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Passados 59 anos do golpe e da ditadura militar, ainda está presente na sociedade a chamada disputa de narrativas em torno do período.

Uma das questões é qual a real data do golpe: se o dia 31 de março ou 1º de abril. Para o professor de história da Universidade Federal Fluminense (UFF), Daniel Aarão Reis, essa é uma polêmica menor. Segundo ele, o início do golpe foi de fato no dia 31 de março.

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"Na madrugada do dia 31, o general Mourão Filho dá início ao movimento armado pela deposição do João Goulart, e as esquerdas, ironicamente derrotadas, passaram a caracterizar o golpe como tendo sido vitorioso no dia 1º de abril. Como a gente sabe, o 1º de abril é o dia da mentira", argumenta.

Outra disputa presente até hoje é em relação ao termo golpe ou revolução. Daniel Reis reitera que foi um golpe a deposição de João Goulart em 1964, apesar de ter havido apoio de parcelas da sociedade civil a essa deposição, e que partidários do golpe renomearam o movimento como revolução por ela estar associada a coisas positivas na época.

"Golpe é todo aquele movimento que pela violência depõe um presidente da República. Ora, isso é objetivo. No Brasil, João Goulart (Jango) foi deposto por um movimento violento, que não provocou derramamento de sangue notável porque o presidente e as demais lideranças de esquerda resolveram se render sem luta”, explica.

Indo mais profundamente sobre a denominação do período, o professor também explicou porque o período da ditadura civil militar não pode ser considerado um período revolucionário.

“Essas modificações pela raiz, essas transformações designam o processo como revolucionário ou não. Houve revolução na Rússia, em Cuba, houve revolução francesa, americana... Porque ali houve transformações das políticas econômicas e culturais. Isso não houve no Brasil, embora o Brasil tivesse passado por um processo intenso de modernização. Foi uma modernização conservadora e autoritária”, opina.

Sociedade dividida

As pesquisas de opinião feitas à época pelo Ibope nas grandes cidades mostravam uma sociedade dividida. Se antes do golpe 42% consideravam bom e ótimo o governo de João Goulart e 30% regular, após a ação dos militares, pesquisa do Ibope em maio de 1964 revelou que 54% dos entrevistados aprovaram a deposição de Jango.

O motivo da população ter mudado de apoio a Jango para apoio ao golpe pode ter sido o forte sentimento de anticomunismo associado a João Goulart e que foi incentivado pela grande mídia e por adversários políticos. Nas pesquisas do Ibope, o comunismo era visto como ameaça por mais de 65% dos entrevistados. Mas o professor de história da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Rodrigo Patto Sá Motta, reitera o equívoco que era associar João Goulart ao comunismo ou socialismo.

“Muitas pessoas acreditaram que o Brasil estava em vias de se tornar um país comunista, o que estava muito longe de ser verdade. O presidente João Goulart não era um socialista, nem muito menos um comunista. Ele era um político trabalhista a favor de algumas reformas sociais, de salários melhores para os trabalhadores. Mas não era socialista, até porque ele era uma pessoa muito rica, um dos maiores fazendeiros do Brasil. Mas ainda assim, então, houve toda essa agitação em torno da ideia de que o Brasil corria um risco sério de se tornar uma nova Cuba na América Latina”, diz Daniel Reis.

E para quem quiser entender mais as discussões em torno do período, o historiador Rodrigo Patto publicou, em 2021, um livro que estuda mais a fundo todas as questões, chamado de Passados Presentes, o golpe de 1964 e a ditadura militar.

Antes da pandemia da Covid-19, Tsutomu Kojima “nunca tinha pensado em teletrabalho”, mas agora não quer ficar sem ele: mesmo no Japão, um país com longas jornadas no escritório, o trabalho flexível está se tornando, pouco a pouco, norma.

Embora seu trabalho como vendedor na Hitachi tenha sua sede em Tóquio, este pai de 44 anos trabalha de casa, todos os dias, em Nagoya, 340 km a oeste da capital, desde a eclosão da covid-19, em 2020.

"As crianças estão muito felizes. Tenho mais tempo para ajudá-las no dever de casa, ou nas aulas. A mais nova me disse que quer continuar assim", disse ele à AFP.

A situação atual contrasta com o pré-pandemia, quando foi morar, sozinho, na área de Tóquio, depois de uma mudança na empresa e via sua família somente em fins de semana alternados. "Eu me sentia muito solitário", desabafa.

Kojima acredita que sua produtividade aumentou ao evitar o tempo de deslocamento. Com o teletrabalho, também percebeu que não precisa sacrificar tudo em nome da carreira.

"Não renuncie a sua família: esse é o equilíbrio", ensina.

'Um choque positivo'

Por questões culturais, o Japão foi, durante muito tempo, hostil ao teletrabalho.

Apenas 9% dos trabalhadores japoneses trabalhavam remotamente antes da pandemia, contra 32% nos Estados Unidos, e 22% na Alemanha, segundo dados do Nomura Research Institute.

Tradicionalmente, no Japão, "o trabalho deve ser feito cara a cara, no papel" e documentos importantes devem ser carimbados à mão, disse à AFP Hiroshi Ono, sociólogo especializado em recursos humanos da Universidade Hitotsubashi, em Tóquio.

“Antes da covid, para os empregados, era mais importante mostrar que trabalhavam duro do que produzir resultados reais”, acrescenta.

"A covid foi um choque positivo para a forma japonesa de trabalhar", revelando suas muitas fontes de ineficiência, acrescentou Ono, que acredita que "este país precisa de um pouco mais de flexibilidade".

O teletrabalho no Japão atingiu um pico de 31,5% na primavera de 2020.

Embora tenha diminuído desde então, esta modalidade permanece bem acima dos níveis pré-pandemia, atingindo 20% em abril de 2022, de acordo com pesquisas trimestrais do Centro de Produtividade do Japão.

Adeus, Tóquio 

Na tentativa de continuarem sendo atrativas, cada vez mais grandes empresas japonesas estão adotando essa flexibilidade, permitindo que seus funcionários trabalhem apenas quatro dias por semana, ou renunciando a traslados geográficos regulares.

Cerca de 350 empresas transferiram sua sede para fora da área metropolitana de Tóquio em 2021, um número recorde, conforme a consultoria Teikoku Databank.

A população da capital também caiu no ano passado. Foi a primeira vez em 26 anos.

Kazuki e Shizuka Kimura, um jovem casal que trabalha no setor de comunicação e marketing, decidiram este ano deixar seu pequeno apartamento em Tóquio e se mudaram para uma casa aconchegante que construíram em Fujisawa, sudoeste da capital, perto do oceano.

"Foi realmente a covid que fez a gente tomar essa decisão", disse Kazuki Kimura, de 33 anos, à AFP, feliz por ter começado a aprender a surfar nas horas vagas.

Em meio a essas transformações, Hiromi Murata, especialista do Recruit Works Institute, adverte que é provável que as desigualdades aumentem no país, sobretudo, porque as pequenas e médias empresas (excluindo-se as "startups") levam mais tempo para se adaptar aos novos métodos de trabalho.

"Antes era tão importante se reunir no escritório (...). Cada empresa tem de encontrar seu novo equilíbrio, à sua maneira e no seu próprio ritmo", conclui.

O dia 16 de maio ficou gravado nos livros de história como o dia em que a Revolução Cultural Chinesa chegou a sua conclusão. Este foi um período de transformações sociais, políticas e civis que marcaram a China entre 1966 e 1976. A revolução foi liderada por Mao Tsé-tung, líder do país desde 1949, quando os comunistas alcançaram o poder.

