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A Universidade de Brasília publicou a disponibilidade de 462 vagas abertas para ingresso na instituição. As oportunidades são para três categorias: 126 vagas em Transferência Facultiva (TF), 82 em diploma de curso superior (DCS) e 254 oportunidades em Vagas Remanescente (VR). As inscrições seguem até o dia 30 de setembro, com valores entre R$ 60 e R$ 100 reais.

Os selecionados darão início no dia 17 de janeiro, seguindo calendário do segundo semestre de 2021. Para modalidade de TF, a seleção utilizará o desempenho do candidato no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) dos anos de 2016, 2017, 2018, 2019 ou 2020. Já para Vagas Remanescentes, os candidatos devem ter realizado o Enem de 2018, 2019 ou 2020 e comprovar a conclusão do ensino médio ou curso equivalente. A modalidade de diploma de curso superior oferta aqueles que já concluíram alguma graduação e que realizaram o Enem de 2016, 2017, 2018, 2019 ou 2020.

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As graduações em arquitetura e urbanismo, artes cênicas (bacharelado), artes visuais (bacharelado/licenciatura), música (bacharelado), música (licenciatura) exigem, ainda, a Certificação de Habilidade Específica dentro do período de validade.

Para mais informações, como outros requisitos, os candidatos devem acessar o edital, no site da banca organizadora do processo seletivo.

Nesta quarta-feira (28), abriram as inscrições para o ingresso no segundo semestre de 2020 da Universidade de Brasília (UnB), com o uso da nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2019. Os interessados devem fazer as inscrições até às 18h, do dia 6 de novembro, pelo site do Centro Brasileiro de Pesquisa em Avaliação e Seleção e de Promoção de Eventos (Cebraspe).

Segundo a UnB, não haverá cobrança de taxa de participação. Ao total, são oferecidas 2.105 vagas para entrada em 98 cursos de graduação da instituição, conforme explica o edital de abertura.

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Poderá acessar as vagas aqueles que tiverem realizado o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2019, que substitui a forma tradicional de avaliação do candidato devido às limitações impostas pela pandemia da Covid-19. Os aprovados serão cadastrados no sistema da Universidade ainda neste ano e, de acordo com calendário de aulas, iniciarão as aulas no segundo semestre de 2020, previsto em 1º de fevereiro de 2021.

A Universidade também explica que “os candidatos podem optar entre três sistemas de ingresso: ampla concorrência (sistema universal), de cotas para escolas públicas e de cotas para negros”. Para tanto, basta acessar o edital de abertura publicado no site da banca organizadora.

Com relação ao cronograma, após a inscrições, entre os dias 9 e 10 de novembro será o prazo para conferir as fotos encaminhadas pelos candidatos. Em seguida, no dia 30 do mesmo mês, será divulgada a relação provisória dos homologados no sistema de cotas para escolas públicas, incluindo aqueles que concorrem a uma das vagas na condição de pessoas com deficiência.

Nos dias 1º e 2 de dezembro os candidatos poderão entrar com recursos contra as relações provisórias; e por fim, no dia 16 de dezembro será divulgada a lista final com os candidatos inscritos e homologados para concorrer pelo sistema de cotas para escolas públicas.

A UnB orienta que os estudantes sanem as dúvidas através do site do Cebraspe ou faça contato com a Central de Atendimento ao Candidato do Cebraspe, de segunda a sexta, das 8h às 19h – Campus Darcy Ribeiro, Sede do Cebraspe – pelo telefone (61) 3448 0100.

A Universidade de Brasília (UnB) anunciou, nesta quarta-feira (15), que o vestibular do 2º semestre foi adiado e não tem uma nova data para ser realizado. Além disso, no mês passado, a instituição já havia determinado a suspensão do semestre acadêmico por conta da pandemia do novo coronavírus.

"Importante esclarecer que os processos não estão cancelados e devem ocorrer assim que for possível o restabelecimento de atividades presenciais, conforme recomendações das autoridades de saúde e do Governo do Distrito Federal", afirma a UnB.

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Vale ressaltar, que além do vestibular do 2º semestre, todas as seleções realizadas no meio do ano terão editais lançados em um momento oportuno, com divulgação na página do Cebraspe.  

No ano passado, as inscrições para o vestibular foram abertas em 18 de abril e as provas aplicadas em 1º e 2 de junho.

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-->  UnB distribui álcool em gel de fabricação própria

A Universidade de Brasília (UnB) em parceria com a Prefeitura da UnB, Decanato de Administração (DAF) e o Instituto de Química (IQ) da Instituição, estão fabricando e distribuindo álcool em gel pelos campi da universidade. A iniciativa busca contornar o problema da falta do produto em supermercados, farmácias e distribuidoras, para que assim, mais pessoas possam higienizar as mãos. Vale ressaltar, que essa é uma das maneiras que a Organização Mundial da Saúde (OMS) indica para que se possa conter a disseminação do novo coronavírus. 

O objetivo da ação é dar mais segurança aos servidores e funcionários terceirizados, da área de limpeza e vigilância, por exemplo, que não podem realizar trabalho remoto. De acordo com a Unb, desde o dia 24 de março, foram fabricados 300 litros de álcool e gel. 

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O álcool em gel produzido teve como matéria-prima de 200 litros de álcool líquido 96%, que geralmente se utiliza em limpeza. De acordo com nota publicada pela universidade, o material utilizado já estava no estoque do almoxarifado da Prefeitura da Unb, além disso, uma equipe liderada pelo professor Floriano Pastore combinou o produto à carboximetilcelulose, insumo empregado na produção de látex.

O professor destaca o papel da Universidade e de centros de pesquisa neste momento crítico. “Sinto orgulho de estar dando essa contribuição com a minha equipe, dominando um processo diferente de produzir álcool em gel. Estamos sendo contatados por outras instituições para possibilidade de parceria na fabricação e suprimento deste produto para outros locais”, conta. “Enquanto não há crise, o conhecimento das universidades não é notado pela sociedade, mas quando necessário ele surge e se mostra pujante e forte”, afirma, de acordo com assessoria da UnB.

Em meio aos novos casos do coronavírus, a Universidade de Brasília decidiu, nesta quinta-feira (12), suspender todas as atividades presenciais. Aulas, palestras, seminários, eventos e colações de grau retornarão em breve, segundo um comunicado emitido pela UnB. Com intuito de evitar a disseminação do COVID-19, o calendário completo da universidade não foi interrompido.

Foi decidido que as atividades presenciais irão ser substituídas por exercícios domiciliares. A ideia do decreto do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) é que não haja aglomerações. 

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Confira a nota publicada no site oficial da UnB:

O Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) decidiu suspender, durante a vigência do Decreto n. 40.509, publicado em 11 de março pelo Governo do Distrito Federal, as atividades acadêmicas presenciais (aulas, palestras, seminários, eventos similares e as colações de grau) na Universidade de Brasília.

O decreto suspendeu aulas nas redes pública e privada do DF e restringiu outras aglomerações, com o propósito de conter o novo coronavírus (Covid-19). O calendário acadêmico não foi suspenso. As atividades presenciais na Universidade serão substituídas por exercícios domiciliares, sob a supervisão das unidades acadêmicas.

Antes de ser analisado pelos conselheiros, o decreto foi apreciado pelo Comitê Gestor do Plano de Contingência do Covid-19 na UnB, criado pelo Decanato de Assuntos Comunitários para monitorar a evolução da doença e dar orientações à comunidade da UnB sobre como proceder em cada fase do surto.

