Tópicos | Jair Bolsonaro

O registro de uma conversa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) com empresários no WhatsApp mostra o momento em que ele atua no disparo de informações falsas contra o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e o ministro Luís Roberto Barroso. 

O print do diálogo foi divulgado pela colunista Daniela Lima, do g1, e faz parte de uma investigação que apura articulações de golpe caso o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva vencesse o pleito.

##RECOMENDA##

Segundo registro, a troca de mensagens teria acontecido no dia 26 de junho de 2022. Um contato que aparece como "PR Bolsonaro - 8" envia um texto sobre a atuação de Barroso diante do processo eleitoral, atacando a lisura do pleito e das urnas eletrônicas, além de mencionar que o Instituto de Pesquisa Datafolha estaria inflando os números em favor do atual presidente Lula, para que o TSE não precise justificar os resultados fraudados. 

No final do texto, o contato denominado como de Jair Bolsonaro pede: "REPASSE AO MÁXIMO [sic]". Quem responde imediatamente o ex-presidente é o empresário Meyer Joseph Nigri. "Já repassei para vários grupos!", escreve, para logo em seguida perguntar como o então presidente está e, ao se despedir, o empresário envia "abraços de Veneza".

Meyer Joseph Nigri é um dos empresários que seguem sendo investigados por conversas golpistas através do aplicativo de mensagens. A PF seguirá apurando o envolvimento dele nos próximos 60 dias, após decisão dessa segunda-feira (21) do ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes.

Em relatório enviado a Moraes, a PF sustentou necessidade de continuar a apuração contra Nigri destacando ter sido constatado vínculo entre o empresário e o ex-presidente Jair Bolsonaro, 'inclusive com a finalidade de disseminação de várias notícias falsas e atentatórias à democracia e ao Estado Democrático de Direito'.

Em defesa de Meyer Nigri, o criminalista Alberto Zacharias Toron disse o seguinte: "a decisão do ministro Alexandre de Moraes é surpreendente porque o Ministério Público Federal já havia pedido o arquivamento dessa investigação. Soa estranho que ele tenha feito isso agora, num controle da falta de justa causa, nos exatos termos do que disse, ou de forma assemelhada, o procurador-geral da República. Em relação ao sr. Meyer Nigri, vamos aguardar o desenvolvimento das investigações. Temos absoluta certeza de que ele não praticou crime algum contra o estado democrático de direito. Ele recebeu uma ou outra mensagem do presidente República e repassou para pouquíssimos grupos. Ele não tem Facebook, não tem Instagram, não tem nenhuma plataforma de disseminação em massa de notícias ou mensagens, não é uma pessoa que tinha envolvimento com disseminação de fake news. Eu tinha a impressão de que a investigação já havia deixado isso claro, mas agora percebo que o ministro quer aprofundar essas investigações e é bem-vindo esse aprofundamento. Não temos nada a esconder, ele colaborou amplamente com as investigações, se deslocou até Brasília para ser ouvido novamente e continua à disposição das autoridades."

Ao ser questionado sobre a possibilidade de prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB-MA), afirmou que Polícia Federal investiga o caso de forma “técnica, séria e isenta”. A declaração foi feita nesta segunda-feira (21) em Belo Horizonte, onde Dino participa de eventos de anúncios de recursos na área de segurança pública.

"Cabe a mim garantir ao povo brasileiro, especialmente à população de Minas Gerais, que a investigação é técnica, séria e isenta e está sendo bem conduzida. Bem conduzida no sentido de não haver interferência externa, nem no sentido de perseguições, nem no sentido de haver proteções", pontuou o ministro.

##RECOMENDA##

Na declaração, Flávio Dino citou as três investigações nas quais o ex-mandatário é investigado: o caso das joias que Bolsonaro recebeu durante a sua gestão, os atos antidemocráticos do 8 de janeiro e a polêmica do cartão de vacinas.

Passaporte de Bolsonaro

O ministro da Justiça ainda disse que existe a possibilidade de o passaporte de Jair Bolsonaro ser apreendido durante as investigações. Alguns parlamentares supõem que o ex-presidente mostra indícios de que tentará "fugir" para outro país para evitar ser preso caso a Polícia Federal emita um mandado de prisão contra ele.

"Não antecipo investigação. Não presido investigação. O que posso falar é que legalmente é possível. Nesse momento ainda não houve esse pedido", afirmou Dino.

O advogado Cezar Bittencourt, que assumiu a defesa de Mauro Cid no caso das joias, deu mais uma entrevista nesta segunda-feira (21). À CNN, ele afirmou que seu cliente vai confessar os crimes em novo depoimento à Polícia Federal.

“É uma confissão. Vai admitir. As provas estão aí”, disse Bittencourt, reafirmando várias vezes que Cid havia “resolvido o problema do chefe”, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

##RECOMENDA##

Cezar Bittecourt disse ainda que o “resultado da venda”, ou seja, o dinheiro apurado com a venda do Rolex cravejado de diamantes, foi entregue para "quem determinou a venda”.

O advogado não detalhou quando será o novo depoimento, mas deve ir na tarde desta segunda-feira (21) ao Supremo Tribunal Federal, onde agendará audiência com o ministro Alexandre de Moraes.

Acordo com a defesa de Bolsonaro

Bittencourt também foi questionado sobre um encontro que teria acontecido entre ele e a defesa do ex-presidente. Ele admitiu a conversa, mas negou que haja alguma estratégia conjunta de defesa.

“Não sou inimigo (do advogado de defesa de Bolsonaro). Somos rivais no processo. Não tem nenhuma dificuldade (de conversar). É apenas mais um trabalho”, afirmou, antes de negar qualquer pressão que tenha recebido para que Cid não envolvesse Bolsonaro no esquema de venda ilegal dos presentes oficiais. “Não recebi pressão e não vai adiantar pressionar. Sou experiente. Vou fazer meu trabalho como sempre faço para defender meu cliente”, disse.

O nome do segundo filho de Eduardo Bolsonaro e de Heloísa Bolsonaro será uma homenagem ao pai do deputado federal. O garoto se chamará Henrique Jair. A escolha foi compartilhada com os seguidores do político neste domingo (20).