Insatisfeitos com o rumo que a China tinha tomado, Mao queria que a China fugisse do sistema do comunismo soviético por considerá-lo falido, onde os burocratas do governo viviam em uma realidade “paralela”, com muito mais mordomias do que a população.

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Em uma reunião com o PCC (Partido Comunista Chinês) em agosto de 1966, Mao lançou oficialmente o projeto da Revolução Cultural Chinesa. Os objetivos principais da revolução eram quatro: corrigir os rumos das políticas do PCC; substituir seus sucessores por líderes que compartilhavam mais de suas ideologias; proporcionar uma experiência revolucionária ao jovem chinês e tornar o sistema educacional menos elitista.

Para garantir o sucesso dos objetivos, Mao pautou a Revolução com grande apoio e mobilização da juventude urbana da China, organizadas por grupos conhecidos como “Guardas Vermelhos”. Outra luta da Revolução foi combater os rumos do confucionismo chinês, ideias baseadas nos pensamentos filosóficos de Confúcio, que guiaram os rumos da vida pública chinesa durante milênios.

Os pensamentos confucianos davam muito valor a noções de hierarquia e ao culto ao passado, assim, Mao considerou que tais ideias poderiam ser encaradas como reacionárias. Diversos historiadores dizem que a Revolução Cultural Chinesa foi uma “luta  contra uma classe intelectual separada das massas”.

Na prática, a Revolução Cultural Chinesa resultou em escolas fechadas e ataques (não só verbais) a intelectuais atuantes na academia. A morte de Mao em 1976 abriu o caminho para o político Deng Xiaoping, que percebeu o culto à personalidade de Mao como um problema e a Revolução Cultural Chinesa foi oficialmente encerrada em 1976.

Por Matheus de Maio

 

 

 

Gabi da Pele Preta adianta um pouco do que será o seu primeiro disco com o single Revolução. A música apresenta o que está por vir na carreira da cantora caruaruense e, ainda, chega acompanhada de um videoclipe, que endossa o discurso e o trabalho de Gabi. 

Revolução foi composta pelo músico Juliano Holanda e dada de presente a Gabi. Na voz da cantora pernambucana, a música fala sobre liberdade e sobre a força da mulher negra e pernambucana do Agreste. Esse é o primeiro trabalho de estúdio da caruaruense, que estará em seu disco de estreia, com lançamento previsto ainda para 2021. 

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O single chega acompanhado por um clipe, gravado em Garanhuns, região Agreste de Pernambuco. Com direção de Eriko Renan e produção de Stephany Metódio, a obra audiovisual propõe um convite para dançar e abraçar o mundo com sua pluralidade e diversidade.

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Os líbios celebram nesta quarta-feira o 10º aniversário da revolução que derrubou Muamar Khadafi em 2011 e que, desde então, deixou o país afundado em uma guerra civil.

Um acordo político assinado em 5 de fevereiro provocou, no entanto, a esperança de pacificação do país, que conta com as maiores reservas de petróleo do continente africano.

Nas principais cidades da Tripolitânia, a grande região oeste, as autoridades locais planejam várias cerimônias, com discursos, música e fogos de artifício.

O líder do Governo de Unidade Nacional (GNA), Fayez al Sarraj, reconhecido pela ONU, acompanhou na terça-feira à noite (16) na Praça dos Mártires de Trípoli a cerimônia que acendeu a tocha para as celebrações oficiais.

Apesar das restrições sanitárias contra a covid-19, centenas de pessoas compareceram ao evento com bandeiras e cantaram músicas patrióticas.

As principais celebrações acontecerão nesta grande esplanada no coração da capital, antes chamada "Praça Verde" e onde Khadafi gostava de pronunciar discursos.

Na terça-feira também foi organizado um primeiro desfile militar em Tajura, nas proximidades de Trípoli.

Nos últimos dias, a capital do país, que tem quase metade da população líbia, passou por reformas, e as ruas receberam faixas, arcos luminosos e decorações.

As fachadas das casas foram pintadas e equipes da Companhia Nacional de Obras Públicas reforçaram os sinais de trânsito nas ruas e substituíram os semáforos.

Nas esquinas, os vendedores ambulantes oferecem balões com as cores nacionais e a bandeira da independência da Líbia de 1951, assim como a bandeira berbere, emblema cultural e identitário de parte da população líbia.

As autoridades do leste do país, região controlada pelo marechal Khalifa Haftar, não anunciaram nenhum evento, nem mesmo em Benghazi, berço da revolução e segunda maior cidade do país do norte da África.

- "Catástrofe" -

"Sair para celebrar o aniversário da revolução seria uma loucura, porque esta revolução foi uma catástrofe que desperdiçou anos de estabilidade", afirmou Jamis Al Sahati, ativista radicado em Cirenaica, a grande região leste do país.

Dez anos depois da revolução e da intervenção de apoio da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), que terminou em outubro de 2011 com a morte do "Guia" Khadafi, a Líbia permanece dividida entre dois poderes antagônicos e sofre com a interferência estrangeira.

"Ainda não se fez justiça para as vítimas de crimes de guerra e graves violações de direitos humanos, incluindo assassinatos, desaparecimentos forçados, torturas, deslocamentos forçados e sequestros cometidos por milícias e grupos armados", lamentou na terça-feira a organização de defesa dos direitos humanos Anistia Internacional.

O dia a dia dos líbios foi marcado durante anos pela falta de dinheiro e de gasolina, por cortes de energia elétrica e por uma inflação galopante.

Instalado em Trípoli em 2016 após a mediação da ONU, o GNA tem o forte apoio da Turquia.

O governo opositor, liderado por Haftar e estabelecido em Cirenaica, tem o apoio dos Emirados Árabes Unidos, do Egito e da Rússia.

Após o fracasso da ofensiva de Haftar para tentar controlar Trípoli em 2020, foram registradas várias tentativas de mediação. A ONU conseguiu em outubro um acordo de cessar-fogo que, ao contrário dos anteriores, é respeitado.

As negociações entre as forças líbias nos últimos meses terminaram em um acordo para a organização de eleições presidenciais em dezembro de 2021.

Em 5 de fevereiro, foi designado um governo de transição, liderado pelo primeiro-ministro interino, Abdul Hamid Dbeibah, e um Conselho Presidencial transitório encabeçado por Mohamed al Menfi.

"Estamos conectados": quando gravaram pelo Facebook sua concentração para reivindicar a libertação de um rapper, um grupo de manifestantes causou grande comoção em Cuba, onde a internet móvel chegou há apenas dois anos, revolucionando o cotidiano da ilha.

Com este grito de guerra, lançado em novembro passado, o Movimento San Isidro, um coletivo de artistas e intelectuais até então pouco conhecido, chamou atenção inclusive fora de Cuba, enviando sua mensagem da casa onde se reuniu por dez dias com alguns de seus membros em greve de fome.

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Momentos antes de serem expulsos pela polícia, dois mil internautas assistiam ao vivo as conversas entre os 14 ativistas e os médicos que tinham ido vê-los.

No dia seguinte, convocados pelas redes sociais, que transmitiam fotos e mensagens, uns 300 artistas, alguns de renome, se apresentaram espontaneamente em frente ao ministério da Cultura para pedir mais liberdade de expressão, uma manifestação inédita na história recente da ilha.

Em Cuba, as poucas tentativas de manifestação costumam ser anunciadas.... E são desincentivadas por um importante efetivo policial. Mas desta vez, a polícia foi surpreendida e teve que deixar que acontecesse.