Embora classifique a medida do GDF como precipitada, diante do que orientam as autoridades de saúde, o Comitê reconheceu os outros impactos decorrentes do decreto para a sociedade do Distrito Federal, docentes, técnicos e estudantes, principalmente os que têm filhos pequenos. Tal parecer foi utilizado pelo Cepe para a tomada da decisão nesta quinta-feira.

Paralelamente à decisão do Conselho, a Administração Superior expedirá ainda nesta quinta-feira um ato que suspende as atividades administrativas presenciais na UnB. O ato considera igualmente as consequências geradas pelo Decreto n. 40.509 sobre o funcionamento da Universidade. Neste período, o trabalho será realizado remotamente e sob orientação de cada unidade administrativa.

A UnB continuará acompanhando os desdobramentos da pandemia de coronavírus e manterá a comunidade informada.

Reinaldo dos Santos Lima foi apresentado à música aos 10 anos de idade, quando a escola pública na qual ele estudava passou a ofertar aulas de violão. Aos 17, ele entrou para a Orquestra Municipal de Pacatuba, município em que reside desde a infância. Desde sempre, Reinaldo conta que o contato com os instrumentos trazia esperança, pois o ajudava passar por momentos difíceis da vida,  “A música é um sopro de alegria na alma das pessoas”, define ele.

Hoje, aos 24 anos, o jovem músico que se apresentava nas ruas de Fortaleza organiza as malas e a viola para continuar os estudos na Universidade de Brasília (UNB), uma das melhores e mais concorridas instituições de ensino do país.

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Filho de um pedreiro e uma costureira, o rapaz decidiu realizar apresentações em locais públicos para ajudar os pais nas contas de casa. Há dois anos, toca na Praça do BNB e na Praia de Iracema, em Fortaleza. Ali, conseguia os trocados para custear despesas como alimentação e passagens de ônibus. Foi assim que juntou dinheiro para prestar vestibular em Brasília. Aluno da Casa de Vovó Dedé, Reinaldo foi aprovado na UNB, mas ainda faltavam os recursos para a mudança e a manutenção na capital do país.

Tomando conhecimento sobre a história e o potencial do jovem artista, a diretoria do Emílio Ribas Medicina Diagnóstica decidiu ajudar Reinaldo com uma bolsa que possa custear os gastos dele nos próximos meses. Um incentivo na história do jovem músico que promete, em breve, ser destaque e revelação do Ceará para o mundo.

"O Emilio Ribas acredita que saúde também é promover o bem-estar e a sintonia entre corpo e alma. Por isso, apoiamos jovens cearenses da arte e da música. Fazíamos isso de maneira esporádica, de acordo com os perfis com que nos deparávamos. A ideia em 2020 é realmente criar uma equipe de talentos na arte, na cultura e no esporte: o Time Emilio Ribas. Nossa primeira integrante foi a pequena bailarina Naylica Goes, que segue conosco, e agora também vamos dar o suporte que o Reinaldo não só precisa como merece", explica cheia de orgulho a Dra. Rachel Petrola, diretora da empresa.

*Da assessoria

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A Universidade de Brasília (UnB) deixará de adotar o Sistema de Seleção Unificada (Sisu) a partir de 2020. O Exame Nacional do Ensino Medio (Enem), no entanto, não deixará de ser usado pela instituição. A diferença é que agora, os estudantes que quiserem concorrer a uma vaga na universidade deverão se inscrever em edital próprio da UnB e indicar o Enem como critério classificatório.

De acordo com a UnB, a nova seleção manterá o mesmo quantitativo de vagas que eram destinadas ao Sisu e será usada já no primeiro semestre do ano que vem. A inscrição para esse processo será gratuita, uma vez que o estudante já pagou para fazer a prova do Enem. 

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A publicação do edital ainda não tem data prevista. A mudança foi aprovada pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) em reunião no dia 27 de junho. 

A UnB passou a adotar o Sisu em 2014 ofertando pelo sistema metade das vagas do processo seletivo do primeiro semestre, o que equivale a 25% do total de vagas ofertadas no ano pela universidade. 

O Sisu é um programa do Ministério da Educação (MEC), que centraliza, duas vezes por ano, a oferta de vagas em instituições públicas de ensino superior. Para participar, o estudante precisa ter feito o Enem e não ter zerado a redação. Cada candidato pode escolher até duas opções de curso, que podem ser alteradas até o final do período de inscrição. Uma vez por dia, o sistema calcula a nota de corte com base nas inscrições feitas até então.  

De acordo com nota divulgada pela UnB, há incompatibilidade entre o calendário acadêmico da universidade e o que é estabelecido pelo MEC. Segundo a instituição, o registro precisava ser feito em um prazo curtíssimo, o que sobrecarregava as áreas técnicas e entrava em conflito com outros processos seletivos da universidade.

Outro problema é o não preenchimento de todas as vagas oferecidas pelo Sisu, sendo necessárias várias chamadas, o que prejudica o início do semestre letivo. Além disso, de acordo com a UnB, a evasão entre os estudantes que ingressam via Sisu é maior. Após o primeiro ano na universidade, a permanência de calouros que ingressaram por outros processos seletivos é de mais de 90%. No caso do Sisu, esse índice é até 20% mais baixo.

Fim do SisUnB

Além do ingresso pelo Enem, os estudantes podem concorrer a vagas na Unb pelo Programa de Avaliação Seriada (PAS), que é realizado ao longo dos três anos do ensino médio regular pelo vestibular. Os estudantes podem ingressar pelo PAS tanto no primeiro quanto no segundo semestre letivo. Metade das vagas ofertadas no ano são preenchidas por candidatos do PAS. 

Já o vestibular é realizado apenas para ingresso no segundo semestre letivo e é reponsável pelo preenchimento de 25% das vagas ofertadas no ano pela UnB. 

Com a nota em mãos, os estudantes que participavam da terceira etapa do PAS e do vestibular podiam ainda ingressar no chamado SISUnB, que funcionava de forma semelhante ao Sisu. Ou seja, o estudante tinha um período para verificar se poderia ser aprovado para o curso de preferência ou não e podia mudar a opção de curso, turno ou campus para aumentar as chances de ser aprovado. 

O Cepe aprovou o fim da possibilidade dessas mudanças nesses dois processos seletivos. Os candidatos deverão indicar, na inscrição, o curso que pretendem cursar e o SiSUnB não será mais utilizado. 

Um estudo recente de três pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB) evidenciou o desconhecimento de médicos heterossexuais quanto à homossexualidade. Visando identificar percepções equivocadas que podem prejudicar o atendimento de pacientes, Renata Corrêa-Ribeiro, Fabio Iglesias e Einstein Francisco Camargos questionaram 224 profissionais atuantes no Distrito Federal, a partir de um roteiro de perguntas formuladas por estudiosos norte-americanos.

Ao final do experimento, constatou-se que os participantes acertaram, em média, apenas 11,8 dos itens (65,5% das 18 respostas dadas). Alguns deles atingiram somente dois acertos.

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O número de erros foi maior entre católicos e evangélicos, que indicaram 11,43 alternativas corretas, em média. A pontuação dos médicos que informaram ter outras religiões ou nenhuma foi de 12,42 acertos.

Os participantes tinham, em média, 42 anos de idade, e eram majoritariamente mulheres (149 profissionais – 66,5%). À época da aplicação do questionário, a maioria (208 pessoas – 92,9%) exercia a atividade após concluir a residência médica.

