido Liberal realize a destinação de seus recursos, de origem pública, ao filiado declarado inelegível", apontou na representação encaminhada na quarta (12) ao colegiado do TCU. Se a Corte aceitar a denúncia, ela será enviada à Justiça Eleitoral, onde o ex-presidente foi condenado com a perda dos direitos políticos.

 Por Vasconcelo Quadros e Caio de Freitas Paes da Agência Pública

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, demonstra ter cada vez mais certeza da solução de um dos crimes mais emblemáticos da história recente do Brasil, o assassinato da ex-vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco e seu motorista, Anderson Gomes, na noite de 14 de março de 2018.

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Em entrevista exclusiva concedida à Agência Pública no fim de junho em Brasília, ele trata o caso com o que definiu como “otimismo moderado”, em decorrência do tempo passado após o crime e da destruição de provas. Cauteloso e sem adiantar informações da investigação sigilosa, Dino garantiu ter “novidades” sobre o caso e disse: “Acredito que vamos chegar a uma solução do crime”.

O ministro tratou também de diversos temas ao longo da entrevista, como narcogarimpo, policiamento da Amazônia, extremismo político e violência em escolas. Sobre a inelegibilidade do ex-presidente da República Jair Bolsonaro, ele diz que foi uma ação firme do Judiciário para interromper a onda de ataques ao sistema eleitoral, mas, realista, diz que ainda é cedo para se considerar controlada a sanha golpista contra a democracia. “Há uma luz amarela no semáforo da história: o extremismo político está vivo”.

“Deixar [Bolsonaro] inelegível é muito importante, porque ele é um facínora, mas é suficiente? Não. O extremismo político ainda encontra raízes muito fortes no Brasil: o vemos na cultura do ódio, da desinformação, do preconceito e da violência”, ressalta.

Passados mais de seis meses da invasão do Palácio do Planalto, Congresso e Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro diz que a “personalidade despótica, autoritária e patológica de Bolsonaro” une os atentados promovidos entre o resultado da eleição, em 30 de outubro passado, ao caos do 8 de janeiro. Para Dino, não há dúvidas de que o ex-presidente está no centro da tentativa de golpe.

“Havia o ajudante de ordens [Mauro Cid], o ex-ministro Anderson Torres, outras pessoas muito ligadas a ele. É possível inferir, também por sua personalidade despótica, autoritária, que de algum modo ele orientava – ou que pelo menos compactuava, autorizava”, afirma o ministro, que ainda define o ex-presidente como “um golpista fracassado”.

Para o ministro, o atentado de 8 de janeiro serviria para criar um clima de instabilidade política e anomia institucional, forçando a cúpula militar a aderir ao golpismo. “A ideia deles era que o 8 de janeiro fosse um estopim, com efeito dominó em outras manifestações ao longo do Brasil, para tentar mostrar que o novo governo não tinha condições de gerir o país”, afirma.

Segundo Dino, ao sair da eleição com 49% dos votos, Bolsonaro tinha “uma base social razoável”, mas não o apoio internacional  nem da elite empresarial brasileira – condições que, em 1964, permitiram aos militares depor o ex-presidente João Goulart. “Daqui muitos anos, quando forem abertos os arquivos de 2022 do governo dos Estados Unidos, vão encontrar o que levou as Forças Armadas a não se engajarem no golpe”, disse o ministro.

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, demonstra ter cada vez mais certeza da solução de um dos crimes mais emblemáticos da história recente do Brasil, o assassinato da ex-vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco e seu motorista, Anderson Gomes, na noite de 14 de março de 2018.

Ricardo Stuckert/PR

Em entrevista exclusiva concedida à Agência Pública no fim de junho em Brasília, ele trata o caso com o que definiu como “otimismo moderado”, em decorrência do tempo passado após o crime e da destruição de provas. Cauteloso e sem adiantar informações da investigação sigilosa, Dino garantiu ter “novidades” sobre o caso e disse: “Acredito que vamos chegar a uma solução do crime”.

