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Especialistas ouvidos pela reportagem dizem que o nome escolhido pelo presidente eleito, Jair Bolsonaro, para chefiar o Ministério da Educação ainda é desconhecido, mas que isso não deve afetar o trabalho a ser desempenhado na pasta. A prioridade de Ricardo Vélez Rodríguez deverá ser a de assegurar aos alunos um nível mínimo de aprendizagem - hoje, só 7% dos estudantes concluem o ensino médio com conhecimento considerado adequado em Matemática, por exemplo.

Para o presidente do Instituto Alfa e Beto, João Batista Oliveira, temas como o Escola sem Partido deverão ser secundários na agenda do ministro. "Os grandes desafios são outros, os mesmos para qualquer ministro. Um problema de financiamento, gastos acima do limite, uma redução demográfica que exige políticas importantes. O problema da qualidade da educação também permanece", diz.

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De acordo com Oliveira, para evitar que haja a defesa única de uma ou outra ideologia, é preciso melhorar a qualidade da formação do professor. "É preciso melhorar o currículo, a didática, a formação do docente. Senão só se fica comendo pelas bordas. Se acontece esse problema (de pensamento único), é porque há má qualidade de formação. E eventualmente, é preciso melhorar também os métodos de avaliação."

O diretor da Fundação Lemann, Deniz Mizne, afirma que a indicação surpreendeu, já que o nome de Rodríguez não estava entre os que circularam nas últimas semanas. "Não é um nome tradicional do círculo da educação. Mas não acho que o fato de ele não ser conhecido possa gerar um problema. O MEC é uma equipe grande. É um ministério de muitos desafios e complexidades."

Para Mizne, a gestão precisa priorizar o aluno que não consegue a aprendizagem adequada. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Após o primeiro dia de aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), os vestibulandos começam a procurar por gabaritos preliminares que contenham a correção das questões das provas. Especialistas afirmam que os resultados divulgados antes do prazo estabelecido pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), não são oficias e podem conter erros. De acordo com docentes e psicólogos, os estudantes não devem se ater aos resultados preliminares e continuar com a preparação psicológica e emocional para o segundo dia de aplicação de prova.  

Para o professor de sociologia e filosofia João Pedro Holanda, os vestibulandos não devem se ater a resultados não oficiais. De acordo com o docente, os gabaritos preliminares divulgados pelos cursos preparatórios sempre contêm erros. “Esses gabaritos preliminares divulgados pelos cursinhos contam com a interpretação dos professores dos cursos sobre cada questão, e na maioria das vezes a interpretação não é a mesma da mesa de correção do Enem. Os gabaritos preliminares não são oficiais e sempre contêm erros, sem exceção. Os alunos devem evitar a busca por esses resultados e focar no segundo dia de aplicação de prova para não perder a concentração”, falou.

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O educador explica que o Exame exige um grande preparo psicológico e emocional dos candidatos e que a influência de resultados não oficiais pode ser refletida negativamente no segundo dia de aplicação de provas. “O Enem é uma prova que envolve repertório de conteúdo e capacidade psicológica e emocional para o aluno fazer uma boa prova. Mesmo sem tanto preparo conteudístico, o estudante pode estar apto para desenvolver a prova estando psicológica e emocionalmente saudável no dia. Quando o aluno absorve os resultados divulgados nos gabaritos preliminares, ele pode se sentir superpreparado ou subvalorizar sua capacidade, ambas as situações podem refletir negativamente no segundo dia de prova. Como dica, o fera não deve procurar gabaritos preliminares e concentrar todas as forças para o segundo dia de aplicação, com estabilidade emocional e psicológica”, destacou.

A estudante Verônica Gabrielly dos Santos, de 17 anos, afirma que consultou um gabarito preliminar divulgado após o primeiro dia de aplicação do Enem. A aluna do 3º ano do Ensino Médio da Escola Técnica Estadual Maria José Vasconcelos (ETE) de Bezerros, no Agreste pernambucano, disse que ficou nervosa após ver que seus resultados não coincidiram com os do gabarito e que vai para o segundo dia de prova mais preocupada com o resultado final. “Na hora que eu corrigi bateu um desespero por que os meus resultados não estavam de acordo com o gabarito preliminar divulgado. Com certeza isso interfere no segundo dia de prova por que causa uma ansiedade e um nervosismo com o meu resultado”, disse.

De acordo com a psicóloga Olga Miranda, após o primeiro dia de realização do Exame, o nível de ansiedade dos estudantes está elevado e a procura por resultados preliminares pode ocasionar estresse e até mesmo desconcentração para o próximo dia de aplicação de prova. A especialista ressalta que é necessário não perder o foco. “A ansiedade faz com que eles procurem respostas prévias, o que é compreensível, os alunos esperam mais de um ano para fazer essa prova, então, quando sai algum gabarito eles estão muito ansiosos para saber se tiveram um bom resultado. Porém, isso pode ocasionar em um estresse emocional que é prejudicial para o estudante no próximo dia de aplicação de prova. É necessário manter o foco e não buscar gabaritos preliminares que podem não estar de acordo com as respostas do estudante. O aluno pode se sentir frustrado e decepcionado com o seu resultado final”, alertou.

Ainda segundo a psicóloga, professores e pais devem prestar apoio emocional e psicológico para os estudantes, no período posterior ao Enem. “O aluno costuma escutar e absorver aquilo que o professor que esteve com ele durante todo o ano, fala em sala de aula. Portanto, é necessário que os educadores mantenham o diálogo, exercitem a cautela para que não se sintam desestimulados com resultados divulgados depois da prova. Além disso, é de suma importância que a família também apoie aquele estudante, mostrando que apesar de qualquer resultado, haverá sempre novas oportunidades. Costumo trabalhar com meus clientes que prestaram o Exame, refletindo sobre como foi o ano, como foi o caminho até aqui, um caminho de muito esforço e superação. Os resultados inesperados não são o fim”, destacou. Olga também afirmou que as escolas devem estar próximas dos vestibulandos, com suporte emocional após as provas. 

 

Defendida pelo presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), como uma das formas para ajudar no combate à violência no País, a redução da maioria penal para 16 ou 17 anos poderá ter impacto reduzido se colocada em prática hoje, avaliam especialistas. Na capital paulista, por exemplo, o índice de atos considerados hediondos e cometidos por adolescentes nessa faixa etária representa só 2% do total.

Relatório do Departamento da Infância e da Juventude da Capital (Deij), ligado ao Ministério Público de São Paulo, mostra que adolescentes com mais de 16 anos foram responsáveis por 10.478 crimes penalmente inimputáveis registrados na cidade no período de três anos - agosto de 2014 a agosto de 2017 -, ou 70% do total de 14.829. Apesar de representarem a maioria nessa estatística, é mínima a natureza hedionda de suas contravenções. Roubo lidera o ranking.

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Foram 227 atos infracionais classificados como hediondos no período pesquisado e que geraram as mais variadas medidas socioeducativas, como internação em regime fechado, liberdade assistida ou prestação de serviços à comunidade. Desse universo, latrocínio (roubo seguido de morte) responde por 1,2%, homicídio qualificado, por 0,4%, estupro, por 0,3%, e extorsão qualificada, por 0,1%. A Promotoria não tem dados apenas de adolescentes com 17 anos e não existe um estudo nacional a respeito.

"Estamos falando de jovens que, em sua maioria, são pobres. O poder público precisa entrar na vida deles antes, oferecendo ferramentas para seu desenvolvimento, e não depois, quando acontece um crime. Essa ação tardia inclusive gera mais custos para os cofres públicos. Nem a lógica econômica faz sentido quando falamos em reduzir maioridade penal", diz a professora de Direito Penal e Criminologia da Universidade de Brasília (UnB) Beatriz Vargas, para quem os casos deveriam ser analisados isoladamente sob a lógica de que aqueles mais graves sejam tratados como exceção, não regra.

Dados elaborados pela Secretaria Estadual da Administração Penitenciária mostram que a internação de um adolescente na Fundação Casa custa até oito vezes mais que a de um adulto em São Paulo.

Tráfico

O porcentual de jovens envolvidos nas estatísticas de crimes poderia aumentar até dez vezes, se casos de tráfico de drogas, que representam 23,7% das infrações cometidos por quem tem 16 ou 17 anos, também fossem contabilizados nesse índice. Há uma discussão jurídica sobre como tratar esse tipo de contravenção, apesar de a Constituição classificar o tráfico como equivalente a hediondo e equiparado.

Para o promotor de Justiça da Infância e Juventude Tiago de Toledo Rodrigues, que reconhece haver discordância no conceito, excluir o tráfico dessa lista poderia ser considerado inconstitucional. O estudo realizado por ele e por outros promotores do Deij chegou a 2.486 casos de venda de drogas entre 2014 e 2017 (mais informações nesta página).

O entendimento de 2016 do Supremo Tribunal Federal é de que a classificação não pode ser automática em função das diferentes características que envolvem o ilícito, como quantidade de entorpecente apreendida e participação ou não em organização criminosa. De acordo com a situação, o tráfico pode ser classificado como "privilegiado" quando o autor é primário, por exemplo.

Câmara

O futuro governo pretende enviar proposta ou pressionar para que as que tramitam no Congresso sejam aprovadas. A Câmara já aprovou, em duas votações, uma proposta de emenda à Constituição (PEC) que reduz a maioridade para 16 anos, mas o Senado não deu andamento à matéria, parada desde o ano passado.

A deputada federal eleita Joice Hasselmann (PSL-SP) é defensora da redução da maioridade penal. Para ela, quem comete um crime deve ser tratado "com rigor", independentemente da idade. "Para mim, é inconcebível que um jovem que tenha 17 anos e 364 dias tenha tratamento diferente daquele que tem 18 anos completos. Hoje, se um bandido menor de idade estupra, tortura e mata, ele terá um castigo mais ameno e ainda por cima sai com a ficha limpa, pronto para delinquir de novo", afirma Joice.

A deputada também defende penas mais duras para condenados acima dos 18 anos, com reavaliação das "saidinhas" e visitas íntimas em casos de crimes hediondos. "O crime não pode compensar."

PEC parada

Atualmente existe Proposta de Emenda à Constituição (PEC 33/2012) que estabelece a redução da maioridade penal para jovens de 18 para 16 anos. O projeto passou por audiência pública na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado em outubro passado e está parado. O texto reduz a maioridade nos casos em que menores infratores cometem os crimes hediondos listados na Lei 8.072/1990, como latrocínio e homicídio doloso. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Citado pelo presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), como um dos países modelo de legislação pró-armas, os Estados Unidos registram duas vezes mais mortes de crianças nos Estados com leis que facilitam o porte de armamentos. A conclusão é de um estudo da Escola de Medicina da Universidade de Stanford e que será apresentado na próxima segunda-feira na conferência anual da Associação Americana de Pediatria, em Orlando.

Para avaliar o impacto da legislação armamentista na morte de crianças e adolescentes americanos, os pesquisadores levantaram o número anual de óbitos por disparo de arma de fogo nessa faixa etária e o cruzaram com o chamado índice Brady, que mede o grau de restrição das legislações estaduais referentes a armamentos - nos EUA, diferentemente do Brasil, cada uma das 50 unidades da federação têm autonomia para aprovar suas próprias leis sobre esse e outros temas.

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Os pesquisadores verificaram que, anualmente, cerca de 2,7 mil crianças ou adolescentes morrem no país vítimas de disparos de arma de fogo. Fazendo ajustes estatísticos para corrigir discrepâncias de renda, emprego e escolaridade, os cientistas concluíram que, nos Estados onde a legislação de armas é mais branda, morrem o dobro de crianças em comparação ao número de óbitos nos Estados onde as leis são mais restritivas.

