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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva realizou uma cerimônia fechada à imprensa e sem transmissão, nesta quarta-feira (13), para dar posse a seus três novos ministros. Como mostrou o Broadcast Político, o fato de a solenidade ser reservada irritou ao Centrão.

Compareceram à solenidade, no Palácio do Planalto, pessoas próximas aos novos ministros e aliados políticos. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), também esteve na reunião fechada.

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Assinaram os respectivos termos de posse:

André Fufuca, que é deputado pelo PP do Maranhão e assume o Ministério do Esporte;

Silvio Costa Filho, que é deputado pelo Republicanos de Pernambuco e assume o Ministério de Portos e Aeroportos;

Márcio França, que deixa o Ministério de Portos e Aeroportos para assumir o recém-criado Ministério do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte.

O anúncio dos nomes dos novos ministros foi feito na última quarta-feira (6) por meio de nota. Na ocasião, Lula não deu declarações ou divulgou fotos com os então futuros ministros. No dia seguinte, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, disse que a imagem de Lula com seus novos auxiliares viria em "momento adequado".

Haverá solenidades de transmissão de cargo nos ministérios mais tarde nesta quarta-feira. A agenda oficial de Lula não prevê o comparecimento do petista em nenhuma das cerimônias.

O vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, que ocupa a Presidência da República enquanto Luiz Inácio Lula da Silva está fora do País para a reunião do G20 na Índia, disse nesta sexta-feira, 8, que irá ao Rio Grande do Sul no domingo, 10, provavelmente pela manhã.

O Estado está sendo atingido por fortes chuvas e enchentes que já mataram ao menos 41 pessoas, em razão de um ciclone. Serão visitadas as cidades de Lajeado, Roca Sales, e Arroio do Meio, no interior gaúcho, se os planos não forem alterados.

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Alckmin minimizou o fato de Lula ter embarcado para a Índia sem visitar a região. Neste ano, o presidente visitou Araraquara (SP) e o litoral norte paulista quando essas regiões passaram por chuvas com enchentes e deslizamentos.

"O presidente Lula está super interessado [na situação do RS]", disse o vice-presidente. "Ministros estiveram lá. O presidente tinha ontem o 7 de Setembro, não tinha como sair. No dia anterior teve uma indisposição de saúde", declarou Geraldo Alckmin.

Sala de situação permanente

De acordo com o vice-presidente, foi criada uma sala de situação permanente. Ele disse que o governo federal enviará 20 mil cestas de alimentos ao Rio Grande do Sul, com as primeiras 5 mil chegando no domingo.

Haverá uma ajuda federal de R$ 800 para os municípios por pessoa desabrigada. Alckmin também citou o envio de kits de medicamentos para atender 15 mil pessoas, entre outras medidas.

Segundo o vice-presidente, Marinha e Exército forneceram botes para o governo do Estado, além de 8 helicópteros das Forças Armadas. São 450 militares trabalhando para mitigar os efeitos das chuvas no local, disse Alckmin.

O ministro da Secretaria de Comunicação, o gaúcho Paulo Pimenta, disse que ainda não há estimativa de valor para a soma das medidas anunciadas.

Alckmin e Pimenta falaram a jornalistas no Palácio do Planalto ao lado dos ministros Wellington Dias (Desenvolvimento Social), Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) e Waldez Góes (Integração e Desenvolvimento Regional).

Antes, eles tiveram reunião com outros ministros para discutir as ações. Uma nova reunião do tipo deve ser realizada ainda nesta sexta.

Organizações que defendem o combate à corrupção no País criticaram o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por sugerir, nesta terça-feira, 5, que os votos proferidos por ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) sejam sigilosos. Em nota, a Transparência Internacional Brasil e o Instituto Não Aceito Corrupção (Inac) reforçaram que a publicidade dos julgamentos é essencial para a manutenção da democracia, e classificaram a proposta como um retrocesso.

Nesta terça-feira, 5, Lula disse que "ninguém precisa saber" os votos dos ministros da Suprema Corte. A sua declaração ocorre no momento em que Cristiano Zanin, indicado por ele ao cargo, é alvo de críticas da esquerda, inclusive do PT, por posicionamentos contrários a temas considerados progressistas e sociais.

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"Eu, aliás, se pudesse dar um conselho, é o seguinte: a sociedade não tem que saber como é que vota um ministro da Suprema Corte. Sabe, eu acho que o cara tem que votar e ninguém precisa saber. Votou a maioria 5 a 4, 6 a 4, 3 a 2. Não precisa ninguém saber", disse no programa "Conversa com o Presidente", live semanal produzida pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC).

"Para a gente não criar animosidade, eu acho que era preciso começar a pensar se não era o jeito de a gente começar a mudar o que está acontecendo no Brasil. Do jeito que vai, daqui a pouco um ministro da Suprema Corte não pode mais sair na rua, não pode mais passear com a sua família, porque tem um cara que não gostou de uma decisão dele", complementou.

 

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Sigilo pode tornar o Judiciário mais distante da sociedade

Na nota da Transparência Internacional Brasil, assinada pelo diretor-executivo Bruno Brandão, a organização afirma que o Poder Judiciário é o mais elitista e menos transparente dos Três Poderes, e que a introdução do sigilo o tornará "ainda mais opaco e distante da sociedade" e na "direção contrária a qualquer projeto de democratização".

"Conquistas como a TV Justiça cumprem verdadeiro papel de pedagogia constitucional, ajudando a enfrentar o déficit histórico de cidadania em nosso país. Ao contrário do que Lula sugeriu, o Brasil precisa discutir e tratar com urgência as profundas desigualdades no acesso à Justiça. O que demanda mais, não menos transparência", disse a Transparência Internacional Brasil.

A organização declarou que o País precisa discutir as desigualdades no acesso à Justiça e os ataques destinados aos ministros do STF. "Este respeito não se construirá afastando a sociedade da Justiça e, sim, com mais acesso à informação, educação, debate público de qualidade e fomento à cultura democrática", afirma.