Os autores do artigo, intitulado O que médicos sabem sobre a homossexualidade? e publicado no início do ano, destacam que a sociedade médica tem alertado, há algum tempo, para comportamentos de profissionais da categoria que podem prejudicar o atendimento do segmento LGBTI (lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e intersexuais).

Com medo de serem hostilizadas, as pessoas pertencentes a esses grupos podem acabar deixando, por exemplo, de fazer consultas periódicas, tão importantes na detecção de doenças em estágio inicial.

Riscos

O estudo constatou problemas como falta de treinamento de profissionais de saúde, que têm dificuldade de abordar questões relacionadas à sexualidade, presença de barreiras e práticas institucionalizadas consideradas preconceituosas. Segundo os autores, a desinformação dos profissionais de saúde aumenta o risco de adoecimento mental, suicídio, câncer e de contração de doenças sexualmente transmissíveis. Em alguns casos, apontou a pesquisa, a rejeição dos profissionais de saúde leva à evitação ou ao atraso no atendimento, ao ocultamento da orientação sexual, ao aumento da automedicação ou à busca de informações fora da rede médica, por meio de farmácias, de revistas, de amigos e da internet. Alguns pacientes só procuram o médico em situações de emergência ou em casos extremos, por receio de enfrentarem discursos homofóbicos, humilhações, ridicularizações e quebra de confidencialidade.

Erros

A questão que apresentou o maior percentual de erro, ressaltaram os pesquisadores, foi a 14, que pedia para classificar a informação de que quase todas as culturas têm mostrado ampla intolerância contra os homossexuais, considerando como “doentes” ou “pecadores”. Nesse caso, 154 médicos (68,8%) erraram a pergunta e julgaram o item verdadeiro, 37 médicos (16,5%) indicaram-no como falso, acertando a questão, e 33 (14,7%) não souberam responder. Um total de 34,4% dos entrevistados não soube responder se a homossexualidade era doença (item 6), 4,9% responderam que sim. O item 10, que afirmava que uma pessoa se torna homossexual por conta própria, foi considerado verdadeiro por 32,1% dos médicos, e 13,8% não souberam responder. “Essa resposta revelou que quase metade dos médicos desconhecia os vários aspectos biopsicossociais relacionados à homossexualidade e a atribuía simplesmente a uma escolha feita pelo indivíduo", escreveu o grupo de cientistas.

Violência contra LGBTI no Brasil

Em 2017, 445 lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBTs) foram mortos em crimes motivados por LGBTIfobia. O número, apurado pelo Grupo Gay da Bahia, é o maior desde o início da série do monitoramento, que começou a ser elaborado pela entidade há 38 anos. O índice representa um aumento de 30% em relação a 2016. Pelo mundo, a comunidade LGBTI tem conseguido galgar avanços na proteção a seus membros contra perseguições e ataques. Em setembro, a Índia descriminalizou a homossexualidade. A despenalização, que tinha como fundamento uma lei britânica de 150 anos, foi garantida por decisão da Suprema Corte do país.

Dados divulgados pelo Ministério da Educação (MEC), através do Censo de Educação Superior, mostram que a maioria dos estudantes universitários, cerca de 56%, não se forma no curso em que ingressaram originalmente, seja por mudança de instituição de ensino, dificuldades financeiras, falta de identificação com a área de estudos e mercado de trabalho ou desistência da graduação. São números que refletem uma dificuldade de definir o futuro profissional.

No meio do caminho entre o início dos estudos e o surgimento dos primeiros indícios de que talvez a primeira escolha não tenha sido correta ou que a universidade é diferente do que o estudante imaginava a princípio, muitos sentimentos como frustração de expectativas, pressão e medo podem aparecer.  Com eles, a sensação de infelicidade, vazio e problemas como ansiedade e a depressão podem piorar ainda mais o cenário de desestímulo aos estudos e trabalho dos universitários. O surgimento de problemas ligados à vida universitária e profissional é um problema muito recorrente, atingindo vários estudantes em diferentes universidades, regiões, países, cursos e áreas do conhecimento. 

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De acordo com a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), em 2016, 30% dos alunos de graduação em instituições federais no Brasil procuraram atendimento psicológico e mais de 10% fizeram uso de algum medicamento psiquiátrico.  Já o Health Science Center da Universidade do Texas, em San Antônio (EUA), fez uma pesquisa abrangendo mais de 2 mil pessoas e constatou que acadêmicos têm seis vezes mais chance de desenvolver ansiedade e depressão.

Na tentativa de reduzir esses índices e inspirado em experiências de sucesso realizadas em universidades estrangeiras renomadas como Harvard e Yale, o professor Wander Cleber Maria Pereira, da Universidade de Brasília (UnB), decidiu criar e ofertar a partir deste semestre (2018.2) uma disciplina eletiva chama “Felicidade”.  Wander é professor de engenharia no campus Gama da instituição de ensino, que concentra cursos da área das ciências exatas. Lá se observava um número ainda mais elevado de evasão, abandono, ansiedade e depressão grave, a ponto de chegarem cartas de pais de alunos solicitando que a instituição tomasse uma atitude para melhorar a experiência acadêmica dos estudantes. 

“Não será um curso teórico sobre felicidade, não vai ter provas, trabalhos, palestras de auto-ajuda. Vão haver algumas leituras, diálogos, compartilhamento de vivências. No primeiro momento, vamos na fundamentação da psicologia positiva sobre o que é a felicidade e características de pessoas felizes e autoconhecimento e depois vamos trabalhar estratégias de enfrentamento aos problemas, aumento de resiliência, como se expressar, conter e prevenir ansiedade, diferença de tristeza e depressão, tudo coletivamente. Ao final da disciplina, os grupos produzirão uma ação que traga mais felicidade ao campus e, fazendo isso, já estão aprovados”, explicou o professor. 

Leonardo Barbosa é estudante de engenharia civil e explica que escolheu esse curso pois sentia desde criança o desejo de trabalhar com áreas ligadas à construção. “Eu não sabia nem o que era um engenheiro civil. Depois que descobri, fiquei encantado”, contou. Ele decidiu investir a graduação em uma universidade que, em sua visão, tinha professores bem capacitados, bons laboratórios e apresentava inovações no método de ensino. 

Ele começou o curso no ano de 2015 e apesar de saber que seria um curso difícil e com “muita correria”, o estudante estava disposto a seguir carreira na área com a qual havia sonhado desde a infância. Tudo ia bem, tanto a nível acadêmico quanto profissiona,l com os estágios e perspectivas de mercado de trabalho para empregos efetivos. Os problemas começaram quando a área de estudos escolhida por Leonardo entrou em crise.

Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho, a construção civil está entre os setores que mais eliminaram postos de trabalho no ano passado e continua apresentando a mesma tendência em 2018.

Ao todo, 2.110 vagas formais para engenheiros civis foram fechadas no Brasil nos 12 meses encerrados em junho, o que significa uma queda de 3,2% de ocupação na profissão em relação aos 12 meses anteriores, até junho de 2017.  A retração do mercado não foi sentida apenas entre os profissionais formados, atingindo também Leonardo, que já estagiava e passou por um longo período de dificuldades. 

“Procurei pesquisar bastante a respeito do curso para saber como era, e sim, o mercado de trabalho era promissor na época, não sabia que o baque ia ser gigante como foi. Sofri na pele por isso. Passei por três estágios até a crise afetar uma empresa que trabalhava no final de 2015”, contou o estudante. 