Desde que chegou ao país, em dezembro de 2018, a internet móvel mudou a vida de muitos cubanos, impactando o comércio, a sociedade civil e a tomada da palavra em um lugar onde muitos evitam dizer em voz alta o que pensam por medo de sofrer sanções.

Até então, o acesso gratuito à internet, disponível desde 2015, só era possível através de pontos de wifi pagos instalados em parques ou praças públicas. Uma multidão de pessoas se conectava, frequentemente no fim do dia, compartilhando uma conexão lenta ou instável.

Essa imagem praticamente desapareceu. Com o 3G e depois o 4G, uns 4,2 dos 11,2 milhões de habitantes do país se conectam agora com seus telefones celulares.

No caso de Marta, a internet impulsionou seu negócio de entregas em domicílio. Ficar conectado permitiu a Yasser criar uma comunidade de ciclistas. Já Camila provou a liberdade, mas se meteu em problemas.

- "Tão natural" -

"Definitivamente, eu acho que foi uma mudança nas nossas vidas, agora é tão natural para nós! Mas às vezes eu paro e penso que há dois anos não tínhamos, digo: como era possível?", diz Marta Deus, de 32 anos, criadora da empresa de entregas em domicílio Mandao.

Nesta ilha que sofre recorrentemente de escassez, os grupos de Whatsapp e Telegram para encontrar alimentos e combustível se tornaram ferramentas de sobrevivência indispensáveis.

Em um deles, chamado "Qué hay" (Tem o que?), Wendy posta fotos tentadoras de um supermercado: pasta de dentes, sabão, queijo... Ela explica que "tem uma fila grande, cheguei às 11h e consegui entrar na loja às 15h, mas tem muitas coisas".

Maria Julia responde "obrigada". Outros dizem que a fila piorou desde então.

"Farinha por favor??? Alguém viu???", "Têm visto papel higiênico? Alguém sabe onde posso encontrar leite?", são perguntas que aparecem na Red Solidaria.

Outros grupos permitem vender ou trocar produtos entre as pessoas: Gaby está feliz por ter podido trocar o gel de banho por papel higiênico e refrigerante. Leo oferece óleo e sabão em potes para bebês.

Os grupos que servem para compartilhar contatos também são um salva-vidas cotidiano para encontrar medicamentos perdidos nas farmácias, uma informação que antes os cubanos só podiam conseguir no boca-a-boca.

"Agora é muito mais fácil encontrar alguém que tenha o que eu preciso: sem estes grupos, isso seria impossível, seria fruto do acaso", contou Ricardo Torres, economista da Universidade de Havana.

O Estado tem acompanhado esse movimento com a criação de aplicativos para fazer transferências de dinheiro ou pagamentos de contas e um site de compras on-line.

- O impulso do 3G -

A internet no celular "foi uma revolução total!", garante Marta Deus.

É possível ver os entregadores de comida da empresa Mandao em todas as partes de Havana, e são reconhecidos pelas grandes bolsas amarelas que levam na garupa das motos. O serviço, antes inexistente em Cuba, multiplicou-se no último ano, sobretudo com a pandemia do novo coronavírus.

A Mandao, que trabalha com uns 70 restaurantes, recebe a cada dia uma centena de pedidos, 70% pelo aplicativo criado em julho de 2020. "Esperamos terminar o ano com 20.000 clientes", diz Marta, satisfeita.

Yasser González, de 35 anos, queria formar uma comunidade de amantes do ciclismo. "Comecei a lançar os eventos no Facebook", conta. Em 2015, ele organizou na capital o primeiro com quatro ciclistas, chamado Masa Crítica.

Agora que o 3G garantiu o acesso à internet, mais de cem pessoas participam deste evento por mês.

E o grupo superou as expectativas. Um dia, apareceu em sua página no Facebook a resposta de uma funcionária do município a uma de suas mensagens com informação sobre um projeto para uma ciclovia no Malecón, a famosa avenida à beira-mar de Havana.

Agora, disse, ainda espantado, "tenho a possibilidade de me juntar a eles, a certas reuniões que fazem para falar de um plano de mobilidade que estão propondo".

Iniciativas similares da sociedade civil se multiplicaram: um mês depois da chegada do 3G, em janeiro de 2019, um tornado atingiu a capital. De imediato, os moradores se organizaram via redes sociais para levar comida às vítimas do desastre, sem esperar que o Estado o fizesse como ocorria antes.

O governo às vezes precisou pegar o bonde andando e ativar grupos de trabalho ante a mobilização on-line em temas como bem-estar animal, que muito em breve será objeto de um decreto-lei, ou sobre a violência contra a mulher.

- O presidente no Twitter -

Mas se a internet móvel facilita a vida cotidiana e a liberdade de expressão dos cubanos, também ajuda na vigilância do Estado, ansioso por controlar um fenômeno que poderia superá-lo.

Quando a cidade cancelou oficialmente um passeio ciclístico previsto para outubro devido à pandemia, Yasser lançou um pedido de ajuda ao presidente Miguel Díaz-Canel. Antes, ele nunca teria se atrevido.

"Estimado @DiazCanelB, escrevo-lhe com a esperança de salvar o evento mais lindo que nossa cidade teria neste ano difícil de 2020", escreveu.

No poder desde 2018, o presidente Díaz-Canel fez da informatização da sociedade uma prioridade do seu governo e começou por abrir uma conta no Twitter.

Por outro lado, alguns cubanos não hesitam em questioná-lo e até mesmo insultá-lo, sob a proteção do anonimato garantido pelos pseudônimos.

"Eu não vejo nenhum problema em escrever ao presidente ou a quem quer que seja. Se quiser responder, super. Se não quiser, ok, fico com isso", diz Yasser.

Mas, dias depois, foi interrogado pela polícia política. "Fui intimado pela polícia e eu acho que foi por causa do que escrevi a Díaz-Canel", para me advertir "que pare de fazer o que estou fazendo".

Agora, ele diz que dá mais atenção ao que publica. "Tenho medo, mas ao mesmo tempo quero cuidar dos meus projetos".

Para a jornalista independente Camila Acosta, de 27 anos, a internet facilitou seu trabalho e tornou mais visível o seu veículo, o site opositor Cubanet.

"A verdadeira explosão foi a internet no celular", diz Camila, que de repente viu a maioria de seus contatos conectados permanentemente.

Mas quando ela postou no Facebook uma imagem debochando do pai da revolução cubana, Fidel Castro, o vídeo de uma fila longa na entrada de um supermercado e uma foto dele sendo convocado pela polícia após uma manifestação, levou uma multa de 3.000 pesos (125 dólares).

A sanção se baseou no Decreto 370, que proíbe a publicação na internet de qualquer "informação que contrarie o interesse social, a moral, os bons costumes e a integridade das pessoas".

- Defender a revolução -

"As redes sociais e a internet se tornaram um cenário permanente de confronto ideológico, onde também devem prevalecer nossos argumentos frente às campanhas inimigas", lembrou recentemente o governante Partido Comunista (PCC, único).

A internet deve servir para defender "a verdade de Cuba" e a revolução, disse também à AFP, em 2019, o vice-ministro de Comunicações, Ernesto Rodríguez Hernández.

Camila se recusou a pagar a multa, expondo-se a uma possível pena de seis meses de prisão, assim como umas 10 das 30 pessoas sancionadas desde janeiro de 2020.

Desde então, "não tenho me contido" na internet, "muito pelo contrário", assegura, confiante em sair à rua porque diz contar com "o reflexo de quando vou sair, ter o telefone pronto para gravar ao vivo" sua possível prisão.