Para efeito de comparação, cerca de 9 mil crianças e adolescentes morrem no Brasil por ano vítimas de armas de fogo, número que, segundo pesquisadores da área, poderia ser ainda maior se as políticas de desarmamento fossem suspensas no País. No Atlas da Violência 2018, os analistas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) atribuem ao Estatuto do Desarmamento (em vigência desde 2003) a interrupção "da corrida armamentista que estava impulsionando mortes violentas no País".

Outros resultados

Os pesquisadores americanos verificaram ainda, em outro estudo, que o número de crianças hospitalizadas por ferimentos provocados por armas de fogo também é maior nos Estados com normas mais permissivas em relação às armas.

"Lesões por armas de fogo são a segunda maior causa de morte de crianças nos Estados Unidos, mas encontramos uma clara discrepância sobre onde essas mortes ocorrem, o que corresponde à força das legislações estaduais de armas. Em Estados com leis mais brandas, crianças morrem em taxas alarmantemente maiores", declarou, em nota, Stephanie Chao, professora de cirurgia pediátrica de Stanford e uma das autoras do estudo.

"Mais crianças morrem de ferimentos relacionados a armas de fogo do que de câncer e doenças cardíacas. Cada uma dessas mortes poderia ser evitada. Nosso estudo demonstra que a legislação estadual impede que as crianças morram por armas", completou a pesquisadora.

No estudo, os pesquisadores ressaltam que, do total de mortes de crianças e adolescentes registradas no país por essa causa, 62,1% foram classificadas como homicídios e 31,4%, como suicídios.

Polêmica

A legislação pró-armas de alguns Estados americanos já foi alvo de críticas de autoridades políticas, como o ex-presidente Barack Obama, e entidades de direitos humanos. A polêmica ganha força a cada episódio de massacre registrado naquele país. No mais recente ataque, registrado no último dia 27, um atirador matou 11 pessoas em uma sinagoga em Pittsburgh. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Desde as primeiras pesquisas eleitorais divulgadas, o candidato a presidente Jair Bolsonaro (PSL) lidera a intenção de votos dos brasileiros, o que pode dar um “ar de favoritismo”. No entanto, especialistas em política alertam para o fato de que esses levantamentos representam uma sinalização importante do momento eleitoral e das tendências de comportamento das pessoas, mas na conjuntura atual alguns outros elementos importantes em uma disputa não podem ser esquecidos. 

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A cientista política Priscila Lapa chama atenção para o fato de que o presidenciável Fernando Haddad (PT) conquistou apoios importantes para dar força à sua candidatura. “Ainda que apoios não signifiquem necessariamente a conversão dos votos, eles indicam 'força’ de uma candidatura. Aos poucos, Haddad foi conseguindo se posicionar não apenas como o candidato de Lula ou do PT, mas como o anti-Bolsonaro”. 

Lapa também ressalta que o candidato petista teve uma maior visibilidade junto aos veículos de imprensa. “É algo que não pode ser desconsiderado. Ele ocupou de forma expressiva os canais disponibilizados e aproveitou a ausência do adversário para se colocar como um candidato preparado, sereno e capaz de resolver os graves problemas enfrentados (pelo país)”. 

Por sua vez, em relação aos apoios, Bolsonaro possui dois em particular de grande importância na busca da vitória: as das lideranças evangélicas, que certamente ajudaram a "avolumar" a candidatura no segundo turno e os apoios em Minas e no Rio de Janeiro, respectivamente, de Romeu Zema (Novo) e Wilson Witzel (PSC), candidatos favoritos para ganharem a eleição nos seus estados.

Vendo o lado negativo, a cientista recorda que as últimas denúncias de possível utilização de recursos de empresas para disparos de fake news também cumprem um papel importante na compreensão da conjuntura atual do pleito. “Se por um lado levanta dúvidas sobre a tão proclamada idoneidade de Jair Bolsonaro, abre as cortinas do possível poder que a campanha dele hoje tem”. 

De acordo com cientista político Pedro Soares, a eleição não está ganha, uma vez que cada levantamento divulgado faz uma leitura diferente. Para ele, há evidências claras de que pode existir uma reviravolta em relação à vantagem de Bolsonaro. “Por exemplo, o Estado de São Paulo, que foi no primeiro turno reduto de Bolsonaro, hoje saiu uma pesquisa de um instituto paulista destacando que a rejeição de Bolsonaro cresceu muito em virtude das últimas notícias”. 

Soares falou que as últimas aparições do capitão da reserva foram com discursos muitos agressivos. “Acredito que a rejeição dele é muito devido a isso. Em São Paulo, logo um reduto bolsonarista, foi o estado em que a rejeição mais cresceu”. O cientista também lembrou que, hoje, o ex-presidente do PSDB, Alberto Goldman, anunciou o  voto em Haddad mesmo sendo uma das vozes mais críticas ao PT dentro do PSDB.

“O anúncio do ex-presidente do PSDB, que é um dos tubarões do PSDB, declarando apoio aberto ao Haddad pelo fato de Bolsonaro nas últimas declarações estar se colocando de uma forma explícita, muito violenta, e indo contra as instituições democráticas como, por exemplo, o Supremo Tribunal Federal”.

Ele ainda falou que a falta da participação de Bolsonaro nos debates também é responsável por uma parcela do aumento dessa rejeição. “Eu acredito muito nesses sintomas, nesses fatores que fez com que Haddad consiga superar a cada dia a figura de Bolsonaro. Hoje ainda é quarta, esse cenário mudou dentro de três dias e eu acredito que a eleição ainda não está fechada, não está garantida. Algo pode acontecer mais grave e esse fatores podem se agravar ainda mais. Eu acredito que esses fatores apresentados agora nas prorrogações do segundo tempo do segundo turno podem ser os grandes responsáveis por essa virada”. 

 

A tão almejada aprovação em um concurso público é o sonho de muitos “concurseiros” de plantão. Em busca de estabilidade profissional e financeira, os candidatos investem pesado na preparação para os certames, que na maioria das vezes, exigem um estudo aprofundado em diversas áreas de conhecimento. Especialistas alertam os postulantes sobre as diferentes metodologias e estratégias de estudo antes e depois da divulgação dos editais, bem como o tempo necessário para dedicar-se à cada vaga mediante a sua especificidade.  

De acordo com a advogada da União Renata Queiroga, que atua como coach e mentora de concursos públicos, dando palestras para candidatos que se preparam para os certames, os postulantes devem adotar estratégias de estudo que beneficiem assuntos de maior peso na pontuação final. “Na preparação, os candidatos devem estudar por editais anteriores, aprofundando os conhecimentos em todas as matérias e com foco no cargo que deseja atuar. Quando sair o edital, o postulante deve verificar os assuntos que ainda não estudou e dividir pelo tempo que falta para a prova. É importante priorizar as matérias que tenham pesos maiores na pontuação final do exame, além de otimizar o tempo com temas que sejam pequenos e relativamente mais fáceis”, alerta a especialista.

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Se preparando para concursos há dois anos, a estudante Daniella Cangello, relata que abriu mão de seu trabalho para se dedicar exclusivamente à preparação dos certames. Segundo Daniella, as estratégias de estudos antes e depois da divulgação dos editais são diferentes, porém complementares. “Antes da divulgação do edital, procuro embasar meus estudos em editais anteriores, com assuntos gerais abordados nos concursos passados. Após a divulgação, faço os ajustes com materiais que provavelmente podem cair na prova e foco nos temas mais específicos que tendem a ter um peso maior na pontuação final. A preparação para um concurso é longa e requer muita determinação e obediência nos horários de estudo”, enfatizou.

Dicas

Para o professor de português e redação para concursos, Luiz Fernando, os candidatos precisam estudar antes mesmo da publicação oficial dos editais. "Eu sempre digo que o concurseiro tem que estudar mesmo antes de sair o edital. Ele pega os últimos editais e provas, vê os assuntos que mais caem, e vai estudar em cima desses assuntos. É importante que ele tenha uma rotina de estudos voltada à banca do concurso e resolva questões. Em relação ao tempo, isso varia muito. Mas para quem está começando, ele precisa estudar de três a quatro horas", orienta o professor.

Segundo o professor, após a publicação dos editais, o candidato deve intensificar os estudos. "Depois que sai o edital, a coisa é mais diferente, porque o aluno vai passar a se dedicar ainda mais. E aí o nível de ansiedade aumenta. Então, o que fazer nesse momento? Assistir o máximo de aulas, fazer todas as anotações de dicas, dobrar a quantidade de resolução de questões. Se ele começa com uma rotina de quatro horas, ele leva para seis, sete horas de estudo", explica o professor Luiz Fernando.

Por fim, o professor de português e redação detalha algumas dicas importantes para os estudantes. "Algumas dicas são boa alimentação, o candidato precisa estar bem com ele, com o corpo e com a mente. É preciso também criar um horário de estudos que ele imprima e saia colando nas paredes de casa. Com esse horário ele vai colocar duas ou três disciplinas por dia, para que ele possa focar na resolução de questões. É importante buscar livros atuais, porque por mais que os editais se pareçam, sempre tem algo que se diferencia. É preciso se atualizar", finaliza.

Transferido na manhã da sexta-feira, 7, da Santa Casa de Juiz de Fora (MG) para o Hospital Israelita Albert Einstein, na capital, o candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) segue internado em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), mas em boas condições clínicas e consciente. Médicos ouvidos pelo jornal O Estado de S. Paulo acreditam que será difícil o deputado retomar atividades de campanha de rua antes do primeiro turno das eleições, no dia 7 de outubro.

Filho mais velho de Bolsonaro, o deputado estadual Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) disse na sexta que seu pai, "inevitavelmente", não vai poder mais fazer campanha de rua. Flávio admitiu a possibilidade de os filhos representarem o pai em agendas externas.

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"Vou tratar disso com ele amanhã (sábado), porque hoje (sexta) foi um dia cansativo para ele. Mas é inevitável, ele não vai mais poder fazer campanha em rua e vai usar os canais dele nas redes sociais", afirmou Flávio.

A equipe médica que cuida do presidenciável não deu estimativas de quando o político terá alta ou poderá retomar suas atividades normais, mas cirurgiões ouvidos pela reportagem avaliaram que será difícil voltar a fazer atos de rua antes da primeira fase da disputa presidencial. Isso porque, em casos similares, o paciente só é liberado para retornar ao trabalho no período de um a dois meses.

A cautela se justifica pela extensão da cirurgia e pela realização da colostomia (exteriorização do intestino grosso para a criação de uma saída para as fezes na parede abdominal), o que requer o uso de uma bolsa de coleta do material fecal. A equipe médica do candidato do PSL estima que ele deverá permanecer com a bolsa de colostomia por dois meses.

"Assumindo que tudo corra bem, o paciente costuma ficar pelo menos uma semana internado e cerca de um mês afastado. No caso de um indivíduo como ele, que estava fazendo agendas no meio da multidão, acho difícil a retomada desse tipo de atividade antes de quatro semanas", disse Guilherme Cotti, cirurgião do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo.

O gastrocirurgião Eduardo Grecco, da Faculdade de Medicina do ABC, concordou que seria imprudente retomar agendas públicas antes do primeiro turno. "Ele deverá ficar um mês em repouso, podendo sair para pequenos trajetos. Isso o impossibilitaria de fazer campanha até o primeiro turno."

Remoção

Na sexta-feira de manhã, Bolsonaro foi levado de jatinho de Juiz de Fora até o aeroporto de Congonhas. De lá, foi de helicóptero até o Palácio dos Bandeirantes, no Morumbi (zona sul), de onde seguiu em uma ambulância até o Einstein, localizado no mesmo bairro.