Entre medos, frustrações, dificuldades financeiras e sofrimento emocional, era preciso encontrar algo para permanecer firme no propósito de se formar e seguir a carreira que havia sido escolhida. Ter em mente o tamanho da sua vontade de dedicar a vida profissional à engenharia civil foi o que manteve (e ainda mantém) Leonardo focado e otimista quanto ao trabalho. “O que me faz continuar é amor pelo que faço. Sempre enfrentar desafios diferentes. A busca por conhecimento diverso para solucionar os problemas que sempre aparecem”, afirmou o estudante.

Ele também destaca a importância da especialização em um cenário profissional muito competitivo. “Procure conversar com pessoas de outras áreas. Se tem desestímulo do mercado, se especialize. O mercado exige muito e a internet nos dispõe de um acervo absurdo de conhecimento”, aconselhou Leonardo.

Questionado se teria feito algo diferente em sua trajetória pelo ensino superior visando uma melhor preparação para o mercado de trabalho que o espera, Leonardo afirma que certamente mudaria a maneira como ele encarou a universidade e o futuro profissional assim que começou os estudos no nível superior. “Teria me dedicado mais no começo do curso, visto que entrei na faculdade aos 17 anos e ainda não pensava muito profissionalmente”, contou ele.

Às vezes é preciso recomeçar 

A solução encontrada pela jovem Kalu Gouveia seguiu uma linha diferente: o recomeço. Em 2012, logo que saiu do ensino médio, a estudante, que também é surfista e sempre adorou a praia, o mar e os animais marinhos, decidiu estudar oceanografia na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). “Eu era muito nova, não tinha ainda muita noção ainda do que eu queria e no começo eu estava curtindo o momento, mas o curso é muito Exatas e a gente paga o básico das cadeiras de engenharia e isso me desestimulou muito porque era matemática e física pura, não era voltado para o nosso curso”’, contou Kalu, que ao descobrir que o mercado de oceanografia é voltado à pesquisa e ao ensino, também não se agradou. 

Perto do sexto período, veio a desistência da graduação. Kalu passou a fazer cursinhos pré-vestibular para tentar entrar em medicina, porém, após dois anos de estudos sem obter a nota necessária no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para ser aprovada no curso, pressionada pelos pais, ela permanecia “sem rumo”. 

Por gostar muito tanto dos animais que estudou durante o período em que cursou oceanografia, quanto dos cães de sua família, Kalu decidiu que prestaria vestibular para o curso de medicina veterinária e foi aprovada na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), onde está estudando no momento. 

“É uma coisa bem prática, estou gostando muito, aprendendo muita coisa interessante e se tiver um animal precisando eu vou lá e posso ajudar. No final do curso de oceanografia eu fiquei bem depressiva, pensando que não tinha mais nada para mim e tinha perdido muito tempo da minha vida em um curso que não terminei, que estava velha vendo todas as minhas amigas quase se formando e eu saindo de uma faculdade e tendo que estudar para outra, começando tudo de novo”, contou a estudante.

As soluções para o problema  

De acordo com a psicóloga especializada em Gestão de Pessoas, professora e analista de RH do Grupo Ser Educacional, Juliana Paiva, quando um jovem entra na universidade, há muita ansiedade, pressão e expectativas em relação ao futuro profissional, além de se deparar com uma realidade diferente do colégio com o qual estava acostumado e, muitas vezes, com uma imagem de que na faculdade tudo será festivo. Tudo isso somado a um jovem que é diferente de uma pessoa mais velha e madura e à falta de autoconhecimento, segundo Juliana, pode levar a frustração, sentimentos ruins como o medo e a incerteza, estresse e, em casos mais graves, o adoecimento por sofrimento psicológico. 

Ela também coloca a alta competitividade do mercado de trabalho e a falta de identificação com a área de estudos e atuação profissional como fatores frustrantes que podem, a longo prazo, prejudicar a saúde mental dos estudantes universitários. “O aluno mais jovem não se conhece tanto, está envolvido de muita ansiedade de descoberta pelo novo, por uma nova rotina, novo círculo social, é muita emoção e isso pode ser frustrado”, conta a psicóloga. 

“Tudo começa com uma ansiedade porque se está em um mundo novo, com novas cobranças, e pode se intensificar, gerar adoecimento, estresse ou até a depressão”, explicou Juliana. A psicóloga lembra que é importante saber diferenciar momentos de tensão, tristeza e nervosismo passageiros de um problema persistente ou uma doença psicológica. De acordo com ela, quando o estudante percebe que está, de forma recorrente, sofrendo com altos níveis de estresse, irritabilidade, distúrbios alimentares e problemas do sono a ponto de afetar a vida social, os relacionamentos sociais e familiares, é hora de procurar apoio terapêutico e, caso necessário, psiquiátrico também. 

“É preciso que o estudante se situe, se imagine na área escolhida e pense se esse é o futuro que está esperando para si. Pensar no curso, na sua identificação, no mercado e nas áreas de atuação para definir se a atividade vai gerar prazer, se conhecer e avaliar o que a instituição de ensino lhe oferece”, explicou Juliana. 

Ela também afirma que, diante da constatação de que a escolha da graduação não foi acertada, o melhor a fazer é refletir para decidir, desta vez de forma mais consciente e cuidadosa, um novo caminho que seja mais satisfatório, além de recomeçar, seja retomando o mesmo curso em outro momento ou mudando a área de estudos e atuação profissional.

Juliana destaca também a importância de buscar informações e autoconhecimento antes de escolher a que curso se dedicar, se possível com aconselhamento junto a um profissional de psicologia, buscando identificar quais são as áreas de maior identificação. Também é importante prestar atenção às ferramentas de aprendizado prático e empregabilidade oferecidas pela instituição de ensino. 

“A universidade tem que se preocupar com esse problema e buscar diminuir a frustração do estudante, através de núcleos de carreiras onde a instituição faz a ponte entre o estudante e o mercado. Também é preciso ter uma estrutura que proporcione experiências práticas e um setor que apoie o estudante, psicológica e pedagogicamente”, pontuou a especialista. 

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A Universidade de Brasília (UnB) ofertará, neste semestre (2018.2), uma disciplina eletiva intitulada “Felicidade”. A ideia é abordar temas como autoconhecimento, qualidade de vida, tolerância, afeto e cuidado. 

O objetivo da disciplina não é dar uma fórmula pronta, mas ajudar os estudantes a descobrir meios de levar a vida sabendo lidar com desafios, expectativas e frustrações dentro e fora do ambiente universitário, combatendo ansiedade, depressão, insegurança e outros problemas. A oferta de cadeiras como essa já é uma realidade em outras universidades prestigiadas internacionalmente, como Harvard e Yale, cujas experiências de sucesso inspiraram o conteúdo oferecido pela UnB.

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De acordo com a declaração dada pelo professor da UnB Wander Pereira ao Metrópoles, “a ideia é tentar entender como podemos ser felizes aqui, no campus, e o que fazer para evitarmos a infelicidade".

Serão oferecidas 240 vagas a alunos de todos os cursos da instituição, sendo que 40 estão reservadas a universitários que fazem algum tipo de acompanhamento psicológico na UnB, que devem procurar a coordenação da Faculdade da UnB no Gama (FGA). Os demais devem realizar a matrícula online até a próxima segunda-feira (23). Confira a ementa da disciplina.