"É um pouco a proteção que nós temos", diz ela, lembrando que fez isso em sua última detenção, em julho, o que lhe permitiu avisar seus familiares e que se mobilizassem para sua libertação.

"Para mim, a internet é o pior que aconteceu com este governo" que não calculou "o que poderia ocorrer", assegura Camila: "a internet se tornou este espaço de participação que os cidadãos cubanos não tivemos em mais de 60 anos".

Nas últimas semanas, muitos moradores têm reportado estranhas interrupções de serviços que lhes impediam de se conectar ao Facebook, Twitter ou Whatsapp.

Em outubro, o Telegram ficou inacessível. A ONG Access Now, junto com cerca de outras 20 organizações, entre elas a Repórteres sem Fronteiras, denunciaram um possível bloqueio intencional.

"A internet como tal te permite exercer direitos, e entre eles está o direito à liberdade de expressão e Cuba tem um histórico bastante extenso, bastante grande de repressão da liberdade de expressão", disse Verónica Arroyo, encarregada de políticas públicas da ONG na América Latina.

"O governo sabe que a internet é uma ferramenta necessária para o desenvolvimento que eles buscam. Também tem coisas que podem sair de suas mãos, que lhes podem escapar. Por isso, põem certos controles".

Milhares de iraquianos se manifestaram neste domingo (25) em Bagdá pelo primeiro aniversário da "revolução de outubro", desafiando um governo incapaz de se reformar e de oferecer os serviços básicos, assim como a crescente influência das facções armadas iraquianas pró-Irã.

Os protestos de 2019 foram duramente reprimidos, com cerca de 600 manifestantes mortos, 30.000 feridos e centenas de detidos. A repressão foi acompanhada de uma campanha de assassinatos e sequestros de figuras da revolta, liderada por "milícias", segundo a ONU.

Neste domingo, foram registrados incidentes em Bagdá entre as forças de ordem e os jovens manifestantes que queriam chegar da emblemática Praça Tahrir à Zona Verde, um bairro altamente protegido onde estão as sedes do Parlamento e do governo iraquiano, assim como a embaixada dos Estados Unidos.

Os jovens avançaram e colidiram com a polícia nas pontes Al-Jumhuriya, que une Tahrir com a Zona Verde, e Senek, que conduz diretamente à embaixada do Irã.

Cerca de cinquenta policiais e manifestantes ficaram levemente feridos nas trocas de pedradas e gás lacrimogêneo, disseram fontes policiais e médicas à AFP.

Também houve manifestações, até o momento sem incidentes, nas cidades de Nayaf, Hilla, Basora, Kut, Diwaniya, Nasiriya e Amara, afirmaram correspondentes da AFP no sul do país.

Alí Ghazi, que protesta em Nasiriya, bastião de todas as revoltas no Iraque, disse à AFP que participa "para repetir que queremos alcançar nosso objetivo: construir um novo Iraque".

Em outubro de 2019, os manifestantes exigiam uma renovação total do sistema político, o fim da corrupção endêmica e mais empregos e serviços para todos.

Neste ano, o primeiro-ministro Mustafá Al-Kazimi, designado em abril para tentar tirar o país da paralisação, insistiu que ordenou as forças de segurança a não recorrerem às armas ou à força letal.

No entanto, em um país mergulhado em conflitos há décadas e onde os grupos armados continuam exercendo sua influência, as armas são onipresentes, como reconhece Kazimi - também chefe de inteligência externa -, que não conseguiu conter os disparos de foguetes, assassinatos e ameaças de facções armadas.

A revolta popular foi intensificada pelas tensões entre Irã e Estados Unidos, países inimigos e principais potências mais presentes no Iraque, além da pandemia de covid-19. O porta-voz militar de Kazimi pediu aos manifestantes que permaneçam na praza Tharir, o único local "totalmente seguro".

Os manifestantes, que há um ano pedem empregos para os jovens (60% da população), estimam que nada mudou. Alegam inclusive que suas condições pioraram.

Completando 53 anos da morte de Che Guevara nesta sexta-feira (9), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) publicou em sua conta no Twitter que o legado do revolucionário marxista "só inspira marginais, drogados e a escória da esquerda".

Além disso, o presidente aponta que com a morte de Che, "o comunismo perdia força na América Latina, mas voltaria via Foto de São Paulo, o qual seguimos combatendo", disse.

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A Data Magna, instituída em 2017 pela Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), celebra, nesta sexta-feira (6), a Revolução Pernambucana que concedeu ao Estado o título de República por mais de 70 dias. O estopim revolucionário em 1817 deixou um legado e um sentimento de pertencimento na alma dos pernambucanos até os dias atuais.

Contextualização histórica

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O ano era 1817. A família real portuguesa, que tinha o intuito de explorar os recursos naturais no Brasil colonial, estava instalada no Rio de Janeiro fugindo do bloqueio continental de Napoleão Bonaparte. A côrte, acostumada com o luxo e o requinte derivado da exploração, estava causando uma série de insatisfações na população brasileira devido aos altos impostos e favorecimento aos portugueses vindo com eles. 

A capitania pernambucana, território delimitado como um estado no período colonial, que já tinha um impasse com a côrte, se revolta em 6 de março e declara sua independência do Brasil. Os então líderes dessa revolução, Domingos José Martins e José de Barros Lima, ocuparam Recife, uma importante cidade para as importações marítimas vindas de Portugal, e declara, a pleno fervor, a nova República de Pernambuco.

“A Data Magna de Pernambuco comemora o nascimento da independência, fruto da revolução 1817. O movimento separatista que tentou unir o nordeste buscava garantir a independência e a criação de uma república, uma república constitucional baseada no exemplo dos Estados Unidos da América (EUA)”, explica o professor de história Pedro Botelho. 

A cidade do Recife estava repleta de revolucionários e cercadas de medidas liberais. Os padres João Ribeiro e Cruz Cabugá, que inclusive foram enviado para os Estados Unidos para obter armas e o apoio do governo americano, foram grandes nomes dessa revolução, também conhecida como 'A revolta dos padres'. 

“Cruz cabugá foi enviado como um representante dessa revolução para os EUA com o intuito de se encontrar com o governo americano e garantir apoio necessário para o movimento. Entretanto, essa revolução foi debelada por Dom João VI, que na época era o então rei que governava o Brasil lá no Rio de Janeiro”, conta Botelho.

O então rei Dom João VI enviou suas tropas para derrotar os revolucionários, por meio de uma intervenção muito intensa que causou a morte de muitas pessoas. Os representantes da revolução foram seriamente punidos. A República de Pernambuco durou cerca de 70 dias, porém marcou a história do país e, principalmente, dos pernambucanos.

“Esse feriado do dia 6 de março está relacionado a essa independência, a esse processo de emancipação que foi o único movimento revolucionário que deu certo” lembra o professor de história Pedro Botelho.

A importância para o povo pernambucano

A atual bandeira pernambucana, que é levantada com orgulho por muitos pernambucanos, foi a mesma utilizada pelos revolucionários na época. Ela foi adotada pelo então governador, Manoel Borba, no ano de 1917, confirma o professor de história, Everaldo Chaves.

“A república pernambucana deixa um legado para os dias atuais, até porque parte do que era defendido naquele ano, ainda ecoa até os dias atuais. Por exemplo, em 1817 os pernambucanos lutaram contra o excesso de impostos, que ainda é uma bandeira nossa. Tudo isso tem que ser valorizado. Se nós, pernambucanos, não reconhecermos isso, como iremos perpetuar uma memória tão rica?”, pontua o professor Everaldo Chaves.