Sugestão de Lula é uma hipótese "inadmissível", diz Inac

A TV Justiça, citada pela nota assinada por Brandão, também foi aclamada pelo Instituto Não Aceito Corrupção, que apontou que a sua criação em 2002 permitiu que a sociedade acompanhasse o trabalho feito pelos ministros. Segundo o Instituto, a fala de Lula causou "uma profunda perplexidade" e a sua sugestão não encontra amparo na Constituição.

"A proposição, sem respaldo constitucional, vem na contramão da necessária constante prestação de contas de cada um dos integrantes dos Três Poderes à sociedade, exceção natural óbvia a temas judiciais que digam respeito à intimidade, que terão individualmente o sigilo decretado, caso a caso, se necessário. É obviamente inadmissível a hipótese de generalizar o sigilo para os votos", afirmou a organização.

Para o Inac, a possibilidade de um sigilo generalizado motivado por conta de reações sociais "não é plausível". "É necessário ter-se a maturidade e serenidade para lidar com tais comportamentos, legítimos numa democracia", destaca a organização.

O ministro da Justiça, Flávio Dino, afirmou que colocar sob sigilo votos de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) é um "debate válido" e disse que "em algum momento esse debate vai se colocar". A declaração ocorreu após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defender nesta terça-feira, 5, que "ninguém precisa saber" como vota um magistrado da Corte.

"Evidente que em algum momento em sede constitucional ou até mesmo do futuro estatuto da magistratura é um debate válido, assim como o debate acerca de mandatos. Em algum momento, esse debate vai se colocar. É claro que não é algo para amanhã, mas é uma observação importante", disse.

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"Há um debate posto no mundo sobre a forma dos tribunais supremos deliberarem. E nós temos uma referência na Suprema Corte dos Estados Unidos, que delibera exatamente assim. Ela delibera a partir dos votos individuais e é comunicada a posição da Corte", disse Dino. O ministro disse que ele e Lula já conversaram sobre o assunto.

Questionado sobre a redução da transparência, o ministro negou. "Não (acaba com a transparência), porque a decisão é comunicada, de modo transparente. Apenas a primazia do colegiado sobre as vontades individuais. É um modelo possível. Não tenho elementos para dizer que um modelo é melhor do que o outro", afirmou. Hoje, as sessões do STF são transmitidas pela TV Justiça.

Flávio Dino também mencionou a possibilidade de haver mandatos para ministros do Supremo. O ministro da Justiça falou em entrevista a jornalistas na Academia Nacional de Polícia, onde participou da formatura de novos policiais federais. Lula também participou da solenidade, mas não concedeu entrevista.

Lula defende voto secreto

A declaração de Lula ocorreu após o ministro do STF Cristiano Zanin, indicado por ele ao cargo, sofrer críticas da esquerda, inclusive de integrantes do PT, por posicionamentos contrários a temas considerados progressistas e sociais.

Para conter publicamente a reação da base, Dino chegou a defender Zanin publicamente, dizendo que "há uma incompreensão política nas análises". "O nosso governo liderado pelo presidente Lula não é de esquerda, é um governo que expressa maioria democrática. Cristiano Zanin se insere nesse conceito de maioria democrática? Sim, claro. Significa dizer que em dezenas de votos, quem sabe centenas, não haverá um afinamento no que ele vota e as teses da esquerda. É muito cedo para julgar, é muito cedo para avaliar em um mês o desempenho de um ministro do Supremo", disse em entrevista à GloboNews na semana passada.

Lula também já fez críticas a posicionamentos de ministros da Corte. Enquanto estava preso pela Operação Lava Jato, após ter recursos negados, acusou os ministros de serem parciais e optarem por decisões monocráticas. "Se não querem que eu seja presidente, a forma mais simples é me derrotar nas urnas", disse o petista em 2018.

Em 2020, criticou a decisão do ministro Alexandre de Moraes de barrar a nomeação realizada pelo então presidente Bolsonaro de Alexandre Ramagem para o comando da Polícia Federal (PF). Na ocasião, repetiu o argumento sobre as decisões tomadas por um único magistrado. "Não pode um único juiz da Suprema Corte tomar atitude de evitar. Não podemos permitir que as instituições ajam politicamente."

Cotado para o Supremo

Dino é cotado para uma cadeira no Supremo. No fim de setembro, uma vaga será aberta com a aposentadoria da ministra Rosa Weber. O ministro da Justiça, nesta terça, voltou a afirmar que não é candidato à Corte e que não faz campanha por isso.

Ele afirmou estar feliz em sua situação atual - senador licenciado para comandar o Ministério da Justiça - e que fazer campanha não funcionaria caso quisesse ser nomeado para o Supremo. "Eu não trabalho (para ser nomeado), não ofereço, não toco no assunto, não sou candidato e não faço campanha. Em primeiro lugar porque respeito o presidente da República, é prerrogativa dele. Segundo lugar, eu tenho experiência para saber que isso não funciona", disse.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sugeriu nesta terça-feira (5) o sigilo de votos de ministros do Supremo Tribunal Federal para não criar "animosidade". A fala vem depois de ministros como Alexandre de Moraes serem alvos de ataques e de Cristiano Zanin, indicado por Lula, ser criticado na esquerda por dar votos contrários às ideias desse grupo político.

"A sociedade não tem que saber como vota um ministro da Suprema Corte. Eu acho que o cara tem que votar e ninguém precisa saber. Votou, maioria, 5 a 4, 6 a 4, 3 a 2. Não precisa ninguém saber se foi o Uchôa que votou, o Camilo que votou. Porque aí cada um que perde ficar com raiva e cada um que ganha fica feliz", disse o presidente.

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Ele deu as declarações no programa Conversa com o Presidente, uma espécie de live semanal de Lula produzida pela EBC. Uchôa, referido pelo presidente, é o jornalista Marcos Uchôa, apresentador do programa. Camilo é Camilo Santana, ministro da Educação, que participou da edição desta terça-feira.

"Para a gente não criar animosidade, eu acho que era preciso começar a pensar se não é um jeito de a gente mudar o que está acontecendo no Brasil. Porque do jeito que vai daqui a pouco o ministro da Suprema Corte não pode mais sair na rua", declarou o presidente da República.