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O Conselho de Administração da Universidade de Brasília (UnB) decidiu, na manhã de quinta-feira (28), aumentar o preço das refeições do Restaurante Universitário, que passam de  R$ 2,50 para R$ 5,80. 

O Diretório Central dos Estudantes (DCE) chamou o aumento de exorbitante e afirmou, por meio de nota, que está estudando medidas para impedir a entrada em vigor do novo preço.

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O professor André Luiz Teixeira, decano de Assuntos Comunitários, afirmou que a medida estava sendo estudada desde setembro do ano passado e faz parte dos cortes de gastos que estão sendo promovidos por causa da crise financeira que a UNB enfrenta.

Para os estudantes com renda familiar por pessoa até um salário mínimo e meio, as refeições no RU continuam gratuitas. O valor de R$ 5,80 vale para os estudantes com renda acima disso. Já para os funcionários e visitantes o preço será de R$ 13 que corresponde, segundo a universidade, ao custo que o RU tem com cada refeição.

Por meio de nota, a UNB afirmou que cerca de R$ 30 milhões em recursos do Programa Nacional de Assistência Estudantil estão congelados pelo Ministério da Educação desde 2015 e que sem o aumento do preço, o gasto apenas com o RU chegaria a R$ 31 milhões em 2018.

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A reitoria da Universidade de Brasília (UnB) foi ocupada na quinta-feira (12) por centenas de estudantes em um ato em defesa da liberação de verbas para a instituição pelo Ministério da Educação, para atender às necessidades de custeio das atividades acadêmicas. Eles querem uma audiência pública reunindo a direção da UnB e o MEC, com a mediação do Ministério Público, para discutir as contas da universidade.

A ocupação ocorre em meio a uma crise financeira que atinge não somente a UnB mas também outras universidades públicas. Como resultado, a reitoria anunciou que diante da restrição orçamentária teria de adotar medidas de redução de recursos, como a demissão de funcionários terceirizados, o cancelamento de contratos de estágio e aumento nos preços no restaurante universitário.

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Em nota divulgada no Facebook, os estudantes que ocupam a reitoria se colocam contrários a essas providências. Além disso, querem a manutenção das bolsas de permanência, pagas a estudantes de baixa renda, e o restabelecimento de porteiros no turno da noite. “Mesmo com árdua mobilização dos trabalhadores e estudantes desde o início do ano de 2017, com a formação de comissões e ações a fim de impedir a aplicação dessas medidas de austeridade, faz-se necessário essa ocupação da reitoria”, diz a nota.

Sobre a polêmica acerca da situação financeira, reivindicam que o MEC libere as verbas arrecadadas pela UnB, mas também cobram da reitoria transparência nas contas e auditoria nos contratos com prestadores de serviço, chamados de serviços terceirizados. A audiência teria o objetivo de esclarecer a posição do ministério e da universidade e buscar saídas.

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Crise financeira

A direção da UnB já havia dado declarações de que os recursos disponibilizados eram insuficientes para o custeio da estrutura. Em março, uma audiência aberta à comunidade foi realizada para apresentar o quadro financeiro. Na ocasião, a reitoria informou a projeção de um deficit de R$ 92 milhões para o ano de 2018.

Na terça-feira (10), estudantes, professores e servidores promoveram um ato em frente ao Ministério da Educação para cobrar do órgão uma ampliação dos recursos previstos para o ano. No mesmo dia, estudantes ocuparam a sede do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação em protesto contra a crise na universidade e cobrando soluções.

Divergências

O Ministério da Educação disse que os dados apresentados pela direção da UnB são divergentes daqueles que o governo federal tem. Segundo os registros do Executivo, o orçamento da instituição aumentou de R$ 1,66 bilhão para R$ 1,73 bilhão de 2017 para 2018. As verbas para custeio foram ampliadas em 12%. E neste ano já teriam sido liberados 60% dos recurso para custeio.

De acordo com a direção da pasta, a UnB tem em 2018 o segundo orçamento em um grupo “do mesmo porte”, mas que teria gastado mais dentro deste grupo em “apoio administrativo, técnico e operacional”. “Os fatos relatados mostram que os problemas enfrentados pela UNB são no âmbito da gestão interna da instituição”, diz o MEC.

Em nota divulgada na quinta (12), a reitoria da UnB respondeu aos argumentos do MEC dizendo que embora o orçamento global tenha subido, os recursos para manutenção caíram de R$ 379 milhões, em 2016, para R$ 229 milhões em 2018, destacando que o ministério reduziu as verbas para essa finalidade em R$ 80 milhões.

O problema, segundo a direção da universidade, não é se houve ou não a liberação de 100% da verba, mas no fato do previsto para o ano ser insuficiente. Um primeiro obstáculo, segundo a UnB, está na Emenda Constitucional 95, que instituiu o teto para os gastos públicos, e o uso de receitas próprias. A reitoria alega que dentre os recursos levantados pela própria instituição, como por meio do aluguel de imóveis, só foi aprovada a inclusão no orçamento de R$ 110 milhões, frente a um total de R$ 168 milhões arrecadados.

A direção da UnB acrescenta no comunicado que vem adotando medidas de economia, como cortes em contratos terceirizados e economia em consumo de água. Diz também que apresentou ao MEC um plano de obras para colocar as demandas de investimento para o ano.

Impasse

No meio das divergências entre Ministério e reitoria, os estudantes querem uma audiência ainda na próxima semana e anunciaram que manterão o movimento até segunda-feira (16). A direção da UNB disse que está disposta a participar da reunião.

Já o MEC, em nota, disse que “qualquer discussão mais ampla em audiência pública precisa ser realizada após o resultado de uma possível auditoria”. Disse ainda que encerrou a negociação na terça-feira (11) em razão dos protestos na sede do ministério, mas que está disposto ao diálogo.

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O ministro da Educação Mendonça Filho (DEM) afirmou na manhã desta segunda-feira (26), que desistiu de acionar órgãos de controle do erário público para que investigassem se havia improbidade administrativa na oferta da cadeira eletiva “O golpe de 2016 e o futuro da democracia no Brasil”, na Universidade de Brasília, conforme havia prometido. O motivo alegado por ele foi que a conotação das discussões acerca desse tema estavam colocando a sua atitude como uma forma de censura ao exercício acadêmico nas universidades. 

“Eu disse que faria uma consulta aos órgãos de controle e terminei não fazendo, encaminhei uma análise da assessoria de assuntos jurídicos do MEC, composta por advogados da União (...) e preferi não levar adiante porque a conotação tava (sic) se levando para um debate de censura, intervenção na universidade e todos me conhecem, sabem que eu sempre fui uma pessoa que defendi a autonomia das universidades”, afirmou Mendonça. 

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A declaração foi feita durante uma entrevista concedida pelo ministro à Rádio Jornal na manhã desta segunda-feira (26). Ainda falando a respeito da oferta da disciplina, Mendonça Filho disse que o caso incitou uma discussão necessária sobre o caráter da universidade. Afirmou também que há segmentos dentro das universidades que se entendem como donos dos espaços acadêmicos e enxergam as instituições de ensino superior públicas como meios de propagação ativa de seus ideais. 

“Eles entendem como se porventura aquilo fosse um ativo, então eu acho que a gente tem que avançar para que as universidades voltem a ter papel plural e amplo e representativo. Eu vejo até situações em que na exibição de um filme, porque você discorda daquela ideologia, daquela tese, você vai à troca de tapas como se viu aqui na Universidade Federal de Pernambuco, então isso para mim é um retrato de um momento de intolerância. Ela é algo a ser rechaçado de todos os lados, não de um lado só”, afirma Mendonça. 

O ministro também contou que, ao visitar algumas universidades, foi recebido por esses mesmos grupos políticos de forma hostil. “Muitas vezes grupos organizados de militantes de PSOL, PT e PCDOB faziam verdadeiros corredores poloneses, eu fui recebido com um corredor polonês na Universidade Federal de Sergipe e eu acho isso o retrato daquilo que eu não acredito porque a crítica e a livre manifestação política tem que se dar de forma democrática, respeitando o direito de ir e vir e o direito à opinião”, reiterou.

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O ministro da Educação Mendonça Filho (DEM) está sendo processado por supostamente ter ferido a liberdade de cátedra do professor Luis Felipe Miguel e a autonomia da Universidade de Brasília (UnB) ao solicitar que órgãos públicos de controle investigassem a universidade por oferecer a cadeira “o golpe de 2016 e o futuro da democracia no Brasil”.

Há duas ações sendo movidas contra o ministro: uma no Conselho de Ética da Presidência da República, pela qual ele já foi notificado na última segunda-feira (26) e tem um prazo de até 10 dias para apresentar sua defesa, e outra na Procuradoria Geral da República (PGR), que também já notificou o ministro. Confira a representação e a notificação da Comissão de Ética Pública. O LeiaJá procurou a Procuradoria Geral da República (PGR) para solicitar cópias dos documentos contra o ministro, mas não obteve resposta.

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De acordo com o despacho assinado pelo conselheiro-relator e presidente da Comissão de Ética Pública do Conselho de Ética da Presidência da República, Mauro de Azevedo Menezes, “É pertinente ao crivo da ética pública a verificação de possíveis abusos no exercício do poder por autoridades abrangidas pela competência da CEP [Comissão de Ética Pública], inclusive no que concerne à suposta violação de garantias constitucionais asseguradas a servidores públicos”.

As representações contra mendonça são assinadas pelo ex-reitor da UnB José Geraldo de Souza Júnior, pelo líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta (RS), o deputado Wadih Damous (PT-RJ), o advogado Patrick Mariano Gomes e o ex-procurador-geral do Estado de São Paulo Marcio Sotelo Felippe. Nos documentos, eles solicitam a instauração de processo contra o ministro por improbidade administrativa e que sejam sustados os efeitos de ofícios e outras manifestações do Ministério da Educação (MEC) que tenham a intenção de constranger o professor Luís Felipe Miguel, que coordena o curso. 

“Cortina de fumaça para intimidar uma apuração democrática”

Procurada pelo LeiaJá, a assessoria do ministro informou que ele foi notificado a respeito das duas representações e que elas mostram “a inversão de valores típica do modo petista de operar”, deixando clara a “tentativa do PT de criar uma cortina de fumaça para intimidar uma apuração democrática sobre a probidade do uso dos recursos públicos neste caso”. 

No que diz respeito às universidades que, após a UnB, também decidiram oferecer cursos semelhantes, e à própria UnB, a assessoria de Mendonça Filho afirmou que o assunto está sendo tratado pela consultoria jurídica do ministro. 

Confira a nota da assessoria de Mendonça Filho na íntegra

A representação junto ao Comitê de Ética da Presidência da República contra o fato de o ministro da Educação, Mendonça Filho, solicitar a órgãos de controle uma apuração sobre possível uso da máquina pública na Universidade de Brasília para doutrinação política e ideológica mostra a inversão de valores típica do modo petista de operar. Essa denúncia deixa clara a tentativa do PT de criar uma cortina de fumaça para intimidar uma apuração democrática sobre a probidade do uso dos recursos públicos neste caso. O ministro da Educação está cumprindo o papel constitucional de solicitar apuração do bom uso de recursos públicos, sob pena de, se não fizer, responder por omissão. 

A consulta aos órgãos de controle visa apurar possível prática de improbidade administrativa por parte dos responsáveis pela criação da disciplina “O golpe de 2016 e o futuro da democracia no Brasil”, no curso de Ciência Política da UnB, sem base científica e por fazer possível proselitismo político e ideológico do PT e do lulismo. A disciplina, em seu conteúdo, apresenta indicativos claros de uso da estrutura acadêmica, custeada por todos os brasileiros, para benefício político e ideológico de determinado segmento partidário em pleno ano eleitoral, algo que pode desrespeitar o artigo 206 da Constituição Federal, que estabelece, em seu inciso III, sobre o direito de aprender dos estudantes respeitando o pluralismo de ideias. 

O ministro Mendonça Filho reafirma o respeito à autonomia universitária, à liberdade de cátedra e à UnB ou qualquer outra universidade brasileira. Assim como também reafirma a crença de que a universidade pública deve ser um ambiente plural, democrático e onde o recurso público seja usado com probidade. E lamenta que o drama da educação brasileira com indicadores como o da Avaliação Nacional de Alfabetização que mostra que 54% das crianças brasileiras terminam o terceiro ano do fundamental sem estarem alfabetizadas adequadamente não mobilize esses setores das universidades federais preocupados exclusivamente com a doutrinação ideológica”.

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Depois da Universidade de Campinas (Unicamp) anunciar uma cadeira sobre “o golpe de 2016 e o futuro da democracia no Brasil” em solidariedade à Universidade de Brasília e ao professor Luis Felipe Miguel e em repúdio às declarações do ministro da Educação Mendonça Filho (DEM), mais uma instituição de ensino superior pública decidiu discutir o tema na graduação de ciência política. A Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) anunciou, nesta terça-feira (27), em seu site oficial, que oferecerá uma cadeira com o mesmo nome com o objetivo de reforçar a “afirmação da autonomia universitária, debate político e reflexões sobre perspectivas futuras”. 

A disciplina terá 40 horas/aula e será ministrada às quartas-feiras, das 7h30 às 10h30, no auditório do Centro de Humanidades (CH) da universidade, oferecendo 80 vagas para “a comunidade acadêmica e todos os cidadãos que se interessarem pelo debate em questão”, segundo a instituição. Os interessados em participar devem se inscrever comparecendo ao centro ou através de um formulário online. 

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O conteúdo da cadeira será abordado por representantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-Secção/PB) e professores de diferentes cursos do Centro de Humanidades (CH) da UEPB, além de docentes do Centro Brasileiro de Estudos Sociais e Políticos (CEBESP) e da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).  

Para o professor Agassiz Almeida Filho, que é um dos idealizadores do curso, a atitude do ministro Mendonça Filho de acusar a Universidade de Brasília (UnB) de improbidade administrativa e o professor Luis Felipe Miguel de ofertar uma cadeira político-partidária e sem base científica é “uma afronta à autonomia das universidades, pois um dos papeis fundamentais que as instituições de ensino superior exercem é o de discutir os problemas da sociedade sem partidarismos, e sim em termos de política”, disse Agassiz. 

Ainda de acordo com ele, “Já chegou o momento de se discutir abertamente, de forma séria, acadêmica, sem paixões, o que aconteceu em 2016, buscando avaliar se houve ou não golpe político. Ou seja, se o impeachment contra a ex-presidenta Dilma Russeff se justificou ou não. Nesse sentido, o título do curso que propomos é autoexplicativo, e nós, do Centro de Humanidades da UEPB, estamos preparados para promover essa discussão com toda comunidade acadêmica e a sociedade”.

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A disciplina “Tópicos Especiais em Ciência Política 4: o golpe de 2016 e o futuro da democracia no Brasil”, oferecida pela Universidade de Brasília (UnB), que tem gerado polêmicas após declarações do ministro da Educação, Mendonça Filho (DEM), já está lotada e tem lista de espera com 16 pessoas e 48 estudantes matriculados, de acordo com a universidade.

O número de alunos interessados ainda pode aumentar a partir desta segunda-feira (26), quando será aberta a lista de espera junto com o período de modificação de matrículas. De acordo com a UnB, não existe possibilidade ou previsão de ampliação do número de vagas ou da abertura de mais turmas para a disciplina. 

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Unicamp 

Além da UnB, a Universidade de Campinas (Unicamp) divulgou uma nota de repúdio às declarações do ministro, oferecendo, no seu departamento de ciência política, uma cadeira com o mesmo nome da que será ofertada na Universidade de Brasília, em solidariedade ao professor Luis Felipe Miguel. 

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Na manhã desta sexta-feira (23), após conceder uma entrevista coletiva, o ministro da Educação, Mendonça Filho (DEM), respondeu a questionamentos do LeiaJá a respeito das declarações polêmicas que foram dadas através de suas redes sociais envolvendo a cadeira eletiva sobre ‘o golpe de 2016’ na Universidade de Brasília (UnB).

Além de repetir afirmações já divulgadas anteriormente a respeito da solicitação de investigação à probidade da oferta da disciplina, que na opinião dele “não tem base científica” e consiste em “propagação da ideologia petista” e “patrimonialismo, uma palavra que o PT gosta muito”, Mendonça afirmou que o MEC não tomará nenhum tipo de atitude em relação à oferta da cadeira, sendo qualquer tipo de possível apuração de supostas irregularidades a cargo dos órgãos de controle de patrimônio público para os quais ele afirmou que enviaria representações.

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“A análise será feita pelos órgãos de controle como se faz normalmente (...) Caberá ao órgão de controle que quiser analisar, avaliar se porventura isso é uma coisa aceitável ou não, não sou eu que vou determinar”, disse o ministro. 

Com a repercussão do caso, várias opiniões surgiram e várias pessoas acusaram a atitude de Mendonça como uma forma de censura e ataque à autonomia universitária, que é um princípio previsto na Constituição Federal de 1988. A respeito dessas afirmações, ele afirmou que o tipo de discussão e propagação de ideias de que a disciplina trata são teses políticas “malucoides, maluquice petista”, não tendo embasamento e, portanto, solicitar uma análise do ponto de vista administrativo não caracterizaria um desrespeito à autonomia institucional da UnB. 

“Em uma discussão de tese muito mais política o debate tem que ser dado pelos meios de comunicação, pelo congresso nacional, não transformar a universidade em uma espécie de gueto de dominação de um partido político. Então para mim a liberdade universitária está consagrada, eu nunca interferi e nem vou interferir nunca no seu conteúdo, mas o princípio da probidade ele está presente na administração pública e tem que ser respeitado”, disparou Mendonça. 

Questionado sobre a presença de textos acadêmicos na ementa da disciplina e sobre a natureza da ciência política, de estudar as diversas correntes de pensamento e fenômenos políticos nacionais e internacionais, o ministro afirmou que a disciplina “não é uma discussão de correntes, na verdade está discutindo uma corrente, que é a corrente do PT, é o domínio do PT, uma inverdade, uma mentira, que não tem nenhuma base científica”. Além disso, Mendonça também afirmou que “se você submeter a qualquer universidade do mundo a temática dessa disciplina, qualquer universidade do mundo sério, desenvolvido, você vai se dar conta de que isso é uma aberração”. 

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A oferta da disciplina “Tópicos Especiais em Ciência Política: O golpe de 2016 e o futuro da democracia no Brasil” pela Universidade de Brasília (UnB) gerou polêmica, dividindo a opinião de diversas pessoas a respeito da ementa da disciplina e de seu tema. Após declarações do professor titular da cadeira, uma nota oficial da universidade e muita repercussão, foi a vez do ministro da Educação Mendonça Filho (DEM) se pronunciar, manifestando sua opinião contrária à matéria em questão e afirmando que acionaria diversos órgãos públicos para investigar se existe "dano ao erário público ou atos de improbidade administrativa" através da oferta da disciplina.

O entrevistou educadores e uma professora de direito para entender o que os especialistas na área pensam a respeito da ementa e do nome da disciplina e da declaração de Mendonça Filho sobre o pedido de investigação à UnB e da legalidade ou não de interferências do poder Executivo nos conteúdos ministrados em universidades públicas.

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“Golpe é uma categoria analítica”

Para o professor livre docente em história contemporânea com atuação na área de ciência política da Universidade de Pernambuco (UPE), Karl Schuster, dentro da ciência política e nas universidades há professores com visões diversas a respeito do impeachment de Dilma Rousseff e não há problema de se falar a respeito de golpe enquanto conceito acadêmico aplicado a esse contexto. 

“O nome golpe é uma categoria analítica, então quando o professor bota os estudos sobre o golpe ligados ao impeachment não tem problema prático algum, há professores que veem o que houve com Dilma como golpe e outros que acham que foi legal e a universidade é um espaço de produção de ideias diferentes, não está satisfeito faz uma disciplina contrária, qual o problema?” Ainda de acordo com Karl, a atitude do ministro da Educação é inadequada e exagerada uma vez que as universidades têm autonomia para o livre exercício da construção do saber acadêmico juridicamente previsto pela Constituição Federal de 1988. 

Para o professor, o que o ministro alega é que se está usando dinheiro público para fazer proselitismo político ao PT e, na opinião dele, “A universidade é a junção da diferença de saberes independentemente de que lado estão. O ministro está se metendo na maior conquista acadêmica das universidades, e colocar órgãos públicos para investigar isso é claramente 'síndrome de perseguido', o governo leva tanta pancada que uma disciplina é mais importante que a situação caótica do ensino médio e a pauta do MEC é uma disciplina eletiva”, explicou ele. 

“exacerbando seus poderes”

Para a professora de direito da Faculdade de Direito do Recife (FDR/UFPE) Liana Cirne, a declaração de Mendonça Filho configura uma tentativa de interferência no conteúdo ensinado na universidade que vai além do que é, legalmente falando, atribuição do ministério enquanto órgão do Poder Executivo. De acordo com ela, “O MEC não poderia jamais se incluir nessa esfera, as atribuições do ministério não podem se configurar como censura, o que a gente está vendo é uma ação do ministro em algo para se incluir na esfera da liberdade da universidade”. 

No que diz respeito às declarações do ministro sobre a falta de base científica para a oferta do tópico especial, Liana diz é taxativa: “Temos uma larguíssima produção bibliográfica sobre o golpe de 2016, nacional e internacionalmente, é extremamente pertinente. Nós professores não doutrinamos, nós ensinamos e asseguramos diversidade de pensamento orientada por fundamentação teórica e critérios, o que não tem critério é o ministro ficar chateado com a disciplina e exercitar um poder de censura”.

"Ministro não tem qualificação"

Após toda a repercussão com o ministério e as notícias veiculadas na imprensa, o professor titular do departamento de ciência política da Universidade de Brasília (UnB), Luis Felipe Miguel, voltou a se posicionar sobre a polêmica. Além de agradecer a mensagens de apoio que recebeu, o professor afirmou que "o conteúdo da disciplina não é diferente daquilo que tem sido discutido por muitos colegas interessados em compreender o Brasil atual, o que causou reboliço foi o uso da palavra 'golpe' já no título da matéria". 

Além disso, o professor também afirmou que tem razões "muito sólidas para sustentar que a ruptura ocorrida no Brasil em 2016 se classifica como golpe" e que tem discutido temas como esse com seus alunos e com colegas de trabalho nos espaços do debate universitário e com a sociedade civil. No entanto, não irá "justificar escolhas acadêmicas diante de Mendonça Filho ou de seus assessores, que não têm qualificação para fazer tal exigência".

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Como se montam as ementas e disciplinas?

As ementas de tópicos especiais e disciplinas eletivas ministradas em cursos de graduação, como é o caso da polêmica que circunda a UnB, deve ser elaborada pela universidade e envolve todo um processo de avaliação de temas e bibliografias, segundo explica o diretor do Centro de Artes e Comunicação (CAC) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Walter Correia. Ele destaca que mudanças grandes na grade curricular dos cursos devem ser submetidas ao Ministério da Educação (MEC), mas atualizações de bibliografias e objetivos de disciplinas que não causem grandes mudanças em cadeiras obrigatórias e a definição de cadeiras eletivas derivadas de linhas de pesquisa da universidade não precisam ser submetidas ao ministério. 

Walter também explica que as propostas de inclusão de cadeiras eletivas ou alterações de ementas são feitas pelo departamento do curso, devendo depois ser aprovadas pelo colegiado, seguir para análise do conselho departamental e, caso aprovado, ser submetido à pró-reitoria responsável por questões acadêmicos e, só após a aprovação nessa última instância, ser disponibilizada para os estudantes.

Já se tratando de alterações grandes na grade curricular, o diretor explicou que, depois de a universidade aprovar, a proposta segue para o ministério, que pode aprovar ou solicitar mudanças prévias para determinados componentes curriculares. Uma vez aprovada, a nova grade curricular é disponibilizada em sala de aula. “As universidades têm autonomia, quando você submete um projeto para alterar a grade, passa pelo MEC. Se não está tendo uma mudança curricular, não sei se é correto o ministério interferir, acho estranho”, disse o diretor ao LeiaJá. 

Walter também explica que, para ele, não há nenhum problema com o nome da disciplina, com sua ementa e nem com a abordagem da temática dentro do curso de ciência política, uma vez que está alinhada com a temática dessa área do conhecimento. “Não vejo problema em ter esse conteúdo, especialmente sendo uma cadeira eletiva que paga quem quer. Não há impedimento sobre o nome, sobretudo para o curso de ciência política. Se fosse em design, por exemplo, eu me oporia por não ter a ver com o curso, mas dentro de ciência política é uma discussão que tem sentido”, pontuou o professor e diretor.

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Após a repercussão causada pela oferta da disciplina “O golpe de 2016 e o futuro da democracia no Brasil” na Universidade de Brasília (UnB), o ministro da Educação Mendonça Filho (DEM) afirmou, por meio de sua página oficial no Facebook, nesta quarta-feira (21), que é contrário à disciplina porque “toda disciplina precisa ter base científica — mesmo na área de ciências sociais” e que isso “não é uma questão de opinião, nem de reverberar a tese petista sobre o impeachment de Dilma Rousseff”.

Mendonça Filho afirmou ainda que nesta quinta-feira (22) irá acionar a Advocacia Geral da União (AGU), a Controladoria Geral da União (CGU), o Tribunal de Contas da União (TCU) e o Ministério Público Federal (MPF) para avaliar, de acordo com ele, “se há algum ato de improbidade administrativa ou prejuízo ao erário a partir da disciplina”. 

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Na opinião de Mendonça, a disciplina, que é ofertada de modo facultativo pelo curso de ciência política não deveria estar sendo oferecida porque para ele “não se pode ensinar qualquer coisa” e se cada pessoa construir uma tese e criar uma disciplina “as universidades vão virar uma bagunça geral” e “a respeitabilidade no ambiente acadêmico fica na berlinda”. 

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O que diz a UnB? 

Procurada pelo LeiaJá na quarta-feira (21), a Universidade de Brasília explicou que “a proposta de criação de disciplinas, bem como suas respectivas ementas, é de responsabilidade das unidades acadêmicas, que têm autonomia para propor e aprovar conteúdos, em seus órgãos colegiados”.

Além disso, também foi destacado que a disciplina em questão não é um ítem obrigatório do currículo do curso de ciência política. Ainda de acordo com o posicionamento oficial, “A UnB reitera seu compromisso com a liberdade de expressão e opinião - valores fundamentais para as universidades, que são espaços, por excelência, para o debate de ideias em um Estado democrático”. 

Liberdade, justiça social e rigor científico 

O professor titular do departamento de ciência política da UnB, Luis Felipe Miguel, será o responsável por ministrar as aulas da cadeira sobre “o golpe de 2016” e afirmou ao LeiaJá que a cadeira em questão é “uma disciplina corriqueira, de interpelação da realidade à luz do conhecimento produzido nas ciências sociais, que não merece o estardalhaço artificialmente criado sobre ela” e que “na academia é como no jornalismo: o discurso da ‘imparcialidade’ é muitas vezes brandido para inibir qualquer interpelação crítica do mundo e para transmitir uma aceitação conservadora da realidade existente”. 

Ainda segundo o professor, a disciplina está alinhada a valores e princípios fundamentais claros “em favor da liberdade, da democracia e da justiça social, sem por isso abrir mão do rigor científico ou aderir a qualquer tipo de dogmatismo” e que é assim que a universidade pode realizar seu compromisso de contribuir para a construção de uma sociedade melhor”.

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A Universidade de Brasília (UnB) oferecerá, no primeiro semestre de 2018, uma disciplina eletiva, chamada de tópico complementar, com o tema “O golpe de 2016 e o futuro da democracia no Brasil”. A disciplina, que é ofertada no âmbito do Grupo de Pesquisa sobre Democracia e Desigualdades (Demodê), já tem uma ementa definida e publicada no site oficial do grupo de pesquisa. O tópico especial será ministrado pelo professor titular do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília, Luis Felipe Miguel. 

De acordo com o texto da ementa, os objetivos da disciplina são “Entender os elementos de fragilidade do sistema político brasileiro que permitiram a ruptura democrática de maio e agosto de 2016, com a deposição da presidente Dilma Rousseff”, “analisar o governo presidido por Michel Temer e investigar o que sua agenda de retrocesso nos direitos e restrição às liberdades diz sobre a relação entre as desigualdades sociais e o sistema político no Brasil” e, por fim, “perscrutar os desdobramentos da crise em curso e as possibilidades de reforço da resistência popular e de restabelecimento do Estado de direito e da democracia política no Brasil”. 

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Entre os temas que a disciplina se propõe a debater, estão o período histórico do golpe de 1964 à Nova República, “O PT e o pacto Lulista”, “democratização e desmocratização”, as “jornadas de junho”, a destituição de Dilma e “o governo ilegítimo e a resistência”. Ainda de acordo com a ementa, o programa da disciplina é provisório e sujeito a mudanças. 

O LeiaJá procurou a UnB para saber se a instituição confirma a oferta do curso e se tem algum comentário a respeito da oferta do tópico especial. Além disso, buscamos contato com o professor Luis Felipe Miguel, que divulgou a oferta da disciplina nas redes sociais, para obter mais informações a respeito das razões para ofertar as aulas, mas ainda aguardamos resposta. 

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