O ministro tratou também de diversos temas ao longo da entrevista, como narcogarimpo, policiamento da Amazônia, extremismo político e violência em escolas. Sobre a inelegibilidade do ex-presidente da República Jair Bolsonaro, ele diz que foi uma ação firme do Judiciário para interromper a onda de ataques ao sistema eleitoral, mas, realista, diz que ainda é cedo para se considerar controlada a sanha golpista contra a democracia. “Há uma luz amarela no semáforo da história: o extremismo político está vivo”.

“Deixar [Bolsonaro] inelegível é muito importante, porque ele é um facínora, mas é suficiente? Não. O extremismo político ainda encontra raízes muito fortes no Brasil: o vemos na cultura do ódio, da desinformação, do preconceito e da violência”, ressalta.

Passados mais de seis meses da invasão do Palácio do Planalto, Congresso e Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro diz que a “personalidade despótica, autoritária e patológica de Bolsonaro” une os atentados promovidos entre o resultado da eleição, em 30 de outubro passado, ao caos do 8 de janeiro. Para Dino, não há dúvidas de que o ex-presidente está no centro da tentativa de golpe.

“Havia o ajudante de ordens [Mauro Cid], o ex-ministro Anderson Torres, outras pessoas muito ligadas a ele. É possível inferir, também por sua personalidade despótica, autoritária, que de algum modo ele orientava – ou que pelo menos compactuava, autorizava”, afirma o ministro, que ainda define o ex-presidente como “um golpista fracassado”.

Para o ministro, o atentado de 8 de janeiro serviria para criar um clima de instabilidade política e anomia institucional, forçando a cúpula militar a aderir ao golpismo. “A ideia deles era que o 8 de janeiro fosse um estopim, com efeito dominó em outras manifestações ao longo do Brasil, para tentar mostrar que o novo governo não tinha condições de gerir o país”, afirma.

Segundo Dino, ao sair da eleição com 49% dos votos, Bolsonaro tinha “uma base social razoável”, mas não o apoio internacional nem da elite empresarial brasileira – condições que, em 1964, permitiram aos militares depor o ex-presidente João Goulart. “Daqui muitos anos, quando forem abertos os arquivos de 2022 do governo dos Estados Unidos, vão encontrar o que levou as Forças Armadas a não se engajarem no golpe”, disse o ministro.

Flávio Dino garantiu que o governo vai fortalecer sua presença na Amazônia, com a criação de uma companhia de policiamento ambiental, formada por mais de mil homens da Força Nacional, cuja finalidade é fiscalizar, intensificar operações e combater as organizações criminosas de inspiração mafiosa – que, segundo o ministro, se infiltraram na política, nos garimpos e demais atividades ilegais que cresceram no vácuo de fiscalização deixado pelo governo Bolsonaro.

Dino assegurou que o governo Lula retomará as demarcações de terras indígenas, interrompidas por Bolsonaro, por meio de decisões conjuntas entre os ministérios dos Povos Indígenas, da Justiça e Segurança Pública e da Casa Civil.

Contra o marco temporal defendido pelos ruralistas, o ministro se alinha à ideia do ministro do STF Alexandre de Moraes, que, independentemente do que o Congresso decidir, sinalizou uma solução intermediária ao conflito – sem marco, mas respeitando a peculiaridade de regiões densamente habitadas, como cidades consolidadas.

Leia, a seguir, a entrevista.

Quais os reflexos da inelegibilidade de Bolsonaro?

A extrema direita brasileira perde força, perde seu principal porta-voz, o que sem dúvida altera certos desdobramentos no plano da política. Destaco, sobretudo, os aspectos constitucionais e legais com a consagração de uma diretriz jurisprudencial no Brasil sobre a chamada desinformação. Juridicamente, nós temos uma rejeição muito clara e, portanto, a declaração da abusividade da conduta de quem no processo eleitoral espalha, deliberadamente, desinformação como uma ferramenta para obter votos e hipotéticas vitórias eleitorais. É um precedente muito relevante para o futuro, no sentido de que um dos principais desafios da democracia contemporânea recebe uma resposta jurídica.

A inelegibilidade interrompe o extremismo de direita?