Hoje, os votos dos ministros não só são públicos como transmitidos pela TV Justiça em julgamentos. O material é reproduzido na imprensa e nas redes sociais.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta sexta-feira, 11, durante o lançamento do novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que o ato marca o começo de seu governo. Ele também usou o discurso para cobrar seus ministros.

"O PAC é o começo do nosso terceiro mandato. Porque a partir do PAC ministro vai parar de ter ideia. Ministro vai ter que cumprir o que foi aprovado aqui e trabalhar muito para que a gente possa executar esse PAC", declarou o presidente da República.

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Lula também fez um elogio a sua equipe de auxiliares. Disse que os ministros do início de seu novo mandato são mais "afiados" do que os que tinha na primeira vez em que foi presidente. Citou a experiência de vários deles como governadores. Mencionou nominalmente Wellington Dias, ministro do Desenvolvimento Social que governou o Piauí por 4 mandatos.

O presidente da República disse que o novo PAC prevê investimentos de R$ 1,7 trilhão, mas que poderá passar de R$ 2 trilhões. "Se o ministro da Fazenda, Fernando Haddad abrir um pouco a mão, pode até ter mais dinheiro para fazer coisa no País", declarou o presidente. Ele disse que não deixará a "austeridade fiscal quase obsessiva" bloquear os anseios da população.

O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) protocolou notícia crime e representação por improbidade a respeito de ministros do governo Lula que têm usado aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB) para passar o final de semana em seus redutos eleitorais. Segundo o deputado, os alvos são Luiz Marinho (Trabalho), Fernando Haddad (Fazenda), Nísia Trindade (Saúde), Juscelino Filho (Comunicações) e Flávio Dino (Justiça).

Nikolas afirmou, em sua postagem, que pediu investigação "por suposta utilização de benefícios públicos, mais precisamente por criarem agenda às sextas para voltarem para casa de jatinhos da FAB, sem agendas oficiais". Como mostrado pelo Estadão esses cinco ministros de Lula criam agenda às sextas para voltar para casa de jatinho da FAB.

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Há um decreto presidencial que regula o uso de avião da FAB, com uma ordem de prioridade específica. Primeiro, em casos de emergências médicas. Segundo, quando há razões de segurança. Depois, viagens a serviço. Segundo essas regras, não é possível solicitar o jato para passar o final de semana em casa.

O custo dessas viagens aos cofres públicos chega a custar R$ 70 mil. Uma viagem em voo comercial sai em média entre R$ 1 mil e R$ 3 mil, considerando o preço cheio.

Alexandre de Moraes é o ministro do Supremo Tribunal Federal alvo de mais pedidos de impeachment nos últimos anos. De 2019 a 2023, foram apresentados 77 requerimentos de abertura de investigação por crime de responsabilidade contra ministros da Corte no Senado. Mais da metade, 40 solicitações, é contra Moraes. As acusações são, principalmente, de condução tendenciosa de inquéritos e de declarações com teor supostamente político-partidário.

Os pedidos têm em comum o fato de terem sido protocolados, em sua maioria, por correligionários e apoiadores de Jair Bolsonaro (PL). O ex-presidente, inclusive, é autor de um dos requerimentos de impeachment do magistrado, apresentado em agosto de 2021. Na época, Moraes passou a ser o relator de duas investigações que atingem o ex-chefe do Executivo: o inquérito das "milícias digitais" e o de vazamento de dados sigilosos de investigações da Corte.

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Integrantes mais recentes do Supremo, os ministros André Mendonça e Nunes Marques, indicados por Bolsonaro, são os únicos sem pedidos de impeachment. Cristiano Zanin não foi contabilizado no levantamento feito pelo Estadão, porque a posse dele será no dia 3 de agosto, quando assumirá a cadeira que está vaga no STF. Nos últimos anos, Moraes passou a ter mais evidência por presidir o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O governo Luiz Inácio Lula da Silva lançou, nesta sexta-feira (21), um pacote de projetos de leis enviado ao Congresso que inclui o endurecimento de penas a quem 'atentar' contra o Estado Democrático de Direito. As propostas foram articuladas pelo ministro da Justiça, Flávio Dino, e batizadas de "Pacote da Democracia".

Um dos projetos de leis enviados ao Congresso quer aumentar a pena para quem cometer crimes contra o Estado Democrático de Direito. Isso envolve aumentar de 6 para 12 anos, o que transformaria em pena de prisão em regime fechado, a punição para quem organizar ou liderar movimentos antidemocráticos.

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Se aprovado, o projeto de lei também vai aumentar de 8 para 20 anos a pena de prisão para quem financiar movimentos antidemocráticos. O financiamento dos ataques golpistas em 8 de janeiro é uma das principais dificuldades no combate aos criminosos envolvidos na depredação das sedes do Executivo, do Legislativo e do Judiciário em Brasília.

A proposta aumenta também de 6 para 12 anos a punição para quem atentar contra a integridade física e a liberdade do presidente da República, do vice-presidente, do presidente do Senado Federal, do presidente da Câmara dos Deputados, dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Procurador-Geral da República (PGR). A medida é lançada uma semana depois do ministro Alexandre de Moraes, do STF, alegar ter sido hostilizado no Aeroporto de Roma, na Itália, em episódio no qual seu filho de 27 anos teria sido agredido fisicamente.

Ainda ao tratar de crimes contra essas autoridades acima, o projeto aumenta a pena de 20 para 40 anos de prisão para quem atentar contra a vida desse grupo de autoridades, se for caracterizado que havia finalidade de alterar a ordem constitucional democrática.

Na apresentação dessas medidas, o governo federal disse que os ataques golpistas de 8 de janeiro "demonstraram que o tratamento penal aos crimes contra o Estado Democrático de Direito precisa ser mais severo a fim de que sejam assegurados o livre exercício dos Poderes e das instituições democráticas, o funcionamento regular dos serviços públicos essenciais e a própria soberania nacional".

O governo argumenta ainda que esse endurecimento penal reforça o "caráter preventivo" das leis e reafirma "a existência e eficiência do direito penal brasileiro".