Na noite de quinta-feira, após a conclusão da cirurgia de Bolsonaro na Santa Casa de Juiz de Fora, o médico Antonio Luiz Vasconcellos Macedo, um dos maiores especialistas em cirurgia do aparelho digestivo e membro do corpo clínico do hospital paulista, viajou às pressas para a cidade mineira para avaliar as condições de saúde do deputado e o melhor momento para a sua transferência.

Após dar entrada no Einstein, às 10h43, Bolsonaro passou por tomografia e exames de sangue. "Os exames não revelaram nenhuma doença que tenha complicado o caso. Todas as lesões são delicadas, mas foram corrigidas em Juiz de Fora", disse Macedo ao jornal O Estado S. Paulo.

Ele confirmou que o político sofreu lesões nos intestinos grosso e delgado e em vasos sanguíneos do órgão. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Os números impressionam. Mais de 13 milhões de brasileiros procuram emprego, mas não encontram. Os dados do desemprego no país ligam o sinal de alerta referente à falta de oportunidades no mercado de trabalho. O resultado é de uma pesquisa desenvolvida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e abrange o primeiro trimestre de 2018. Desse número, 4,1% já desistiram de procurar vagas.

Com um grande número de pessoas em busca de oportunidades, esse processo deve ter uma atenção redobrada. Mas, com esse cenário, uma pergunta de praxe surge: como buscar emprego? Existe uma maneira correta? O LeiaJá conversou com especialistas em Recursos Humanos (RH) que alertam: os candidatos devem ter atenção nessa fase de busca, pois ela é decisiva em prol da conquista de vagas.

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“É primordial traçar um planejamento para que haja sucesso nesta trajetória. Mesmo com esse cenário de desemprego, os candidatos não devem assumir uma postura de desespero. Essa conduta é a primeira a ser evitada. Após ela, deve-se seguir todos os pontos traçados nesse planejamento inicial”, orienta Luciana Brito, psicóloga e profissional de RH.

Todo o processo de procura deve obedecer algumas etapas. A primeira dela é definir o objetivo de vaga. Responder às seguintes perguntas: Qual área eu gostaria de trabalhar? Qual empresa é a ideal?; a partir das respostas, o candidato deverá começar a identificar as potenciais oportunidades. “Com o objetivo a conquista é facilitada. É comum a ideia de ‘aceitar qualquer coisa’, muito por desespero, mas é necessário ter conhecimento de todo o processo da função de interesse para que não haja nenhum arrependimento e isso venha a trazer prejuízos ao candidato”, explica Luciana Brito.

Na etapa de busca, o candidato deverá está atento aos diversos meios de anúncio de vagas. O envio de um currículo bem elaborado é visto como uma “porta de entrada”, para isso ter atenção a esse documento é primordial. “O emprego não irá cair no seu colo. Para conquistar, é esperada uma dedicação de um tempo exclusivo no seu dia para esse processo. Seja por meio de sites de vagas, panfletos ou anúncios. Foque no envio, mas não esqueça de realizar o filtro de oportunidades”, detalha Luciana Brito.

Por onde mandar?

Com a internet, a busca por vagas foi facilitada. Hoje, as empresas oferecem em seus sites oficiais espaços de cadastro de currículo e oferta de vagas. Além do novo método, existem outros meios que devem ter a atenção dos candidatos. “Durante a busca, deve-se mapear as principais consultorias em RH para sua área. Ficar atento às oportunidades oferecidas por agências de empregos. Além de fazer o clássico, entregar currículos nas sedes das empresas que você identificou como potencial”, pontua Luciana Guedes Pinto, sócia da Trajeto RH.

Ainda pode ser considerado o cadastro de currículo e busca em sites especializados em oferta de vagas, entre eles estão: Vagas.com, Elancers, Catho, Empregos.com e Manager. Alguns deles cobram uma taxa mensal para permanecer com o seu perfil cadastrado no banco de dados do site.

E as redes sociais?

Surgindo como um ambiente de relacionamento e troca de experiências, as redes sociais podem ser aliadas nesse processo, mas, é necessário ter cuidado para não retomar a conduta de desespero. “O candidato quando as usa de forma correta pode criar uma rede de contribuição sem perceber. Esse contato deverá ser feito com cautela. Não expor na timeline é o primeiro passo. Quando tem conhecimento de alguém que pode ajudá-lo, use a conversa privada”, orienta Luciana Guedes Pinto.

A especialista em RH ainda acrescenta que fazer parte do LinkedIn poderá contribuir muito para a formação de rede de contatos e análise do surgimento de vagas. “Por se tratar de uma rede social destinada ao lado profissional, esse espaço se torna propício nessa criação de contatos. Nela, assim como nas outras, deve-se ter cuidado na abordagem. Mais profissionais devem marcar presença”, pontua.

O boca a boca funciona?

O método tradicional é ainda muito efetivo. Assim como nas redes sociais, a forma de abordagem deve ser pensada. O networking, processo de relacionamento com pessoas que podem ser potenciais auxiliadores no processo de busca de uma oportunidade, poderá ser decisivo, quando, por muitas vezes, a vaga é por indicação. “Manter uma boa rede de relacionamentos é primordial. Quando você está em busca deve-se entrar em contato com eles de forma sucinta e bem clara, sempre apresentando a proposta de que está disponível para contribuir a alguma empresa e solicitando o acionamento assim que tomar conhecimento de uma vaga”, diz Luciana Guedes Pinto.

Não se acomode!

Durante a busca, o candidato não deve acomodar-se. É necessário, portanto, uma busca constante na renovação de competências do currículo, buscando assim uma renovação em cursos, palestras e oportunidades de aprimoramento. Para isso, as especialistas orientam que existem meio pagos e até gratuitos para a conquista desse ponto, seja ele online ou presencial. A segredo é: encarar a ausência no mercado como uma oportunidade para buscar qualificação, para quando retornar ser um profissional mais competitivo e que ofereça a empresa oportunidades de crescimento.

Além da qualificação, é necessário adquirir outros conhecimentos, sendo eles referentes a adequação de currículo, atualização de dados e atenção na hora das etapas seguintes a busca, como a entrevista. Para as especialistas, o currículo abre o espaço do candidato na empresa, mas a partir dessa abertura, caberá a ele a conquista da vaga e fazer valer a pena todo o processo e dedicação durante a busca.

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A busca por uma promoção no ambiente de trabalho é um dos maiores desejos de profissionais em diversas empresas. A ascensão de carreira, muitas vezes, proporciona uma melhor remuneração mensal. Mesmo assim, funcionários quando conquistam a nova função podem encarar uma realidade que leva a uma situação diferente da esperada. O estresse das obrigações, responsabilidade, novos requisitos técnicos e de liderança atribuídas ao novo cargo podem levar ao esgotamento físico e emocional.

Francisco* é um exemplo em que subir de cargo na empresa pode ser uma experiência frustrante, quando não bem avaliada. O jovem de 22 anos, depois de almejar a mudança de cargo, viu que as atividades e a rotina de trabalho da nova função modificaram a sua percepção do sonho.

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“Depois de dez meses como operador, tive duas promoções, a primeira para exercer a função de treinador e a segunda como supervisor. Essa última foi a mais desgastante de todo o processo. A minha rotina mudou completamente, quando antes tinha tempo para estudar e me dedicar a outras ações, com o novo cargo eu desenvolvi um quadro de estresse físico e psicológico muito forte”, explica. Trabalhando em uma empresa de telemarketing, ele pontua que a pressão colocada era muito maior do que pensava, mesmo tendo experiência parecida no treinamento.

Ainda de acordo com o jovem, o dia a dia não contribuia para uma boa relação entre familiares e amigos. “Eu estava sempre ligado às atividades da empresa. Era uma responsabilidade enorme liderar pessoas - eram cerca de 50 -. Mesmo tendo oito horas de trabalho diário, as obrigações passavam esse tempo e tinha que gerenciar a equipe mesmo fora da empresa, quando era solicitado via grupo de WhatsApp e afins. Esse quadro contribuiu para um distanciamento do meu vínculo social e da minha formação acadêmica”, conclui. Ele ainda destaca que graças às atribuições do novo cargo, desenvolveu ansiedade que, também, gerou o seu afastamento da empresa. Hoje, ele trabalha em uma entidade pública e se dedica à aprovação em um novo vestibular.

A experiência frustrada de Francisco abre uma discussão sobre a relação entre a promoção e as suas consequências. A sócia da Ágius RH, Georgina Santos, alerta para esse processo.

“Nem sempre a mudança de cargo é algo necessário. O profissional deve entender que existem outros caminhos para a uma boa posição na empresa, nem sempre subir é a solução. Mas quando acontecer, é primordial, antes de tudo, entender os riscos dessa mudança e, como consequência, visualizar a dinâmica da nova função e quais são as atribuições ligadas à ela”, pontua. Ainda de acordo com a especialista, é comum esses profissionais irem com "muita sede ao pote".

Quando receber a oportunidade, o funcionário deverá entender a função como um novo caminho profissional. Contudo, a promoção pode não ter volta, como alerta Georgina: “Antes de iniciar é primordial ter uma conversa com seu supervisor para repassar as atividades, entender a dinâmica e responsabilidades do cargo. Sem essa conversa, podem acontecer problemas no futuro”, pontua. Ela destaca que se houver o fracasso, a consequência maior vem para o profissional promovido.

Havendo fracasso, a promoção poderá virar um pesadelo e o dia a dia no trabalho terá um profissional desmotivado, pela carga de novas atividades ou por causa da frustração da nova função. A diretora da JBV Soluções em Recursos Humanos, Vanci Magalhães, salienta que essa problemática reflete em todo sistema organizacional do ambiente de trabalho. “Quando esse funcionário está insatisfeito, ele não atenderá às expectativas da empresa e nem dele próprio, quando questionará a sua posição e provocando prejuízos a todo sistema”, explica.

A insatisfação poderá levar a medidas extremas, como a solicitação de desligamento, que poderá ocorrer da empresa ou até mesmo do profissional. Para contornar essa possível atitude, além compreender a nova função antes de aceitar a oferta, o funcionário deverá se dedicar, buscando alternativas para driblar os problemas e se adequar à nova dinâmica.

Vanci ainda reforça que é imprescindível estabelecer o diálogo com os supervisores, mostrar-se claro nas intenções e não aceitar as decisões no impulso. Tudo deverá ser bem pensado para evitar um desligamento e problemas de saúde e emocional.

*Nome fictício utilizado para preservar a identidade da fonte

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Recente pesquisa sobre a carreira de professor, divulgada no dia 24 de junho, endossa as conclusões de os outros estudos que apontam para a baixa procura pela profissão. Segundo o relatório ‘Políticas Eficientes para Professores’, da Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), apenas 2,4% dos jovens brasileiros almejam ser docentes. Preocupante, o resultado também pode ser considerado um alerta para o universo educacional, principalmente pelo que projetam alguns especialistas, a exemplo dos que acreditam que pode haver colapso de professores em determinadas áreas.

Partindo do pressuposto de que o professor é a figura central do processo de formação educacional e profissional, e que há risco de falta de investimentos na educação nacional, consequentemente a carreira docente tenderá a ser afetada. Em resumo, se não existe o dinheiro necessário para oferecer educação de qualidade à população, é natural que também não haja verba para melhorar a questão salarial da categoria educadora.

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Segundo o diretor da Faculdade de Educação (FE) da Universidade de São Paulo (USP), Marcos Garcia, a carreira docente, em termos de investimentos financeiros, deve continuar sendo afetada por baixos salários e condições estruturais de trabalho inadequadas. Na sua visão, a médio e longo prazo, há uma clara possibilidade de os professores continuarem enfrentando problemas salariais.