O professor Pedro Botelho pontua a ideia de que, culturalmente, o povo de sua terra possui um sentimento separatista devido aos acontecimentos ocorridos na época. “Culturalmente falando, ainda temos um sentimento separatista. E como o movimento republicano conseguiu essa independência durante alguns dias, isso acabou movendo o imaginário do pernambucano até hoje”, diz o professor.

Ele ainda acrescenta que, não somente muitos intelectuais que participaram da revolução e até mesmo da Confederação do Equador em 1824, como Frei Caneca, foram motivos para que esse esse sentimento separatista ainda perpetue na sociedade pernambucana, mas também “essa questão da pernambucanidade ainda foi resgatada nos anos 90 junto com o movimento Manguebeat, que traz parte dessa história que exalta essa efervescência cultural, ou seja, aquilo que no século 19 chamávamos de os vapores pernambucano”. 

Confira mais informações sobre a Data Magna de Pernmabuco e sua história no vídeo do professor João Pedro Holanda, para o projeto Vai Cair No Enem:

Desde 2017, Pernambuco homenageia a Revolução Pernambucana de 1817 e instituiu o feriado da data magna para o dia 6 de março, comemorada nesta sexta-feira. O primeiro feriadão do ano no Estado é fruto da insatisfação dos pernambucanos com a antiga administração estrangeira. 

Na época, o clero católico aliou-se aos maçons para dividir a luta por liberdade de pensamento e de imprensa, e ressaltar os direitos de cidadania. A relação fez a revolta ser conhecida como Revolução dos Padres.

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Durante os 70 dias da 'República de Pernambuco', Cruz Cabugá chegou a ser nomeado embaixador e, inclusive, viajou para os Estados Unidos para legitimar o Estado e buscar acordos comerciais.

Outros feriados

O Brasil tem 12 feriados nacionais e, em 2020, seis deles cairão numa segunda ou numa sexta-feira. Além disso, este ano terá um total de nove datas comemorativas com a possibilidade de emendar o fim de semana por conta dos feriados que cairão numa terça ou quinta-feira.

Confira o calendário de feriados nacionais de 2020:

Dia da Fraternidade Universal: 1º de janeiro (quarta-feira)

Carnaval: 24 a 26 de fevereiro (segunda a quarta-feira)

Sexta-feira Santa: 10 de abril (sexta-feira)

Páscoa: 12 de abril (domingo)

Tiradentes: 21 de abril (terça-feira)

Dia do Trabalho: 1º de maio (sexta-feira)

Corpus Christi: 11 de junho (quinta-feira)

Independência do Brasil: 7 de setembro (segunda-feira)

Dia de Nossa Senhora Aparecida: 12 de outubro (segunda-feira)

Finados: 2 de novembro (segunda-feira)

Proclamação da República: 15 de novembro (domingo)

Natal: 25 de dezembro (sexta-feira) 

 

 Em março deste ano, a cena literária pernambucana ganhou mais uma produção independente. ‘Furtiva’, escrito pela jovem poeta Júlia Bione, de 16 anos, traz à superfície o íntimo da sua alma. A obra conta com 19 poesias que discorrem essencialmente sobre o amor. O livro faz parte do projeto Mostra de Publicações Independentes (MOPI), uma iniciativa da editora pernambucana Castanha Mecânica.

As poesias sem rimas, escritas em sua maioria dentro dos ônibus que circulam na Região Metropolitana do Recife, serviram como válvula de escape para Bione, que usou todo seu talento para se desprender das amarras e convenções sociais e de expor sua homossexualidade à família. A necessidade de ser vista, ouvida e de se fazer existente foi o motor necessário para que a obra tomasse vida.

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“‘Furtiva’ foi um pedido de socorro e depois que ele foi pra rua eu me senti livre, eu falei ‘Eu estou livre para ser o que eu sou, para ser quem eu sou’”, revelou a jovem escritora em entrevista ao LeiaJá.

Criada por uma base formada por mulheres, Bione foi instruída desde cedo sobre o suposto ‘lugar de mulher’. Submissão e machismo eram vistos como necessários. No entanto, isso nunca entrou em sua cabeça: conformismo não era uma opção para a menina.

Aos 11 anos, inspirada em Racionais MC's, Bione escreveu seu primeiro poema. Assim como os do livro, ele também falava de amor.

Poesia Marginal e Slam

Com 13 anos, Bione ainda era Júlia, mas ela já sabia o que queria ser e resolveu se arriscar em uma roda de rima próxima de sua casa, no Prado, Zona Oeste do Recife. Antes de conseguir batalhar, foi impedida de disputar pelo menos duas vezes, simplesmente pelo fato de ser mulher. Na primeira vez, ela se deparou com a afirmação ‘Menina não batalha. A gente pega muito pesado e não queremos pegar pesado com menina’. Indignada, a adolescente voltou para casa e continuou a escrever, meses depois retornou na roda e aderiu o nome de ‘Bione’, com o intuito de confundir os realizadores sobre seu gênero, mas a tentativa foi em vão.

Frustrada, em decorrência da proibição de fazer o que foi destinada, a adolescente passou por problemas psicológicos durante um período. “Eu pensava: ‘Eu não tô conseguindo batalhar aqui, não tô conseguindo fazer o que eu gosto do lado de casa, como é que vou fazer pra o mundo inteiro?’”, revela.

No entanto, Bione não estava satisfeita com a proibição e voltou à roda uma terceira vez, quando finalmente conseguiu batalhar. A poeta conta que a primeira vez que conseguiu participar foi quando sentiu mais medo. “A primeira vez que eu pensei em desistir foi a primeira vez que eu quis fazer”, diz. Como a batalha era de rap (com improviso) a adolescente não se saiu bem, mas já se sentiu uma vitoriosa por ter conseguido fazer parte da roda.

Um tempo depois, Bione conheceu o ‘Slam das Minas’, em que as poetas recitam poesias autorais e foi ali que encontrou o seu lugar. Produzindo poesias marginais sobre resistência e revolução, ela trata de problemas sociais, como o racismo, o machismo e a homofobia. A jovem poeta conta que no início só queria falar sobre o que estava sentindo, até perceber que outras pessoas também sentiam a mesma coisa e encontravam nela uma maneira de ter voz na sociedade.

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Em Pernambuco, existem três grupos de Slam: O Slam PE, o Slam Caruaru e o Slam das Minas, do qual Bione faz parte. Além das rodas de batalhas individuais em cada grupo, os slams também competem entre si para garantir representantes do Estado no Slam BR - Campeonato Brasileiro de Poesia Falada, que acontece anualmente em São Paulo. O evento reúne ‘slammers’ de todo o Brasil e o vencedor representa o país na Copa do Mundo de Slam, disputada em Paris.

Em 2018, após vencer as batalhas em Pernambuco, Bione foi a São Paulo representando e ficou em 3° lugar. Com 15 anos, ela era a poeta mais nova da competição. “Eu fiquei muito assustada, pois no ano anterior quem tinha ganho era Pernambuco, com Bell Puã. Eu era a sucessora, em busca do bi”, conta.

Sobre políticas públicas de incentivo à cultura, Bione fala que é escassa e seletiva, um assunto complicado de falar. “Quando a gente fala de Slam e batalhas de rap, políticas públicas é um assunto que não se encaixa muito, elas às vezes impedem de que a gente vá pra rua, que a gente fale. Vai além de colocar um palco e colocar os meninos pra rimar, tem relação com o respeito. Todo mundo respeita uma roda de poesia na rua da Aurora, porque é na rua da Aurora, mas políticas públicas dentro da favela não existe”, enfatiza. Bione sabe por quem fala e para quem fala. Confira uma de suas poesias:

O Spotify lançou no início desta semana a campanha ‘Escuta as minas’, que visa incentivar a luta da mulher contra a desigualdade de gênero na música. O projeto conta com um site e com um clipe inédito apresentado a campanha, além de 11 depoimentos de artistas brasileiras.