Endurecimento de penas e sanções

Segundo o governo, um dos projetos de lei altera o Código Penal, para dispor sobre as causas de aumento de pena aplicáveis aos crimes contra o Estado Democrático de Direito. O texto prevê penas de reclusão:

- De 6 a 12 anos para quem organizar ou liderar movimentos antidemocráticos;

- De 8 a 20 anos para quem financiar movimentos antidemocráticos;

- De 6 a 12 anos, mais pena correspondente à violência, para crimes que atentem contra a integridade física e a liberdade do Presidente da República, do Vice-Presidente da República, do Presidente do Senado Federal, do Presidente da Câmara dos Deputados, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal e do Procurador-Geral da República, com fim de alterar a ordem constitucional democrática;

- De 20 a 40 anos para crimes que atentem contra a vida das autoridades citadas acima, com fim de alterar a ordem constitucional democrática.

A versão atual do Código Penal prevê:

- Pena de reclusão de 4 a 8 anos para quem tentar, com emprego de violência ou grave ameaça, abolir o Estado Democrático de Direito, impedindo ou restringindo o exercício dos poderes constitucionais;

- Pena de reclusão, de 4 a 12 anos, além da pena correspondente à violência, para quem tentar depor, por meio de violência ou grave ameaça, o governo legitimamente constituído.

Influenciadores que apoiam o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) resgataram nesta terça-feira, 11, um discurso do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), no qual ele elogia ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e a própria Corte. As declarações foram feitas no XI Fórum Jurídico de Lisboa, organizado pelo ministro Gilmar Mendes, do STF, no fim de junho.

Os perfis de direita repudiaram Tarcísio por chamar membros do STF de "juristas renomados", por citar que o País tem um "guardião da Constituição" que funciona "muito bem" e por falar que o Estado Democrático de Direito brasileiro é "vibrante" e não enfrenta riscos à sua existência.

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De acordo com os influenciadores, Tarcísio exagerou na cordialidade com os ministros da Suprema Corte e manteve uma postura "nada bolsonarista" em seu discurso. Uma influenciadora questionou se ele havia dito "o que realmente acredita ou o que o governo e o STF querem ouvir".

O governador foi bastante criticado por influenciadores e políticos de direita na última semana, por ter apoiado a reforma tributária publicamente. As novas postagens dos apoiadores, porém, ocorrem após Bolsonaro e os filhos dele recuarem nas críticas a Tarcísio. Eles trocaram afagos públicos nesta semana, com o chefe do Executivo paulista reafirmando lealdade ao ex-presidente e Bolsonaro publicando foto dos dois se abraçando.

Ao iniciar o discurso, Tarcísio disse que não entendia o convite feito pelo ministro Gilmar Mendes para a participação dele no evento, já que era "um mero engenheiro no meio de juristas renomados". Em seguida, o governador cumprimentou Luís Roberto Barroso, também ministro do STF; Luis Felipe Salomão, ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ); e Flávio Dino, ministro da Justiça e Segurança Pública, que estava na mesa ao lado de Tarcísio.

"Quem sou eu? Um mero engenheiro, ou seja, um peixe fora d'água. Então, de repente, eu tenho que falar aqui para o ministro Gilmar, para o ministro Barroso, para o ministro Salomão, com a maior cara de pau do mundo", disse o governador de São Paulo.

Um Estado Democrático 'vibrante'

Outro trecho resgatado pelos bolsonaristas nas redes é uma fala do governador sobre a importância da atuação do Estado Democrático de Direito que, segundo Tarcísio, "corre riscos baixos" de sofrer ataques. Ele também elogiou o STF, chamando a Corte de "órgão guardião da Constituição" e que "vem funcionado muito bem nos últimos anos".

"O nosso risco é baixo. Nós temos um Estado Democrático de Direito vibrante, e nós estamos caminhando na direção certa. Primeira coisa é que o Estado Democrático de Direito tem que ter o seu fundamento na soberania popular. (...) Fundamental a existência de um órgão guardião da Constituição com vontade livre, com atuação livre. E isso nós temos, então esse risco eu diria que é muito baixo, não existe. Nós temos esse guardião da Constituição, que vem funcionado muito bem nos últimos tempos", disse o governador.

Um influenciador comparou a fala de Tarcísio com a de outros bolsonaristas. Segundo ele, aliados do ex-presidente afirmam que o "STF persegue e age de forma inconstitucional", enquanto o governador diz que o Supremo "é guardião da Constituição e vem funcionando muito bem".

Outra influenciadora bolsonarista criticou o chefe do Executivo paulista por ter tido uma "postura amena e dialogável" com os juristas e que, segundo ela, essa forma de discursar seria "nada bolsonarista". "O governador de São Paulo elogiou STF e a democracia brasileira", afirmou.

Outro perfil bolsonarista acusou Tarcísio de acreditar que "o povo é ingênuo" ao afirmar sobre a existência de um Estado democrático no País. A influenciadora afirmou que o discurso do governador não seria uma estratégia política, e sim uma "fortificação de um regime autoritário" que teria sido imposto no Brasil.

Tarcísio critica a 'judicialização da política'

Ainda no evento, o governador questionou a existência de um excesso da "judicialização da política", críticas que também foram endossadas pelo ex-presidente Bolsonaro ao longo do seu governo. De acordo com Tarcísio, o Judiciário brasileiro interfere, em algumas ocasiões, nas decisões do Poder Legislativo. O trecho não aparece nas postagens dos apoiadores de Bolsonaro nesta terça.

"É importante a gente centrar na figura do legislador, porque aqui a gente tem um grande risco também, o risco da judicialização da política. É o risco de, de repente, aquilo que é definido pelo nosso legislador, que tem que ser soberano e que deve escolher as relações de Justiça que melhor se coordenam, se coadunam com as condições próprias de cada Estado. Às vezes isso não é respeitado", afirmou.

Os ministros Luiz Fux e Gilmar Mendes protagonizaram uma discussão, nesta quinta-feira (22), durante uma sessão do Supremo Tribunal Federal (STF). No momento, Fux fazia a leitura do seu voto sobre a instituição do juiz de garantias, que havia sido suspensa por ele em 2020.