Além do nome do bebê, Eduardo também postou uma foto ao lado da esposa, da filha Georgia, do pai – Jair Bolsonaro – e de Michelle Bolsonaro. “Vem aí Henrique Jair, 1º neto varão do presidente! Uma homenagem ao meu pai, grande homem”, legendou.

##RECOMENDA##

Jair Bolsonaro já é avô de Georgia, de Eduardo; Luiza e Carolina, filhas de Flávio; e Julia, de Carlos

[@#video#@]

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) declarou, na última sexta-feira (18), que sabe do “risco que corro em solo brasileiro”. Ele discursou na Assembleia Legislativa de Goiás ao receber o título honorário de cidadão no estado. “Mas não podemos ceder, porque há luta por democracia, há luta por liberdade”, afirmou. 

Diante de uma plateia de apoiadores, acompanhado por aplausos a cada fala, o ex-presidente da República fez declarações contrárias ao Projeto de Lei (PL) 2630/2020, conhecido como PL das Fake News, afirmando ser a favor da liberdade de expressão. “Não podemos admitir a censura em nosso Brasil. A liberdade não tem preço, ela vale mais que a nossa própria vida”, declarou. 

##RECOMENDA##

Ele também comentou sobre a reforma tributária, repetindo uma sugestão que fez em uma reunião do Partido Liberal (PL) há uns meses. “Se tem dúvida, olha pro painel, se o PT tá indicando ‘sim’, vote ‘não’. (...) E essa reforma é péssima sob vários aspectos”, disse. 

Durante sua fala, o investigado pela Polícia Federal não mencionou os escândalos recentes envolvendo as joias não-declaradas na época em que ele ainda era presidente da República. No entanto, Jair listou algumas ações realizadas durante o seu governo, que beneficiaram o estado de Goiás e o agronegócio. 

O presidente honorário do PL não indicou nenhum nome que poderá ser levantado como candidato na corrida presidencial de 2026. “Quem será esse candidato? O tempo dirá”, afirmou. 

 

Nos primeiros 200 dias de governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva revogou 97 dos 210 decretos, portarias, instruções normativas e resoluções do governo anterior, considerados prioritários para a garantia dos direitos da população. O apontamento é de um estudo realizado pela Fundação Lauro Campos e Marielle Franco e pelo escritório regional no Brasil da fundação alemã Rosa Luxemburgo.

O levantamento Revogaço e a Reconstrução da Democracia Brasileira mostra, por exemplo, a revogação dos estudos para a privatização de estatais e a retirada de empresas do programa de privatização, como os Correios, a Empresa Brasil de Comunicação (EBC), a Dataprev, o Serpro e a Conab.

##RECOMENDA##

A retomada das políticas de transparência de dados e informações como a quebra do sigilo de 100 anos decretado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, a retomada das políticas de fiscalização ambiental e do trabalho análogo à escravidão com multas e punições aos infratores também são apontados como resultados diretos dos atos revogados pelo presidente Lula.

Outro apontamento do estudo é a reconstrução da área de políticas de gênero do Sistema Único de Saúde (SUS), a atenção à população LGBTQIAPN+, povos indígenas e quilombolas. Um exemplo é a anulação da Instrução Normativa n. 128, de 30 de agosto de 2022, que impedia a titulação de terras quilombolas. O governo Lula também recriou o extinto Conselho Nacional dos Direitos das Pessoas Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais, Queers, Intersexos, Assexuais e Outras, revogando o Decreto 9.883/2019, que criava o Conselho Nacional de Combate à Discriminação.

Ainda em 2022, pesquisadores das duas instituições haviam feito uma análise de cerca de 20 mil normas infralegais, desde decretos, portarias, instruções normativas e resoluções do ex-presidente Jair Bolsonaro, além de centenas de medidas provisórias, projetos de lei e emendas constitucionais. O trabalho foi apresentado ao governo de transição do governo Lula. 

“Identificamos sensíveis e importantes avanços. Esperamos com esse novo estudo ampliar o debate público e fortalecer os argumentos para seguirmos retirando os entraves infralegais deixados pelo bolsonarismo. Assim podemos avançar ainda mais na agenda de direitos sociais vencedora nas urnas”, disse Natália Szermeta, presidente da Fundação Lauro Campos e Marielle Franco. 

Os 97 atos revogados em 2023 pelo presidente Lula fazem parte de um rol de prioridades listadas em 2022. Desse conjunto de normas anuladas, 60 foram apontadas como questão primordial para a democracia no Brasil. 

Segundo o cientista político Josué Medeiros, coordenador do Núcleo de Análises, Pesquisa e Estudos (Nape) e da pesquisa do Revogaço em 2022 e 2023, outros temas como a política de drogas também devem ter avanços em breve, especialmente após a conclusão da votação no Supremo Tribunal Federal sobre a descriminalização do porte de maconha.

“Com o levantamento de 2023, analisamos o quanto avançamos em 200 dias de governo Lula e também destacamos o quanto falta avançar, o que só ocorrerá com mobilização da sociedade brasileira em defesa da democracia”, disse Medeiros.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse, nesta sexta-feira (18), que não recebeu nenhum valor da venda de joias - presentes de autoridades da Arábia Saudita. Uma investigação da Polícia Federal apura a venda ilegal desses itens. O repasse teria sido articulado pelo ex-ajudante de ordem, Mauro Cid.

Em entrevista ao Estadão, Bolsonaro também ressaltou a autonomia de Mauro Cid e destacou o desejo de que tudo seja esclarecido o mais rápido possível.

##RECOMENDA##

“Não recebi nada... Ele tinha autonomia”, ressaltou o ex-presidente, oscilando claramente de humor entre as respostas. Argumentando que joias são presentes de categoria personalíssima, Bolsonaro fez questão de lembrar uma portaria assinada pelo ex-presidente Michel Temer (MDB) que aponta os itens da categoria como pertencentes ao detentor do cargo. A portaria foi revogada em 2021.

