Inicialmente, professora não conseguiu disponibilizar seu conteúdo. (Divulgação)
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Devido à pandemia do novo coronavírus, o isolamento social vem sendo uma das medidas mais eficientes adotadas pelos órgãos de saúde no combate a disseminação da doença. Por conta disso, diversas instituições de ensino fecharam suas portas mas não deixaram de ensinar seus alunos que, embora já estivesse habituado a ter aulas presenciais, tiveram que se readaptar à nova realidade, assim como os professores.
Débora Meneghetti, educadora de matemática do colégio GGE, localizado em Boa Viagem, Zona Sul de Recife, recebeu instruções técnicas da escola sobre a nova plataforma digital na qual tem que dar aulas. Porém, nesta primeira semana do mês de maio, na hora de dar sua aula a distância, ela não conseguiu disponibilizar seu conteúdo para os alunos na plataforma pois estava tendo dificuldades com a internet, o que a deixou muito triste e nervosa.
“Quando fui dá uma aula na segunda-feira (4) para meus alunos, preparei tudo, testei com um amigo, fiquei até 1h da manhã para finalizar o material, até então tudo estava funcionando. Quando chegou a hora da aula, às 11h, muito provavelmente por um problema na internet, não consegui compartilhar o arquivo que eu tinha preparado. Fiquei arrasada porque investi muito tempo, muito trabalho e muita dedicação neste material”, conta a professora que depois acrescenta: “Foi quando comecei a dizer para os alunos que eu estava muito triste porque não estava conseguindo e eles começaram a me mandar varias mensagens carinhosas. Comecei a me emocionar e depois eles perceberam que eu estava chorando”, disse.
A estudante do colégio e aluna da professora Laura Pinel, que publicou a foto no seu Twitter, disse que a situação a deixou muito incomodada, pois enquanto ela estava percebendo o estado emocional da professora, havia alguns alunos sorrindo da situação. "Tudo o que eu queria era poder ter atravessado a tela do computador, ter dado um abração nela e ter dito que estava tudo bem, porque afinal, todo mundo erra.” Ela ainda fala que, “querendo ou não, ainda é algo muito novo pra todo mundo, onde ainda estamos no processo de adaptação."
Ao ser questionada sobre qual era a mensagem que ela queria passar para as pessoas quando publicou o caso, a estudante responde: “Em primeiro lugar, empatia. Não só foi a professora Débora que sentiu dificuldades, muitos professores que foram pegos despreparados também estão tendo dificuldades com tudo isso. Com o ato de nos colocarmos no lugar deles, creio que o importante seja valorizarmos e nos dispormos a ajudá-los caso for preciso, porque com certeza cada profissional da educação está fazendo de tudo para dar o seu melhor nesse momento”, conclui.
Anabelle Veloso, gestora do colégio GGE, esclarece que os professores tiveram acesso a vários treinamentos teóricos e práticos e que depois começaram a utilizar uma estratégia no qual os professores que tinham uma maior desenvoltura, pudessem ajudar aqueles que não tinham. “Após o ocorrido com a professora Débora, ela teve um momento com o restante da equipe para dar um suporte", disse.
Casos como esse vem acontecendo com educadores de todo o país, uma vez que estão se readaptando ao novo modo de ensino a distância. O que a professora Débora Meneghetti não esperava era a repercussão e a onda de solidariedade nas redes sociais que este momento ocasionou. “Minha aluna Laura teve a delicadeza e a sensibilidade de perceber isso e mais tarde fez uma postagem no Twitter que viralizou”, conta a educadora.
Ela comenta que, “outros colegas meus já passaram por situações até mais difícil que a minha, só que eles não tinham uma aluna na sala com a sensibilidade de Laura. Nós professores passamos por muitos apertos no dia a dia, as coisas evoluem muito rápido e nem sempre somos formados para aquilo, como no caso das aulas a distância, mas temos que se atualizar porque é necessário para a educação”, conclui.
A página do Instagram (@recifeordinarioo) publicou o caso. “Todos estamos passando por um momento difícil, mas se a gente se ajudar e compreender a necessidade de cada um, vai dar tudo certo. E professora...a senhora é maravilhosa. Seus alunos te amam!”. Alguns internautas comentaram. "Todos estamos aprendendo. Se precisar de mais ajuda, estamos aqui”, disse um. “Parabéns a professora Débora e a todos os educadores que estão se reinventando diante desse desafio. Aos demais peço que valorizem os esforços dos profissionais da educação e das escolas para continuar funcionando e garantindo educação a milhares de estudantes e o emprego de diversas pessoas em nosso estado”, comentou o outro.
Débora brinca sobre a fama. “Essa fama é passageira, mas professora é sempre professora". Questionada sobre o amor pela profissão, a educadora respondeu. “A minha profissão é sem dúvida a mais importante, porque eu penso que alguém que ganhou por exemplo, o prêmio Nobel, teve um professor que o ajudou ler e a escrever. Professores deveriam ser mais prestigiados. Eu não vejo nossa função como trabalho, mas sim como uma missão, porque ajudamos com o futuro de todos”, finaliza.