O ‘Escuta as minas’ reúne nomes como Karol Conká, Elza Soares, Maiara & Maraísa, MULAMBA e Mart’nália. Outras três artistas homenagearam grandes ícones femininos da música brasileira. 'As Bahias' e a 'Cozinha Mineira' retrataram Chiquinha Gonzaga, enquanto Tiê prestou tributo à Maysa, e Lan Lanh à Cassia Eller.

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Na página inicial do site do projeto, uma mensagem de empoderamento feminino é exibida:

“A LUTA PARA SER OUVIDA NÃO É ALGO DO NOSSO TEMPO.ESTAMOS CANTANDO NOSSAS REVOLUÇÕES HÁ SÉCULOS.ALGUMAS ENFRENTARAM A RESISTÊNCIA E ABRIRAM ESPAÇO.O MOVIMENTO CRESCEU.É HORA DE EVOCAR AS PIONEIRAS E INSPIRAR UMA NOVA GERAÇÃO.A LUTA SEGUE.POR MAIS MULHERES NA MÚSICA.POR MAIS MULHERES SENDO OUVIDAS.”

Confira o clipe da campanha:

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Os primeiros 'curiosos' que trabalharam para desenvolver 'engenhocas' que registrassem imagens não poderiam imaginar que a fotografia se tornaria uma das ferramentas mais importantes da humanidade. Muito menos poderiam vislumbrar que, séculos depois, as fotos se tornariam tão populares e diversas, servindo para os mais diferentes objetivos como documentação, publicidade e registro de momentos, entre outros.

Com o avanço da tecnologia, a chegada das câmeras digitais e celulares com câmeras cada vez mais potentes, fazer fotos ficou mais fácil e mais barato; e fotografar (com qualidade) passou a estar ao alcance de qualquer um. Os autorretratos, especialmente, ganharam mais força e, batizados de 'selfie', deram à fotografia novo sentido e uso.

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Autorretratos sempre existiram. Os grandes pintores da história, como Da Vinci, Rembrandt, Van Gogh e Frida Khalo, só para citar alguns, já registravam suas próprias fisionomias em suas telas. Na fotografia, o primeiro a retratar a si mesmo foi Robert Cornelius, um químico alemão que conseguiu a façanha em 1839, em um 'antigo' daguerreótipo. 

Mas, a fotografia de si próprio se revolucionou quando os dispositivos mais modernos possibilitaram que o 'fotógrafo' pudesse ver a foto antes mesmo que ela fosse feita, nas câmeras frontais. Essa revolução transformou o autorretrato em selfie, para não dizer, em febre, fazendo surgir outras novidades como costumes, equipamentos culturais e, até mesmo, doenças.  

2002

Foi no segundo ano do século 21 que o termo 'selfie' surgiu. Um jovem australiano, Nathan Hope, publicou na internet um autorretrato exibindo os lábios feridos após uma bebedeira com os amigos. Na legenda, ele escreveu: "Desculpem o foco, era uma selfie". Os australianos costumam colocar a terminação 'ie' nas palavras e, assim, nasceu o termo que batizou esses retratos na era da internet. 

Popularidade

Com o acesso à tecnologia cada vez maior, em todas as camadas da população ao redor do mundo, as selfies logo se popularizaram e viraram moda. Do antigo Fotolog (site de publicação de fotos) ao badalado aplicativo de imagens Instagram, as pessoas, das mais comuns às mais famosas, passaram a compartilhar, indiscriminadamente, fotografias de si mesma, nas mais inimagináveis poses e situações. Em 2013, o termo selfie foi eleito o mais popular do ano, pelo Dicionário Oxford e, hoje, o Instagram já cresceu tanto que vale 100 vezes mais do que quando foi comprado pelo Facebook, em 2012. 

Comportamento

As selfies carregam com elas tamanho poder que são capazes até de mudar o comportamento das pessoas. Uma pesquisa feita pela Academia Americana de Plástica Facial e Cirurgia Reconstrutiva, neste ano de 2017, constatou que 55% dos pacientes que procuraram mudar o rosto nos centros cirúrgicos o fizeram para sair melhor nas fotos. Outros comportamentos como tirar bichos selvagens de seu habitat natural só para posar ao lado deles também têm sido recorrente. Sem contar nos casos de mortes decorrentes da busca pela selfie perfeita, em lugares perigosos como trilhos, penhascos e prédios altos. Também há aqueles que registram a sua própria presença em momentos delicados como velórios, a exemplo do que aconteceu na ocasião da morte do sertanejo Cristiano Araújo e do político Eduardo Campos. 

Saúde

A vontade de fazer selfies constantemente é apontada, pelos médicos, como uma doença desde 2014. Segundo pesquisadores da Universidade de Nottingham Trent, de Londres e da Escola de Administração de Thiagarajar, na Índia, a síndrome de selfie, ou Selfit, se caracteriza pela necessidade obsessiva em tirar autorretratos e postá-los nas redes sociais, em busca de aprovação externa. O distúrbio pode estar relacionado a transtornos de personalidade narcisista ou ao transtorno do corpo dismórfico, quando o paciente não se enxerga exatamente como é, apresentando uma preocupação excessiva com sua aparência. Os sintomas podem variar entre baixa autoestima, insegurança, dificuldade nas relações interpessoais, e podem levar a quadros de depressão se não tratados.  

Faculdade

Para aqueles que levam a sério suas selfies, algumas instituições resolveram abrir suas salas de aulas para cursos específicos. Em Londres, a City Lit oferece um curso chamado 'A Arte do Autorretrato', prometendo ensinar técnicas de aperfeiçoamento. Isso sem contar com os inúmeros tutoriais existentes na internet que ensinam técnicas e truques para a selfie perfeita.

Direitos autorais

Os direitos autorais de uma fotografia foram exaustivamente revisados e debatidos em 2011 quando um macaco achou uma câmera de 'bobeira' na floresta e fez várias selfies. O fotógrafo David Slater resolveu brincar com os macacos e deixou sua câmera à disposição deles. A selfie fez tanto sucesso que motivou uma disputa judicial para definir quem seria o dono da foto. O macaco acabou perdendo por não fazer parte da espécie humana. 

Cultura

Com tanto impacto na sociedade atual, as selfies já viraram bens culturais com direito, inclusive, a museu. O equipamento cultural fica em Los Angeles e recebeu o nome de Museu da Selfie. Lá, é possível encontrar a história desse tipo de foto, desde seus primórdios, além de salas temáticas que mostram, de forma interativa, tudo sobre as selfies. O slogan do museu é um convite quase irrecusável: "Amando-as ou odiando-as, você nunca mais verá as selfies da mesma maneira".

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Faltando um pouco mais de quatro meses para que o Brasil escolha o novo presidente, em entrevista concedida ao LeiaJáo deputado federal Luciano Bivar(PSL) avaliou o panorama geral afirmando que o candidato Jair Bolsonaro (PSL), colega de legenda, lidera todas as pesquisas nacionais sobre intenções de votos. 

Bivar declarou que Bolsonaro pode liderar uma revolução democrática sem sangue. “Falta quatro meses, mas a gente está muito bem. O nosso candidato Bolsonaro lidera a pesquisa nacional e a gente acredita que é um momento da gente fazer uma revolução democrática através do voto, sem armas, sem sangue e sem nada. É uma decisão do povo, essa é a nossa esperança”, ressaltou. 