“A tendência é a coisa é piorar ou ficar como está. A gente não vê perspectiva de melhora, até porque todas iniciativas que foram feitas nesse sentido não surtiram o efeito desejado. Você tem a lei do piso do magistério e ela também obriga um cumprimento de uma carga horária mínima de atividades não didáticas remuneradas. Alguns estados e muitos municípios não cumprem essa legislação. Você tem o descumprimento da legislação que em tese protegeria não apenas o professor, mas protegeria a população, porque quando você tem um professor mal remunerado e obriga o docente a uma tripla jornada, está punindo a população com uma educação de baixa qualidade”, opina o diretor.

“O governo congelou os investimentos nos serviços públicos por 20 anos. Você vê muita propaganda na televisão sobre a base curricular nacional, mas você não vê a valorização do magistério através da melhoria salarial e das condições de trabalho. Não percebe essa preocupação nos nossos governadores. Se fala em mudar o currículo, mas não se fala em melhorar salário”, acrescenta o diretor da Faculdade de Educação da USP.

Ao finalizar sua análise sobre o campo financeiro, Marcos Garcia traz outra projeção, desta vez bem mais positiva para a carreira docente. De acordo com o especialista, a nível de conhecimentos escolar, acadêmico e social, os professores estão no caminho certo. “O que nós temos e que pode pesar a favor é nós termos um acúmulo de conhecimentos produzidos sobre a docência, escola e sobre as pessoas que estão na escola. Hoje, nós, a sociedade brasileira, universidade e a escola, sabemos mais do que nós sabíamos há 30 anos”, acredita Garcia.

Nesse sentido, ele alerta, principalmente para as próximas gerações de professores, que as caraterísticas dos estudantes estão mudando rapidamente. O diretor destaca que o aluno também produz conhecimento que deve ser respeitado pelos docentes. Não há mais espaço para o professor dono de todo o saber. “O aluno que está chegando na universidade é uma pessoa diferente das últimas gerações. São mais críticos, mais engajados, sensíveis às diferenças, conscientes do seu lugar na sociedade. A universidade precisa aprender a lidar com essas pessoas, os cursos que formam professores também”, frisa.

Marcos Garcia também faz uma reflexão sobre a relação dos professores com as tecnologias, mais precisamente o universo da internet. Apesar de entender que já existe uma forte presença de educadores nas redes sociais ou em sites que propiciam o compartilhamento de conteúdos, o diretor acredita que o futuro docente exigirá um senso mais crítico no contato com a web.

“O professor precisa acessar esses recursos e ser formado para isso. Só que ele também precisa ser crítico sobre tudo o que está à disposição. Ele deve usar a internet como pesquisa, fonte de informação, e precisa ajudar as crianças a fazerem uma leitura de tudo que está na internet. Ter lousa digital e não ajudar as crianças a lerem criticamente, aí não dá certo”, aponta o especialista. “Não penso que um professor vai perder emprego porque não sabe usar internet ou redes sociais. Agora, se ele acessa internet para buscar informações nas bases de dados, isso será ótimo”, acrescenta.

Um futuro que também exige da sociedade

Complementando suas projeções sobre a carreira docente, Marcos Garcia toca no aspecto da valorização profissional. A ausência dela, sobretudo, é sempre apontada como um dos fatores que inibem o interesse dos jovens pela profissão. Um estudo do Movimento Todos Pela Educação, por exemplo, aponta que metade dos professores não indicam a profissão como carreira a ser seguida.

O diretor da Faculdade de Educação da USP concorda que o poder público, nos âmbitos federal, estadual e municipal, é responsável direto pelos problemas que castigam os educadores. Porém, além dos governantes, a própria sociedade também deve contribuir.

“O problema está justamente em tornar o magistério e a licenciatura uma profissão atraente. Nós já temos dificuldade de encontrar professores em determinadas áreas, porque muitas pessoas sabem que trabalhar com isso é difícil e existem outras profissões com variedade de melhores possibilidades que pesam. Você exige e demora muito tempo para formar professores, e quando estão empregados não têm o mesmo salário que outras profissões de nível superior”, diz Garcia.

“Se o Estado e a sociedade brasileira não valorizarem o professor, não adianta esperar que os cursos façam isso. Se os professores falarem que a profissão é ruim, isso vai espantar. Quando se admira e mostra que são pessoas respeitadas e valorizadas, bem tratadas pela comunidade, ajudamos a despertar nos estudantes a vontade de se tornar professor. Precisamos de gente bem formada e atualizada, que nas salas de aula falem bem da profissão. No lugar de pensar no que as faculdades e professores devem fazer, eu coloco primeiro a responsabilidade na sociedade e no Estado”, conclui o diretor da Faculdade de Educação da USP.

Ensino personalizado e uma visão mais otimista quanto à valorização

Diferente do que projetam outros especialistas em educação, a diretora do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais (CEIPE) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Claudia Costin - foto à esquerda/Reprodução/FGV -, não acredita que o Brasil sofrerá um colapso de professores. Por outro lado, ela compactua da ideia de que os problemas enfrentados pela categoria refletem entre os jovens que não pensam em seguir o universo docente. Para a diretora, as dificuldades que afetam os trabalhadores fazem parte do processo de “desprofissionalização” da classe.

De acordo com a representante da FGV, “houve nos últimos anos uma grande desprofissionalização do professor, quando as redes municipais e estaduais contratam para cargas horárias muito pequenas”. “Nenhuma profissão contrata para carga de dez horas, por exemplo, isso desvaloriza o trabalho. Então, é muito importante que exista uma tendência em que se passe a contratar professor por 40 horas, incluindo o tempo de estudo e trabalho colaborativo entre os professores. Assim, eles poderão conduzir aulas em apenas uma escola”, acrescenta.

Claudia Costin também aponta para um futuro em que o professor da educação infantil ao ensino médio terá turno integral de trabalho. “Com a transição demográfica, o fato de as mulheres estarem tendo menos filhos, isso vai permitir que o Brasil possa colocar as escolas em turno único. Incluindo tempo de almoço, criação de clubes entre os alunos para arte e esportes, o professor vai acabar dando aula em um único lugar. Isso vai trazer valorização, porque os salários e as condições de trabalho deverão ser mais otimistas. Acho que o ensino integral tem que avançar mais no fundamental 1, para assegurar uma alfabetização mais bem feita”, projeta. 

A integrante da FGV também enxerga outra tendência: trabalho coletivo entre docentes, principalmente no âmbito escolar. “Toda vez que se fala em futuro, é preciso entender que uma das competências mais importantes que vão ser demandadas pelas empresas, é a colaboração. Educação é trabalho em equipe, e infelizmente, nas escolas, ainda colaboramos muito pouco. Em educação, a gente acaba tendo reunião de vez em quando, mas discussões de casos só são feitas no fim do ano quando o estudante está perto de reprovar. Tem que haver uma discussão sistemática. O trabalho colaborativo entre mestres é uma forte tendência”, explica a especialista.

O ensino personalizado, em que cada estudante terá um tipo de acompanhamento conforme suas habilidades ou dificuldades, também está na pauta do professor do futuro, acredita a diretora do CEIPE. “Profissionalização do processo de ensino e aprendizagem. Todo mundo diz que cada criança aprende em um ritmo. Então, hoje, com as plataformas adaptativas, já é possível em países desenvolvidos e será, creio que em cinco anos no Brasil, você ter plataformas e um processo de personalização. A criança vai fazendo os exercícios e uma tecnologia via computador identifica o que ela ainda não aprendeu ou o quanto o que ela está à frente dos outros”, detalha Claudia. No entanto, a especialista faz um alerta quanto à forma como o professor será inserido nesse processo.

“Só funciona a personalização se o professor for apoiado. E a tecnologia pode apoiar nesse sentido. Mas isso remete também à formação do professor, porque hoje a formação que ele recebe em aula na faculdade é extremamente tradicional. Esse processo de ensino é muito centrado nos pilares da educação: sociologia, filosofia e história, quase nada pensando na prática. Ser professor é uma profissão muito complexa e ele precisa entrar em sala de aula, inicialmente observando e depois assumindo pedaços de aula sob supervisão do professor titular. Isso não acontece no Brasil. Isso não é adequado e gera uma grande insegurança para o professor que está começando sua carreira”, esclarece Claudia Costin.

A representante da FGV afirma que deverão acontecer mudanças na formação dos estudantes, obrigando os docentes a criarem ações conforme necessidades específicas dos alunos. “Outra tendência é a flexibilização do currículo escolar. O professor precisa estar preparado para as necessidades de diferentes alunos e aos interesses dos estudantes, criando, inclusive, escolas especializadas em determinados temas. Por exemplo, criando textos sobre esportes em questões de português para alunos que foram identificados com boa desenvoltura e afinidade com modalidades esportivas”, acredita.

Essa tendência tem relação clara com a reforma do ensino médio, que prevê, a partir do segundo ano, que o estudante escolha quais disciplinas pretende acompanhar. “Com essa reforma, vai haver impacto, porque o professor vai sair cada vez mais desse processo de educação de massa, que foi importante quando a gente entrou na revolução industrial, e agora vamos entrar em um processo em que o professor consegue assegurar a aprendizagem com os alunos trabalhando em equipes por grupos de interesse. Você vai ter alunos por interesses deles, enfatizando mais algumas disciplinas do que outras. Na essência, estamos em um caminho correto”, opina Claudia Costin. 

Por fim, a especialista da FGV indica como pontos cruciais para o futuro da carreira docente a necessidade de formação e profissionalização continuada dos educadores, além da importância de o professor fazer o aluno entender que suas atitudes são responsáveis por suas próprias metas pessoais. “O professor é um profissional, ele tem que voltar a ser preparado e tratado, e se perceber como profissional, desde o começo da formação que ele recebe na universidade. Tem que ser um misto de teoria e de prática. Ele tem que se preparar na faculdade para trabalhar coletivamente”, comenta.

“O professor tem que ensinar a pensar e quando você tem tantas disciplinas em quatro horas, não tem como fazer isso. O aluno precisa pensar socialmente e historicamente, de acordo com cada domínio do conhecimento. Outra tendência é o protagonismo dos alunos e o professor formando o estudante para a autonomia, para ele saber que é portador de um sonho e o principal responsável pela construção desse sonho é ele próprio. O docente mostrará ao estudante que ele tem um papel diante da sua comunidade e que deve ser formado como um cidadão global”, finaliza a especialista da FGF.

O papel do docente diante de realidades sociais distintas

Uma formação que prepare o professor para se deparar com diferentes perfis sociais e econômicos entre seus estudantes, principalmente nas escolas públicas brasileiras. Essa é a proposta do diretor executivo de gestão pedagógica do Centro de Formação de Educadores Professor Paulo Freire, da Prefeitura do Recife, Rogério Morais. Especialista em atividades de formação continuada docente, Morais entende que o educador do futuro precisa compreender que encontrará realidades diferentes entre seus alunos e, para essa compreensão, só a formação acadêmica tradicional não é suficiente. De acordo com ele, atualmente os docentes já encaram esse desafio, mas sentem dificuldades para contribuir em prol da educação desses jovens e crianças.

Alunos pobres, vítimas da insegurança alimentar, vivendo em famílias marcadas pela desigualdade social. Muitos não apresentam desenvoltura satisfatória nas disciplinas e tiram notas ruins. Na mesma sala, há quem tenha uma estrutura familiar que propicia um estudo mais focado e uma vida estável. Esses são alguns exemplos de realidades opostas que podem ser vivenciadas por professores em uma sala de aula.

Rogério Morais acredita que as formações de professores precisam de mudanças. - Foto: Júlio Gomes/LeiaJáImagens

 

“O professor precisa se preparar e conhecer essa realidade. Muitos já entram sabendo, mas há uma parte que a universidade não prepara para essa realidade. Muita gente faz concurso público para professor pensando em uma estabilidade, mas é preciso saber que na escola pública a dificuldade é maior, exige um esforço maior para que o aluno aprenda”, opina o diretor.