O ministro Gilmar Mendes pede a palavra no momento e questiona a demora demasiada para que uma decisão tenha sido tomada. “Não, está explicado, mais de uma vez, mas está interrompido. Então retardamos bastante a sua implementação. Paramos três anos isso! Paramos três anos isso!”, exclama.

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Em resposta, Fux afirmou que poderia tomar até mais tempo ainda. “E é preciso parar mais ainda! [...] O objetivo é enfrentar com responsabilidade os temas sem torná-los midiáticos”, disse.

Juiz de garantias

Em 2019, Jair Bolsonaro (PL) sancionou a instituição do juiz de garantias, articulado à Operação Lava Jato. A função seria de estar à frente de um caso na junção das provas, havendo um segundo juiz para decidir pela sentença.

O debate acerca da aprovação ou não do juiz de garantias foi suspenso por Fux em 2020. Durante a sessão desta quinta-feira, o ministro Dias Toffoli solicitou vista do julgamento e a sessão será retomada na primeira semana de agosto, após o recesso do Judiciário.

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a fazer piada sobre a obesidade do ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, mesmo após repercussão negativa em episódio anterior. Durante reunião ministerial, nesta quinta-feira, 15, o petista afirmou que o almoço seria servido durante as falas dos presentes e que serviriam "pouca comida" para Dino. A declaração do chefe do Executivo foi recebida pelos presentes em tom de brincadeira.

"Essa reunião vai demorar pelo menos umas seis horas ou um pouco mais. Não teremos almoço. O almoço será uma comida leve servida aqui na mesa, ninguém precisa se levantar. Enquanto um fala, os outros comem e assim a gente vai se revezando a nossa degustação na hora do almoço. O Flávio Dino também, mas nós vamos trazer pouca comida para ele", disse o presidente. A fala de abertura do evento foi transmitida no seu canal no YouTube.

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Após o comentário de Lula, uma pessoa presente no encontro disse, duas vezes ao fundo em voz alta, que a declaração era bullying. O presidente não respondeu.

Essa não é a primeira vez que o presidente faz esse tipo de "brincadeira" com Dino. Em março deste ano, Lula fez um comentário semelhante em discurso feito no lançamento do Pronasci II (Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania). "A obesidade causa tanto mal quanto a fome. É por isso que Flávio Dino está andando de bicicleta", disse.

Na época, o comentário do presidente resultou em uma repercussão negativa para ele. No Twitter, internautas se dividiram em classificar a declaração do petista como brincadeira e grosseria, já que obesidade é uma doença crônica, definida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como o acúmulo anormal ou excessivo de gordura no corpo.

Encontro ministerial

Lula abriu a reunião desta quinta-feira declarando que "novas ideias" estão "proibidas" e que o governo terá de cumprir o que prometeu. O petista pediu que os ministros dissessem o que já foi feito em suas pastas, citassem dificuldades e adiantassem os próximos passos. Segundo Lula, o governo terminou a primeira etapa de reorganização das políticas públicas.

"Essa talvez seja a última reunião ordinária que eu faça antes da reunião que faremos no fim do ano. Até agora tratamos da organização dos ministérios, da briga do orçamento, tentando recuperar parte de todas as políticas públicas que tinham sido desmontadas, essa parte já está cumprida. Precisamos fazer o lançamento do Luz para Todos, que ainda vamos anunciar, e do Água para Todos", afirmou, na abertura da reunião ministerial.

Todos os ministros foram convidados. A titular do Turismo, Daniela Carneiro, participou do encontro que deve marcar sua despedida do governo. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, não participou da reunião após ser internada em São Paulo com fortes dores na coluna. O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, também não compareceu ao encontro, pois estava na conferência da Organização Internacional do Trabalho (OIT) em Genebra, na Suíça.

O Superior Tribunal Federal (STF) é uma instituição do Poder Judiciário responsável por fiscalizar as atividades do Executivo e do Legislativo, para que a Constituição Federal seja cumprida e resguardada. O órgão é composto por 11 ministros, incluindo um presidente e um vice-presidente. A indicação de um nome para ocupar uma das cadeiras é feita pelo presidente da República, caso que teve grande repercussão nas últimas semanas após o presidente Lula (PT) ter indicado o advogado Cristiano Zanin, que foi responsável pela sua defesa durante as investigações da operação Lava Jato.

De acordo com a cientista política, Stéphanie Moura, a indicação não foi considerada de bom tom, por uma série de motivos. “Atualmente, o STF conta com apenas duas mulheres e nenhum negro em sua composição. Uma vez que o Presidente Lula fez questão de subir a rampa do Palácio do Planalto com representantes do povo brasileiro, de diversas raças e origens, esperava-se uma indicação de maior representatividade”, comentou Moura ao LeiaJá.

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“Além disso, a proximidade pessoal do Zanin, sendo casado com a afilhada de Lula e atuando como advogado pessoal há cerca de 10 anos, compromete o princípio da impessoalidade do Presidente da República. É importante refletir se a reação do público seria a mesma se Jair Bolsonaro fizesse uma indicação nos mesmos termos”, observou a internacionalista.

Indicações anteriores

O cargo no STF é vitalício, com aposentadoria compulsória aos 75 anos. A próxima aposentadoria será da atual presidente do órgão, Rosa Weber, em outubro deste ano. Weber foi indicada pela então presidente Dilma Rousseff, que também indicou Luiz Fux, Luís Roberto Barroso e Luiz Edson Fachin.

“No Brasil temos a separação dos três poderes, porém, são coexistentes e complementares em suas decisões. Então, é natural que as indicações sejam não apenas pelo saber jurídico dos indicados, como também pela afinidade do presidente com o indicado, que muitas vezes compartilha dos mesmos ideais e visões”, explica Moura.