Espero que, se não paralise definitivamente, pelo menos atenue. Com a revolução científico-tecnológica, levando, por exemplo, ao incremento das ferramentas de inteligência artificial, nós temos tendencialmente o agravamento do problema da indústria da desinformação nos processos eleitorais. Isso distorce muito fortemente a legitimidade do processo eleitoral. O que o TSE afirmou é que há uma disposição firme de fazer esse “breque” contra a manipulação das consciências dos cidadãos. O TSE afirmou que espalhar desinformação é uma fraude eleitoral e, portanto, quem pratica esse tipo de conduta deve ser punido.

Passados mais de seis meses, o que dizem as investigações sobre os responsáveis pelo 8 de janeiro?

Uma investigação dessas é como se você pegasse um quebra-cabeça, daqueles de mil peças, e jogasse numa praia, com vento forte. Tem um período que você tem que recolher as pecinhas, mas grande parte desse quebra-cabeça já está montada.

Houve os perpetradores dos atos violentos, as pessoas que cercaram quartéis, que vieram pra cá; a via organizadora e, sobretudo, segmentos empresariais locais, que davam carne, água, apoio material, banheiro químico, barracas etc., em todo o país. O financiamento era, sobretudo, de segmentos empresariais locais, do agro e comerciantes, também de gente ligada a esse mundo do armamentismo, que financiavam isto.

Havia os incitadores, que estavam, sobretudo, nos segmentos armados – membros da ativa e da reserva das Forças Armadas, das forças policiais, mas também CACs [Colecionadores, Atiradores Desportivos e Caçadores] e proprietários de clube de tiro, de lojas de armas e assim sucessivamente. Eram segmentos armados da sociedade, com grande engajamento e um comando político mais ou menos organizado, muito próximo do Bolsonaro.

Jair Bolsonaro participou?

Só posso falar, pelo cargo que eu exerço, a partir de provas. Nesse momento eu tenho alguma prova cabal de que o Bolsonaro, direta e pessoalmente, participou do golpismo? Não tenho. Agora, é possível deduzir isso logicamente, no plano argumentativo? Sim, claro. Por que digo que é possível deduzir isso no plano argumentativo? Porque todas as pessoas que, de algum modo, aparecem na cena eram muito ligadas a ele. Havia os ajudantes de ordem, o ex-ministro Anderson Torres, pessoas muito ligadas a ele. Por dedução, é possível inferir, também por sua personalidade despótica, autoritária, que de algum modo ele orientava – ou pelo menos compactuava ou autorizava [o golpe].

É possível afirmar que o extremismo está sob controle?

Sou obrigado a chamar atenção para uma luz amarela no semáforo da história: a luz amarela é o extremismo político, que está vivo. Deixar o Bolsonaro inelegível é muito importante, porque ele é um facínora, um déspota. Agora, isso é suficiente para dizermos que o extremismo político foi superado no Brasil, o extremismo de direita? Não, não é.

Mesmo que você veja uma luz verde, poderosa, no sentido de haver uma continuidade da construção democrática do Brasil, é preciso olhar numa perspectiva lateral, olhar esse alerta – que o extremismo político ainda encontra raízes muito fortes no Brasil. Vivemos na cultura do ódio, da desinformação, do preconceito, da violência. Então, nós temos sinais sociais disto.

Caso dos ataques nas escolas?

Os ataques nas escolas são um sinal muito poderoso de que a cultura da violência está muito forte no Brasil. Vejamos o que aconteceu recentemente, naquele brutal ataque a uma escola no Paraná: uma pessoa foi lá e apertou o gatilho, o que já é terrível, mas havia outras pessoas estimulando, apoiando, filmando, transmitindo a morte de jovens. Isso mostra a força da cultura da violência, até porque praticamente todas as semanas – nessa, inclusive – nós temos prisões de nazistas e neonazistas.

O controle de armas avançou?

Tivemos dois decretos, teremos mais um nas próximas semanas, diminuindo mais uma vez o acesso a armas e munições, criando regras mais rígidas para o porte de arma, para abertura de clubes de tiro, acabando com os clubes de tiro 24h – que estavam funcionando como uma fachada para o porte de arma clandestino. Bolsonaro passou a permitir o porte em trânsito com a arma municiada, mas agora estamos voltando, para que seja apenas “desmuniciado”.