“Joia é tido como personalíssimo, pertence ao presidente, até 2021. Se eu tivesse outras intenções não teria revogado. A portaria é do governo Michel Temer. Eu entendo que a portaria é legal. A partir de 22 não está definido o que é personalíssimo. Fica no ar, em dúvida tem quem beneficie o seu lado”, afirmou. Bolsonaro ainda contou ter 9 mil itens que recebeu de presente, entre eles camisetas e bonés.

Sigilo

Nessa quinta-feira (17), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, autorizou a quebra do sigilo do ex-presidente e da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. Questionado sobre o assunto, Bolsonaro disse estar incomodado, mas “sem problemas”.

“Sem problema nenhum. Lógico que tudo incomoda, mas sem problemas”, frisou. “Estou pressionado desde antes de assumir à Presidência. Foram quatro anos difíceis, estou há 8 meses aqui e parece que continuo pautando a mídia”, emendou.

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) foi às redes sociais criticar a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que autorizou a quebra dos sigilos bancário e fiscal dela e de seu marido, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A determinação judicial ocorre no âmbito da Operação Lucas 12:2, da Polícia Federal (PF), que investiga uma possível organização criminosa para vender e desviar presentes recebidos por Jair, ainda na posição de chefe de Estado.

"Pra que quebrar o meu sigilo bancário e fiscal? Bastava me pedir. Quem não deve, não teme", escreveu a ex-primeira-dama. A publicação foi feita nos Stories do Instagram, nesta sexta-feira (18), após diversas publicações de passagens bíblicas e músicas citando perseguição aos "justos".

##RECOMENDA##

Michelle afirmou que tem sofrido perseguição, mas garantiu que não se abalará: "Fica cada vez mais claro que essa perseguição política, cheia de malabarismo e inflamada pela mídia, tem como objetivo manchar o nome da minha família e tentar me fazer desistir. Não conseguirão! Estou em paz!". 

O desenrolar das investigações motivou o pedido de quebra de sigilo emitido pela PF, na semana passada, mas aceito pelo STF somente nessa quinta-feira (17). Segundo a apuração, os desvios começaram em meados de 2022 e terminaram no início deste ano. Entre os envolvidos estão o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, e o pai dele, o general de Exército, Mauro Lourena Cid. O militar trabalhava no escritório da Apex, em Miami.  

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou nesta quinta-feira (17) a quebra do sigilo bancário e fiscal do ex-presidente Jair Bolsonaro e da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. 

A medida foi solicitada na semana passada pela Polícia Federal (PF) no âmbito da investigação da Operação Lucas 12:2, que apura o suposto funcionamento de uma organização criminosa para desviar e vender presentes recebidos pelo ex-presidente de autoridades estrangeiras.

##RECOMENDA##

Segundo as investigações, os desvios começaram em meados de 2022 e terminaram no início deste ano. Entre os envolvidos estão o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, e o pai dele, o general de Exército, Mauro Lourena Cid. O militar trabalhava no escritório da Apex, em Miami. 

Conforme regras do Tribunal de Contas da União (TCU), os presentes de governos estrangeiros deviam ser incorporados ao Gabinete Adjunto de Documentação Histórica (GADH), setor da Presidência da República responsável pela guarda dos presentes, e que não poderiam ficar no acervo pessoal de Bolsonaro, nem deixar de ser catalogados.

A Agência Brasil busca contato com a defesa de Bolsonaro. 

A senadora Eliziane Gama (PSD-MA), relatora da CPMI do 8 de Janeiro, declarou nesta quinta-feira (17) que a comissão tem "fortes condições" de recomendar o indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro após o depoimento do hacker Walter Delgatti Neto. Ela afirmou, no entanto, que ainda é preciso "compatibilizar" as declarações de Delgatti com evidências documentais.

Delgatti acusou Bolsonaro de encomendar a ele um código falso para simular uma fraude nas urnas eletrônicas, e também de prometer a ele indulto caso assumisse a autoria de um suposto grampo contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

##RECOMENDA##

Quebra de sigilos

Em coletiva à imprensa, Eliziane Gama disse que vai apresentar requerimentos pedindo a quebra de sigilos das pessoas citadas por Delgatti — que incluem Bolsonaro, a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) e o ex-ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira. Elas também poderão ser convocadas para depoimento e acareação.

Os documentos que serão solicitados pela senadora são os sigilos telemáticos (histórico de contatos e mensagens) e os relatórios de inteligência financeira (RIFs) produzidos pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) para identificar movimentações financeiras atípicas. 

— Não há dúvida nenhuma que é um depoimento bombástico, pela gravidade das informações que foram passadas pelo depoente. Os elementos apresentados nos dão fortes condições de, ao final [da CPMI], termos o indiciamento do ex-presidente Bolsonaro. Com esses dados que chegarão até nós, sendo confirmadas as informações de hoje, não há dúvida nenhuma de que partiremos para esses indiciamentos. 

Financiamento

A inclusão dos RIFs se justifica porque Delgatti afirmou ter recebido R$ 40 mil de Carla Zambelli pelos serviços que seriam prestados. Eliziane quer saber também se houve transações ligadas ao financiamento dos atos de 8 de janeiro.  A relatora classificou o depoimento de Delgatti como um momento crucial para o trabalho da CPMI. 

— Hoje foi um dia muito importante. [Delgatti] trouxe informações absolutamente graves envolvendo o ex-presidente da República no exercício do mandato dentro da estrutura e dos espaços da Presidência.  Requerimentos A próxima reunião da comissão está marcada para a terça-feira (22), a partir das 9h. A pauta ainda não está definida. Eliziane Gama disse que pedirá uma reunião deliberativa para a análise dos requerimentos.

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) pediu que a CPMI avance nas investigações sobre o ex-presidente, afirmando que a comissão agora tem provas da intenção definitiva do governo Bolsonaro. 

— O 8 de janeiro foi uma conspiração contínua inaugurada em 1º de janeiro de 2019, quando tomou posse um governo que passou a desrespeitar a Constituição e os Poderes e atacar o STF. Quantas vezes a democracia brasileira não foi repetidamente ofendida? O que o senhor Delgatti trouxe aqui foi o roteiro de como queriam dar o golpe de estado  Randolfe também apontou o que entende ser uma contradição na versão sustentada durante o dia pelos parlamentares da oposição. Segundo ele, se Delgatti era sabidamente culpado de crimes, o ex-presidente não deveria ter feito qualquer contato com ele. 