Após a saída da petista, as indicações seguintes foram feitas por Michel Temer (PSDB), que levou Alexandre de Moraes, e Jair Bolsonaro (PL), que apontou Nunes Marques e André Mendonça para as cadeiras disponíveis. Moura analisa que as indicações de Bolsonaro foram consideradas polêmicas na época, como o comentário que ele fez sobre André Mendonça ser “terrivelmente evangélico”. Para a cientista política, um ponto importante foi no período das eleições de 2022, que “era notável a ansiedade de Jair Bolsonaro por sua próxima indicação, até pela quantidade de ministros indicados por Lula e Dilma, de esquerda, em uma clara busca por “empatar o jogo”.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva convidou parte dos ministros que compõem o governo para um churrasco no Palácio da Alvorada, residência oficial nesta sexta-feira, 26. A confraternização foi pensada por Lula após uma dura semana marcada por derrotas no Congresso e disputas internas dentro do governo.

O presidente, porém, optou por convidar apenas alguns nomes dos 37 integrantes do primeiro escalão do governo. Dentre os selecionados estão aqueles com maior proximidade a Lula e que despacham diariamente com ele, como o ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, e o ministro das Comunicações, Paulo Pimenta.

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O churrasco repete uma prática frequente dos mandatos anteriores de Lula, que era a reunião de seus subordinados em contextos mais leves para "entrosar" a equipe. Na primeira passagem do petista pelo Planalto, eram comuns as peladas de futebol entre ministros na Granja do Torto.

Em seus mandatos anteriores, Lula também costumava jantar com seus aliados e até mesmo com alguns opositores para fazer as costuras políticas sem a pressão inerente aos gabinetes de Brasília. Essas práticas ainda não tinham sido trazidas para a atual gestão.

Como mostrou o Estadão, Lula está blindado pelos seus ministros da articulação política e tem se distanciado do "corpo a corpo" da política. O presidente tem concentrado sua agenda em temas maiores e mais distantes do varejo da negociação com o congresso, como as costuras geopolíticas e as reuniões com os chefes de poderes.

A estratégia de convocação em massa de ministros do governo Luiz Inácio Lula da Silva para audiências em comissões da Câmara dos Deputados serviu para propagar desinformação e esvaziar o debate público nas redes sociais. Levantamento mostra que grupos bolsonaristas conseguiram maior engajamento na pauta do que a esquerda, em grande medida, por meio de fake news recicladas e especulações sobre os atos golpistas de 8 de janeiro.

Dados de um levantamento da empresa de análise de dados Codecs, realizado a pedido do Estadão, apontam que 52% das menções diretas nas redes sociais a respeito das audiências foram contrárias aos ministros. Só 26% da amostra favoreceram os auxiliares de Lula e os outros 22% dos posts foram classificados como neutros.

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Em número de reações, os grupos bolsonaristas conseguiram quatro vezes mais relevância do que apoiadores do governo. No YouTube, os lulistas surpreendem com 65% de menções positivas, mas os conteúdos somam menos visualizações do que os dos opositores. A análise envolve uma amostra de 1.878 posts de Twitter, Facebook, Instagram e YouTube publicados entre os dias 15 de março e 13 de abril.

Na lista de mensagens com maior engajamento nas redes sociais aparece uma série de conteúdos enganosos. O ministro da Justiça, Flávio Dino, por exemplo, teve dois requerimentos aprovados para "prestar esclarecimentos", entre outros assuntos, sobre sua visita ao Complexo da Maré, no Rio.

Influenciadores bolsonaristas insinuaram que o ministro teria comparecido à favela sem escolta policial, o que não é verdade, e que o encontro teria tido aval da facção criminosa Comando Vermelho. Presentes na reunião da Comissão de Constituição e Justiça e Cidadania, em 28 de março, deputados como Nikolas Ferreira (PL-MG) e Rodrigo Valadares (União Brasil-SE) usaram da fake news para espalhar suspeitas.

Trechos das falas dos parlamentares, sem a resposta do interlocutor, passaram a circular nas redes. Uma página no Facebook chegou a mais de 3 milhões de visualizações com o recorte de Nikolas. Já Valadares publicou a fala para mais de 858 mil espectadores. No post, há troca de letras por números em palavras como "crim3 organiz4do" - tática para driblar a moderação na plataforma.

Professora da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP), Tathiana Chicarino avalia que os requerimentos estão servindo para que grupos de extrema direita reforcem desconfianças já trabalhadas nas redes. "Funciona como um argumento de autoridade. Esses grupos dizem que o ministro foi ao Congresso prestar contas sobre isso, numa lógica de que algo deve estar errado."

DROGAS

Houve mais provocações durante a sabatina do ministro de Direitos Humanos, Silvio Almeida, à Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado, em 12 de abril. O deputado Paulo Bilynskyj (PL-SP) questionou as políticas de descriminalização das drogas defendidas por Almeida, o convidou a visitar a Cracolândia, em São Paulo, além de sugerir uma ligação entre a facção Primeiro Comando da Capital e o PT.

De forma calma e em tom professoral, Almeida respondeu que "ações ostensivas, que não levam em consideração questões de saúde pública, resultaram não na resolução do problema, mas no espalhamento da Cracolândia", situação que tem levado comerciantes a fecharem as portas.

Sobre a acusação relacionada ao PCC, o ministro classificou como "uma desfaçatez". "Essa é uma provocação que não está à altura do Parlamento brasileiro", disse Almeida.

ESCALADA

Ainda que os convites a ministros de Estado em comissões na Câmara não sejam uma novidade (o mesmo ocorreu com Jair Bolsonaro, em 2019), especialistas dizem acreditar que a retórica se tornou mais agressiva.

Para o professor de Marketing Político da ESPM Marcelo Vitorino, a adoção de uma linguagem mais extrema passa por uma tentativa desses opositores do governo de nivelar o discurso. "A impressão que tenho é que esse grupo (de deputados bolsonaristas) foi classificado como violento e agressivo e agora tenta fazer com que o governo se comporte da mesma forma."

A pesquisadora Maria Carolina Lopes, especialista em democracia e comunicação digital, destaca que os convites são instrumentos legítimos, mas que as reuniões têm sido marcadas apenas por polêmicas e tentativas de "lacração" e não por debates democráticos. (Colaborou Rubens Anater)

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Ainda sem conseguir instalar a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos golpistas, a oposição ao governo Luiz Inácio Lula da Silva deflagrou uma estratégia para antecipar as investigações. Dispostos a mirar na atuação do Poder Executivo no dia 8 de janeiro, integrantes dos partidos de oposição vão usar as comissões temáticas da Câmara para cobrar explicações da gestão petista.