O clube funcionava como álibi: o cidadão era pego numa blitz, com a arma municiada. Ele dizia: “Não! Estou indo no clube de tiro, por isso que a arma está municiada”. É por isso, também, que os clubes de tiro passaram a funcionar 24h, o que é esdrúxulo. Alguém imagina uma pessoa, às 3 horas da manhã, que vai dar tiro em um clube? Será publicado um decreto bastante amplo, acabando com a autodeclaração de necessidade, algo criado pelo governo Bolsonaro. Que nada mais era que uma espécie de presunção de necessidade, a partir de autodeclaração.

Qual o resultado das operações contra o excesso de armas?

Veja que, em menos da metade do ano de 2023, foram apreendidas mais armas pela Polícia Federal do que em todo o ano de 2022, o que mostra exatamente essa carência de fiscalização das atividades ilegais, de um modo geral. Isso valia para garimpo legal, para invasão de terrenos, para armamentismo e clubes de tiro. Ninguém fiscalizava nada porque tinha gente ganhando dinheiro com isso.

Estamos falando de bilhões de reais, bilhões nas atividades, chamemos assim, legais das lojas e clubes de tiro, mas também no comércio clandestino de armas e munições para organizações criminosas. O que essa gente estava fazendo? Alugando armas para o PCC [Primeiro Comando da Capital], para o CV [Comando Vermelho].

Fizemos uma operação, que inclusive envolveu uma parte nos Estados Unidos, contra lojas [de armas] na Baixada Fluminense, e assim descobrimos quase 2 mil armas ilegais que iam, exatamente, para o crime organizado. Com essa dupla face, o negócio legal, visível, como esse que falamos – da loja, do clube de tiro –, também havia o negócio ilegal, de comercialização e barateamento no acesso a armas de fogo para quadrilhas.

O maior incentivo para as organizações criminosas do Brasil foi esse armamentismo irresponsável, que fortaleceu o poder das organizações criminosas, barateou o acesso a armamento por meio da aplicação da lei da oferta e da procura: quanto mais produtos há no mercado, obviamente mais o preço cai.

O senhor mandou abrir um novo inquérito na PF sobre os assassinatos de Marielle Franco e de Anderson Gomes. As investigações já avançaram?

Trabalho sempre com um conceito de “otimismo moderado”. Otimismo porque temos um trabalho sério, uma equipe da PF trabalhando só no caso Marielle há três meses. Isso me dá esperança. Mas por que minha moderação? Porque se passaram cinco anos. Imagens, impressões digitais, indícios de um modo geral se perderam.

Se tivesse imagens daquele dia do assassinato [de Marielle]… Imagine a quantidade de câmeras no centro do Rio de Janeiro. Rapidamente se chegaria aos assassinos, ao carro [usado no crime], de onde ele veio, de onde saiu, qual percurso fez, isso com base na ERB [antena de telefonia celular] dos celulares… você chegaria rapidamente [aos culpados]. Hoje a tecnologia é amiga da investigação, não existe crime perfeito. Mas, infelizmente, não temos mais os dados da ERB, não temos as [imagens das] câmeras, e essa é a razão da minha moderação. Não existe crime perfeito, mas infelizmente não temos mais os dados completos.

Mas existe algo palpável, algum fato novo?

Temos novidades, sim. Não tenho uma previsão [de quando será divulgado], porque há coisas que faço questão de não saber, mas, sim, as equipes me informaram que conseguiram avançar… até onde, não posso dizer. Teremos de esperar. Mas acredito que vamos chegar a uma solução do crime, sim.

TOM COSTA / MJSP

Mudando de assunto, como o crime organizado se entrelaça às atividades ilegais na região da Amazônia?

Nós temos hoje no Brasil algo muito além das quadrilhas do tipo tradicional: temos organizações de tipo mafioso, com face legal, operadas por empresas e que estão em vários negócios visíveis — um prédio residencial, uma imobiliária, revenda de automóveis etc. E ela também penetra na política. São organizações tipo máfia que se implantaram na Amazônia, exatamente pela ausência estatal, entre as quais está o PCC.