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Questionado se as chances de Bolsonaro crescem após a prisão do ex-presidente Lula, que poderia ser o “principal rival” do presidenciável na disputa, o deputado falou que o contexto é acima dessa possibilidade. “Não é questão de Lula ser um rival, a questão é que todos eles estão comprometidos com a mesmice e com a política, viciada então a gente está com uma nova mensagem”. 

Bivar falou que o recado da legenda com Bolsonaro liderando é de um novo pacto federativo para o país. “Uma mensagem para que a gente tenha mais Brasil e menos Brasília, que haja um novo pacto federativo, que o dinheiro realmente ele seja transferido de maneira automática para os municípios, para os estados, então esse vai ser um novo projeto econômico”, explicou. 

 O deputado já tinha comentado, anteriormente, que a vinda de Bolsonaro tem trazido ganhos ao PSL. “O partido sempre teve sua estrutura, seu propósito, isso é o PSL não é questão de renovação, mas interação com novas pessoas. Um partido tem sua estrutura e ela tende a modificar-se, evoluir. Com a vinda de Jair Bolsonaro o PSL tem tido um ganho imenso. Todos apostam que o Brasil vai buscar uma nova identidade”, chegou a afirmar. 

 

 

O deputado federal Marco Feliciano (PSC), durante uma entrevista, fez questão de elogiar o pré-candidato a presidente Jair Bolsonaro (PSC). Além de chamar Bolsonaro de amigo, o pastor Feliciano ressaltou que o admirava. 

“Bolsonaro é o meu amigo. Admiro Bolsonaro no seu quesito de ser nacionalista, de ser uma pessoa que hoje representa essa revolução da direita em nosso país, aliás a direita não existia no Brasil até pouco tempo. Se existia, estava escondida”, declarou afirmando também que estuda todas as vertentes possíveis para construir o que chamou de uma mente crítica. 

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Assim como Bolsonaro, Feliciano defendeu o porte de armas para uma pessoa poder se proteger dentro de casa. “O cidadão portar arma na rua, eu sou extremamente contrário, mas um homem ter uma arma dentro da sua casa para poder defender a sua família, eu sou aberto a apoiar”, disse. 

Feliciano também falou sobre religião ressaltando que o parlamento não é uma igreja. “O parlamento não é culto. Antes de defender a bíblia sagrada como parlamentar, eu defendo a Constituição Federal. Todos os meus embates, inclusive ideológico com o movimento LGBT, foi em defesa da Constituição Federal”. Sobre a possibilidade de um evangélico chegar à presidência, o pastor salientou que o governo seria para todos. “Nós estamos um país plural. Não vamos governar para uma igreja, a igreja evangélica não tem a pretensão de poder como igreja, como instituição. As igrejas evangélicas nem unidas são”. 

Disse ainda que se irrita quando uma pessoa tem uma visão distorcida dele sem antes ter tido um diálogo. “Não tiveram esse contato, aí as pessoas pensam que eu sou um fundamentalista maluco, um deputado da idade medieval”. 

A revolução de 1917 provocou grandes mudanças nos costumes durante os primeiros anos da Rússia soviética, com a emancipação das mulheres e a propaganda a favor do amor livre, antes de uma rápida volta à ordem moral.

"As revoluções sexuais geralmente acompanham os grandes cataclismos históricos", explica o historiador Vladislav Axionov, do Instituto de História Russa.

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Depois da revolução, as russas começaram a lutar por seus direitos políticos, pela possibilidade de eleger livremente seus pares sexuais e pela legalização do aborto.

As mulheres contavam então com o apoio decidido dos bolcheviques que clamavam "Abaixo o pudor!" e defendem que "fazer amor deve ser tão simples como beber um copo de água".

Em dezembro de 1917, em um claro sinal da evolução dos costumes, os bolcheviques adotaram um decreto para oficializar o casamento civil e o casamento religioso deixaram de ser obrigatórios.

A família tradicional foi logo considerada um vestígio do passado.

O lar e as crianças eram vistos então como obstáculos para a edificação do "futuro radiante" do comunismo. Para liberar as mulheres, foram abertas creches e lavanderias em todo o país.

Em 1917, a Rússia "se antecipou à Europa e aos Estados Unidos ao conceder às mulhers dieito ao voto", recorda Axionov. As americanas tiveram de esperar até 1920, e as francesas até 1944 para poder votar.

- Pioneiras -

Tantos avanços foram possíveis graças ao papel que desempenharam na revolução russa.

Foi o caso da esposa de Lênin, Nadejda Krupskaïa, ou de Alexandra Kolontái. Esta última, ministra dos Assuntos Sociais do primeiro governo comunista e contrária ao casamento, logo se converteu em uma das primeiras mulheres embaixadoras do mundo.

Entre essas pioneiras cabe destacar a francesa Inès Armand, cuja biografia reflete as mudanças na sociedade russa.

No início do século XX, Armand abandonou seu marido, seus quatro filhos e sua vida burguesa em Puchkino, uma cidade do norte de Moscou, para viver com seu cunhado Vladimir, nove anos mais novo que ela.

Depois da morte dele em 1909, Armand conheceu Lênin, a quem admirava. Logo se converteu em seu braço direito, e o revolucionário no exílio muitas vezes a enviou para participar em conferências internacionais, uma vez que ela falava muitos idiomas.

Em 1914, fundaram juntos o jornal "Rabotnitsa" ("A trabalhadora" em russo), dedicado à luta feminista. Sua ideia fundamental era a seguinte: as mulheres são escravas oprimidas pelo trabalho e a vida familiar, e a revolução é a única forma de ajudá-las a obter os mesmos direitos que os homens.

A reação conservadora foi rápida. Sob a liderança de Stálin, foram conservados alguns dos avanços conquistados pelas mulheres, mas o Estado se esforçou em controlar a vida privada de seus cidadãos e voltar a defender a família tradicional como modelo.

Em 1986, no início da perestroika, durante um programa de televisão em que americanas conversavam com soviéticas, uma russa disse: "Não há sexo em nossa casa, somos completamente contra!".

Uma frase que fez rir milhões de soviéticas, mas que ilustrou a sua maneira as dezenas de anos de pudicícia que viveu o país depois da queda da URSS, algo muito distante dos primeiros anos pós-revolucionários.

Nesta semana, o programa Globalizando fala sobre os 100 anos da Revolução Russa. A convidada é a professora Maíra Maia, graduada em História pela Universidade Federal do Pará (UFPA), especialista em História Social da Amazônia, com mestrado e doutorado em História também pela UFPA. Atualmente é professora da Universidade da Amazônia (Unama).

Acompanhe esse e outros temas no programa Globalizando, na Rádio Unama FM 105.5, produzido pelos alunos do curso de Relações Internacionais da Universidade da Amazônia (Unama). Clique no ícone abaixo para ouvir o Globalizando.

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Cem anos depois da Revolução Bolchevique, a televisão russa exibirá uma série sobre uma de suas figuras mais controversas, Leon Trotski, fundador do Exército Vermelho, assassinado por agentes de Stalin no México.

A rede pública russa Pevry Kanal transmitirá no início de novembro os oito episódios de "Trotski", apresentada esta semana durante o Mipcom, o mercado internacional de conteúdos audiovisuais, que acontece em Cannes. "É a primeira série dedicada a Trotski na história da Rússia", ressaltou Konstantin Ernst, diretor-geral da Pevry Kanal, no Mipcom, onde se reuniu com potenciais compradores, como a americana Netflix. "Ao contrário de Lenin, Trotski se parecia com um herói do Rock and Roll: fuga da prisão, revolução, amor, exílio e morte", destacou.