O movimento oposicionista se concentra, principalmente, nas comissões de Fiscalização Financeira e Controle (CFFC) e de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado, ambas dominadas por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Até mesmo a Frente Parlamentar Evangélica se tornou um braço das operações de apoio aos presos na Papuda e na Colmeia, no Distrito Federal.

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Nesta terça-feira (28), o ministro da Justiça, Flávio Dino, vai falar na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados sobre que medidas foram tomadas pelo governo após as invasões de 8 de janeiro, mudanças na política de controle de armas e a visita que fez ao Complexo da Maré. Os deputados bolsonaristas Carlos Jordy (PL-RJ) e Caroline de Toni (PL-SC) queriam que o ministro fosse convocado, sob risco de cometer crime de responsabilidade caso não comparecesse, mas o requerimento foi transformado em convite.

A Comissão de Segurança Pública, controlada pela bancada da bala, também aprovou requerimentos para convidar Dino e os ministros do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Marco Edson Gonçalves Dias, dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, o diretor-adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alessandro Moretti, para falar sobre a ação dos extremistas que vandalizaram o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Palácio da Planalto.

Os integrantes da oposição querem explorar a possibilidade de conhecimento prévio dos atos. As reuniões com os ministros estão marcadas para abril. A audiência com o ministro Dino será em reunião conjunta com a CFFC.

Além dos convites aos ministros, o colegiado também aprovou uma visita aos presídios da Papuda e Colmeia, para apurar a situação dos presos, ato também planejado pela bancada da Bíblia. Desde março, o presidente da Frente Parlamentar Evangélica, deputado Eli Borges (PL-TO), organiza uma visita aos detidos. Há duas semanas, Eli solicitou ao ministro do STF Alexandre de Moraes uma visita da comitiva da bancada ao complexo da Papuda.

'CPMI 8 de janeiro Já'

A CPMI é uma das principais pautas movida pelos congressistas bolsonaristas e é usada para mover a base de apoiadores nas redes, desmotivada após as prisões e ações coordenadas pelo ministro Alexandre de Moraes em deter os financiadores e grupos que coordenaram os atos. Alguns parlamentares adesivaram "CPMI 8 de janeiro Já" na porta de seus gabinetes, como é o caso do senador Magno Malta (PL-ES). O número total de acusados pelos atos é de 1.187 pessoas até este momento.

Na semana passada, Nikolas Ferreira (PL-MG) e Filipe Barros (PL-PR) conversaram com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e acertaram que a leitura da instalação da CPMI será feita na sessão conjunta, prevista para entre os dias 11 e 14 de abril.

Pacheco afirmou que mantido o número mínimo de 181 assinaturas de deputados e de 27 senadores, haverá a instalação da comissão em abril. Na última atualização desta quarta-feira, 22, 193 deputados e 37 senadores preenchem o requerimento de André Fernandes (PL-CE).

As comissões sob controle de bolsonaristas pretendiam convocar os ministros, tornando a aparição deles obrigatória, mas após um acordo entre os líderes do governo e da oposição, ficou acertado que os chefes das pastas seriam convidados. Ainda assim, a pressão sobre eles não se arrefece. Dino recebeu uma comissão de 27 deputados federais nesta semana para conversar sobre a situação do cadastro de armas dos colecionadores, atiradores e caçadores (CACs), o que foi bem visto aos membros da comissão, que ainda aguardará os próximos passos.

"Ele (Dino) sinalizou bem, ele foi receptivo. A gente fica no aguardo do dia 28. Mas se nada for feito, a gente volta a fazer a convocação", disse Alberto Fraga (PL-DF), novo presidente da bancada da bala.

O ministro é o principal alvo da Comissão de Segurança Pública, que protocolou 16 diferentes pedidos de requerimentos de convocação desde a instalação dos colegiados na semana passada. O movimento é uma reação da oposição à postura do governo em relação à restrição às armas no Brasil e ao requerimento feito pelo ministro ao STF para incluir sete congressistas, deputados e senados, no inquérito das fake news - a maioria deles membros da Comissão de Segurança Pública.

Dino diz que viu "multiplicação organizada e sistemática de um grupo visando propagar, pelo menos, duas fake news": a de que Dino se reuniu com traficantes ou chefes de organizações criminosas; e a de que ele estava sem escolta policial, o que seria "absolutamente mentiroso", segundo ele. A ida do ministro ao complexo da Maré, no Rio de Janeiro, é um dos argumentos da base bolsonarista para chamar o ministro.

A comissão ainda convidou a ministro do Turismo, Daniela do Waguinho (União-RJ), para falar sobre seu suposto envolvimento com milícias no Rio de Janeiro. Em questão de ordem apresentada na quarta-feira, 22, o líder do União Brasil na Câmara, Elmar Nascimento (BA), argumenta que não compete à comissão de segurança o requerimento, seja de convocação e convite, pois "o campo temático dessa Comissão em nada tem a ver com as atribuições da ministra", e pediu que o presidente do colegiado, deputado Sanderson (PL-RS), não acolhesse o pedido.

O presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e ministros de Estado cancelaram a ida à China após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciar que suspendeu a viagem por recomendação médica. Lula foi diagnosticado com broncopneumonia bacteriana e influenza A e está em observação. O Palácio do Planalto informou, neste sábado (25), que a visita será remarcada para uma "nova data" e que as autoridades chinesas foram comunicadas.

Uma parte da comitiva de Lula já está na China, além de uma centena de empresários. Com o cancelamento da missão, autoridades que decolariam junto com o presidente também adiaram a viagem, que perdeu o status de encontro de chefes de Estado.