É o chamado narcogarimpo, uma atividade que demanda grandes investimentos, não é mais aquela imagem [do garimpo] de Serra Pelada, dos anos 1970 e 1980. Desde os episódios do Vale do Javari, do assassinato do Dom Phillips e do Bruno Pereira, isso ficou bem evidente. Você tem organizações criminosas atuando na Amazônia em atividades aparentemente legais – como venda de aviões, barcos, comida, combustível etc… É o avanço do narcogarimpo, na prática.

Como resolver?

Há dois problemas muito fortes na Amazônia. Primeiro, há a questão social, pois a Amazônia tem os piores indicadores sociais do Brasil. Você não enfrenta o narcogarimpo, narcotráfico, a caça ilegal, a exploração ilegal de madeira e a pesca ilegal só com policiamento. Se você não melhora as condições sociais do povo amazônico, como você vai dizer para o cara para deixar de ser “soldado” do narcogarimpo, ganhando R$ 3 mil por mês, para oferecer um Bolsa Família de R$ 700? O Bolsa Família é bom, mas apenas como incentivo para as condições brasileiras, claro. Em termos de incentivo econômico, é claro que ele se sente mais atraído [pelo garimpo] porque não há alternativa.

É necessário elevar as condições de vida do povo da Amazônia como uma prioridade brasileira relativa à proteção ao meio ambiente. É cruzando sustentabilidade ambiental com sustentabilidade social. E o segundo problema é exatamente essa ampliação do poder bélico dessas quadrilhas criminosas. Isso realmente exige a qualificação da presença estatal na Amazônia.

Como o governo federal pode fortalecer as ações contra crimes ambientais na região?

Formulamos um programa, que apresentamos ao BNDES, uma proposta de estruturar o trabalho, com policiamento ambiental na Amazônia e uma coordenação nacional – que, hoje, não existe.

Inicialmente, estamos dimensionando R$ 1,3 bilhão, porque, com isso, conseguiremos implantar uma companhia de policiamento ambiental da Força Nacional numa cidade da Amazônia, ainda a ser decidida e ainda sem um efetivo fechado, mas certamente seria algo em torno de mil policiais.

Implantaríamos a companhia de policiamento ambiental da Força Nacional e daria para comprar equipamentos para, em cada estado, ter um pelotão desta companhia, cada um com um helicóptero, com efetivo, armamento e, portanto, com uma coordenação regional. Também compraríamos equipamentos para a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal.

Nós já criamos a diretoria de Amazônia e Crimes Ambientais na Polícia Federal. Foi uma das decisões mais certas que a gente tomou. Saímos, em 2022, de algo em torno de 30 operações da Polícia Federal na Amazônia contra o garimpo ilegal para mais de 300 neste ano. Em cinco meses destruímos mais de 300 garimpos, centenas de balsas, e por aí vai. Hoje temos um delegado da Polícia Federal só dedicado [ao combate] aos crimes ambientais. Foi uma das decisões mais certas que a gente tomou. Todos os indicadores de atuação da PF na Amazônia melhoraram, sem exceção, inclusive as condições da água, com a diminuição de mercúrio.

Quais os resultados das ações do Conselho Nacional da Amazônia, gerido no governo anterior pelo ex-vice-presidente e atual senador Hamilton Mourão?

Não funcionou aquilo lá. Não funcionou porque, primeiro, me parece que se gastou muito em GLO [operações de Garantia da Lei e da Ordem, sob comando estritamente militar] ambiental, eu acho, mas não sei nem para onde foi esse dinheiro, para ser franco. Quer dizer, o Conselho da Amazônia [Legal, CNAL], eu não sei como está hoje, não sei como ficou. Tinha aquela [operação] Verde Brasil, uma GLO ambiental, realmente se gastou [verba pública] naquilo. Mas ficou algum legado? Não, não tem. Nem o campo político deles [bolsonaristas] acreditava naquilo. Não tinha articulação com os estados e nem comando político, que dizia o contrário [da política ambiental]: “toquem fogo”, dizia, “matem, comprem armas”. É claro que, naquele ambiente, nem que ele [Hamilton Mourão] tivesse boa vontade, era impossível alguma coisa dar certo.

O bolsonarismo ainda está entranhado nas instituições?