Rogério Morais também acredita que os cursos de licenciatura e pedagogia devem mudar suas concepções curriculares. “Mais importante para o futuro é que as graduações devem se atualizar, estar mais focadas na atuação do professor na prática da sala de aula. Ainda há currículos muito teóricos, que não preparam o professor para uma sala heterogenia, indisciplinada”, diz o gestor pedagógico.

“Em resumo, o percentual de didática, gestão de sala de aula, ensino do conteúdo precisam ter um percentual maior dentro dos cinco anos da licenciatura e da pedagogia. Fazendo um paralelo à medicina, o médico passa uma parte dos anos na teoria e outra grande parte na prática. A formação não pode ser da concepção só de pensadores sobre educação. A outra metade ou mais que a metade devem ser didáticas, mostrando a melhor forma de ensinar e as técnicas diferentes de dar aulas. O professor do futuro também precisa trabalhar o tempo da aula, para não perder tempo por falta de organização”, acrescenta.

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A pré-candidatura do apresentador de TV José Luiz Datena ao Senado pelo DEM, confirmada na manhã desta quarta-feira, 27, reflete a busca de parte do eleitorado brasileiro por nomes que venham de fora do sistema político, os chamados outsiders. Para especialistas ouvidos pelo jornal O Estado de S.Paulo, a candidatura também pode fortalecer a sigla e aumentar a projeção nacional do DEM.

Ricardo Caldas, professor de ciência política da Universidade de Brasília (UnB), acredita que a população brasileira tem "sede" de novos nomes porque os existentes no cenário atual estão desgastados. "O fenômeno dos outsiders veio para ficar e as pessoas realmente querem isso. Por isso, o Datena tem um patrimônio muito grande", explica.

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Para Caldas, nomes como os presidenciáveis Ciro Gomes (PDT), Marina Silva (Rede), Alvaro Dias (Podemos) e Jair Bolsonaro (PSL) tentam adotar um discurso de outsider por serem de legendas de menor expressão, mas não estão fora do sistema político. Ciro e Marina, por exemplo, são ex-ministros, enquanto Alvaro Dias é senador pelo terceiro mandato consecutivo e Bolsonaro acumula sete mandatos na Câmara dos Deputados.

"Hoje as pessoas buscam nomes que não estejam envolvidos no sistema político. Muitos gostariam de ser 'zero quilômetro', mas não são. A questão é diferenciar o discurso da prática de um outsider", afirma.

Datena chegou a ser filiado do Partido dos Trabalhadores (PT) entre 1992 e 2015, quando deixou a legenda para entrar no Partido Progressista (PP), de Paulo Maluf. Na época, o apresentador cogitava disputar a Prefeitura de São Paulo, mas acabou desistindo. Em setembro de 2017, filiou-se ao Partido Republicano Progressista (PRP) e, desde abril de 2018, está no DEM.

Em meados deste mês, interlocutores do partido disseram avaliar até a possibilidade de lançar uma candidatura do apresentador à Presidência, como revelou o site BR18. Dentro da legenda, há quem sugira também a opção de ser vice na chapa do tucano Geraldo Alckmin (PSDB).

"Eu me proponho a ser candidato ao Senado. Agora, se pintar a possibilidade de ser candidato à Presidência da República, talvez eu tente ajudar o meu País. Quero ser candidato para ajudar o povo", afirmou Datena ao Estadão em 15 de junho.

Para o professor e cientista político Rodrigo Prando, da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Datena se insere no perfil do outsider por ser de fora do meio político, ter grande visibilidade na mídia e levantar a bandeira contra a violência, tema cada vez mais sensível.

"O discurso dele combina com a sensação de desamparo da população com tanta criminalidade. É um elemento que incomoda e fragiliza a sociedade e todo o discurso direcionado para isso tende a ter uma recepção muito boa", afirma.

Em maio, uma pesquisa do Ibope/Band mostrou que o apresentador tinha 24% das intenções de voto, atrás do vereador Eduardo Suplicy (PT), com 30%.

Projeção política

Prando avalia que a candidatura deve dar maior projeção e robustez política a Datena. "Caso eleito, ele conseguiria desenvolver um pouco de traquejo e vivência política até para pensar em voos mais altos no futuro."

O cientista político diz também que a candidatura pode fortalecer a imagem da sigla nacionalmente. "Serve para dar uma projeção para o partido pela visibilidade enorme e pelos ganhos políticos muito evidentes". No entanto, o cientista político ressalta que Datena terá de se adaptar às lideranças, à dinâmica e aos elementos institucionais de um partido. "Será preciso negociar e discutir muito para se firmar naquele espaço."

Cláudio Couto, cientista político e coordenador do Mestrado Profissional em Gestão e Políticas Públicas da Fundação Getúlio Vargas, também acredita que a candidatura de Datena fortalece o DEM. Hoje, o partido tem uma bancada de 43 deputados federais e cinco senadores, tornando-o um aliado atraente para qualquer legenda.

"Ter um candidato tão competitivo é um grande passo importante para o fortalecimento partidário", diz. Para Couto, há no Brasil hoje um ambiente de rejeição à classe política e propício para candidatos com agenda focada na segurança, caso de Datena.

Para Couto, o apresentador consegue angariar votos de diferentes perfis de eleitores e sua entrada na política pelo Senado poderia ser o início de uma plataforma mais ampla no futuro.

Na avaliação de Vera Chaia, cientista política da PUC-SP, Datena sai na frente de outros candidatos por ser conhecido por grande parte do eleitorado e ter posições muito claras em relação a temáticas como a maioridade penal e o desarmamento, temas que sensibilizam o eleitorado. "Ele não precisa de marqueteiro porque sabe o que quer e sempre falou muito disso", diz.

Para Vera, os assuntos levantados pelo pré-candidato do DEM podem impactar outras legendas também. "Ele pode não só ter uma votação expressiva como também é capaz de influenciar os outros candidatos", avalia.

Um vídeo que vem circulando nas redes sociais acabou intrigando muitos especialistas em vida selvagem. Uma elefanta foi filmada na Índia colocando alguns carvões que estavam no chão da floresta na boca e "baforando" as cinzas, como se estivesse "fumando" um cigarro. Essa é a primeira vez que tal fato aconteceu e foi filmado e, por isso, tem chamado a atenção dos cientistas e especialistas da Organização Não Governamental (ONG) Wildlife Conservation Society, de Nova York.

O vídeo foi capturado em abril de 2016, pelo cientista da ONG, identificado por Vinay Kumar, durante uma viagem de trabalho à floresta de Nagarhole, no estado de Karnataka. Kumar informou à BBC: "O que vimos naquele dia pareceu como se a elefanta estivesse fumando - ela desenhava um baú cheio de cinzas perto de sua boca e soprava uma nuvem de fumaça".

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Outro estudioso, em entrevista para o site, afirma que "muito provavelmente a elefanta estava tentando ingerir o carvão de madeira, já que ela parecia estar pegando algo do chão da floresta queimada, expelindo com a tromba as cinzas que vinham junto e consumindo o resto", pontuou Varun R. Goswami.

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Especialistas internacionais alertam em um relatório, que será publicado nesta quarta-feira (21), sobre os riscos do uso mal-intencionado da inteligência artificial por parte dos "Estados corruptos, de criminosos ou de terroristas" em um futuro próximo.

Segundo eles, na próxima década, a eficácia crescente da inteligência (IA) poderia reforçar a cibercriminalidade e conduzir ao uso de drones ou robôs com fins terroristas. Poderia também facilitar a manipulação de eleições através das redes sociais mediante contas automatizadas (bots).

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Este extenso informe de 100 páginas foi redigido por 26 especialistas em IA, cibersegurança e robótica de prestigiosas universidades (Cambridge, Oxford, Yale e Stanford) e organismos não governamentais (OpenAI, Center for a New American Security, Electronic Frontier Foundation).

Estes especialistas pedem aos governos e aos diferentes atores deste campo que ponham de pé mecanismos para limitar as possíveis ameaças relacionadas com a inteligência artificial.

"Acreditamos que os ataques que seriam possíveis pelo uso crescente da IA serão particularmente efetivos, finamente dirigidos e difíceis de atribuir", advertem.

Para ilustrar seus temores, estes especialistas mencionam vários "cenários hipotéticos de usos mal-intencionado da IA".

Explicam por exemplo que terroristas poderiam alterar os sistemas de IA disponíveis nas lojas (drones ou veículos autônomos) para causar acidentes ou explosões.

Os autores imaginam também casos de robôs de limpeza traficados que se colariam a outros robôs, encarregados, por exemplo, da limpeza de um ministério. Um dia, o intruso poderia atacar após localizar visualmente o ministro. Se aproximaria dele e se explodiria, explicam.

- Vídeos falsos -

Por outro lado, Seán Ó hÉigeartaigh, um dos autores do estudo, explica, em entrevista à AFP, que "a cibercriminalidade, em forte alta, poderia se consolidar com ferramenta facilitadas pela IA".

Por exemplo, os ataques denominados de spear phishing (ataques dirigidos a uma organização ou empresa para roubar por exemplo informação confidencial) poderiam ser mais fáceis de realizar em uma escala maior.

Mas para ele, "o risco maior, embora seja menos provável, é o risco político". "Já vimos como algumas pessoas estão usando a tecnologia para tentar interferir nas eleições", afirma.

"Se a IA permite que estas ameaças se tornem mais fortes, mais difíceis de detectar e atribuir, isto poderia trazer problemas importantes de estabilidade política e talvez contribuir para desencadear guerras", avalia Seán Ó hÉigeartaigh.

Com a IA seria possível, por exemplo, fazer vídeos falsos, mas muito realistas que poderiam ser usados para desacreditar autoridades políticas, afirmam os especialistas.

Estados autoritários, acrescentou o relatório, poderiam também se apoiar em inteligência artificial para vigiar seus cidadãos.

- Múltiplas advertências -

Não é a primeira vez que especialistas lançam um sinal de alerta sobre a IA. Em 2014, o astrofísico Stephen Hawking advertiu sobre os riscos que a inteligência artificial poderia trazer para a humanidade se superasse a inteligência humana. O empresário Elon Musk e outros também multiplicaram as advertências.

Também foram publicados informes sobre o uso de drones assassinos ou sobre a forma como a IA poderia afetar a segurança de países como os Estados Unidos.

Este novo documento aporta "um panorama geral sobre a forma como a IA cria novas ameaças ou muda a natureza das ameaças existentes em campos como a segurança digital, física ou política", explica Seán Ó hÉigeartaigh.

A inteligência artificial, surgida nos anos 1950, se baseia em algoritmos sofisticados que permitem resolver problemas que os humanos resolvem usando suas capacidades cognitivas.

Nos últimos anos foram feitos progressos enormes nos campos relacionados com a percepção, o reconhecimento de voz e a análise de imagens.

"Por enquanto continua havendo uma brecha significativa entre os avanços da busca e da investigação e suas possíveis aplicações. É o momento de agir", disse à AFP Miles Brundage, encarregado de pesquisas do Future of Humanity Institute da Universidade de Oxford.

Diante do avanço da febre amarela no país, com aumento do número de casos confirmados e de mortes, a preocupação com a doença tem aumentado e levado a uma corrida pela vacina em alguns estados. A situação levou inclusive o governo a fracionar a vacina contra a febre amarela em algumas regiões e antecipar a campanha de imunização de 19 de fevereiro para 25 de janeiro nos estados de São Paulo e do Rio de Janeiro.