— Foi este que tem uma 'vasta ficha criminal' que foi chamado a conversar com o ex-presidente da República. [Este] que tem uma 'vasta ficha criminal' foi encaminhado ao Ministério da Defesa. Se sabiam que era um criminoso, o que o presidente queria dialogando com ele? É o primeiro mandatário da história deste país que tira do seu tempo para conversar com alguém que tem uma 'vasta ficha criminal'. 

Urnas

O senador Marcos Rogério (PL-RO) disse que as acusações são graves, mas que não foram provadas. Para ele, há também contradição no relato de Delgatti sobre o teor da sua conversa com o ex-presidente Jair Bolsonaro.

  — As declarações feitas aqui são graves, porém unilaterais, e precisam ser checadas. Não se pode fazer juízo de valor com base em informações de uma das partes envolvidas sem que haja efetivas provas de veracidade. O depoente disse inicialmente que foi chamado para mostrar que o sistema eleitoral não era seguro. Depois disse que o presidente Bolsonaro pediu para que fraudasse as eleições, ofereceu vantagens e garantias. Qual das duas versões está correta?  Para Marcos Rogério, a CPMI tem material para abrir uma frente de investigação sobre a segurança das urnas eletrônicas, uma vez que Delgatti afirmou durante o depoimento que defende o comprovante impresso de voto.

— É importante que a gente faça a checagem de tudo que foi dito, que chame outras autoridades para confrontar. O ex-diretor da área de informática do TSE precisa vir a esta CPMI. Eu não estou colocando ninguém em cheque, mas se há algum nível de insegurança e se há alguma possibilidade de fraude ter sido cometida, é preciso que haja investigação. Eu quero investigar tudo, não trabalho com seletividade.

Proteção à testemunha

Ao final da reunião, a senadora Eliziane Gama informou que vai indagar à Procuradoria-Geral da República sobre a possibilidade de enquadrar Walter Delgatti Neto na hipótese de delação premiada, com base no depoimento desta quinta. Seria a primeira vez que a delação premiada é usada a partir de um depoimento a uma comissão do Congresso Nacional. O Ministério Público Federal (MPF) teria que formular o pedido ao Supremo Tribunal Federal, que precisaria homologar a delação. 

— As falas de hoje foram importantes e [Delgatti] demonstrou disposição de colaborar. Pode até haver um questionamento [sobre isso], e estou solicitando à Consultoria do Senado uma análise mais profunda. O instrumento de colaboração premiada ainda não foi utilizado por nenhuma CPI. Esta comissão poderá criar um precedente.

O senador Cid Gomes (PDT-CE), que presidia a reunião, informou que a CPMI encaminhará ofícios ao Ministérios dos Direitos Humanos e ao ministro Alexandre de Moraes para que Walter Delgatti Neto seja incluído no Programa Federal de Assistência às Vítimas e às Testemunhas Ameaçadas (Provita).

*Da Agência Senado

A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) disse que já há elementos para que seja decretada a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ela é uma das autoras do requerimento que convocou o hacker Walter Delgatti para depor na CPMI do atos antidemocráticos, nesta quinta-feira (17).

“Para mim, já está pronta a prisão do Jair Bolsonaro. Já tem mais do que motivos para a prisão como o mandante desses crimes todos e o mandante dos atos antidemocráticos e golpistas que ocorreram no Brasil, particularmente a invasão dos Três Poderes, no 8 de janeiro”, disse a líder do Partido Comunista do Brasil na Câmara ao questionar Delgatti na CPI.

##RECOMENDA##

Segundo a parlamentar, o depoente fez declarações de conteúdo gravíssimo. “Inacreditável. E ainda tem muita coisa para aparecer. Não à toa, o Inelegível disse posteriormente que Zambelli estava prejudicando tudo. Mas vejam que foi ele próprio quem encaminhou o hacker para o Ministério da Defesa, apesar do alerta do general Câmara. Meteu os pés pelas mãos na certeza de que nunca seria pego. Deu errado”. 

Durante o seu depoimento, o hacker afirmou que o ex-mandatário lhe pediu para invadir as urnas eletrônicas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Além disso, Delgatti disse que Bolsonaro ofereceu um indulto (perdão presidencial) caso ele fosse preso.  Delgatti acusa o ex-presidente de ter solicitado que ele assumisse o grampo que já havia sido feito contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

O Senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), durante a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), nesta quinta-feira (17), somou que o ex-presidente Jair Bolsonaro pode ser condenado a, pelo menos, 18 anos de prisão. O parlamentar mencionou o testemunho feito pelo hacker Walter Delgatti Neto, conhecido como o hacker da Vaza Jato

Durante sua fala na comissão, o senador cita os crimes relatados pelo hacker, de acordo com o Código Penal: Simulação de fraude nas urnas para desestabilizar o pleito eleitoral, crime de golpe de estado, artigo 366 do Código Penal, pena de reclusão de quatro a 12 anos; realização de grampos clandestinos contra um ministro da suprema corte, crime de escuta telefônica ilegal, artigo 10 da Lei 9296/1996, pena de dois a quatro anos; sugerir que Delgatti assumisse falsamente a autoria do grampo de participação por instigação, no crime de autoacusação falsa, artigo 341 do código penal, pena de detenção de três meses a dois anos; promessa de indulto, delito de incitação ao crime, artigo 266 do código penal. 

##RECOMENDA##

Leia também: 

Delgatti se esquiva de provocações de Flávio Bolsonaro 

“Somados, 18 anos de prisão a quem cometeu o conjunto desses crimes, e quem cometeu o conjunto desses crimes não foi o senhor Walter Delgatti. Quem cometeu esses crimes, tipificados e explicitados aqui, didaticamente para todos nós, foi o senhor Jair Messias Bolsonaro”, afirmou o senador. 

Em um depoimento marcado por declarações de caráter decisivo para o relatório final da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), o hacker Walter Delgatti citou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ao revelar que foi buscado para assumir a autoria de um crime de privacidade contra o ministro do Supremo e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes.