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Em nota, Pacheco confirmou que permanece no Brasil e aproveitou para "estimar uma pronta recuperação ao presidente Lula". Além do presidente do Congresso, os ministros de Estado que seguiriam com Lula permanecerão no País, como Fernando Haddad (Fazenda), Marina Silva (Meio Ambiente), Luciana Santos (Ciência e Tecnologia) e Juscelino Filho (Comunicações).

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloízio Mercadante, viajaria no avião de Lula, e não embarcará. Dois diretores do banco, no entanto, foram para Pequim participar de atividades, aprofundar o diálogo com os chineses e vão manter a parte da agenda que estava programada em paralelo à presença do presidente no país asiático.

Os senadores Renan Calheiros (MDB-AL) e Jaques Wagner (PT-BA), que haviam sido convidados por Lula para integrar a comitiva, também não irão.

Em nota, o deputado federal Fausto Pinato (PP-SP), presidente da Frente Parlamentar Brasil/China do Congresso, também iria à Ásia. Em nota, o parlamentar lamentou o quadro de pneumonia do presidente e desejou "a mais plena e breve recuperação da sua saúde".

"A delegação parlamentar continua coesa e preparada para participar da viagem, em esforços conjuntos e harmônicos com o Governo Federal, tão logo a saúde do Presidente Lula esteja restabelecida e a missão seja retomada em estreito alinhamento com as autoridades chinesas", afirmou o deputado.

A viagem de Lula começaria nesta sábado, 25, mas o início foi adiado em um dia após o diagnóstico de pneumonia. O novo embarque estava previsto para a manhã deste domingo, 26. O presidente foi reavaliado e a equipe médica recomendou que o petista não viajasse neste momento.

"Após reavaliação no dia de hoje e, apesar da melhora clínica, o serviço médico da Presidência da República recomenda o adiamento da viagem para China até que se encerre o ciclo de transmissão viral", afirmou a médica Ana Helena Germoglio.

Ministros, diplomatas e uma delegação de 120 empresários do agronegócio já estavam em Pequim no aguardo do presidente. Eles participavam de eventos do setor e reuniões de trabalho e institucionais com autoridades do governo chinês. Outros empresários, de áreas como indústrias e comércio, têm desembarque em Pequim previsto para este sábado.

Sem Lula, os empresários devem manter agendas privadas e paralela na China. Além de compromissos com o presidente, eles têm reuniões com representantes dos seus respectivos segmentos e fóruns promovidos pela Apex e pelo Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri).

Auxiliares do presidente dizem que a remarcação de uma nova viagem de Lula à China depende não só da recuperação completa do brasileiro, após o fim do clico viral e de transmissão da Influenza, como também da possibilidade de reagendamento dos compromissos com Xi Jinping.

A Comissão de Direitos Humanos do Senado (CDH) aprovou nesta quarta-feira (15) oito requerimentos de convite para que ministros de Estado apresentem e discutam as atividades de suas respectivas pastas. 

Os convidados, e os respectivos requerimentos, são os seguintes: 

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ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara (REQ 2/2023-CDH);

ministra das Mulheres, Cida Gonçalves (REQ 3/2023-CDH);

ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeida (REQ 4/2023-CDH);

ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco (REQ 5/2023-CDH);

ministro da Previdência Social, Carlos Lupi (REQ 6/2023-CDH);

ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho (REQ 7/2023-CDH);

ministra da Saúde, Nísia Trindade (requerimento extra-pauta);

ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias (requerimento extra-pauta).

O autor dos oito requerimentos foi o próprio presidente da CDH, senador Paulo Paim (PT-RS). Ele afirmou que algumas das reuniões para ouvir os ministros podem ser promovidas de forma conjunta com outros colegiados da Casa, como a Comissão de Assuntos Sociais (CAS). 

Competência das comissões

Uma das atribuições das comissões parlamentares é convidar ministros de Estado ou titulares de órgãos diretamente subordinados à Presidência da República para que prestem informações sobre assuntos inerentes a suas atribuições. Também é papel dessas comissões acompanhar, fiscalizar e controlar as políticas governamentais pertinentes às suas áreas de competência. 

Convites como os aprovados pela CDH nesta quarta costumam ser feitos a cada dois anos, no início dos trabalhos das comissões, para que se conheçam os planos do governo para as suas diferentes áreas de atuação.

*Da Agência Senado

Duas comissões do Senado aprovaram o convite a nove ministros do governo Lula para apresentarem suas metas e propostas para os próximos dois anos. As reuniões são realizadas para que as comissões saibam o que esperar de cada pasta.

Marcelo Castro (MDP-PI), presidente da comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo, é autor de seis requerimentos, que foram aprovados, para convidar os seguintes ministros: Renan Filho, dos Transportes; Márcio França, de Portos e Aeroportos; Simone Tebet, do Planejamento e Orçamento; Waldez Góes, da Integração e Desenvolvimento Regional; Jader Filho, das Cidades; e Daniela Carneiro, do Turismo.

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A Comissão de Educação, Cultura e Esporte aprovou os requerimentos, assinados e relatados pelo senador Flávio Arns (PSB/PR), para convidar os ministros das respectivas temáticas: Camilo Santana, Margareth Menezes e Ana Moser.

As datas de apresentação de cada ministro são marcadas com integrantes do legislativo. Por se tratar de um convite, e não de uma convocação, os ministros não são obrigados a comparecer. No entanto, para evitar desgastes, as respostas são dadas em tempo hábil.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi visto, junto com o ex-ministro da Justiça Anderson Torres, em uma exposição de pássaros ameaçados de extinção, em outubro de 2021. A visita aconteceu antes do Ibama ter notificado Torres do desaparecimento de alguns animais da lista de ameaçados de extinção, que estavam em sua posse.

A visita foi feita na ocasião de um torneio organizado pela Confederação Brasileira de Criadores de Pássaros Nativos. No vídeo é possível ver o ex-presidente tirando fotos com algumas pessoas, enquanto observa bicudos e curiós. Eles estão em um galpão repleto de gaiolas com pássaros silvestres.

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Na última sexta-feira (24), Torres foi notificado pelo Ibama porque sete bicudos, ave conhecida por seu canto, sumiram do criadouro em sua residência. Ele se tornou suspeita de fazer comércio ilegal de aves em extinção.

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