Especialistas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) ouvidos pela Agência Brasil explicam as mudanças no protocolo de vacinação contra a doença e como ocorre a circulação do vírus no país:

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Prazo da vacina

O assessor científico sênior de Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-manguinhos)/Fiocruz, Akira Homma, destaca que em 2013 a Organização Mundial de Saúde (OMS) mudou a recomendação de tomar a vacina da febre amarela a cada dez anos para uma única dose na vida. A decisão foi anunciada após uma reunião do grupo específico de vacinas da organização.

“Analisando os dados de duração de imunidade que dispunham de todo o mundo, especialmente na África, chegaram à conclusão que uma dose é o suficiente para imunizar a pessoa para a vida inteira. E essa recomendação também foi endossada pela OMS e pela Organização Pan-Americana de Saúde [Opas]. Depois, o Ministério da Saúde também adotou esse critério. É resultado de uma análise e inúmeros estudos no mundo que mostram que uma dose é o suficiente para a vida inteira”, explicou.

Na época da decisão, segundo Homma, também havia um desabastecimento da vacina contra a febre amarela no continente africano, como ocorre atualmente em algumas regiões do Brasil. “Então, em vez de imunizar uma pessoa três ou quatro vezes, o grupo [da OMS] decidiu que era melhor imunizar a população inteira uma vez. Agora vem aparecendo a mesma situação aqui no Brasil, então o ministério [da Saúde] resolveu seguir essa recomendação da OMS”.

Após a determinação, a Fiocruz iniciou estudos clínicos para confirmar a imunização plena contra febre amarela com apenas uma dose integral da vacina. Os resultados, no entanto, devem ser conhecidos a partir de 2020.

Fracionamento

Quanto ao fracionamento das doses da vacina contra a febre amarela – medida adotada por estados como São Paulo e Rio Janeiro para ampliar a imunização –, o cientista explica a medida é emergencial, tomada quando é necessário vacinar uma população grande em um curto espaço de tempo. No caso do Brasil, o uso da dose fracionada foi decidido diante da expansão de novas áreas de risco da febre amarela nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia.

“É uma área que tem 20 milhões de habitantes e é preciso vacinar todo mundo num prazo muito curto”, avalia. Segundo ele, o método já foi usado anteriormente, na África, em 2016, quando houve uma epidemia de febre amarela no continente que deixou os países sem doses suficientes. Homma destaca que estudos conduzidos no Brasil pela Fiocruz há oito anos mostraram que a dose reduzida da vacina oferece proteção “no mesmo nível da dose total”.

Cada frasco da vacina contra febre amarela contém cinco doses integrais, com 0,5 mililitro (ml) cada. Na dose fracionada, é aplicado 0,1 mililitro em cada pessoa.

“Quer dizer, com um frasco de cinco doses nós podemos vacinar 25 pessoas. O fracionamento é feito na hora na aplicação, essa é a vantagem. O processo de produção é o mesmo, toda a vacina é igualzinha, você faz a reconstituição da vacina da mesma forma, não muda nada. Todos os operadores já sabem fazer isso há anos. Só que, em vez de usar 0,5 ml, que é a dose plena, usando uma seringa especial vai permitir retirar 0,1ml de uma forma muito precisa”.

Restrições à vacina

De acordo com o especialista da Fiocruz, grávidas só devem se vacinar contra a febre amarela se estiverem em uma zona endêmica, de alta circulação de vírus, e se houver recomendação médica, já que a vacina é feita com vírus vivo atenuado e pode atingir o feto. Crianças menores de 9 meses também não devem ser vacinadas, assim como idosos. Entre 9 meses e 2 anos, será aplicada a dose integral, bem em pessoas que viajarão para países que exigem a certificação internacional da vacina.

A imunização também não é recomendada para pessoas com doenças que comprometem o sistema imunológico, como aids, em tratamento quimioterápico, com doença hematológica ou que foi submetida a transplante de células-tronco.

O Laboratório de Bio-Manguinhos é o único produtor de vacina da febre amarela da América Latina e um dos quatro no mundo qualificados pela OMS. No ano passado, a produção na unidade foi de 64 milhões de doses, a pedido do Ministério da Saúde. Em anos normais, são feitas de 15 a 20 milhões de doses. Pare este ano, o ministério já solicitou cerca de 50 milhões de doses, segundo Homma.

Ciclos do vírus

O coordenador de Vigilância em Saúde e Laboratórios de Referência da Fiocruz, Rivaldo Venâncio, explica que todos os casos registrados no Brasil atualmente são do ciclo silvestre da doença, quando o vírus circula na natureza, entre mosquitos que vivem nas copas das árvores, dos gêneros Sabethes e, principalmente, Haemagogus.

“Nas áreas de mata, o mosquito transita o vírus com primatas não humanos. Acidentalmente o homem pode ser infectado quanto adentra esses ciclos e é picado por um mosquito desses que normalmente se alimenta desses macacos. O que vemos hoje no Brasil é esse ciclo silvestre, são pessoas que acidentalmente são infectadas porque adentraram no ciclo silvestre”.

Na febre amarela urbana, sem registros no Brasil desde 1942, os infectados são os humanos e os vetores são os mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus. No mundo, o registro mais recente de grande número de casos de febre amarela urbana ocorreu em Angola, em 2016, quando morreram mais de 350 pessoas.

Segundo Rivaldo Venâncio, por causa da proximidade de algumas cidades com regiões de Mata Atlântica, com zonas de floresta, há risco de reintrodução do vírus da febre amarela em áreas urbanas. O especialista explica que os macacos não transmitem a doença e que são aliados na detecção da circulação do vírus porque servem de alerta.

“Os macacos que adoecem infectados pelo vírus da febre amarela servem como uma sirene para os epidemiologistas e autoridades sanitárias saberem que naquela região está circulando o vírus. Os macacos são nossos amigos, eles, diretamente, não infectam o ser humano em hipótese alguma. No ciclo urbano também, o humano não transmite diretamente para outro, é necessário o mosquito transmissor”.

Surtos

Segundo Venâncio, surtos de febre amarela costumam se repetir a cada oito ou dez anos e uma das hipóteses é que os ciclos estejam relacionadas a mudanças no meio ambiente. “Alguns pesquisadores apontam a influência da ampliação das fronteiras agrícolas do país, onde passamos a cultivar soja e outras coisas, por exemplo, em Tocantins e no interior do Nordeste, Centro-Oeste, que estaria forçando a movimentação dos primatas e com eles os mosquitos que deles se alimentam. Outros falam que, para além da ampliação da fronteira agrícola, o uso do maquinário, presença humana e uso de agrotóxicos também estaria forçando essa movimentação. Outros pesquisadores falam nas alterações climáticas, dentre as quais uma certa mudança no padrão das chuvas e de elevação de temperaturas, o chamado aquecimento global”, lista.

Segundo o coordenador da Fiocruz, pesquisas também investigam a ligação entre o avanço atual da febre amarela no país e o rompimento Barragem de Fundão, da mineradora Samarco, em novembro de 2015, em Mariana (MG), que liberou cerca de 60 milhões de metros cúbicos de rejeito no Rio Doce.

Sintomas e transmissão

Causada por vírus e transmitida por vetores, a febre amarela é uma doença infecciosa grave. Os sintomas aparecem de forma repentina, com febre alta, calafrios, cansaço, dor de cabeça, dor muscular, náuseas e vômitos por cerca de três dias. Na forma mais grave da doença pode ocorrer insuficiências hepática e renal, icterícia (olhos e pele amarelados), hemorragia e cansaço intenso.

De acordo com a OMS, há registros da doença em 47 países das Américas do Sul e Central e da África. A transmissão é feita por mosquitos em áreas urbanas ou silvestres. Em áreas florestais, o vetor é principalmente o mosquito Haemagogus e no meio urbano a febre amarela é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, o mesmo da dengue.

Ao ser picada por um mosquito infectado e contrair o vírus, a pessoa pode se tornar fonte de infecção em locais com a presença dos mosquitos vetores, já que a doença não é transmitida diretamente de uma pessoa para outra. O vírus da febre amarela também atinge outros vertebrados, como macacos, que podem desenvolver a forma silvestre da doença sem apresentar sintomas, mas com carga viral suficiente para infectar mosquitos

O constante posicionamento contrário de um promotor do Ministério Público do Paraná (MP-PR) a pedidos de mudança de sexo em documentos oficiais têm provocado polêmica e críticas de militantes da causa LGBT e especialistas. Em média, o promotor se manifesta contra dois pedidos desse tipo por semana.

Em um dos pareceres mais recentes, o promotor titular da Promotoria de Registros Públicos, Acidente de Trabalho e Precatórios Cíveis, Inácio Bernadino de Carvalho Neto, diz que mudar o sexo em documentos é um “absurdo”, alegando que a mudança contraria o ordenamento jurídico. 

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Para o promotor, atender a esse tipo de pedido seria “juridicamente impossível”, pois “o gênero de cada indivíduo é determinado pelo médico, no momento do nascimento, não sendo passível de alteração posterior, mesmo que realizada a cirurgia de mudança de sexo”.

“Ainda que o requerente venha a realizar a cirurgia, esta irá lhe atribuir um sexo que não tem e nem poderá ter, pois trata-se de uma cirurgia cosmética, não alterando seu sexo jurídico […] posto que não há mudança completa dos órgãos internos, mas uma mudança meramente externa”, argumenta o promotor, em um processo que corre em segredo de Justiça.

As duas páginas do parecer a que a Agência Brasil teve acesso na última terça-feira (18) foram tornadas públicas em grupos de discussões pelos advogados do autor do pedido – um homem transgênero (mulher que se identifica com o gênero masculino), cujo nome não foi informado.

Nesse processo, o promotor também sugere que, caso venha a se submeter à cirurgia de troca de sexo em algum momento, o demandante estaria se sujeitando a crime de lesão gravíssima, infringindo o Código Penal, já que, na avaliação de Carvalho Neto, a cirurgia "pode acarretar na inutilização permanente da função reprodutora" e  “um sexo que não possui nem aparentemente”.

Como titular da Promotoria de Registros Públicos, Acidente de Trabalho e Precatórios Cíveis, Carvalho Neto é o responsável por todos os pedidos de mudança de sexo em documentos que tramitam em Curitiba. 

“É uma manifestação padrão”, declarou em entrevista à Agência Brasil, garantindo que suas ponderações têm sido acolhidas pelo Tribunal de Justiça do Paraná. “Minhas manifestações têm, sempre, sido acolhidas pelo juiz da Vara de Direito Público, que tem julgado improcedentes estes pedidos. Aqui, em Curitiba, todos os pedidos sobre os quais me manifestei contrário foram acolhidos no tribunal”.

Procurada, a assessoria do Tribunal de Justiça informou que não se pronunciaria por ainda estar verificando as informações.

Ao justificar sua posição, Carvalho Neto diz se basear na Lei dos Registros Públicos (6.015), de 1973. Entre outras coisas, a lei dispõe sobre o registro de nascimento dos brasileiros. “A lei é expressa ao determinar que o sexo é indicado na declaração do nascido vivo, por um médico, sem possibilidade de alteração posterior”, diz o promotor, admitindo, no entanto, que sua conclusão não é consenso entre os operadores do Direito.

“Há decisões judiciais e membros do Ministério Público favoráveis aos pedidos. E há os contrários. O direito é formado por entendimentos e há entendimentos diversos e este é um dos pontos em que tem havido divergências. Eu adotei uma linha de entendimento que uso para todos os casos, não discriminando ninguém”, argumenta Carvalho Neto, acrescentando que não consulta especialistas de outras áreas antes de emitir seu parecer.

“A lei está em vigor e eu acho que o fato dela ser de 1973 não indica necessariamente que esteja ultrapassada. Se necessário, cabe aos legisladores alterá-la. Caso contrário, ela deve ser cumprida. E esta é minha função”, declarou o promotor.