O crime em questão seria um grampo, supostamente já existente e elaborado por pessoas contratadas no exterior. Delgatti, que já tinha um case de sucesso com a "Vaza Jato", assumiria o grampo como uma pessoa com experiência em escândalos de corrupção de figuras públicas e políticas.

##RECOMENDA##

O pedido teria sido feito diretamente por Bolsonaro, em ligação telefônica, quando o hacker encontrou a deputada Carla Zambelli em um posto de combustível na rodovia Bandeirantes, em São Paulo. Segundo Delgatti, Zambelli a ligação a Jair Bolsonaro foi feita por um celular novo e que também tinha um chip novo, aparentemente utilizado apenas para aquele contato.  

“Nisso eu falei com o presidente da República e, segundo ele, eles haviam conseguido um grampo – que era tão esperado à época – que era do ministro Alexandre de Moraes. Segundo ele, esse grampo foi realizado já, teria conversas comprometedoras do ministro e ele precisava que eu assumisse a autoria desse grampo”, disse o hacker. 

LeiaJá também

- - > 'Saiba quem é Walter Delgatti Neto, o hacker da Vaza Jato'

- - > 'Zambelli buscou Delgatti para fingir insegurança das urnas'

“Ele disse no telefonema que esse grampo foi realizado por agentes de outro país. Não sei se é verdade, se realmente aconteceu o grampo porque não tive acesso a ele. E disse que em troca eu teria o prometido indulto e ele ainda disse assim: “Se caso alguém te prender, eu mando prender o juiz” e deu risada”, completou. 

Delgatti disse que entendeu que esse grampo seria suficiente “pra alguma ação contra o ministro” e para fazer com que as eleições fossem realizadas com a urna que imprimisse o voto. Ele afirmou que concordou porque era uma proposta do presidente da República: “Ficaria até difícil falar não.” 

Encontros presenciais com Bolsonaro

Delgatti detalhou um encontro que teve com o ex-presidente Jair Bolsonaro, a deputada federal Carla Zambelli, o ex-ajudante de ordens Mauro Cid, e o general Marcelo Câmara. 

“A ideia era falar sobre as urnas, e a conversa foi técnica até que o presidente me disse: ‘A parte técnica eu não entendo. Então, eu irei enviá-lo ao Ministério da Defesa e com os técnicos você explica tudo isso’. A conversa se resumiu a isso. E ele pediu que eu fizesse o que o Duda [Lima] havia dito sobre o 7 de setembro.” 

Duda Lima, citado pelo hacker, era o publicitário de Bolsonaro. Ele esteve em uma reunião com Zambelli e Delgatti, em agosto de 2022, para alinhar propostas de participação do hacker na campanha do ex-presidente.

O caso do “7 de setembro”, também citado, se refere a uma ideia de que Delgatti, na cerimônia do 7 de setembro, simulasse uma invasão à urna. Isso aconteceria em frente à população, para "provar" que era possível computar um voto e a urna imprimir um voto diferente. A urna usada na simulação seria emprestada pela Ordem de Advogados do Brasil (OAB), segundo o hacker. 

Assista à oitiva na íntegra:

[@#video#@]

Walter Delgatti, hacker investigado pela Polícia Federal (PF), prestou depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro nesta quinta-feira (17). A primeira fase do depoimento foi marcada por revelações graves do depoente, em especial, sobre a relação com o Governo Bolsonaro e aliados. As figuras políticas mais citadas foram a deputada federal Carla Zambelli (PL), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o presidente do Partido Liberal, Valdemar Costa Neto, e o antigo publicitário de Bolsonaro, Duda Lima.

Confira, abaixo, o resumo das principais declarações de Delgatti, que seguem consideradas alegações até que sejam investigadas oficialmente

##RECOMENDA##

- Bolsonaro teria oferecido indulto a Walter Delgatti para assumir a responsabilidade de um grampo contra Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O pedido teria sido feito diretamente por Bolsonaro, em ligação telefônica, quando o hacker encontrou a deputada Carla Zambelli em um posto de combustível na rodovia Bandeirantes, em São Paulo. Segundo Delgatti, a ligação a Jair Bolsonaro foi feita por um celular novo e que também tinha um chip novo, aparentemente utilizado apenas para aquele contato; 

- O hacker Walter Delgatti Netto afirmou que orientou os militares responsáveis por produzir o relatório das Forças Armadas sobre a segurança das urnas eletrônicas entregue no dia 9 de novembro de 2022; 

- Delgatti teve momentos de embate com o senador Sérgio Moro (União Brasil-PR) nesta quinta-feira (17), durante seu depoimento à CPMI do 8 de Janeiro. O preso chegou a chamar o parlamentar e ex-juiz titular da força tarefa em Curitiba de "criminoso contumaz"; 

- Zambelli buscou Delgatti para fingir insegurança das urnas: respondendo à relatora Eliziane Gama (PSD) sobre uma reunião acontecida em 9 de agosto de 2022, na sede do PL, junto à Zambelli e ao presidente Valdemar Costa Neto, Delgatti alegou que foi oferecido duas propostas de participação na campanha de apoio a Bolsonaro. A primeira ideia foi de o hacker funcionar como "garoto propaganda" do antigo governo e se infiltrar em uma entrevista com figuras da esquerda, para "jogar" a ideia de que a urna eletrônica é violável; 

 - A segunda proposta foi para que Delgatti, na cerimônia do 7 de Setembro, simulasse uma invasão à urna. Isso aconteceria em frente à população, para "provar" que era possível computar um voto e a urna imprimir um voto diferente. A urna usada na simulação seria emprestada pela OAB; 

- Delgatti conheceu Zambelli em um hotel de São Paulo, supostamente por coincidência. Em julho de 2022, uma foto da dupla chegou à internet e levantou especulações sobre a relação da parlamentar com o investigado. Em sua fala, o hacker alegou que a foto foi feita a seu pedido e que apenas trocou números de telefone com a então aliada; 

- Delgatti detalhou um encontro que teve com o ex-presidente Jair Bolsonaro, a deputada federal Carla Zambelli, o ex-ajudante de ordens Mauro Cid, e o general Marcelo Câmara. Ele teria sido oferecido acesso ao Ministério da Defesa para ter dados importantes do sistema eleitoral. 