Ainda temos problemas [com bolsonaristas] na PF, na PRF, nas Forças Armadas, sim, mas temos um comando que no dia 1º de janeiro não tínhamos, nem no dia 2, nem no dia 3, nem no dia 8 de janeiro. Quer dizer, fomos ocupando o comando das instituições, apesar das dificuldades, das resistências. Ocupando com uma cultura institucional, assim, de respeito ao direito das pessoas, e estamos avançando nesse caminho.

No governo anterior, uma secretaria do Ministério da Justiça e Segurança Pública, a Seopi, foi acusada de espionar oponentes. O que o senhor encontrou dessa estrutura?

O que chegou na minha mão, antes do dia 8 de janeiro, foi um relatório da PF. Depois, apareceu que alguns órgãos regionais desse sistema de inteligência, que era a Seopi [Secretaria de Operações Integradas], hoje chamada de Diop [Diretoria de Operações Integradas e Inteligência], que fica dentro da Senasp [Secretaria Nacional de Segurança Pública]. Eram alguns relatórios regionais, do Norte e do Nordeste, falando em mobilizações, caravanas, acampamentos etc.

Hoje, nós temos, de ilegal, a identificação daquele documento que levou à operação da Polícia Rodoviária Federal no segundo turno [em regiões indicadas por pesquisas eleitorais como redutos do então candidato a presidente Lula]. Este documento foi produzido aqui, dentro do Ministério da Justiça. O BI [Business Intelligence] do Ministério foi utilizado para extrair dados sobre desempenho de candidatos, para concentrar operações da Polícia Rodoviária Federal [em locais onde Lula havia tido melhor desempenho no primeiro turno] no segundo turno da eleição. Isso foi feito aqui no Ministério da Justiça. Houve, de fato, essa produção de dados. Agora, coisas pretéritas, ilegais de um modo geral, eu realmente nunca tive conhecimento. Além disso, foram feitas outras, uma muito conhecida, aquela história dos policiais antifascistas. Fora isso, realmente não ficaram, digamos, dados materiais dessa atuação.

Houve espionagem contra movimentos sociais ou oponentes do governo anterior?

Até hoje eu não posso afirmar nem que sim nem que não, porque até hoje não chegou nada na minha mão nesse sentido. Pode ser que, mais na frente, chegue algo, mas nunca houve isso.

Como o Ministério da Justiça controla movimentos suspeitos de terrorismo?

Aqui no Ministério da Justiça, não fazemos esse tipo de trabalho, de modo organizado, não mais — e nem a PF. Hoje, nossa orientação com a PF é investigação de crime, inquérito, não tem nenhum tipo de trabalho de inteligência. Aqui no Ministério, isso tudo, hoje, está praticamente desativado. A Polícia Judiciária não é agência de inteligência.

Existe o informe de inteligência? Não existe. Existe o da Abin [Agência Brasileira de Inteligência], que hoje eu recebo como devo receber: por escrito, no envelope, que é tarefa da inteligência. A inteligência que existe aqui é a de segurança pública. Não é uma inteligência “política”. A inteligência de segurança pública aponta que será feita uma operação contra o garimpo ilegal, com levantamento de informações, e por aí vai. Mas inteligência “política” é zero, aqui é zero. Não há no ministério nem na PF.

Qual a sua posição sobre o marco temporal para demarcação de terras indígenas?

A meu ver, a instância que vai definir isso é o Supremo Tribunal Federal. Acho que a ideia de marco temporal não passa.

Mesmo que o Congresso aprove a regra?

O Supremo vai prevalecer. Se o Supremo disser, é o Supremo quem está interpretando a Constituição. Então, se você vota uma lei, é óbvio que essa lei não é maior do que o Supremo fixar. Se passar no Congresso, não terá um caráter superior à interpretação que o Supremo vier a fixar sobre o artigo 231 [relativo aos direitos dos povos indígenas].

Como o governo deve encaminhar as demarcações?

Teremos reunião no ministério, com a Casa Civil, o MPI [Ministério dos Povos Indígenas], MGI [Ministério da Gestão e Inovação], para discutir a nova regra. Antes era aqui, depois passou para o MPI, agora veio a lei e voltou para cá, mas não queremos, de forma alguma, que o MPI fique sem função no âmbito das demarcações. A ideia hoje vigente é criar uma espécie de portaria conjunta, minha com o MPI, com a Casa Civil, eventualmente, que regule o processo de demarcação, via Funai e MPI. Aqui, fazemos uma análise da legalidade, da compatibilidade com os procedimentos legais, e mandamos para o presidente [Lula]. A tendência é essa: conversamos bastante, eu e Sônia [Guajajara]. Não passa pela minha cabeça a ideia que o Ministério da Justiça esvaziará o MPI. Por força da lei, por uma decisão do Congresso, participaremos também [das demarcações], mas acredito que o nascimento dos processos de demarcação deve continuar no MPI.

O agro quer o marco temporal. Qual o modelo de demarcação o senhor defende?

Acho que o voto que o ministro Alexandre de Moraes apresentou é um voto adequado, porque afasta o marco temporal – ele diz que não existe esse marco, de 1988 –, mas ao mesmo tempo aponta caminhos intermediários, adianta algumas orientações, que me parecem razoáveis porque há o cotejo de direitos. Uma coisa é um território na Amazônia em que houve uma grilagem, outra, principalmente nas regiões Sul e Sudeste, são áreas ocupadas por cidades inteiras. Você vai remover essas cidades? Ele [ministro Moraes] diz: “Não, pode haver algum tipo de compensação negociada, pactuada”. Então, acho que é uma boa saída, justa, pois preserva também os direitos que, às vezes, são centenários. Às vezes você tem pessoas cujas famílias estão morando [na área originalmente indígena] há 100, 200 anos, então não tem como retirar. Inclusive, o caso em julgamento no Supremo refere-se a pequenos agricultores de Santa Catarina, contra a demanda dos indígenas Xokleng.

 

Após cerca de duas horas de depoimento, o ex-presidente Jair Bolsonaro deixou a sede da Polícia Federal (PF), em Brasília. Ele foi ouvido no inquérito que investiga uma tentativa de golpe de Estado que teria sido articulada pelo senador Marcos do Val (Podemos-ES). O inquérito foi aberto em fevereiro pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes. 

Questionada, a Polícia Federal não revelou o conteúdo do depoimento. Bolsonaro chegou na PF por volta de 13h40. O ex-presidente começou a ser ouvido por volta das 14h. Antes das 16h30, a oitiva se encerrava.

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  Em conversa com a imprensa na saída, Bolsonaro negou ter qualquer vínculo com Marcos do Val, apesar de admitir ter participado de uma reunião com o senador e o então deputado federal Daniel Silveira no início de dezembro. É o conteúdo dessa reunião que está sendo investigado pela polícia. As suspeitas são de que os três discutiram uma possível tentativa dar um golpe de Estado, invalidando as eleições ocorridas pouco mais de um mês antes.

  “Nada aconteceu no dia 8 de dezembro. Até porque não tinha nenhum vínculo com o senhor Marcos do Val. Que eu me lembre, nunca tive uma reunião com ele, nunca o recebi em audiência, a não ser, talvez, fotografia, que é muito comum acontecer entre nós. Então, nada foi tratado, não tinha nenhum plano”, disse o ex-presidente. 

Ele afirmou que ficou calado durante todo o encontro com os parlamentares, ambos da base de seu governo. “O que eu tirei da conversa, fiquei calado ali, era que o Daniel Silveira queria que o Marcos do Val falasse alguma coisa. Ele também não falou nada”. 

A impressão que ele afirma ter de Silveira e do Val é que os dois não tinham hábito de conversar entre eles, mas ambos se aproximaram após o senador dizer durante uma audiência pública que precisaria se ausentar para uma reunião com o ministro do Supremo.

  “Passou a ter [uma relação entre os dois parlamentares] após aquela audiência pública onde o Marcos do Val, ao falar que iria se encontrar com o ministro Alexandre de Moraes, poderia extrair algo de útil desse possível relacionamento entre o senador e o ministro”. 

As suspeitas são de que o senador queria gravar a conversa na busca por uma declaração do ministro admitindo ter, em algum momento, ultrapassado “as quatro linhas da Constituição”. Essa admissão de culpa, que nunca ocorreu por parte do magistrado, poderia ser usada como argumento para questionar o resultado das eleições de 2022, na qual Bolsonaro foi derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva.  

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