Ministério Público

Já o MP estadual diz que o posicionamento contraria as decisões do Superior Tribunal de Justiça (STJ), do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Em nota, o Ministério Público do Paraná explicou que, institucionalmente, é favorável à retificação do registro civil nos documentos de pessoas que se identifiquem como LGBTs, independentemente da realização da cirurgia de readequação sexual. Segundo a assessoria da instituição, a manifestação do promotor insere-se no âmbito da independência funcional assegurada a todos os membros do Ministério Público, estando sujeita a análise do juiz da Vara de Registros Públicos do Tribunal de Justiça do Paraná, que pode decidir de forma contrária ao entendimento do promotor.

Procurada pela reportagem, a assessoria do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) informou que não comentaria o caso, mas lembrou que há uma Nota Técnica do órgão que delimita a atuação dos promotores e procuradores no tocante à proteção dos direitos de transexuais e travestis.

A norma estipula que as decisões judiciais mais recentes reconhecem “o direito à substituição dos prenomes e sexo das pessoas trans em seus registros civis, visando adequá-los à realidade psíquica, física e social destas pessoas”. A norma ainda destaca que “tal direito tem sido reconhecido independentemente da realização de cirurgia para a mudança de sexo como condição para a substitução de prenome dos trans, sob pena de condená-los a situações vexatórias”. E lembra que o STJ já reconheceu a necessidade de que os registros de nascimento das pessoas trans sejam adequados à sua realidade, a despeito do que estabelece a Lei 6.015/1973.

Repercussão

Responsável por atender transexuais que pretendem se submeter à cirurgia de confirmação de gênero no Hospital das Clínicas de São Paulo, o psiquiatra Giancarlo Spizziri refuta a ideia de que os procedimentos cirúrgicos sejam meramente “estéticos”. “Vários estudos demonstram que, após a realização da cirurgia, as pessoas que sofrem por não se identificar com o sexo com que foram designadas ao nascer passam a se sentir mais confortáveis com o próprio corpo e mais integradas com suas emoções, o que se reflete em um melhor relacionamento com as pessoas e consigo mesmas”.

Spizziri lembra que, há mais de duas décadas, as cirurgias de confirmação de gênero vêm sendo autorizadas por vários países que levam em conta os estudos internacionais que demonstram que, desde que bem orientada, a operação não ocasiona sequelas.

No Brasil, desde 2008, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece cirurgias de mudança de sexo a transexuais com mais de 18 anos. Para obter atendimento, os pacientes devem ter acompanhamento psicoterápico por pelo menos dois anos e obter um laudo psicológico/psiquiátrico favorável, além do diagnóstico de transexualidade.

Para a doutora em Psicologia Social e professora do Instituto Federal do Rio de Janeiro, Jaqueline Gomes de Jesus, gênero é uma construção social. “É chocante que o promotor não tenha noções mínimas sobre gênero. Que ele se manifeste a partir de elementos limitados ao senso comum, como que o gênero é determinado pelo médico, a partir da observação de um órgão genital. Falta compreensão de que o gênero é uma construção social. Nenhuma pessoa que estude o assunto diria essas coisas”, afirma Jaqueline.

“Pelo que estamos vendo com esta e outras decisões, [o Poder Judiciário] tem decidido sobre assuntos complexos, sobre os quais não tem sequer informações básicas, sem consultar especialistas no tema, negando direitos com base em estereótipos. E isso é muito grave”, acrescenta.

O diretor executivo do Grupo Dignidade, um dos mais atuantes no combate à homofobia e na promoção da diversidade sexual no país, Toni Reis, afirmou que instâncias superiores da Justiça têm adotado posicionamento divergente ao do promotor. “Temos muitos problemas com alguns promotores e procuradores que atuam no Paraná, mas, ao mesmo tempo, o estado está entre os com maior número de procedimentos de redesignação sexual reconhecidos no país. As primeiras instâncias podem recusar os pedidos de mudança de sexo ou gênero, mas, nas instâncias superiores, temos conseguido reverter estas decisões”, ponderou Reis, para quem os operadores do Direito devem buscar se atualizar. “Há pessoas desatualizadas que desconhecem os tratados internacionais sobre o tema”.

Na madrugada do último domingo (28), moradores de cidades do Agreste e Mata Sul receberam um grande volume de chuvas que provocaram enchentes em pelo menos 15 municípios de Pernambuco. Três dias depois do inícios fortes precipitações, as consequências já são catastróficas. Mais de 55 mil pessoas foram obrigadas a deixar suas casas e um total de 3.081 estão desabrigadas porque perderam as residências. No Agreste, duas pessoas morreram e pelo menos duas estão desaparecidas.

Nos principais noticiários do estado muito se fala na construção de barragens de contenção para evitar esse tipo de tragédia que não é inédita em Pernambuco. O LeiaJá.com ouviu especialistas no assunto para entender o que são essas estruturas, quais as suas principais funções e de quem é a responsabilidade da construção e do monitoramento. 

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As barragens ou represas são estruturas artificiais construídas no leito de um rio ou canal com a função de acumular as águas para diversas funções, podendo abastecer uma região, produzir energia elétrica ou prevenir enchentes. Elas controlam o fluxo dos rios em caso de fortes chuvas que provoquem o alto nível de águas fluviais. Em Pernambuco, de acordo com a Compesa, são 120 reservatórios monitorados. 

Quando ocorrem grandes volumes de chuva, as comportas das barragens são fechadas de maneira planejada durante um determinado período no reservatório. Quando acontecem enchentes nesses reservatórios, por exemplo, a maioria das comportas são abertas em razão da grande quantidade de chuva acumulada. Sem as estruturas, o alagamento seria bem maior.

De acordo com a Política Nacional de Segurança de Barragens, o responsável legal pelas estruturas é o agente governamental com direito real sobre as terras onde se localizam a barragem e o reservatório. "Cabe a ele o desenvolvimento de ações para garantir a segurança no barramento, entre as quais a realização de inspeções de segurança e a elaboração de um Plano de Segurança de Barragens", conforme a legislação. 

Sete anos atrás, em 2010, após fortes chuvas na Mata Sul pernambucana, cinco barragens que ajudariam a conter as enchentes em rios do estado foram prometidas pela gestão estadual. A execução, no entanto, não veio. Das promessas, apenas a barragem de Serro Azul ficou pronta com investimento de 500 milhões, sendo R$ 300 milhões do governo estadual e R$ 200 de orçamento federal. O projeto previa também a construção de Igarapeba, Panelas II, Gatos e Barra de Guabiraba. 

Impasse

De acordo com o doutor na área das Geociências João Allyson, professor de Geografia na Universidade de Pernambuco (UPE), a função de uma barragem não é necessariamente evitar as enchentes, mas sim amenizar o efeito delas nas cidades localizadas à margem dos leitos fluviais, como Palmares, Água Preta e Barreiros. "O planejamento das barragens é feito de acordo com a localização geográfica de cada município e é fruto de anos de estudos das universidades e de órgãos competentes", afirmou o estudioso. 

Ele explica que a vazão hídrica do rio atua como uma barreira nessas estruturas. Para a construção das barragens é levado em conta um cálculo que considera os níveis de chuva na região. Mas são apenas probabilidades porque com as variações da natureza pode chover mais ou menos no mesmo local. Para João, não exite uma verdade absoluta na afirmação de que se as barragens fossem construídas, não haveria prejuízos. 

"Mas com certeza, podemos assegurar que as obras finalizadas reduziriam significativamente as consequências das fortes chuvas na região. Sobretudo no que se refere à magnitude dessas inundações, com prejuízos muitas vezes irreversíveis, como a perda da vida humana", explicou o pesquisador. 

De acordo com com documentos da gestão estadual, a Barragem Gatos, em Lagoa dos Gatos, teve 20% da obra executada. A Barragem de Panelas II foi paralisada com 47% das obras executadas, em outubro de 2014. Já em Barra de Guabiraba, a barragem foi paralisada em agosto de 2015 e foram executados apenas 25% dos serviços preivstos. Em São Benedito do Sul,  o governo deu início à obra da Barragem de Igarapeba mas finalizou apenas 38% dos trabalhos,  paralisados em junho de 2015.

Em coletiva de imprensa, realizada no domingo (28), o secretário de Planejamento e Gestão de Pernambuco, Márcio Stefanni, reconheceu e afirmou que os projetos não foram concluídos porque faltaram verbas para finalizar as obras. De acordo com ele, o governo federal parou de enviar os recursos para o andamento das construções. 

Já de acordo com o Ministério da Integração Nacional, foram detectadas falhas nos projetos de construção de duas das cinco barragens planejadas em 2010 para impedir enchentes em Pernambuco e por isso a verba retornou para a União. 

Para Paulo Frassinete, professor de Engenharia Civil da Universidade Federal de Pernambuco, por serem obras de grande porte, o governo estadual realiza uma parceria com a União para o financimento da estrutura. "Nessas obras da Mata Sul toda a parte técnica foi finalizada e teve o aval para a construção das barragens. O grande problema foi o impasse político", afirmou. 

O pesquisador diz que é errôneo dizer que a barragem vai conter toda a cheia. "Tudo depende da chuva. A gente trabalha na área de recursos hídricos com probabilidades. Mas sabemos que elas poderiam ter amenizado o efeito das inundações e a situação seria completamente diferente do cenário de tragédia que vemos hoje", concluiu. 

Investigadores e especialistas tentavam neste domingo seguir o rastro dos responsáveis pelo ciberataque sem precedentes em escala mundial, que poderiam agir novamente nos próximos dias.

O ataque, que começou na sexta-feira, deixou 200.000 vítimas, principalmente empresas, em ao menos 150 países, afirmou o diretor do Europol, Rob Wainwright, em uma entrevista à rede britânica ITV neste domingo.

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A ação dos hackers perturbou o funcionamento dos hospitais britânicos, das fábricas da Renault, da companhia americana FedEx, do sistema bancário russo ou de universidades de Grécia e Itália, entre outros. Além disso, ocorreu de "forma indiscriminada" e "se propagou muito rapidamente", acrescentou Wainwright.

A Europol informou ainda que o ataque é de "um nível sem precedentes" e "exigirá uma investigação internacional complexa para identificar os culpados", e indicou a criação de uma equipe específica de seu Centro Europeu de Cibercriminalidade para ajudar na investigação.

"Os criminosos cibernéticos podem acreditar que operam incógnitos, mas vamos utilizar todo o arsenal a nossa disposição para levá-los à justiça", ressaltou Oliver Gower, diretor adjunto da National Crime Agency britânica.

"É o maior ataque deste tipo da história" afirmou à AFP Mikko Hypponen, responsável da empresa de segurança informática F-Secure, com sede na Finlândia, destacando que "130.000 sistemas (foram) afetados em mais de 100 países".

A polícia francesa estimou, por sua vez, em "mais de 75.000" o número de computadores atacados em todo o mundo. Um balanço que "pode aumentar nos próximos dias", disse Valérie Maldonado, do organismo francês de luta contra os crimes cibernéticos.

Volta ao trabalho

A ministra britânica do Interior, Amber Rudd, advertiu em um artigo publicado no jornal Sunday Telegraph que é possível esperar outros ataques e destacou que "talvez nunca conheçamos a verdadeira identidade dos autores" do ataque de sexta-feira.

Os especialistas temem que na segunda-feira ocorram novas perturbações quando as pessoas voltarem ao trabalho e ligarem seus computadores, desligados desde sexta-feira.

Por sua vez, o investigador em cibersegurança britânico de 22 anos que permitiu frear a propagação do vírus alertou neste domingo que os hackers podem voltar à ação mudando o código e que, neste caso, será impossível detê-los. Os computadores "não estarão seguros até que a correção seja instalada o mais rápido possível", tuitou em sua conta @MalwareTechBlog.