LeiaJá também 

- - > 'Hacker chama Moro de 'criminoso' em CPMI

- - > 'Bolsonaro ofereceu indulto a hacker para 'grampear' Moraes

- - > 'Hacker relata que orientou Defesa em relatório sobre urnas

- - > 'Zambelli buscou Delgatti para fingir insegurança das urnas

- - > ''Mente, mente, mente', reage Fábio Wajngarten sobre hacker

 

O hacker Walter Delgatti, conhecido por operar a "Vaza Jato", iniciou seu depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro nesta quinta-feira (17). Preso desde 2 de agosto por ser o principal suspeito de uma invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ele começou a oitiva dando detalhes de sua relação com a deputada federal Carla Zambelli (PL) e com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). 

Respondendo à relatora Eliziane Gama (PSD) sobre uma reunião acontecida em 9 de agosto de 2022, na sede do Partido Liberal (PL), junto à Zambelli e ao presidente Valdemar Costa Neto, Delgatti alegou que foi oferecido duas propostas de participação na campanha de apoio a Bolsonaro. A primeira ideia foi do hacker funcionar como "garoto propaganda" do antigo governo e se infiltrar em uma entrevista com figuras da esquerda, para "jogar" a ideia de que a urna eletrônica é violável.

##RECOMENDA##

A segunda proposta foi para que Delgatti, na cerimônia do 7 de Setembro, simulasse uma invasão à urna. Isso aconteceria em frente à população, para "provar" que era possível computar um voto e a urna imprimir um voto diferente. A urna usada na simulação seria emprestada pela Ordem de Advogados do Brasil (OAB), segundo o hacker. As duas propostas teriam sido a pedido de Jair Bolsonaro.

“O Duda disse que o ideal era eu fazer uma entrevista com a esquerda e de forma espontânea, eu falar sobre as urnas, dizer que eram frágeis. Essa foi a proposta inicial, que não ocorreu porque o meu encontro [com Zambelli] saiu na mídia e aí cancelaram. A segunda ideia era pegar uma urna da OAB e eu mostrar à população que é possível acessar a urna, que era possível apertar um voto e imprimir outro. [...] A ideia do Duda não era criar um código-fonte do TSE, mas um fake”, respondeu Delgatti. 

Reunião de 9 de agosto de 2022

Duda, a quem Walter se refere, é Duda Lima, publicitário de Jair Bolsonaro. Nessa reunião, de 9 de agosto, houve dois momentos de conversa. O primeiro com Delgatti, os advogados de Delgatti, Valdemar Costa Neto, Zambelli, e os irmãos e marido de Zambelli. Duda Lima não participou do primeiro momento, pela manhã.

O publicitário chegou para a segunda parte, às 15h, para discutir o aspecto técnico da campanha de marketing. Após um desentendimento entre Carla e os advogados do hacker, a segunda reunião aconteceu apenas com Duda, Carla Zambelli e Walter Delgatti.

“O assunto era bem técnico, até que o Valdemar entrou em contato com o Duda e agendou a outra reunião com o ‘marketeiro’ da campanha. Acredito que o Valdemar não tinha conhecimento técnico [para dar seguimento à reunião sozinho]. Voltei às 15h, mas no meio tempo, os advogados tiveram um desentendimento com Carla Zambelli e foram embora, eu fiquei só”, completou o depoente. 

A relação com Zambelli

Sob depoimento, o hacker Walter Delgatti expôs uma nova versão sobre seu primeiro encontro com a deputada federal Carla Zambelli. Em julho de 2022, uma foto da dupla chegou à internet e levantou especulações sobre a relação da parlamentar com o investigado. Em sua fala, o hacker alegou que a foto foi feita a seu pedido e que apenas trocou números de telefone com a aliada.

A foto foi registrada na saída do hotel Village Inn Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, em 28 de julho. Delgatti teria ido ao local para buscar um amigo, foi apresentado à Zambelli e trocou contato no intuito de saber sobre propostas de emprego. O hacker chegou a assessorar as redes da deputada e recebeu R$ 3 mil pelo serviço, que foi suspenso após Zambelli ser impedida judicialmente de usar as redes.

"Ela [Zambelli] disse que me daria uma oportunidade de trabalho na campanha do presidente Jair Bolsonaro. Estive em Brasília, conheci o presidente e em Brasília fui trabalhar nas redes sociais dela. Houve pagamentos, ela me enviou senha dos sites e das redes, mas depois uma decisão do Alexandre de Moraes suspendeu as redes dela e eu não continuei trabalhando”, alegou.  

O presidente da CPMI do 8 de Janeiro, deputado Arthur Maia (União-BA), negou, nesta terça-feira (15), pedido do deputado Duarte Junior (PSB-MA) para votação de requerimentos pela convocação e a autorização para as quebras dos sigilos telemático e fiscal do ex-presidente da República, Jair Bolsonaro. O parlamentar também sugeriu que a CPMI se debruce sobre dados do inquérito da Polícia Federal que investiga a venda, por assessores do ex-presidente, de joias e outros presentes dados ao casal Bolsonaro por países árabes.

Apesar de o nome do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, aparecer nas investigações dos atos antidemocráticos e da venda de joias, Arthur Maia não acatou o pedido e disse não ver "qualquer nexo de causalidade" entre as denúncias recentemente divulgadas pela imprensa e os ataques do 8 de janeiro.

##RECOMENDA##

"Eu não consigo enxergar nenhum nexo de causalidade em relação com o que aconteceu no dia 8 de janeiro e com um presente que eventualmente, não estou dizendo que isso aconteceu, que o presidente teria recebido [...]. Eu não vou entrar nisso, isso não tem nada a ver com o 8 de janeiro. Não contem comigo para esse tipo de coisa", disse Arthur Maia.

Prorrogação

Arthur Maia também declarou que não pretende prorrogar os trabalhos da CPMI, que tem 120 dias para funcionar. Ele disse esperar que a relatora, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), entregue o relatório final dentro do prazo estabelecido pelo regimento que deu origem à comissão parlamentar mista de inquérito, que é de 120 dias. 