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Brilhante orador e teórico marxista, Leon (Lev, em russo) Trotski foi um dos principais instigadores, junto com Lenin, da Revolução de Outubro de 1917. Também foi o fundador do Exército Vermelho e um dos artífices do primeiro plano da vitória dos bolcheviques na guerra civil russa de 1918-1921.

Trotski se opunha a Stalin, que fez com que ele fosse expulso do governo e do Partido Comunista e, depois, da União Soviética. O exilado acabou se instalando no México, em 1937, onde um agente de Stalin o assassinou em 1940.

Durante os expurgos estalinistas dos anos 1930, ser acusado de trotskista equivalia a uma morte certa. "É difícil ser objetivo cem anos depois, mas tentamos produzir uma série fundamentada em acontecimentos reais", assegurou o produtor da série, Alexandre Tsekalo, contatado pela AFP por telefone. "Trotski desempenhou um papel sangrento e importante na revolução russa", ressaltou.

Mudança de nome

Interpretado pelo popular ator russo Konstantin Khabenski, um Trotski envelhecido conversa, no primeiro episódio, com um jornalista canadense em sua casa do México. Trata-se, na verdade, do espião espanhol Ramón Mercader, enviado por Stalin para assassiná-lo.

A série mostra, em seguida, sua juventude na cidade de Odessa, atualmente na Ucrânia, onde havia uma importante comunidade judia. Lá, o protagonista da história decidiu mudar seu sobrenome Bronstein por Trotski, que era o do guarda de prisão que lhe espancou em sua juventude.

A "mensagem" da série, segundo Alexandre Tsekalo e Konstantin Ernst, é que "não se deve forçar as pessoas a ir para as ruas" e que "toda revolução significa derramamento de sangue". Uma mensagem que é compatível com a linha oficial do Kremlin, reticente a comemorar o centenário da Revolução de Outubro de 1917 por sua animosidade contra os movimentos populares.

"O Estado não participa na comemoração do centenário, só assiste", destaca Nikita Petrov, da associação Memorial. "A mensagem do Kremlin é que todas as revoluções são ruins, principalmente as financiadas por estrangeiros".

Na série "Trotski", o Ocidente desempenha um papel essencial na revolução, propondo financiar os revolucionários. Em um cena ambientada em Paris em 1902, o teórico marxista russo Alexandre Parvus fala com um espião alemão, que lhe pergunta quanto dinheiro é necessário para "destruir" a Rússia com uma revolução. "Um bilhão de marcos", responde Parvus.

A cena relata "um fato bem documentado", assegura Alexandre Tsekalo. O Ocidente queria destruir a Rússia porque esta "estava se transformando em um país capitalista forte".

Cerca de 70 mil cubanos prestaram neste domingo (8) uma homenagem ao guerrilheiro argentino Ernesto 'Che' Guevara, em celebração aos 50 anos de sua morte. Neste ano, será a primeira vez que a cerimônia não contará com a presença do ex-presidente de Cuba Fidel Castro, seu amigo e líder durante a Revolução Cubana morto em novembro de 2016, que instituiu o dia 8 de outubro como dia do "Guerrilheiro Heroico", apesar de Che ter morrido um dia depois.

A celebração ocorre em Santa Clara, a 300 quilômetros de Havana, e teve a presença do chefe de Estado cubano, Raúl Castro. Ele participou do evento vestido com uniforme militar.

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Na Bolívia, onde Che morreu, uma comitiva oficial cubana foi enviada neste sábado (7) para participar de uma série de atos comemorativos que estão sendo realizados com apoio do presidente Evo Morales.

O argentino Ernesto Guevara, ao lado de Castro, liderou a revolução que destituiu o ditador Fulgencio Batista do poder em Cuba. Che faleceu em 1967, aos 39 anos, quando foi capturado e morto pelo Exército boliviano.

Mostra na Itália Do dia 6 de dezembro até abril de 2018, a cidade de Milão receberá uma exposição sobre a vida do guerrilheiro, que contará com mais de dois mil documentos, entre fotos, cartas e discursos.

O objetivo da mostra é relembrar a história do comandante que simbolizou a Revolução Cubana.

Da Ansa

O neurologista nigeriano Oshiorenoya Agabi talvez tenha conseguido fazer com que você possa, um dia, evitar a fila do controle de segurança nos aeroportos com uma invenção revolucionária: um microchip capaz de detectar explosivos sem incomodar os viajantes.

Este cientista apresentou, no domingo, na conferência TEDGlobal 2017 (Technology, Entertainment and Design) de Arusha, na Tanzânia, um aparelho criado por sua 'start-up' capaz de rastrear explosivos com o olfato.

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Este é um dos usos possíveis da invenção de Agabi, de 38 anos, e sua equipe da companhia Koniku, situada no Vale do Silício, na Califórnia.

Enquanto os pesquisadores em inteligência artificial trabalham para criar máquinas capazes de imitar o cérebro humano, ou - como o empresário de origem sul-africana Elon Musk - implantar computadores em nossos cérebros, Agabi encontrou uma forma de fazer com que neurônios produzidos em laboratório e circuitos eletrônicos trabalhem em conjunto.

Deixando de lado as limitações do silício dos processadores tradicionais, Agabi optou por recorrer diretamente ao cérebro humano, "o processador mais poderoso que o universo já viu".

"Em vez de copiar um neurônio, por que não recorrer à própria célula biológica e utilizá-la? É uma ideia revolucionária cujas consequências são inimagináveis" assegura Agabi, físico teórico e apaixonado pela neurociência e a bioengenharia.

Assim, o nigeriano e sua equipe de geneticistas, físicos, bioengenheiros e biólogos moleculares se lançaram à esta tarefa, com a esperança de resolver problemas como a detecção de explosivos e de doenças como o câncer.

- Neurônios vivos -

Segundo Agabi, sua invenção, "sem precedentes no mundo", foi batizada 'Koniku Kore' e funciona essencialmente através da respiração e da detecção do cheiro do ar.

Grandes marcas, segundo ele, acreditam em seu produto, e por isso a projeção é que os rendimentos da start-up passarão de cerca de oito milhões de dólares anuais a 30 milhões no ano que vem.

Um dos grandes desafios foi encontrar uma forma de conservar os neurônios vivos, um segredo que Agabi prefere não revelar.

Os progressos da inteligência artificial e as buscas para por em funcionamento máquinas que se assemelhem ao cérebro humano geram medo em algumas pessoas. Elon Musk, por exemplo, advertiu contra o risco de que um dia a máquina domine o homem.

Mas Agabi, que cresceu em Lagos, onde ajudava sua mãe a vender comida nas ruas, acredita que o futuro está na ideia de insuflar vida às máquinas.

"Não é ficção científica. Queremos construir um cérebro de neurônios biológicos, um sistema autônomo que possua inteligência. Não queremos construir um cérebro humano", explica à AFP.

O cientista falou na abertura da conferência TEDGlobal de Arusha, que durará quatro dias, até 30 de agosto, onde se apresentam ideias, inovações e criatividade. É a primeira vez em dez anos que sua versão anual internacional é realizada na África.

"A África vive um crescimento econômico, demográfico e criativo", assegura o coprodutor da conferência, Emeka Okafor.

"Nossa conferência reunirá catalisadores de ideias, solucionadores de problemas e criadores de mudanças que já estão trabalhando aqui, traçando o caminho da África para a modernidade", acrescenta.

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