O investigador, que deseja permanecer no anonimato, foi tratado como um herói que "salvou o mundo" pela imprensa britânica. O jornal Sunday Mail encontrou uma fotografia do jovem, que se dedica ao surfe em seu tempo livre e que vive na casa dos pais, no sul da Inglaterra.

Da Rússia à Espanha e do México ao Vietnã, milhares de computadores de todo o mundo foram invadidos por um programa que aproveitou uma falha do sistema operacional Windows, divulgada em documentos vazados da agência de segurança americana NSA.

O vírus bloqueia os documentos dos usuários e os hackers exigem que suas vítimas paguem uma soma de dinheiro na moeda eletrônica bitcoin para permitir que acessem novamente seus arquivos.

Nas últimas semanas, a tensão que permeia a relação entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte é o assunto mais citado na imprensa internacional. Provocações mútuas, ameaças nucleares e o uso da retórica agressiva entre os países se intensificaram em 2017 e levantaram o alerta de uma Terceira Guerra Mundial.

A relação dos dois países nunca foi amistosa. Os EUA e a Coreia do Norte têm desavenças antigas, desde a Guerra da Coreia, na década de 1950. Na época, a Força Aérea americana bombardeou e usou o químico ‘napalm’ em regiões norte-coreanas, matando um total de 20% da população do país.

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Já entre os anos de 1958 e 1991, os EUA mantiveram armas nucleares destinadas a um possível uso contra os norte-coreanos no território da Coreia do Sul. Já o país asiático, que havia assinado o Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TPN), em 1985, foi acusado pelos americanos de desenvolver atividades nucleares irregularmente. Em 1993, o país anunciou a saída do Tratado. 

Treze anos após a saída do TPN, em 2006, a Coreia testou a primeira bomba atômica com sucesso. Mais quatro testes nucleares foram realizados nos anos 2000.  Desde então, a relação do país com o ocidente se estremeceu a diversas sanções foram impostas aos norte-coreanos por causa dos testes atômicos.

No dia 8 de abril de 2017, um novo teste de míssil frustrado foi realizado pela Coreia do Norte. Em resposta, o recém-eleito presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou ter enviado "uma arma muito poderosa" para a península coreana. No último dia 24 de abril, o site oficial norte-coreano Uriminzokkiri declarou que os Estados Unidos serão "varridos da face da Terra" se desencadearem uma guerra na península.

Para entender se o mundo está à beira de um novo conflito nuclear em nível global, o LeiaJa.com consultou especialistas em Geopolítica mundial e Relações Internacionais. Os estudiosos consultados entendem que as chances de um conflito nuclear entre os países são remotas, nas condições atuais.

Para o cientista político e especialista em Relações Internacionais, Thales Castro, a comunidade internacional tem que estar atenta aos fatos, mas a chance uma nova guerra mundial é uma realidade distante. “A Coreia tem muito a perder diante do potencial bélico dos EUA. Já os norte-americanos sabem que não podem ser muito incisivos nessa relação porque existem países aliados no comércio exterior no entorno da Ásia, como o Japão e a própria China”, afirmou Castro.

O estudioso acredita que as ameaças devem seguir no campo da retórica agressiva porque uma eventual guerra seria mais negativo do que positivo para ambos os países. “A imprensa norte-coreana utiliza essa tônica de expressões como varrer do mapa e dizimar americanos. É uma retórica repetitiva e apesar de não ser vazia, falta muita substancialidade. Soa mais como provocação e propaganda política interna, já que na Coreia os aparelhos de mídia são controlados pelo estado”, apontou Thales.

Especialista em Segurança Internacional e Relações Internacionais, o professor Antônio Lucena faz uma ressalva de que na administração do republicano Donald Trump houve um aumento da tensão entre os países. Para ele, assim como a auto-afirmação da política norte-coreana, o presidente dos EUA também precisa se legitimar com seus eleitores. “É uma tendência natural as farpas continuarem pela importância do fortalecimento na política interna”, explicou.  

Lucena admite que na política internacional nada pode ser totalmente descartado, muito menos uma guerra na península coreana, apesar disso, o pesquisador não acredita em um conflito armado. “Atualmente não temos as mesmas condições da 2ª Guerra Mundial, como a grande potência que era a Alemanha nazista”, diz. Para o professor, uma das razões que poderiam levar ao conflito armado seria o ataque da Coreia do Norte a alguma base dos EUA ou a construção do míssil balístico intercontinental. “Ele teria condição de atingir os americanos com uma ogiva nuclear e, nesse caso, acho que o Trump reagiria militarmente”.

De acordo com Lucena, o desenvolvimento de armas nucleares é muito importante para a Coreia do Norte por serem o único impeditivo de uma invasão norte-americana. “Durante o governo Obama houve uma tentativa frustrada para o país abandonar as armas. Com esses equipamentos, a tendência é que eles evitem uma possível invasão, assim como aconteceu no Afeganistão e no Iraque”, afirmou.

Já Marcos Costa Lima, professor do departamento de Ciência Política da UFPE e coordenador do Instituto de Estudos da Ásia, defende que o futuro da situação entre os países é uma incógnita. “Não dá pra saber se teremos um conflito. Os líderes dos dois países são desequilibrados e radicais, representando um perigo para o mundo. A situação se complica mais ainda porque ao que parece a Coreia do Norte não vai retroceder”, lamentou.

Fotos:Ed Jones/AFP

O Brasil já tem condições de ter uma meta de inflação mais baixa do que os atuais 4,5%, para 17 de 25 instituições do mercado financeiro ouvidas pelo Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado. Segundo analistas, o País poderia estipular uma nova faixa entre 4% e 4,25%.

Uma eventual mudança poderá ocorrer em junho, quando o Conselho Monetário Nacional (CMN) se reunirá para ratificar ou não a meta de 2018 e fixar a do ano seguinte. No ano passado, o CMN decidiu que a meta para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2018 seria de 4,5%, com uma margem de 1,5 ponto porcentual, para cima ou para baixo. O sistema foi adotado em 1999.

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A desaceleração consistente da inflação corrente e das expectativas inflacionárias estão refletindo em grande parte os efeitos da pior recessão já enfrentada pelo País. Para alguns economistas, além desse cenário, o otimismo com o avanço nas medidas fiscais justificariam uma redução. Se a mudança for confirmada, o Banco Central passaria um sinal maior de confiança ao mercado.

No boletim Focus da última quarta-feira (1º) as projeções para o IPCA nos próximos anos já estão abaixo de 4,5%. Para este ano, a mediana caiu para 4,36% e foi mantida em 4,50% para 2018. Como o cenário parece favorável ao arrefecimento de preços, essas estimativas podem ceder ainda mais.

Para Heron do Carmo, economista da Universidade de São Paulo, o País tem hoje uma janela de oportunidade para trabalhar com uma perspectiva de inflação mais baixa.

"Tivemos uma situação parecida em 2006, em que o resultado de inflação ficou abaixo da meta, e não aproveitamos para reduzir. Foi um erro grave. Sinalizar que a intenção é chegar aos 3% é uma forma de não jogar fora o esforço que fizemos nos últimos 30 anos."

"A redução da meta ajudaria a coordenar as expectativas de inflação corrente, e o Banco Central atual tem confiança para isso. Na economia real, 0,5 ponto porcentual pode não fazer diferença em um primeiro momento, mas aliviaria o custo social em um período mais longo, impactando em contratos e preços", diz Claudio Adilson Gonçalez, da MCM Consultores Associados.

Em 2006, quando a inflação fechou em 3,14%, o Brasil tinha condições de reduzir a meta de inflação, mas não o fez pois, segundo o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, acreditava-se que um pouquinho de inflação seria bom para o crescimento. "O que obviamente não é verdade. Ali, não foi apenas a meta que não foi baixada, mas toda a economia que foi desarranjada, especialmente com o começo da deterioração fiscal", relembra.

Hoje, Vale avalia que o cenário é o inverso, especialmente com o fiscal entrando nos eixos.

Cautela

Apesar de um horizonte favorável, alguns analistas afirmam que para ocorrer redução na meta seria necessária uma queda mais significativa nas expectativas, especialmente para os anos seguintes até 2020, que atualmente estão em 4,5%.

"Não é o momento de fazer essa discussão", diz José Luis Oreiro, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). "Historicamente, a média de inflação ficou poucas vezes abaixo de 4,5%, o que demonstra a dificuldade em cumprir a meta. É preciso consolidar o patamar atual antes de discutir a redução, abrindo espaço para a manutenção da queda de juros e para que a economia se recupere."

Para o ex-presidente do BNDES e ex-ministro das Comunicações Luiz Carlos Mendonça de Barros, a discussão "coloca os carros na frente dos bois". "Uma redução da meta poderia causar num maior esforço e numa redução no corte de juros para atender a esse novo patamar. O Banco Central tem credibilidade e isso é reconhecido pelo mercado, não há motivo para apertar o passo."

Na opinião de Zeina Latif, economista-chefe da XP Investimentos e colunista do jornal O Estado de S. Paulo, ainda que fique provado que havia espaço para a redução da meta de inflação de 2018, isso poderia ser corrigido lá na frente, fora de um ano eleitoral.

"Mas reduzir a meta no futuro é importante para não perder o esforço que o País tem feito para correção das políticas econômicas e sinalizaria uma maior preocupação fiscal do Estado. Quem sabe os erros cometido pelo governo Dilma tivessem sido menos graves com uma meta mais baixa?" As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

As mudanças no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) anunciadas na quarta-feira (18) pelo Ministério da Educação (MEC) agradaram os especialistas, que dizem que as propostas já são discutidas há vários anos e são um "caminho natural" do exame. Está sendo discutido, por exemplo, que o exame seja realizado em um só dia, em vez de um fim de semana todo, e que seja feito pela internet.

A dificuldade, avaliam, será a implementação de toda a infraestrutura necessária. Outro problema é manter a qualidade técnica da prova.

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A superintendente do Centro de Estudos e pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec), Anna Helena Altenfelder, elogiou a ideia de colocar as possíveis mudanças como consulta pública e diz que as medidas podem ser positivas para o exame. "O Enem digital é uma tendência irreversível, traz uma diminuição de custo", disse.

Sobre a mudança da prova para apenas um dia, destacou que o mais importante é garantir a qualidade técnica da prova.

Para o economista e ex-presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) Reynaldo Fernandes, o desafio é ter infraestrutura adequada para qualquer tipo de mudança. "O exame online não é o problema, mas haverá estrutura para isso? As pessoas não poderão fazer a prova da casa delas porque deixaria a prova insegura. Haverá computadores para 8 milhões de pessoas?", afirmou.

Ele ressaltou que a mudança no número de dias da prova também deve ser olhada sob o aspecto técnico. "Vai ter de reduzir a prova. É isso que se quer? Vão ser eliminadas algumas matérias? Sob o ponto de vista logístico, evidentemente é melhor que se faça em um dia, mas é preciso tornar o tamanho da prova compatível e discutir isto tecnicamente."

O coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara, destacou que as ideias apresentadas não são novas e que é preciso ser apresentado o projeto piloto do Enem online para que verificar se, de fato, haverá redução de custos.

Sobre a prova ser feita em um dia, ele vê a mudança como positiva. "É um exame que tem uma dificuldade logística muito grande."

Já a certificação do ensino médio, segundo o especialista, deve passar por diálogo antes de qualquer decisão. "Na linha da economicidade, acredito que a prova deveria manter a sua função certificadora. Mas é preciso ter uma discussão aprofundada com os movimentos de educação de jovens e adultos, que têm sido ignorados nos últimos governos."

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