"Agora, se deputados e senadores fizerem o número suficiente de assinaturas, conseguirem o número suficiente de assinaturas na Câmara dos Deputados e no Senado para prorrogar a CPMI, cumpre a mim, como presidente, aceitar essa determinação do Congresso Nacional e continuar os nossos trabalhos até a data que for determinada. Agora, repito, cumprirei o nosso trabalho dentro dos limites da lei", declarou o deputado. 

*Da Agência Senado

Mesmo com recibo do Rolex em seu nome, o advogado da família Bolsonaro, Frederick Wassef, diz nunca ter visto o relógio de luxo que o ex-presidente recebeu em excursão ao Oriente Médio. A Polícia Federal avalia provas contundentes do seu envolvimento na venda ilegal e investiga sua viagem aos Estados Unidos, onde a peça foi vendida. 

"Nada. Nunca vi esse relógio. Nunca vi joia nenhuma [...] nunca na minha vida. Desafio a provarem isso. Falo e garanto", afirmou ao blog de Valdo Cruz. 

##RECOMENDA##

O relógio avaliado em cerca de R$ 300 mil foi recebido de presente em 2019 e vendido nos Estados Unidos em junho de 2022, pelo ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, Mauro Cid. 

LeiaJá também: Rosto do pai de Cid é visto em foto para vender relógio

Com a exigência da devolução do Rolex ao acervo da União, em março de 2023, Wassef viajou aos Estados Unidos com a missão de reavê-lo. Ele nega envolvimento, mas seu nome aparece no recibo de recompra. 

"Uma coisa é a viagem que fiz para os EUA. Outra coisa é me acusar de organização criminosa e esquema de joia. É uma armação", defende-se.   

Conversas dele com Cid aumentam ainda mais os indícios da participação no esquema criminoso. Um mês seguinte da ida aos EUA, o advogado volta para São Paulo, onde teria entregado o relógio a Mauro Cid. Dois dias depois, a peça é devolvida à União. 

Wassef diz não ter qualquer relação ou amizade com Mauro Cid, limitando as interações trocadas em poucos contatos. "Nunca tomei choppinho. Zero. Era absolutamente formal. Conto na mão as vezes que falei com ele [...] zero de qualquer outro tema ou assunto”, complementou. 

Auxiliares do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disseram que a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro "sumiu" com joias recebidas pelo então chefe do Executivo. Em mensagens para discutir se os kits de itens preciosos poderiam ser vendidos, o assessor especial Marcelo Câmara relatou ao ex-ajudante de ordens Mauro Cid sobre o "desparecimento" de objetos. "Porque já sumiu um que foi com a dona Michelle."

"As mensagens revelam que, apesar das restrições, possivelmente, outros presentes recebidos pelo ex-Presidente Jair Bolsonaro podem ter sido desviados e vendidos sem respeitar as restrições legais, ressaltando inclusive que 'sumiu um que foi com a dona Michelle'", afirma a Polícia Federal (PF). Não há descrição do que "sumiu" com a ex-primeira-dama.

##RECOMENDA##

O trecho da investigação está na decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que autorizou a Operação Lucas 12:2, realizada nesta sexta-feira, 11. O objetivo é investigar suposto grupo que teria vendido bens entregues a autoridades brasileiras em missões oficiais.

Na troca de mensagens em áudio, Mauro Cid e Marcelo Câmara debatem sobre a legalidade da venda de joias recebidas em compromissos oficiais do ex-presidente. Esses objetos de alto valor são considerados bens públicos e devem ser enviados para o acervo da Presidência da República.

A discussão é sobre um conjunto de joias da marca suíça da Chopard, que o grupo tentou leiloar em 8 de fevereiro de 2023. O anúncio de um conjunto composto por relógio, abotoaduras, anel, caneta e um rosário árabe (masbaha) em ouro rosé e cravejados de diamantes por US$ 120 mil estava em um site americano especializado em leilões de objetos de luxo.

O kit não foi vendido, e Câmara alertou a Cid, em 9 de fevereiro, que havia um documento do Gabinete Adjunto de Documentação Histórica da Presidência, datado de novembro de 2022, que atestava a existência das joias no acervo.

Em 13 de fevereiro, Cid pediu para Câmara procurar Marcello da Silva Vieira, ex-chefe do Gabinete Adjunto de Documentação Histórica da Presidência da República, para checar sobre a legalidade da venda dos objetos. "Mas, liga pra ele. Ele tinha me falado, ele me garantiu que poderia, que o presidente poderia fazer o que quisesse porque isso são itens personalíssimos."

Câmara respondeu, então, que já havia conversado com o ex-chefe do gabinete de documentação histórica, se referindo à possibilidade de vender objetos que teriam sido destinados ao acervo privado de Bolsonaro. "Eu falei com ele sobre isso, Cid. Aí ele me falou que tem esse entendimento sim. Mas que o pessoal questiona porque ele pode dar, pode fazer o que ele quiser. Mas tem que lançar na comissão, memória, entendeu?"

Na sequência, Câmara afirmou: "O que já foi, já foi. Mas se esse aqui tiver ainda a gente certinho pra não dar problema. Porque já sumiu um que foi com a dona Michelle; então pra não ter problema". Não foi citado nas mensagens de qual item falavam ao relacionar o nome da ex-primeira-dama.

Mauro Cid disse que havia mandado recuperar o conjunto Chopard. "Eu já mandei voltar, eu já mandei voltar!" Câmara afirmou ainda que poderiam tentar vender o kit de novo "em uma próxima oportunidade", avisando ao governo federal sobre a comercialização.

"Só dá pena pq estamos falando de 120 mil dólares", disse Mauro Cid. Marcelo Câmara concordou: "O problema é depois justificar e para onde foi. De eu informar para a comissão da verdade. Rapidamente vai vazar".

O conjunto de joias Chopard chegou ao Brasil pelas mãos da comitiva do então ministro de Minas e Energia (MME), Bento Albuquerque, em outubro de 2021, e entrou ilegalmente no País, burlando a Receita Federal, como relevou o Estadão em abril deste ano.

Um dos nomes em maior evidência na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do 8 de Janeiro é o do tenente-coronel Mauro Cid, peça-chave do Governo Bolsonaro e antigo ajudante de ordem do ex-presidente da República. A aproximação dos dois aconteceu através do general Mauro Cesar Lourena Cid, pai do tenente-coronel e também colega de turma de Jair durante desde a década de 70.

Junto ao filho, Lourena se tornou, nesta sexta-feira (11), alvo de um mandado de busca e apreensão obtido pela Polícia Federal (PF). O objetivo é encontrar provas no caso de desvio dos bens patrimoniais do Brasil, em um esquema montado por aliados de Jair Bolsonaro (PL) e encabeçado pelos Cid. Na façanha, o general seria responsável por encontrar clientes e negociar as joias nos Estados Unidos, onde atuava.

##RECOMENDA##

Entenda quem são os Mauro Cid - pai e filho - e a participação deles em supostos crimes investigados durante o último governo. 

Mauro Cesar Lourena Cid, o pai e general

O general Lourena é um oficial do Exército Brasileiro, formado na Academia Militar dos Agulhas Negras (Aman). Foi na academia que ele conheceu Jair Bolsonaro, ainda na década de 70, e eles se tornaram amigos de turma. Atualmente, Lourena é general da reserva, mas atuou no Governo Bolsonaro. Após a indicação do ex-presidente, assumiu a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), nos Estados Unidos, entre 2019 e 2023. 

Em 2015, assumiu o posto de Comandante Militar do Sudeste, comando enquadrante da 2ª Região Militar e da 2ª Divisão de Exército, até 2017. Depois, o general fez parte do Departamento de Educação do Exército. O pai de Lourena Cid, Antônio Carlos Cid, chegou a trabalhar na Casa Militar de José Sarney, onde fica a ajudância de ordens.

General está no cerne de escândalo de corrupção

Lourena e o filho Mauro Cid são alvos de uma operação da Polícia Federal que investiga a tentativa de vender, de forma ilegal, presentes entregues ao ex-presidente Jair Bolsonaro por delegações estrangeiras. Pai e filho tiveram mais de R$ 5,6 milhões em “transações atípicas” em um pouco mais de um ano, segundo o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).

Nesta sexta-feira (11), a PF cumpriu mandados de busca e apreensão no endereço dos investigados, sendo adicionado ao grupo de suspeitos, também, Frederick Wassef, ex-advogado da Família Bolsonaro.

O filho e tenente-coronel, Mauro Cid

Mauro Cesar Barbosa Cid é natural de Niterói, no Rio de Janeiro, tem 44 anos e integra o Exército Brasileiro desde 1996. Ele é filho do coronel Mauro (Lourena) Cid, que está nas Forças Armadas há cinco décadas. Já integrou o Comando de Operações Terrestres do Exército Brasileiro (Coter) e foi coordenador da ajudância de ordens do Governo Bolsonaro, entre 2018 e 2022. Em quatro anos, Cid fez 144 viagens a serviço da Presidência, segundo o Portal da Transparência do governo federal. 

Outras investigações contra o tenente-coronel

1. Fraude ao Conecte SUS 

Cid foi preso preventivamente pela PF no dia 3 de maio por suspeita de fraude em cartões de vacinação contra a covid-19. A polícia aponta que ele adulterou os registros de imunização de Laura e Jair Bolsonaro para uma viagem aos Estados Unidos, que exige a vacinação para ingressar no país. Os dados do cartão vacinal de Cid e de sua esposa, Gabriela Ribeiro, também foram fraudados. 

Gabriela viajou três vezes aos EUA com o cartão de vacinação fraudado. A PF cumpriu um mandado de busca e apreensão na casa de Mauro Cid, onde foram apreendidos US$ 35 mil e R$ 16 mil em dinheiro vivo. Além disso, seu celular foi periciado e foram encontradas movimentações bancárias em uma conta nos Estados Unidos. 

Além disso, Mauro Cid foi apontado como integrante das milícias digitais em investigação da Polícia Federal sobre a live de Bolsonaro, onde o presidente relacionou as vacinas contra COVID-19 com o HIV. Ele também seria o responsável pela divulgação de dados sobre o ataque hacker ao Supremo Tribunal Federal. 

2. Tentativa de golpe de Estado 

Cid é suspeito de articular uma intervenção militar contra o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) após as eleições de 2022. Uma perícia da PF encontrou no celular de Cid trocas de mensagens com outros militares, entre abril e maio, tratando de ações que configurariam um golpe de Estado. As mensagens foram reveladas pela imprensa e depois tornadas públicas pela Justiça. Entre os documentos obtidos pela polícia, está uma minuta de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e tratativas para a decretação de um Estado de Defesa. 

LeiaJá também 

- - > 'Mauro Cid tentou acessar 99 vezes e-mail desativado

- - > 'Cid movimentou R$ 3,2 milhões em 7 meses, aponta Coaf

- - > 'Mauro Cid contou que Michelle não gostava dele

 

A nova etapa da investigação das joias e presentes ocultados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro foi deflagrada na manhã desta sexta-feira (11), com o cumprimento de mandados de busca e apreensão nas casas do general da reserva Mauro César Lourena Cid, pai do tenente-coronel Mauro Cid – ex-ajudante de ordens de Bolsonaro -, do próprio Cid e de Frederick Wassef, advogado da família do ex-presidente

As buscas foram autorizadas por Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), e ocorrem em imóveis em Niterói, no Rio de Janeiro, em Brasília e em São Paulo.

##RECOMENDA##

A CPMI da tentativa de golpe de 8 de janeiro teve acesso a e-mails em que Mauro Cid negocia um relógio Rolex, avaliado em cerca de R$ 300 mil, recebido em viagem oficial. A Polícia Federal investiga os crimes de associação criminosa, peculato e lavagem de dinheiro.

O dinheiro em espécie com a venda do Rolex se tornaria patrimônio dos suspeitos por meio de terceiros, sem passar por bancos e, assim, a origem dos valores permaneceria oculta.

O nome da operação é "Lucas 12:2", uma referência ao versículo bíblico que diz: “Não há nada escondido que não venha a ser descoberto, ou oculto que não venha a ser conhecido”.

 

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando