Tópicos | quilombolas

Conceição das Crioulas possui 4.300 habitantes e fica a 45km de Salgueiro, no sertão pernambucano. (Ricardo Moura/Fundarpe/Divulgação)

##RECOMENDA##

Duas comunidades quilombolas de Pernambuco já registram, cada uma, um caso do novo coronavírus. A informação foi dada ao LeiaJá pelo coordenador executivo da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais (Conaq), Antônio Crioulo. A organização emitiu nota, na última quinta-feira (18), com as suas principais reivindicações de enfrentamento à pandemia da Covid-19, dentre as quais estão o acesso imediato aos equipamentos de proteção individual (EPI's), anistia de dívidas contraídas pelo Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e a compra de toda a produção da agricultura familiar dos quilombolas, cujo o escoamento foi comprometido.

“A renda das nossas comunidades é principalmente a que vem da agricultura. O excedente da produção sempre foi comercializado na cidade, para complementar a alimentação, ou seja: a gente planta feijão, milho, abóbora e melancia, vendendo para complementar a própria mesa com outros produtos. Quando você não consegue fazer a troca com a cidade, há perdas tanto na questão alimentar quanto econômica”, explica Antônio Crioulo.

O escoamento dos produtos, por sua vez, é dificultado pelas atuais condições de mobilidade das comunidades. Morador de Conceição das Crioulas, comunidade quilombola com 4.300 moradores, localizada a 45 km de Salgueiro, no Sertão de Pernambuco, Crioulo afirma que diversas prefeituras têm se recusado a fazer a manutenção das estradas no atual período, que é de chuva em algumas regiões. “Além disso, nosso principal meio de transporte para a cidade é o pau-de-arara, que pode ser apreendido ao chegar no destino, devido à pandemia. Assim, muitos quilombolas não estão conseguindo sequer fazer o saque do auxílio de R$ 600 do governo federal, porque não conseguem chegar às agências”, acrescenta Crioulo.

Isolamento social

Baseadas em fortes laços sanguíneos, territoriais e afetivos, as comunidades quilombolas lutam para obedecer ao isolamento social. Sem os tradicionais cumprimentos de mãos e pedidos de bênção aos mais velhos, responsáveis por guardar os saberes do quilombo, mas também mais suscetíveis às formas graves da Covid-19. “Depois de um mês de isolamento, posso dizer que tivemos momentos diferentes no processo de isolamento. Inicialmente, o povo permaneceu nas comunidades, recebendo visitas. Depois que apareceram mais casos, pararam de aceitar a circulação de pessoas de fora”, comenta Crioulo.

Um dos dois casos de que a Conaq tem conhecimento nos quilombos de Pernambuco é o de um rapaz de Conceição das Crioulas, que após sofrer um acidente de moto, contraiu a Covid-19 em uma unidade hospitalar de Salgueiro. Ele está internado em UTI, em estado grave. De acordo com Crioulo, a comunidade pernambucana que registrou a outra ocorrência prefere não se identificar. “A grande maioria das comunidades quilombolas não têm água encanada, sistema de saneamento básico. A limpeza é muito precária e, sem acesso à cidade, há um déficit muito grande de produtos higienização. Até agora não houve nenhum apoio governamental para que os quilombolas disponham de álcool gel ou equipamentos de proteção, uma necessidade urgente”, lamenta Crioulo.

Obedecendo ao isolamento social, Conceição das Crioulas é uma das comunidades quilombolas com caso confirmado da Covid-19. (Incra/Reprodução)

Demanda por políticas específicas

Pernambuco possui 196 territórios quilombolas, nos quais existem mais de 500 comunidades, que somam uma população de cerca de 250 mil pessoas. Em levantamento realizado com urgência, a Coordenação Estadual de Articulação das Comunidades Quilombolas de Pernambuco constatou que 17.008 famílias quilombolas necessitam urgentemente do fornecimento de cestas básicas e materiais de primeira necessidade. A Fundação Cultural Palmares, contudo, comunicou que considerável parcela dessa população não será incluída no Programa de Segurança Alimentar e Nutricional (ADA).

Por meio de ofício emitido na última sexta (17), a Defensoria Pública da União (DPU) solicitou informações a respeito da possível ausência de medidas específicas para socorrer as comunidades quilombolas do estado durante a pandemia. No documento, a instituição comunica que instaurou um Procedimento de Assistência Jurídica (PAJ), através do qual “se pretende apurar as razões para a manutenção do desabastecimento e verificar a existência de iniciativas no âmbito do Governo do Estado de Pernambuco voltadas especificamente para a assistência a essas comunidades tradicionais de Pernambuco no período de crise”.

Questionada pela reportagem do LeiaJá, a assessoria de imprensa do Governo de Pernambuco enfatizou a criação do programa “Compra Local”, que investirá R$ 1 milhão na aquisição de produtos de associações e cooperativas rurais. O projeto foi lançado na última terça-feira (14), por meio de parceria entre a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico e a Agência Pernambucana de Desenvolvimento Econômico (AD Diper). “Apesar de termos feito diversas provocações ao governo do estado, principalmente através da Coordenadoria de Igualdade Racial, infelizmente houve um rompimento do diálogo com as comunidades quilombolas. Aguardamos ainda as manifestações sobre que tipo de apoio será dado a essas populações”, conclui Antônio Crioulo.

Confira, na íntegra, as reivindicações das comunidades quilombolas de Pernambuco, oficializadas na nota pública da Conaq:

1. Instalação Imediata de um comitê de crise estadual em decorrência do novo Coronavírus junto as Comunidades Quilombolas;

2. Acesso imediato aos Equipamentos de Proteção Individual- EPI produzidos no estado com incentivo estatal em decorrência das necessidades impostas pelo novo Coronavírus e outras doenças.

3. Seja garantido acesso imediato à água para uso doméstico e potável nas comunidades quilombolas, com abastecimento por carros pipas, abertura de poços artesianos e construção de cisternas nas comunidades que ainda não os tem.

4. Reedição do Plano Pernambuco Quilombola, Garantindo fundo orçamentário para efetivação das politicas públicas destinadas ao publico Quilombola.

5. Isenção dos quilombolas por 1 (um) ano de todos dos impostos (IPTU), quando for o caso, e energia elétrica e água por um período.

6. Compra de toda a produção da agricultura familiar dos quilombolas, cujo escoamento foi prejudicado em função do COVID-19, para distribuição em comunidades não produtoras;

7. Que todos os quilombolas que estejam na fila de espera para acessar o benefício do Programa Bolsa Família sejam contemplados e a fila seja zerada. Ad (sic) estados e municípios façam a busca ativa em todos os Territórios quilombolas certificados pela Fundação Cultural Palmares para sua inclusão no Cadastro Único e posterior inclusão no Programa Bolsa Família e programas de renda mínima. Sabemos que há comunidades que não contam com nenhuma assistência social e se enquadram no perfil de beneficiário.

8. Que todos os quilombolas sejam anistiados das dívidas contraídas pelo PRONAF, Ampliação do atendimento e dobre os valores de acesso aos recursos do PRONAF em todas as linhas para os quilombolas.

9. Abertura de novas compras pelo PAA e PNAE para os quilombolas, com menos burocracias, assegurando a infraestrutura necessária (estradas, barcos, pontes e acessos em geral) de acordo com cada região, para o escoamento da produção dos quilombolas;

10. Efetivação imediata da Educação escolar Quilombola. Em conformidade com as Diretrizes Estaduais de Educação Escolar Quilombola;

11. Incremento orçamentário para pagamento de imóveis em territórios quilombolas em regularização fundiária e para todos os processos abertos em conformidade com o decreto estadual 38.960 de 2012 de regularização fundiária que estão parados por falta de recursos técnicos e financeiros.

As mestras cozinheiras do Quilombo Mundo Novo serão as protagonistas da edição de agosto do projeto Xepa Cult - Mostra de Gastronomia de Tradição pelo Consumo Consciente. Pâmela Antunes e Cenivalda de Carvalho, compartilham neste sábado (31), às 14h, no espaço Pequeno Latifúndio, no bairro do Espinheiro, os saberes e sabores preservados pela comunidade local. No cardápio: Galinha de Capoeira com Xerém e Pirão de Tilápia.

Neste mês de agosto de 2019, a comunidade do antigo Sítio Mundo Novo, localizada no município de Buíque, região do Agreste Meridional de Pernambuco, está comemorando 5 anos de sua certificação como Comunidade Remanescente de Quilombo, pela Fundação Palmares, órgão do antigo Ministério da Cultura.

##RECOMENDA##

Serviço

Xepa Cult Ano II - Edição Agosto

Sábado (31) | 14h

Espaço Pequeno Latifúndio (Rua Gomes Pacheco, 426 – Espinheiro)

Acesso gratuito

*Com informações da assessoria

A segunda instância da Justiça Federal encerrou o processo no qual o presidente Jair Bolsonaro respondia por declarações ofensivas a negros e quilombolas. O caso teve origem em palestra dada pelo então deputado federal no Clube Hebraica, no Rio de Janeiro, em abril de 2017. Na ocasião, Bolsonaro contou que visitara um quilombo e que "o afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas".

Bolsonaro chegou a ser condenado pela 26ª Vara Federal do Rio a pagar uma multa de R$ 50 mil reais nesse caso. Mas os desembargadores do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2) reverteram a decisão em setembro do ano passado.

##RECOMENDA##

Após ter um primeiro recurso negado, o Ministério Público Federal da 2ª região desistiu de recorrer. O TRF-2 certificou o trânsito em julgado no dia 15 de maio. Com isso, Bolsonaro ficou definitivamente livre do caso.

No ano passado, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) já havia decidido rejeitar a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Bolsonaro pelo crime de racismo.

Referindo-se ao mesmo evento no Hebraica, a PGR acusou o parlamentar de se manifestar de modo negativo e discriminatório sobre quilombolas, indígenas, refugiados, mulheres e LGBTs.

Na palestra, Bolsonaro disse: "Alguém já viu um japonês pedindo esmola por aí? Porque é uma raça que tem vergonha na cara. Não é igual essa raça que tá aí embaixo ou como uma minoria tá ruminando aqui do lado." Na ocasião, o parlamentar também afirmou que visitou um quilombola em Eldorado Paulista, onde "o afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas. Não fazem nada! Eu acho que nem para procriador eles servem mais".

Afirmou ainda: "Foram quatro (filhos) homens, a quinta eu dei uma fraquejada, veio uma mulher, ela tem seis anos de idade e foi feita sem aditivos, acredite se quiser" e "se algum idiota vier falar comigo sobre misoginia, homofobia, racismo, 'baitolismo', eu não vou responder sobre isso."

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) voltou a criticar, nesta quarta-feira (2), a demarcação das terras indígenas e quilombolas no país. Depois de transferir a questão para ser cuidada pelo Ministério da Agricultura, sob a tutela da ministra Tereza Cristina (DEM), ele publicou, no Twitter, que a gestão dele vai integrar índios e descendentes de escravos à sociedade.

Na ótica de Bolsonaro, essa população está isolada “do Brasil de verdade” e manipulada por entidades sociais.

##RECOMENDA##

"Mais de 15% do território nacional é demarcado como terra indígena e quilombolas. Menos de um milhão de pessoas vivem nestes lugares isolados do Brasil de verdade, exploradas e manipuladas por ONGs. Vamos juntos integrar estes cidadãos e valorizar a todos os brasileiros”, escreveu no microblog mais cedo.

De acordo com uma Medida Provisória publicada nessa terça-feira (1º), que trata da reorganização dos ministérios no governo Bolsonaro, o novo presidente retira a atribuição de identificar, delimitar e demarcar as áreas quilombolas e indígenas da Fundação Nacional do Índio (Funai) para o Ministério da Agricultura, o que gerou polêmicas, uma vez que esses povos travam constantes brigas com fazendeiros e agropecuários sobre as terras reservadas para eles pela legislação.

O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) realizará entre os dias 20 de agosto e 6 de setembro a primeira prova piloto do questionário temático do "Censo 2020", com perguntas específicas para indígenas, quilombolas e outros povos e comunidades tradicionais.

A aplicação do questionário ocorrerá em 12 estados: Acre, Amapá, Rondônia, Maranhão, Ceará, Sergipe, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo, Paraná e Santa Catarina.

##RECOMENDA##

Segundo nota divulgada pelo instituto, a iniciativa dá prosseguimento ao compromisso de fornecer informações cada vez mais completas sobre povos e comunidades tradicionais, em conformidade com o Decreto nº 8.750 de 2016, que institui o "Conselho Nacional dos Povos e Comunidades Tradicionais".

“Esse bloco de perguntas é espacialmente controlado, e sua aplicação é restrita às áreas indígenas e quilombolas”, esclarece o órgão. O teste vai contar com orientação do "Grupo de Trabalho de Povos e Comunidades Tradicionais", integrado por servidores do próprio IBGE loteados no Rio de Janeiro, Roraima e Maranhão.

O IBGE informou que os preparativos do teste piloto vêm sendo feitos há alguns meses e envolveram várias visitas a aldeias indígenas e comunidades quilombolas.

Durante o teste, também serão observados aspectos do entorno dos agrupamentos indígenas e as características geográficas das áreas visitadas. Essas informações serão consolidadas na base territorial do "Censo 2020", que serve de orientação aos recenseadores.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realizará entre os dias 20 de agosto e 6 de setembro a primeira prova piloto do questionário temático do Censo 2020, com perguntas específicas para indígenas, quilombolas e outros povos e comunidades tradicionais.

A aplicação do questionário ocorrerá em 12 estados: Acre, Amapá, Rondônia, Maranhão, Ceará, Sergipe, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo, Paraná e Santa Catarina.

##RECOMENDA##

Segundo nota divulgada pelo instituto, a iniciativa dá prosseguimento ao compromisso de fornecer informações cada vez melhores sobre povos e comunidades tradicionais, em conformidade com o Decreto nº 8.750 de 2016, que institui o Conselho Nacional dos Povos e Comunidades Tradicionais.

Além do refinamento da identificação de povos indígenas, o Censo 2020 pretende incluir as comunidades quilombolas, através de uma questão de pertencimento específica, que será testada nesta prova piloto.

“Esse bloco de perguntas é espacialmente controlado, e sua aplicação é restrita às áreas indígenas e quilombolas”, esclarece o órgão, ressaltando o fato de que o teste vai contar com orientação do Grupo de Trabalho de Povos e Comunidades Tradicionais, integrado por servidores do próprio IBGE lotados no Rio de Janeiro, Roraima e Maranhão.

O IBGE informou ainda que os preparativos do teste piloto vêm sendo feitos há alguns meses e envolveram diversas visitas a aldeias indígenas e comunidades quilombolas.

Durante o teste, também serão observados aspectos do entorno dos agrupamentos indígenas e as características geográficas das áreas visitadas. Essas informações serão consolidadas na base territorial do Censo 2020, que serve de orientação aos recenseadores.

Mais de 1,2 mil estudantes indígenas e quilombolas matriculados em cursos de graduação em instituições federais fizeram solicitação no dia 18 de junho, pedindo a inclusão no Programa de Bolsa Permanência (PBP). Desse número, 430 já tiveram o cadastro autorizado pelas instituições públicas federais. O prazo para as inscrições é até o dia 31 de agosto.

Dez mil bolsas permanência são pagas para indígenas e quilombolas, sendo 7 mil para o primeiro grupo e 3 mil para o segundo, totalizando cerca de R$ 7 milhões mensais. Atualmente, 87 instituições de ensino são cadastradas no Programa de Bolsa Permanência.

##RECOMENDA##

“Esse é um compromisso que temos com as etnias historicamente excluídas do ensino superior. Muitas vezes é a única oportunidade que os estudantes dessas etnias têm para se manter em uma instituição pública e concluír a sua formação ”, destacou o ministro da Educação, Rossieli Soares, conforme informações do site do Ministro da Educação (MEC).

O PBP é um auxílio financeiro pago para estudantes de instituições federais de ensino superior em situação de vulnerabilidade socioeconômica. O Ministério da Educação paga um valor de R$ 900, em razão das especificidades da organização social de suas comunidades, condição geográfica, costumes, línguas, crenças e tradições. O recurso é pago diretamente ao estudante por meio de um cartão de benefício.

Para poder ter direito ao auxílio, o aluno precisa comprovar uma renda familiar per capita de, no máximo, um salário mínimo e meio, não ultrapassar dois semestres do tempo regulamentar do curso de graduação que estiver matriculado, ter assinado termo de compromisso e ter seu cadastro devidamente aprovado e mensalmente homologado pela instituição federal de ensio superior de que faz parte. 

Os estudantes candidatos ao benefício também têm que anexar toda a documentação exigida para a comprovação do seu pertencimento a comunidades indígenas ou quilombolas. Os registros podem ser obtidos na Fundação Nacional do Índio (Funai) e na Fundação Cultural Palmares.

Um grupo de indígenas e quilombolas realizou uma manifestação em frente ao Palácio do Planalto, em Brasília, no Distrito Federal, contra cortes à assistência estudantil e pela garantia permanente de bolsas em cursos superiores nas universidades. Durante o ato, aproximadamente 150 jovens se revezaram em danças típicas e cantos de protesto. 

Uma das vias da Esplanada dos Ministérios ficou bloqueada por mais de uma hora, devido à espera dos manifestantes por um posicionamento do governo sobre as reivindicações. De acordo com o grupo, as negociações feitas anteriormente com o Ministério da Educação não trouxeram resultados positivos, apesar da pasta ter autorizado 2,5 mil bolsas de estudo para o segundo semestre deste ano. Os manifestantes afirmam que a demanda anual é de 5 mil vagas e que as bolsas liberadas terão repasse apenas por dois meses. 

##RECOMENDA##

A estudante de filosofia, Joane Santos, da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, argumenta que os estudantes precisam ter garantia do repasse das bolsas por meio de uma legislação independente de portarias periódicas.  Já a aluna de química, Roseli Braga, da Universidade Federal de São Carlos, ressalta que os estudantes também protestam contra a possibilidade de o Plano Nacional de Assistência Estudantil passar a ser coordenado pelo Ministério da Educação e não por cada instituição de ensino. 

O governo federal ainda não se manifestou sobre as reivindicações do grupo. 

O Ministério da Educação (MEC) autorizou 2,5 mil bolsas para estudantes do ensino superior indígenas e quilombolas, para o segundo semestre deste ano. As inscrições deverão ser feitas pelo site do Sistema de Gestão da Bolsa Permanência (SISBP), a partir de segunda-feira (18) até o dia 31 de agosto. 

De acordo com o MEC, as instituições federais de ensino superior farão a análise da documentação comprobatória de elegibilidade dos estudantes ao programa e a aprovação dos cadastros no sistema de gestão entre os dias 18 de junho e 28 de setembro.

##RECOMENDA##

 Segundo a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), 2,5 mil estudantes indígenas e quilombolas estão sem a bolsa permanência desde o início do ano. 

A bolsa permanência é de R$ 900. Trata-se de um auxílio financeiro que tem por finalidade reduzir as desigualdades sociais, étnico-raciais e contribuir para a permanência e a diplomação dos estudantes de graduação em situação de vulnerabilidade socioeconômica.

Neste ano, de acordo com o MEC, o programa está atendendo aproximadamente 10 mil indígenas e quilombolas. Estão garantidos R$ 150 milhões em 2018. Os recursos são pagos diretamente aos alunos por meio de um cartão de benefício.

O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria a favor do decreto sobre a demarcação de terras quilombolas. A Corte retomou nesta quinta-feira o julgamento de uma ação, movida pelo Democratas (DEM), que questiona a regulamentação assinada pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003. Ainda faltam votar os ministros Celso de Mello, Marco Aurélio Mello, Luiz Fux e a presidente do STF, Cármen Lúcia.

Apesar de já ter seis ministros que entendem constitucional o decreto, dois deles, Dias Toffoli e Gilmar Mendes, acataram parcialmente o pedido do DEM para assentar que só devem ser titularizadas áreas ocupadas pelos quilombolas na data de promulgação da Constituição, em 1988, salvo comprovação de perda da posse em função de atos ilícitos.

##RECOMENDA##

Na sessão desta quinta, já votaram Edson Fachin, Luis Roberto Barroso, Ricardo Lewandowski e Gilmar Mendes. Rosa Weber e Dias Toffoli proferiram seus votos em outras sessões. Há somente uma posição favorável ao pedido do DEM, que foi dado pelo ex-ministro Cezar Peluso em 2012, quando era relator do caso. Para ele, o decreto é inconstitucional.

Marco temporal

O ministro Dias Toffoli foi quem abriu a divergência sobre a questão do marco temporal, na sessão de novembro de 2017. Na época, depois de votar, Fachin pediu vista - mais tempo para análise.

Assim como Rosa e Fachin, Lewandowski divergiu de Toffoli nessa questão e "rechaçou" a solução apresentada. Acompanhando a argumentação de Fachin, o ministro disse que seria "quase impossível" provar que a terra foi apropriada de maneira ilegal. "O que me ocorreu é que essa prova é diabólica, difícil ou impossível de ser conseguida. Como vai se fazer uma prova de fatos que ocorreram há quase meio século atrás? Não se pode exigir que um grupo assuma o ônus da prova", afirmou.

Durante a manifestação de Lewandowski, Toffoli disse que estava havendo uma "interpretação equivocada" do seu voto. Segundo o ministro, a compreensão do marco de 1988 é para evitar que "em 2030 uma comunidade exija que precisa de mais terra". "Dou interpretação para evitar que haja continuidade do conflito. É para evitar conflitos futuros, não é para rechaçar o passado", afirmou.

Texto

O decreto regulamenta o procedimento para identificação, reconhecimento, delimitação, demarcação e titulação das terras ocupadas por remanescentes das comunidades dos quilombos. O DEM afirma que o texto determina "indevidamente" a realização de desapropriação pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) das áreas que supostamente estejam em domínio particular para transferi-las aos remanescentes das comunidades dos quilombos.

Também reclama que a regulamentação não devia ter sido feita através de decreto, mas através de lei. O DEM ainda é contrário ao direito concedido por autodeclaração como remanescentes das comunidades dos quilombos.

Lewandowski afirmou que a autodeterminação não suporta fraudes, segue parâmetros subjetivos e "tem também contornos bastante objetivos".

Gilmar Mendes questionou a regulamentação do texto constitucional por decreto, mas acabou acompanhando o voto de Toffoli. Para Gilmar, "a ideia de que direitos fundamentais dispensam regulamentação é extravagante". "A base do sistema é o princípio da legalidade, e não da 'decretalidade', e por razões históricas. É o parlamento que faz a lei e tem representatividade."

O Dia da Consciência Negra, comemorado nesta segbunda-feira (20) em todo o país, em alguns estados, inclusive, com feriado, será de festa para 185 famílias da comunidade Mocambo, no município de Porto da Folha, em Sergipe.

Nesta segunda, portaria do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, publicada no Diário Oficial da União, reconhece as famílias como pertencentes ao Território Quilombola Mocambo.

##RECOMENDA##

De acordo com a portaria, o reconhecimento permite que elas tenham acesso às políticas do Plano Nacional de Reforma Agrária (PNRA), que prevê “melhor distribuição de terra mediante modificações no regime de posse e uso, a fim de atender aos princípios de justiça social, desenvolvimento rural sustentável, aumento de produção e promoção social, conforme preconiza o PNRA”.

Em 20 de novembro é comemorado no Brasil o Dia da Consciência Negra. A data foi escolhida para lembrar a morte de Zumbi dos Palmares, uma das principais lideranças negras da história do país. O nome faz referência ao Quilombo dos Palmares, maior espaço de resistência de escravos durante mais de um século no período colonial (1597-1704).

A região que acolhia o núcleo do quilombo, Serra da Barriga, em Alagoas, ganhou reconhecimento internacional. Neste sábado (11), será oficializada a certificação da área como patrimônio cultural do Mercosul. O título só foi conferido até agora a dois bens no país: a Ponte Internacional Barão de Mauá, ligação entre as cidades de Jaguarão, no Brasil, e Rio Branco, no Uruguai; e a região das Missões, que abrange cinco países (Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Bolívia).

##RECOMENDA##

A Serra da Barriga foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 1985. Em 2007, foi aberto o Parque Memorial Quilombo dos Palmares, próximo à cidade de União dos Palmares, a cerca de 80 quilômetros da capital do estado, Maceió. O projeto envolveu a construção de instalações em referência a Palmares, como a casa de farinha (Onjó de farinha), casa do campo santo (Onjó Cruzambê ) e terreiro de ervas (Oxile das ervas). O espaço ainda é o único parque temático voltado à cultura negra no Brasil e recebe anualmente cerca de 8 mil visitantes.

Visibilidade

Para Marcelo Britto, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o título de patrimônio cultural do Mercosul significa um reconhecimento internacional importante e também pode estimular a visibilidade da área por brasileiros que ainda a desconhecem.

“Um aspecto importante é a dinamização econômica, uma vez que o bem cultural ganha uma visibilidade para uma projeção de caráter nacional e internacional. Isso favorece iniciativas que tendem a promover o turismo cultural, a geração de empregos que podem ocorrer relacionadas a isso”, afirma.

Referência histórica

O Quilombo dos Palmares surgiu no século 16. Residiam nele escravos fugidos das capitanias da Bahia e de Pernambuco. O local chegou a reunir até 30 mil pessoas no seu auge, no século 17, e era organizado em pequenos povoados, chamados de mocambos. Os principais eram Cerca Real do Macaco, Subupira, Zumbi e Dandara. O maior deles chegou a ter 6 mil pessoas, quase a mesma população do Rio de Janeiro à época.

Esses mocambos constituíam uma espécie de república. As decisões políticas eram tomadas pela reunião da liderança de cada um deles em conjunto com o chefe supremo. Essa posição decomando foi ocupada por Acotirene, sucedida por Ganga Zumba e, depois, por Zumbi. No tocante às relações afetivas, Palmares era uma sociedade poliândrica, em que mulheres podem ter relação com diversos homens.

Segundo Zezito de Araújo, professor de história e supervisor de Diversidade da Secretaria de Educação do Estado de Alagoas, Palmares ainda é lembrado muito pela dimensão do conflito, mas deveria ser conhecido por ter sido o primeiro grande movimento de resistência das Américas no período colonial e pela sua organização política.

“A Revolução Francesa é tida como o símbolo da liberdade, mas a luta de Zumbi aconteceu antes. Enquanto em Palmares tínhamos propriedade coletiva, produção para subsistência e para troca, na colônia tínhamos atividade agrícola para exportação e escravidão como base do trabalho. São sociedades opostas”, analisa.

Melhorias no espaço

Na opinião do presidente do Conselho de Promoção da Igualdade Racial de Alagoas, Elcias Pereira, o título de patrimônio cultural será uma oportunidade importante de qualificar o espaço no momento em que o parque memorial completa 10 anos. “Recebendo esse título pode haver a melhoria dos equipamentos. Nestes últimos 10 anos, os investimentos não foram feitos como deviam. O acesso precisa ser arrumado, pois durante boa parte do ano há problema para chegar em razão das chuvas”, aponta Pereira.

Segundo Carolina Nascimento, diretora de Proteção ao Patrimônio Afro-Brasileiro da Fundação Cultural Palmares, responsável pelo parque nacional, ajustes e melhorias no espaço serão feitas a partir de um conjunto de iniciativas que já começaram a ser debatidas em uma oficina realizada neste ano em Maceió.

Entre as ações previstas estão a instituir um comitê gestor da Serra da Barriga, analisar a capacidade de recebimento de pessoas, reassentar algumas famílias ainda resistentes na área, implantar unidades de conservação ambiental, elaborar um plano de conservação e criar um centro internacional de referência da cultura negra.

“Neste momento em que casos de racismo estão se acirrando, o reconhecimento deste bem cultural é uma forma de combater a discriminação racial e valorizarmos a cultura afro-brasileira”, diz a diretora da fundação.

A juíza Frana Elizabeth Mendes condenou o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), em ação civil pública, ao pagamento de indenização por danos morais no valor de R$ 50 mil. O Ministério Público Federal (MPF), no Rio, por meio dos procuradores da República Ana Padilha e Renato Machado, acusou Bolsonaro por danos morais coletivos a comunidades quilombolas e à população negra em geral.

Em 3 de abril, o deputado fez uma palestra no Clube Hebraica, no Rio de Janeiro, na qual, segundo a Procuradoria, "ofendeu e depreciou a população negra e os indivíduos pertencentes às comunidades quilombolas, bem como incitou a discriminação contra esses povos". Na ocasião, o deputado afirmou que visitou uma comunidade quilombola e "o afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas". Ainda citando a visita, disse também: "Não fazem nada, eu acho que nem pra procriador servem mais".

##RECOMENDA##

Na ação, os procuradores da República sustentaram que Bolsonaro usou informações distorcidas, expressões injuriosas, preconceituosas e discriminatórias com o claro propósito de ofender, ridicularizar, maltratar e desumanizar as comunidades quilombolas e a população negra. O Ministério Público Federal havia pedido R$ 300 mil de danos morais.

No processo, Bolsonaro alegou que a ação se tratava de "demanda com flagrante cunho político", e que suas declarações "são flagrantemente interpretadas de forma tendenciosa e, com um claro intuito de prejudicar sua imagem, e de toda a sua família".

O deputado afirmou ainda que havia sido "convidado pela Hebraica RJ como Deputado Federal para expor as suas ideologias para o público em geral" e que, nesta qualidade, "goza de imunidade parlamentar, sendo inviolável, civil e penalmente, por qualquer de suas opiniões palavras e votos".

Ao condenar Bolsonaro, a juíza afirmou. "Impende ressaltar que, como parlamentar, membro do Poder Legislativo, e sendo uma pessoa de altíssimo conhecimento público em âmbito nacional, o réu tem o dever de assumir uma postura mais respeitosa com relação aos cidadãos e grupos que representa, ou seja, a todos, haja vista que suas atitudes influenciam pessoas, podendo incitar reações exageradas e prejudiciais à coletividade."

Defesa

A assessoria de imprensa de Jair Bolsonaro informou que o deputado "vai recorrer" da condenação.

Destinada a estudantes das comunidades indígenas e quilombolas matriculados em instituições de ensino superior do Brasil, o Programa Bolsa Permanência (PBP), no Ministério da Educação (MEC), já está recebendo inscrições para ingresso no segundo semestre de 2017. Os alunos interessados em participar do processo seletivo devem se inscrever pelo site do Ministério até o dia 29 de setembro para obter a ajuda financeira.  

Os candidatos precisam anexar toda a documentação solicitada para a comprovação do seu pertencimento a comunidades indígenas ou quilombolas – registros que podem ser obtidos, respectivamente, na Fundação Nacional do Índio (Funai) e na Fundação Cultural Palmares. 

##RECOMENDA##

O valor da bolsa, estabelecido pelo MEC em R$ 900, é calculado com relação à organização social das comunidades, condição geográfica, costumes, línguas, crenças e tradições, amparadas pela Constituição Federal. A verba é paga diretamente pelo MEC com recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), por meio de um cartão de benefício. 

Atualmente, segundo o MEC, 87 instituições de ensino aderiram ao Programa Bolsa Permanência e cerca de 6.800 aulos indígenas e quilombolas são atendidos pelo PBP. Para quem não sabe, a Bolsa Permanência é um auxílio financeiro que tem por finalidade minimizar as desigualdades sociais e contribuir para a permanência e a diplomação dos estudantes de graduação em situação de vulnerabilidade socioeconômica.

Para saber mais, acesse o site do Programa.  

LeiaJá também

--> MEC lança programa para empreendedores nas universidades 

--> MEC divulga 575 mil vagas em cursos gratuitos

Líder da oposição no Senado, Humberto Costa (PT-PE) afirmou que o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) tem um “comportamento inaceitável” e precisa ser “ responsabilizado por seus atos e tantas falas de ódio”. O senador petista é um dos parlamentares que assinam uma representação contra Bolsonaro impetrada, nessa quinta-feira (6), na Procuradoria Geral da República (PGR) por racismo. 

O deputado carioca provocou indignação e revolta, mais uma vez, por dizer que as reservas indígenas e quilombolas atrapalham a economia. "Eu fui num quilombo. O afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas. Não fazem nada. Eu acho que nem para procriador ele serve mais”, ironizou Bolsonaro durante palestra no clube Hebraica, no Rio de Janeiro, na última segunda-feira (3).

##RECOMENDA##

[@#video#@]

Para Humberto, o Congresso Nacional “não pode mais dar abrigo” a alguém que tem esse tipo de “atitude odiosa”. “É impossível que esse tipo de prática, que o deputado Bolsonaro já exerceu em várias ocasiões nos últimos anos, continue a se repetir dentro e fora do Parlamento. Temos de dar um basta em tudo isso”, declarou Humberto. 

O senador disse também que as "indignidades" pronunciadas por Jair Bolsonaro são, costumeiramente, de “uma violência atroz” contra todas as mulheres, homossexuais, negros e contra a própria sociedade brasileira. “É um comportamento inaceitável. Esperamos, inclusive, que o Supremo puna o deputado, com rigor, naquele caso absurdo contra a deputada Maria do Rosário (PT-RS)”, ressaltou. 

Bolsonaro responde a duas ações penais no STF por acusações de apologia ao crime e injúria, e já teve recursos negados, por unanimidade, pelos ministros da Primeira Turma da Corte. 

“Um homem que diz que uma mulher não merece ser estuprada porque é feia, que afrodescendentes de comunidades quilombolas não servem nem para procriar e que o seu filho não seria gay porque recebeu boa educação tem de ser responsabilizado por seus atos e tantas falas de ódio. As ofensas não podem sair impunes”, avalia o líder da oposição. 

A representação na PGR pede ainda que seja instaurado inquérito para apurar atos de improbidade administrativa por violação aos princípios da administração pública e que seja avaliada a possibilidade de ação devido à violação da dignidade de membros de todas as populações indígenas e comunidades quilombolas do país.

Uma ação do Projeto de Transposição do Rio São Francisco e a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) construirá casas para 98 famílias quilombolas do Sertão de Pernambuco. As casas de taipa dos contemplados serão substituídas por construções de alvenaria nos municípios de Cabrobró, Carnaubeira da Penha e Mirandiba. Os contratos foram assinados na última semana e a entrega dos imóveis está prevista para 2016.

As famílias quilombolas residem na região de abrangência dos canais do Eixo Norte e do Eixo Leste da obra. As casas custarão R$ 2,8 milhões e serão executas pelas empresas RM e Evidência.  Com a construção das 98 residências, o Ministério da Integração Nacional concluí a ação prevista no programa de desenvolvimento de comunidades indígenas e no programa de desenvolvimento de comunidades quilombolas.

##RECOMENDA##

Transposição – O Projeto de Integração do Rio São Francisco prevê recursos de quase R$ 1 bilhão para programas básicos ambientais. Todo a obra está orçada em R$ 8,2 bilhões. 

A transposição pretende garantir a segurança hídrica para 390 municípios no Nordeste Setentrional, beneficiando mais de 12 milhões de habitantes. O projeto tem previsão de conclusão para dezembro de 2015.

Com informações da assessoria

A Universidade de Brasília (UnB) abriu inscrições para o curso de Mestrado Profissional em Sustentabilidade junto a Povos e Terras Tradicionais. Esta será a segunda turma. O diferencial do mestrado é que metade das vagas é destinada a comunidades tradicionais, todas com bolsa de estudo. Na primeira edição, a reserva foi apenas para estudantes indígenas. Nesta, as bolsas serão estendidas a quilombolas.

O curso tem duração de 24 meses e carga horária de 420 horas. São oferecidas 30 vagas, sendo 15 destinadas exclusivamente a candidatos autoidentificados indígenas e quilombolas residentes no país. As inscrições podem ser feitas até 16 de fevereiro de 2015. O edital está disponível na internet.

##RECOMENDA##

"[A pós-graduação] é justamente o ambiente onde se produz conhecimento na universidade e se projeta esse conhecimento para a sociedade, um espaço de construção do pensamento. Achamos que é estratégico ocupar esse espaço e fazer com que ele represente a diversidade cultural do Brasil", diz a coordenadora do mestrado, Mônica Nogueira. De acordo com o censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 79,18% dos mestres no país são brancos.

"Acredito que aqui vão se formar mestres, pessoas que virão com um saber, desenvolver a confluência do saber cultural com o saber acadêmico e voltar com esse saber, vamos dizer resignificado e com a solução de alguns problemas enfrentados pelas comunidades", disse Antônio Bispo dos Santos, liderança quilombola, no lançamento do programa.

A indígena do povo xavante de Mato Grosso Samantha Ro'Otsitsina graduou-se mestra na primeira edição do programa: "Sempre fui muito atuante nas questões de direitos indígenas. Com o curso, pude qualificar a minha atuação", disse. De acordo com o IBGE, são 818 os indígenas mestres, 0,1% do total dessa população . 

O público-alvo é formado por profissionais vinculados a instituições que promovam a sustentabilidade de povos e territórios tradicionais, como associações de base comunitária, organizações não governamentais de assessoria, redes de representação e articulação política ou órgãos de governo das esferas municipal, estadual ou federal. É precioso ter graduação em áreas ligadas à questão. A seleção ocorre ao longo do mês de março de 2015 e as aulas começam em abril. As bancas examinadoras contarão com a presença de indígenas e quilombolas.

Doze comunidades remanescentes de quilombo do Estado de São Paulo serão reconhecidas até dezembro de 2015 pelos governos estadual e federal. Um convênio firmado entre o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e a Fundação Instituto de Terras do Estado de São Paulo (Itesp) vai garantir recursos para a regularização das áreas ocupadas tradicionalmente pelos quilombolas.

Equipes das duas instituições iniciaram na quinta-feira, 10, os trabalhos na comunidade de Jaó, em Itapeva, sudoeste paulista, apresentando o projeto aos moradores. Na sequência, os técnicos do Itesp vão elaborar o relatório de identificação dos quilombolas e delimitação do território. Com verba de R$ 1 milhão, a maior parte repassada pelo Incra, serão pagas as benfeitorias de ocupantes de algumas comunidades, como a de Praia Grande, em Iporanga, no Vale do Ribeira.

##RECOMENDA##

Nesse caso, o quilombo está instalado em terras devolutas do próprio Estado e ocorreram conflitos entre os habitantes tradicionais e os ocupantes. Um líder comunitário foi morto em razão da luta pela terra. As outras comunidades a serem reconhecidas são Pedro Cubas, Pedro Cubas de Cima e Sapatu, em Eldorado; Poça, na divisa de Eldorado com Jacupiranga; Pilões, em Iporanga; Ribeirão Grande/Terra Seca, Cedro, Reginaldo e Pedra Preta Paraíso, em Barra do Turvo; e Sertão de Itamambuca, em Ubatuba.

Atualmente, 48 processos de reconhecimento e titulação de comunidades quilombolas estão em andamento no Incra em São Paulo. Já ganharam o reconhecimento federal as comunidades de Ivaporunduva (Eldorado), Caçandoca (Ubatuba), Cafundó (Salto de Pirapora), Brotas (Itatiba) e Morro Seco (Iguape), mas apenas Ivaporunduva obteve a titulação do território. Outras cinco comunidades - Cambury (Ubatuba), Mandira (Cananeia), Galvão e São Pedro (Eldorado/Iporanga) e Porto Velho (Iporanga) - tiveram o relatório de identificação e delimitação publicados e aguardam a publicação das portarias de reconhecimento.

Nas terras públicas estaduais, a titulação das comunidades é feita pelo Itesp. As comunidades remanescentes de quilombos ganharam o direito ao território com a Constituição Federal de 1988. Em 2003, foi publicado o Decreto 4.887, que regulamentou os procedimentos para reconhecer os remanescentes, que vão desde a identificação das comunidades até a titulação do território e registro em cartório.

Foi concluída sem acordo a negociação entre os moradores do Quilombo Rio dos Macacos, na região metropolitana de Salvador, e o governo federal, pela posse da terra, hoje legalmente pertencente à Marinha, na qual os quilombolas vivem. Os militares pleiteiam na Justiça a remoção das cerca de 500 pessoas que moram no local. "Não havendo o acordo, não há muito o que fazer, porque a Marinha não pode retirar a ação que move na Justiça, para reintegrar aquela área", diz o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, que participou pessoalmente das negociações. "Agora, fica para a Justiça definir a questão. E isso vai se arrastar pelo tempo que a Justiça determinar."

O governo chegou a apresentar uma proposta de doação de 106 hectares, no início da semana, aos moradores, que reivindicam a manutenção de 278 hectares dos cerca de 301 aos quais dizem ter direito. "Eles querem nos espremer em uma área que é nossa, não podemos aceitar", justifica a líder dos quilombolas, Rose Meire dos Santos Silva. "Tínhamos 500 hectares, hoje temos 300 e querem nos tirar mais."

##RECOMENDA##

Além da área, é entrave para o acordo a área do entorno da Barragem do Rio dos Macacos, única fonte de água da região. Os militares tentam vetar o acesso de civis ao local, por ser, segundo o governo federal, estratégico para o fornecimento de água e energia elétrica para o complexo militar, no qual vivem cerca de 400 integrantes da Marinha. "É um recurso natural que sempre serviu à comunidade, de onde até tiramos o sustento, com a pesca, quando é necessário", argumenta Rose.

O ministro Gilberto Carvalho disse ter ficado "triste" com a conclusão das negociações sem um acordo. "Confesso que estava confiante que o acordo sairia", contou. "A gente chegou a uma proposta de abrir mão de 106 hectares, para que nenhuma família da área tivesse de ser removida, além de abrir uma nova entrada para o quilombo (atualmente, a entrada é feita por um dos acessos da base naval), com uma estrada, e assegurar a reconstrução das casas, que estão muito precárias. Fico triste por saber que, sem o acordo, quem vai sofrer são os próprios moradores da região."

Carvalho também disse ter "estranhado" uma suposta mudança de opinião repentina das lideranças do quilombo. "Nos contatos preliminares à reunião de ontem, eles se mostravam muito propensos a aceitar o acordo", afirmou. "Não foi um acordo que veio do céu, foi um acordo que nós costuramos, por meio de muitas conversas com eles e com muito diálogo interno. Houve até tensões internas, a ponto de um comandante da base ter sido afastado, ido para a reserva, para que a Marinha cedesse um espaço aos quilombolas, uma vez que a Fundação Palmares os reconheceu como quilombolas."

A presidenta Dilma Rousseff sancionou lei que dificulta o fechamento de escolas rurais, indígenas e quilombolas. A Lei 12.960, de 27 de março, altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) para fazer constar exigência de manifestação de órgão normativo – como os conselhos municipais de Educação - do sistema de ensino para o fechamento desse tipo de escola. A lei foi publicada nesta sexta-feira (28) no Diário Oficial da União.

Além de exigir que o órgão normativo opine sobre o fechamento da unidade de ensino nessas áreas, a lei estabelece que a comunidade escolar deverá ser ouvida e a Secretaria de Educação do estado deverá justificar a necessidade de encerramento das atividades da escola. O projeto é de autoria do Executivo e ao justificar a proposta o então ministro da Educação, Aloizio Mercadante, destacou que nos últimos cinco anos foram fechadas mais de 13 mil escolas do campo. Segundo ele, decisões tomadas sem consulta causam transtornos à população rural que deixa de ser atendida ou passa a demandar serviços de transporte escolar. Em fevereiro, integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra ocuparam o saguão da portaria principal do Ministério da Educação por duas horas para protestar contra o fechamento de escolas no campo.

##RECOMENDA##

PERNAMBUCO

O Portal LeiaJá acompanhou um protesto de movimentos de trabalhadores do campo contra o fechamento de escolas do interior do Estado de Pernambuco. Saiba mais AQUI.

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando