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Os policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) envolvidos na perseguição que resultou na morte da menina Heloysa Gabrielly, de seis anos, na comunidade de Salinas, foram afastados das atividades na praia de Porto de Galinhas, Litoral Sul de Pernambuco. A criança foi morta com um tiro no peito, dentro de casa. A origem do projétil centraliza uma investigação das polícias Civil e Militar do estado, mas a versão unânime entre família e populares é de que os policiais chegaram atirando.

O anúncio do afastamento foi feito pelo secretário estadual de Defesa Social, Humberto Freire, na tarde desta quarta-feira (6), no Palácio do Campo das Princesas, onde os pais da menina foram recebidos pelo governador Paulo Câmara (PSB).

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"Os policiais que estavam na ocorrência, eles precisam realmente passar por todas as oitivas necessárias. E o comando da Polícia (Militar) já retirou daquela localidade, dessa atuação naquela localidade, e as investigações prosseguem. Não só nesse inquérito policial militar, mas na Polícia Civil, onde também serão ouvidos, e na Corregedoria", afirmou o Freire.

O secretário reforçou que os policiais não foram afastados das ruas, mas apenas da unidade que fica em Porto. "O Bope é uma unidade que normalmente fica aquartelada. Então, naquela localidade onde há um emprego, eles já foram retirados daquela operação", disse Humberto Freire.

Na saída do Palácio do Campo das Princesas, o pai de Heloysa deu uma declaração à imprensa. "Nós só queremos justiça. Eles (governo) estão em total apoio a nós. Eles passaram confiança de que não vai passar impune essa morte", afirmou o jangadeiro Wendel Fernandes.

“Nos solidarizamos com os pais de Heloysa, escutamos o que eles tinham a dizer, assim como os representantes das entidades de direitos humanos que os acompanharam, e asseguramos que a investigação do caso será rigorosa e célere”, completou o governador Paulo Câmara, por meio de sua assessoria.

Conflito entre as versões

Policiais do Bope alegam ter entrado em confronto com suspeitos de tráfico de drogas, que teriam fugido da abordagem policial em uma motocicleta durante patrulhamento na comunidade Salinas, onde a criança atingida morava. O coronel Alexandre Tavares, diretor Integrado Especializado da Polícia Militar, declarou anteriormente que não houve abordagem violenta e chegou a afirmar que os policiais não seriam afastados.

A família de Heloysa e diversas testemunhas da comunidade Salinas discordam da versão policial. Eles alegam que não houve confronto entre policiais e traficantes, e que o Bope chegou atirando, como já costuma fazer em operações na região. Moradores relataram medo e denunciaram abordagens ostensivas e abusos policiais

- - > LeiaJá também: 'Ninguém viu troca de tiros', diz tia de Heloysa

Nesta quarta (23) e quinta-feira (24), a vacinação itinerante do Recife vai a comunidade do Entra Apulso e outras quatro localidades no município. A Prefeitura informou que fará a busca ativa dos moradores sem doses, seja a primeira, segunda ou a de reforço.

Adolescentes a partir dos 12 anos e adultos poderão ser imunizados mesmo sem agendamento. A ação exige apenas a apresentação de documento de identificação com foto e comprovante de residência. 

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Caso não possua o comprovante ou o certificado de domicílio eleitoral, é possível utilizar uma autodeclaração de moradia, elaborada especificamente para esta ação.

A gestão calcula que 68 mil doses foram aplicadas pela iniciativa, que visitou 210 localidades.

Confira a programação

QUARTA-FEIRA (23)

- Comunidade Igreja Betel: Rua Primeira Travessa Príncipe da Beira, s/n, Jiquiá (manhã e tarde);

- Comunidade Entra Apulso: Rua Jonatas de Vasconcelos, 57, Boa Viagem (Instituto Shopping Recife) (manhã);

- Associação de Moradores da UR-02: Avenida Santa Fé, 240, UR-02/Cohab (manhã);

QUINTA-FEIRA (24)

- Sítio São Braz: Rua Barão de Capibaribe, Sítio dos Pintos (ponto de referência: Igreja Católica) (manhã).

 Sem alarde, o governador Paulo Câmara enviou à Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) um projeto de Lei que autoriza o Complexo de Suape a doar uma área de 221,2215 hectares, equivalente a 323 campos de futebol, para as empresas Companhia Siderúrgica SUAPE (CSS) e CONEPAR S/A. No local, vivem há cerca de trinta anos comunidades agricultoras e pescadoras artesanais, como a comunidade de Jurissaca, no município do Cabo de Santo Agostinho.

Em reportagem do LeiaJá, famílias residentes no perímetro denunciaram que a vigilância privada de Suape promove a derrubada ilegal de casas, cortes de energia elétrica e a destruição de estradas, com o intuito de forçar os posseiros a deixar as comunidades rurais. As ações dificultaram a vida de trabalhadores que subsistem da terra e agora precisam percorrer distâncias superiores a 12 quilômetros, todos os dias, para acessar suas plantações. Relatos de intimidações são constantes.

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Indenizações

Embora reúnam documentos que comprovam que a ocupação das terras é antiga, os posseiros que permanecem em Jurissaca reivindicam indenizações para deixar o local. Um total de 41 famílias atingidas por desapropriações ainda não receberam o valor prometido. Suape alega que não possui condições financeiras de arcar com as indenizações.

O aumento da violência no local está associado ao novo Plano Diretor de Suape (Decreto 37.160/2011), que passou a designar a área do Engenho Jurissaca como Zona Industrial, além de proibir a ocupação humana dentro de seu perímetro foi proibida. Para a mudança das normas, os moradores que já viviam no local, contudo, não foram consultados. Também em 2011, diante das tratativas para a instalação de uma siderúrgica na área, Suape deu início à remoção forçada da comunidade.

Através da Lei n.º 15.932 de 30 de novembro de 2016, também a pedido de Paulo Câmara, o Legislativo autorizou SUAPE a vender suas terras com desconto de até 70%, em um período de dois anos. No dia 07 de junho de 2019, a Lei n.º 16.582 permitiu que a aplicação do desconto fosse estendida por mais 4 anos.

“É de se questionar, com base no princípio da moralidade da Administração Pública, a postura contraditória do Governo do Estado e de SUAPE de, por um lado, negligenciar a situação das famílias de Jurissaca, sob a justificativa de não ter orçamento para indenizá-las e reassentá-las, e, de outro lado, repassar terras públicas a empresas privadas a valores irrisórios e, agora, a título gratuito. Trata-se de uma verdadeira dilapidação do patrimônio público e descaso com as 41 famílias que desde 2011 reivindicam os seus direitos usurpados pela empresa. Diante de tudo isso, o Fórum Suape Espaço Socioambiental e as famílias do Engenho Jurissaca rogam pela não aprovação do Projeto de Lei n.º 2902/2021”, diz nota do Fórum Suape, que presta assistência às comunidades que vivem no entorno do complexo.

A partir desta terça (16), moradores de dez comunidades do Recife poderão ser vacinados contra a Covid-19 em uma ação itinerante da Secretaria Municipal de Saúde (Sesau). Confira a programação da semana.

Para receber o imunizante, o morador precisa levar documento de identidade com foto aos locais escolhidos pela pasta, entre às 8h e 12h, junto com comprovante de residência e a documentação específica do grupos prioritário, caso faça parte. 

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Quem não tiver comprovante de residência ou de domicílio eleitoral, poderá utilizar uma autodeclaração de residência, que foi elaborada especificamente para esta ação.

Em seguida, as equipes vão fazer o cadastro das pessoas no Conecta Recife e aplicar o imunizante na mesma hora, sem necessidade de agendamento. O levantamento da Sesau aponta que mais de 20,5 mil doses foram aplicadas em 114 localidades selecionadas por critérios de vulnerabilidade social.

Confira a programação:

Terça-feira (16):

- Comunidade da Travessa do Gusmão - Habitacional Travessa do Gusmão, bairro de São José (ponto de Referência: em frente ao Abrigo Irmã Dulce);

- Comunidade Ninho das Cobras - Rua João Sales de Menezes, Várzea.

Quarta-feira (17):

- Comunidade Saramandaia - Rua Compositor Mário Griz, Peixinhos (próximo à USF Professor Francisco Areias, em Frente ao campo);

- Comunidade Nossa Senhora - Rua 19 de Abril, Monteiro (por trás do Edifício Porta D'água);

- Comunidade Passarinho Baixo - Rua Galo de Campina, 155, Passarinho (no Conselho de Moradores Passarinho Baixo);

- Igreja Batista Missionária La Paz - Rua André Vidal de Negreiros, 78, Pantanal, Cohab ;

Quinta-feira (18):

- Comunidade Camburão - Rua da Vitória, 340, Água Fria. 

Sexta-feira (19):

- Comunidade Sítio do Rosário - Rua Chagas Ferreira, 36, Dois Unidos;

- Comunidade do Pacheco - Rua Arealva, 48, Tejipió (na Igreja Batista de Tejipió, próximo à Praça Pacheco);

- Comunidade Ilha do Destino - Capela Nossa Senhora do Carmo, Boa Viagem.

Na campanha de imunização do Recife, a invisibilidade da periferia às vistas da gestão pública foi novamente exposta com a disposição de apenas dois dos 19 pontos de aplicação em regiões de maior vulnerabilidade social. Distantes das doses, distribuídas em locais de vacinação que poderiam ser distribuídos com equidade, o limite do acesso à Saúde ultrapassa a insegurança dos bairros e a frágil condição financeira da população, sobretudo da negra, que recebeu bem menos doses que brancos e pardos.

Com 1.237.614 adultos que precisam ser imunizados, nem 31,36% do público está devidamente protegido. O Vacinômetro da campanha, o qual a Secretaria de Saúde (Sesau) informa atualizar diariamente, apesar do último registro ser da terça-feira (27), mostra que só 388.047 recifenses concluíram o ciclo vacinal com duas doses ou com a dose única da Janssen.

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Baixa proteção aos negros

No recorte racial, o Plano Vacina Recife evidencia uma realidade largamente desproporcional. A desconfiança dos moradores de comunidades sobre um possível propósito discriminatório é apresentada na entrega do imunizante. Só 44.229 negros estão protegidos contra a Covid-19 na capital. O número é bem inferior aos 157.958 de pardos vacinados. A desigualdade é ainda maior em relação aos brancos, que representam 177.804.

Para exaltar o modo como trata a pandemia desde janeiro, o prefeito João Campos (PSB) forçou uma comparação dos índices do Recife aos de Nova York. A diferença é que, enquanto decretos de convivência com a pandemia ainda reprimem as atividades comerciais em Pernambuco, que acumulou 587.849 infectados e 18.702 óbitos na quarta (28), na metrópole norte-americana o fim das medidas restritivas foi anunciado por uma queima de fogos no dia 15 do mês passado.

Dentre a pouca oferta do auxílio municipal e a ampliação da entrega de imunizantes, uma das ações de maior orgulho da gestão é a disposição de 26 pontos de vacinação entre os oito distritos sanitários do município. Porém, sete deles são híbridos - funcionam como centros e drive-thrus - e atendem ao público da mesma região.

Na Zona Sul, apenas a Unidade Pública de Atendimento Especializado (UPA-E) do Ibura garante o imunizante aos bairros do entorno. Morador da UR-10, o quitandeiro Samuel da Silva, de 63 anos, precisou cruzar a cidade para conseguir tomar a segunda dose no bairro de Dois Irmãos, na Zona Norte.

"Foi meio contramão, mas valeu à pena ir para finalizar com a segunda dose. Tive que ir lá porque mais perto não tinha vaga", reclamou o comerciante.

Da UR-05, o feirante João Sobral, 62, conta que já deveria ter concluído o esquema vacinal. O prazo para a segunda dose expirou nessa terça e ele ainda não conseguiu o novo agendamento em nenhum centro. Para a primeira, desembolsou duas passagens de ônibus até o Geraldão, na Imbiribeira, mas ainda não sabe quando vai conhecer o sentimento de proteção. "Minha sobrinha não tá conseguindo. Só tá dizendo que não tem vaga", relatou.

Sem mais orientações no aplicativo Conecta Recife e desconectado do mundo digital, Seu João pretende ir a um posto de saúde na região para tentar marcar a dose complementar. A vizinha de bairro, Dona Lúcia de Souza, 71, já tentou informações em uma Unidade Básica de Saúde, mas saiu decepcionada sem saber ao certo o que fazer.

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"A vacina não tá muito boa não porque falta muita gente até para tomar a primeira. Tem um posto ali, mas não sabem informar nada a agente e a pessoa dá não sei quantas viagens, e 'diz eles' que não sabem", criticou. "Devia botar posto de vacinação e liberar logo para o pessoal com menos de 30 anos", acrescentou a idosa.

Com a mobilidade reduzida pela idade avançada, se não fosse o filho para levá-la de carro até o imunizante, Dona Lúcia estaria exposta ao vírus no transporte público ou enfrentaria uma longa caminhada entre a infraestrutura precária e as condições geográficas do Ibura. "Ia ter que ir de ônibus ou a pé porque ninguém vinha buscar. É longe. Daqui para lá é uma tirada medronha", aponta.    

Já na Zona Norte, o Parque da Macaxeira é o principal ponto para a população das áreas de morro. Apesar de morar em Casa Amarela, o dono de um box de reparos em eletroeletrônicos no Mercado Público, Romualdo Oliveira, 61, entende que a cobertura vacinal poderia ser expandida com a descentralização da campanha. "Devia ter aqui no posto, devia ter aqui no colégio. Lugares mais próximos, né?", questionou.

Ele sente na pele outro reflexo da pandemia, a desinformação. Sem ter tomado sequer uma dose, Seu Romualdo admite certo receio pelos possíveis efeitos colaterais e certo desinteresse em participar do Plano Vacina. No mesmo Mercado, a feirante do Alto Santa Izabel, Evânia Xavier, 43, aguarda a segunda vacina e confirma que muitas pessoas estão com medo dos imunizantes por falta de conscientização. Ela cobra por mais diálogo e propõe ações educativas da Prefeitura para convencer sobre os benefícios de se imunizar contra a Covid-19.

"Tem pessoas que não querem ser vacinadas. Tá faltando informação para o pessoal que tá achando que vai tomar e vai ficar doente [...] todo mundo já tomou vacina um dia e teve reação", incentiva Evânia, que ganhou um reforço com o depoimento de Seu Samuel, "tomei a primeira e não tive reação, e a segunda também não", garantiu.

Nesse ponto, Recife e Nova York se aproximam. Com cerca de dois milhões de nova-iorquinos que ainda não foram vacinados, o prefeito Bill de Blasio tenta meios para confrontar o negacionismo. Com apenas 60% dos cidadãos protegidos com as duas doses, nessa quarta (28), o gestor norte-americano anunciou que vai pagar US$ 100, equivalente a R$ 500, para quem participar da campanha anticovid.

Inclusas nos distritos sanitários VIII e VII, o levantamento da Prefeitura informa que 51.708 aplicações de segunda dose e dose única foram realizadas na área da Macaxeira, e o total de 31.191 na do Ibura.

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Procurada pelo LeiaJá, a Sesau não soube pontuar quais centros foram entregues em áreas consideradas como periferia, nem o porquê das áreas de morro da Zona Norte ficarem desassistidas pela campanha.

Sobre a escolha dos pontos, a Secretaria de Saúde explicou que os locais são escolhidos em centros exclusivos para evitar aglomeração, por isso não pretende utilizar as unidades de saúde. O objetivo é garantir o funcionamento dos demais serviços da rede municipal com menor risco de transmissão.

Em nota, a Sesau conta que os locais 'estratégicos' são definidos com "facilidade de acesso e com parada de ônibus próximas, contemplando tanto quem vais se vacinar a pé, quanto quem utiliza transporte público, carro, moto ou bicicleta", complementou.

Os locais de vacinação contra a Covid-19 no Recife funcionam todos os dias, das 7h30 às 18h30, mediante agendamento.

Os centros informados pela Prefeitura são:

- Sest Senat (Porto da Madeira)*;

- Porto Digital (Bairro do Recife);

- Unicap (Boa Vista)*;

- Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), em Dois Irmãos*;

- Parque de Exposição de Animais, no Cordeiro;

- Unidade de Cuidados Integrais (UCIS) Guilherme Abath, no Hipódromo;

- Compaz Ariano Suassuna, no Cordeiro*;

- Ginásio Geraldão, na Imbiribeira*;

- Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), na Tamarineira*;

- Parque da Macaxeira, na Macaxeira*;

- UPA-E do Ibura;

- UniNassau, nas Graças.

*representam pontos híbridos que atendem como centro e drive-thru.

Os locais exclusivos na modalidade drive-thru são:

- Fórum Ministro Artur Marinho - Justiça Federal de Pernambuco (Avenida Recife), no Jiquiá; 

- Juizados Especiais do Recife, na Imbiribeira;

- Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), na Cidade Universitária;

- Tribunal Regional Federal da 5ª Região, no Bairro do Recife;

- BIG Bompreço de Boa Viagem;

- BIG Bompreço de Casa Forte;

- Carrefour (Torre).

Fotos: Júlio Gomes/LeiaJáImagens

A comunidade quilombola de Ilha Mercês, localizada no município de Ipojuca lança, nesta segunda (26), ao lado do Fórum Suape e da Ação Comunitária Caranguejo Uçá, uma campanha para cobrar a recuperação do Rio Tatuoca, essencial para a subsistência da população. O curso d’água foi interrompido por um dique, o qual a princípio deveria ser provisório, construído para dar acesso ao Estaleiro Atlântico Sul, em Suape. Intitulada “Rio livre, mangue vivo”, a iniciativa conta com apoio das organizações Both ENDS e Fundo Casa Socioambiental.

A luta da comunidade contra o fechamento do rio ocorre há mais de dez anos.De acordo com o Fórum Suape, o dique permanece no local bloqueando a foz do rio, sem possuir licenciamento ambiental. A instituição aponta que a estrutura é ilegal e impede o meio de vida de mais de 213 famílias quilombolas, além de causar danos graves ao ecossistema de mangue existente no local.

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“O maior desejo dessa comunidade tradicional é ver o rio livre, o mangue vivo e, assim, poder restaurar seu modo de vida. O rio e o mangue são as principais fontes de sustento da comunidade e ter os dois vivos e preservados é preservar também o povo de Mercês.A data de 26 de julho, inclusive, não foi escolhida à toa para o lançamento da Campanha. Trata-se do Dia Mundial da Proteção aos Manguezais, e também o dia de Nanã, orixá da terra molhada e da vida que dela brota. No lançamento, pescadores e pescadoras sairão em barqueata, num ato simbólico, para exigir a reabertura total do rio”, informa o Fórum Suape, em comunicado à imprensa.

A campanha, voltada para a divulgação da causa, contará com a publicação, nas redes sociais, de peças de comunicação (fotos, vídeos, podcasts etc.) abordando os problemas envolvidos no fechamento do rio e as dificuldades da população para sobreviver sem sua preservação. As peças apresentam, sobretudo, a visão dos moradores da comunidade de Mercês, de pescadores e pescadoras afetados pelo barramento, de representantes da sociedade civil, pesquisadores, comunicadores, bem como de membros de organizações jurídicas.

Tão brasileiro quanto o samba, o funk é quase unanimidade no país, podendo ser encontrado em inúmeras comunidades - e até casas de shows das mais nobres - do Norte ao Sul do país. A música que majoritariamente é produzida na favela traz consigo uma carga pesada de representatividade, senso de pertencimento e autoestima para aqueles que com ela convivem, a despeito de um expressivo preconceito que teima em marginalizar o gênero afastando-o da grande mídia e dos redutos tidos como de alta cultura. 

No Recife, capital de Pernambuco, o funk provou todo seu poder entre as décadas de 1990 e, sobretudo, 2000. Para o bem e para o mal. Na virada para o segundo milênio, quando na internet tudo ainda era ‘mato’, os envolvidos no segmento conseguiram impulsioná-lo através de fotologs - sites equivalentes ao que é hoje o Instagram. As lan houses instaladas nas comunidades, que vendiam acesso à internet por hora, geralmente a R$ 1 cada, transformavam-se em verdadeiros escritórios para que os funkeiros pudessem fazer o trabalho de divulgação, uma vez que computadores com acesso à rede eram artigos de luxo naquela época.

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Além da ‘world wide web’, outra ferramenta muito usada para espalhar a palavra dos MCs no auge da cena funk eram as carrocinhas de CDs piratas que circulavam pela cidade tocando os ‘batidões’, sem contar a influência causada por esses artistas em suas próprias comunidades. Mas o verdadeiro ápice da massa funkeira se dava mesmo nos bailes. Nas festas, os ‘bondes’ de cada comunidade se encontravam para exaltar a sua periferia e ‘duelar’ com outras ‘galeras’. A música dava o tom, tanto de valorização de cada bairro quanto da rivalidade entre eles, com letras sobre suas vivências que estimulavam a autoestima e o senso de pertencimento, porém, afloravam também uma agressividade que geralmente culminava em confronto. 

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MC Leozinho do Recife, um dos nomes de maior peso do movimento funk em Pernambuco. 

Os ‘bailes de galera’ ou ‘bailes de corredor’, que ‘bombaram’ nas periferias recifenses entre as décadas de 1990 e 2000,  reuniam milhares de pessoas e revelaram artistas que estão na cena até os dias atuais. Os MCs Boco, Schevchenko, Cego e Leozinho - esse último considerado um visionário do segmento e batizado como General -, começaram a construir suas carreiras nesse período, em festas que entraram para a história do funk pernambucano como o Baile do Rodoviário e Baile do Téo, todos realizados em bairros periféricos da Região Metropolitana da capital.

Outro funkeiro dessa época, ainda na ativa, é MC Pito, que guarda “na mente” boas lembranças dos antigos bailes: “Ficou em memória, toda a repercussão que o funk teve em Recife e em Pernambuco. Nós somos uma das capitais mais fortes no funk no Brasil, desde aquele tempo e ainda mais hoje”, disse em entrevista ao LeiaJá. No entanto, ao passo que o movimento se misturava a outros elementos do cotidiano das comunidades, como as torcidas organizadas e até mesmo o tráfico e disputas territoriais, a violência também aumentou nos eventos.

A polícia e a Justiça começaram a bater de frente com o movimento  e não era incomum que os eventos terminassem com batidas policiais. A violência em torno dos bailes contribuiu para que o estigma contra o gênero aumentasse e, consequentemente, sua maior marginalização. A pressão crescente em torno da cena, o preconceito instaurado e a falta de visibilidade de seus artistas para além de suas periferias, acabou colocando um ponto final na história das festas de galera. 

MC Pito é um dos veteranos da cena. Foto: Rafael Bandeira/LeiaJáImagens

Em meados de 2000, o famoso Baile do Rodoviário encerrou sua história em uma operação policial que contou com a intervenção das polícias civil, militar e até a Polícia de Trânsito da capital. “Quando veio do Rio pra cá não tinha essa ideia de funk consciente, funk de paz, era o funk de corredor, um som agitado e um bonde de cada lado, aquela selvageria. Toda ação traz uma reação, então acarretou em preconceito, uma má visão da sociedade e as autoridades tiveram que usar de força maior até que acabaram os bailes”, relembra MC Pito. 

Com o fim dos bailes e o já natural distanciamento das casas de show e programas populares da TV local, o funk estava fadado a desaparecer em Pernambuco. Foi aí que MC Leozinho acabou se jogando na cena ‘queridinha’ dos pernambucanos, o brega. O General, como é conhecido, já havia feito uma fundamental intervenção no movimento, ao lançar o Rap da Cyclone, música que homenageia não só o seu mas vários bairros periféricos da cidade e contribuiu para a diminuição da rivalidade existente entre eles. A música ganhou tanta força que ficou famosa até fora do Estado e é uma das mais pedidas nos shows do artista até hoje.

Mas foi por volta de 2008, ao lançar seu primeiro brega, Dois Corações, que o funkeiro acabou abrindo os caminhos para as boates mais badaladas do Recife e para a televisão. Provando ser possível uma coexistência saudável entre os dois estilos, ele passou a apresentar um pouco de cada em seus shows e a mistura acabou originando um terceiro gênero musical: o bregafunk. Leozinho é considerado o pioneiro no segmento que hoje domina as paradas do país e já chegou até ao exterior. Vários MCs de funk pegaram carona nesse ‘bonde’ e hoje ostentam carreiras consolidadas dentro e fora do Estado. “A tendência é crescer e chegou em um nível que não tem como cair mais, é um gênero que foi lançado no Brasil e no mundo, agora não volta mais”, disse Leozinho em entrevista ao LeiaJá.

MC Leozinho, o General, é considerado o precursor do bregafunk. Foto: Divulgação

No entanto, embora o bregafunk tenha conquistado tamanho reconhecimento, a força do funk ‘raiz’ parece mesmo ser imbatível ainda. Não há uma apresentação em que o General consiga terminar a primeira canção sem que o público já esteja pedindo por seus grandes sucessos, como o Rap da Cyclone e Cenário Louco. “Se eu não cantar funk no meu show a galera não gosta não. Meu público que vai ao show vai por causa do funk, eu acho. A galera curte o brega, mas o público vai pro show pra me ver cantar o funk. Se eu parar de cantar o brega e ficar cantando só os meus funks, acho que faço mais uns 20 anos de carreira”, brinca o MC que promete um EP de inéditas para agosto, além de lançamentos nos projetos Poesia Bregafunk e Invasão, esse último voltado ao funk consciente. 

Retomada na paz

Apesar do triunfo do bregafunk em meio a um aparente desaparecimento do funk raiz, um movimento de retomada da cultura dos bailes ganhou corpo no Recife por volta de 2016. O surgimento do Baile da PAZ, realizado pela equipe Funk Antigo de Pernambuco (FAPE), deu nova cara aos eventos e novos fundamentos à cena. “A rapaziada do funk antigo uniu todas as galeras, as galeras que eram rivais hoje se falam e vão pro baile curtir junto”, conta Leozinho. Com a chegada da pandemia, os eventos pararam de acontecer, no entanto, as articulações dos envolvidos na cena continuam através das redes sociais. 

Também somam força a esse movimento associações como a Relíquia da Pichação (RDP) e coletivos como o Pancada Funk PE, este último fundado por alguns MCs veteranos como o próprio MC Pito e MC Pato do Ibura, falecido em abril deste ano em virtude da Covid-19. O objetivo hoje, para além de voltar a curtir os bailes, é trabalhar em prol das comunidades e fortalecer a cultura do funk dentro do Estado, sobretudo para tirá-lo em definitivo da marginalização, como explica Pito. “A diminuição do preconceito vem de dia a dia, não acontece de imediato, mas esse momento do funk da paz aconteceu uma coisa muito importante que no passado não existia, que é o funk se mobilizar para ajudar a comunidade, fazer ação social, levantar meios de revitalizar uma praça, um campo de futebol em nome do movimento. Isso abriu o leque pra sociedade ter outra análise do que rolava antes, há 20 anos atrás e o que vem acontecendo agora”.

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Hoje, o funk tem se aliado a outras cenas, como a  do brega, rap, trap e até mesmo do samba com intuito de promover a autoestima das pessoas que o fazem e o consomem e provar para a sociedade que é uma cultura valiosa e tão poderosa quanto qualquer outra. Além de servir como instrumento de identificação e pertencimento dos moradores das comunidades, o funk também movimenta a economia local, gera empregos diretos e indiretos e consegue, através das letras conscientes, orientar os mais jovens a andarem ‘pelo certo’, longe das drogas e da criminalidade. 

Nesse caminho, o movimento conseguiu subverter a violência e aos estigmas mais negativos com apurado senso de coletividade dos seus fazedores e a força de vontade de quem acredita no funk como ferramenta de empoderamento e libertação, como bem coloca MC Pito. “É uma chama que até hoje não conseguiu se apagar, mesmo com justiça em cima, polícia em cima, sociedade discriminando mas a gente vai arrumando meios para ir se esquivando e segurando firme a bandeira do funk. O meu maior objetivo hoje em dia não é estourar, é somente que minhas músicas sejam eternizadas no cotidiano das pessoas que quando escutem elas digam; ‘poxa me inspirei nessa música e eu vi que como ele falou na música aconteceu na minha vida’;  é fazer a música para ser consumida verdadeiramente pelas pessoas”. 

Homenagem a MC Pato do Ibura

Neste sábado (27), o coletivo Pancada Funk PE promove uma live para homenagear um de seus fundadores, o MC Pato do Ibura. Participam da transmissão os MCs Tibiro, Feru, Rugal, Omago, Frenk, Beca e Pito. A live marca também o início da formulação de projetos que estão à espera do fim da pandemia para poderem acontecer. Segundo MC Pito, além de um CD de inéditas suas, já pronto e aguardando o melhor momento para lançamento, virão sites, clipes, e outras ações que visam promover os artistas e a cena do funk. A live será exibida nas redes sociais do coletivo a partir das 13h.

 Até o final da manhã desta sexta (7), o Instituto Médico Legal do Rio de Janeiro havia recebido os corpos de 19 das 25 pessoas mortas na operação policial promovida na comunidade de Jacarezinho, na capital fluminense. O Ministério Público do Rio de Janeiro garantiu que acompanhará os desdobramentos da ação, que ganhou repercussão internacional por sua violência.

A Organização das Nações Unidas (ONU) também informou que acompanhará o caso e cobrou investigação independente a respeito de abusos policiais em Jacarezinho. Nesta sexta, moradores da comunidade promoveram um protesto em frente à Cidade da Polícia, sede das delegacias especializadas, localizada no bairro de Maria da Graça, na Zona Norte do Rio de Janeiro.

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Após uma operação da Polícia Civil do Rio de Janeiro deixar ao menos 25 pessoas mortas na comunidade do Jacarezinho, vários políticos e pessoas famosas se posicionaram na rede social contra essa operação, considerada a mais letal da história do Rio. 

O advogado Joel Luiz Costa, morador da comunidade do Jacarezinho, afirmou que entrou em algumas casas do local, e em todas a polícia usou a mesma dinâmica: "Casas arrombadas, tiros e execução. Não teve tiro de troca, parece execução - um menino morreu sentado na cadeira e ninguém troca tiro sentado numa cadeira", disse. 

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A Anistia Internacional do Brasil afirmou que "a população negra e moradora de favelas e periferias tem seus direitos humanos violados sistematicamente. Direito à saúde, à educação, à vida. O que está acontecendo no Jacarezinho é uma chacina", compartilhou.

O deputado Marcelo Freixo (PSOL) afirmou que a política de segurança pública é uma insanidade que precisa ser parada. "Quem ganha com essa guerra? O que essa lógica de confrontos permanentes nas favelas trouxe de positivo para o Rio de Janeiro? A violência só cresce e o crime organizado segue fortalecido, com seus braços econômicos e políticos operando a todo vapor", escreveu.

O deputado federal Alessandro Molon (PSB) também se manifestou por meio de suas redes sociais e apontou que o Estado "falha em planejar ações, desrespeitando a decisão do STF que obriga a fazer operações com base em inteligência para, assim, garantir que vidas de civis  agentes de segurança sejam preservadas", pontua.

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O cotidiano dos moradores da comunidade da Vila dos Pescadores de Bragança é retratado de maneira poética pelas lentes da fotógrafa Thais Martins na exposição “Do mar às telas”. A iniciativa, selecionada pelo edital de artes visuais - Lei Aldir Blanc Pará 2020, resgata, por meio de fotografias, a beleza dos costumes e saberes das populações tradicionais.

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Thais Martins destaca que o trabalho pretende mostrar o encanto que, muitas vezes, as pessoas da comunidade não conseguem perceber no local onde vivem. “Pelos meus olhos e pelas minhas lentes, eu quero mostrar aos moradores da Vila e ao mundo a beleza que eu vejo. Quero que todos também possam ver”, diz Thais.

Além da exposição, “Do mar às telas” também ofereceu uma oficina realizada na Vila dos Pescadores de Bragança. Nos dias 10 e 11 de março, a fotógrafa mostrou aos participantes que é possível capturar as belezas do local em que vivem apenas com um celular.

A oficina contou com oito participantes. As reações que Thais presenciou foram as mais diversas, com destaque para a de uma adolescente que se encantou com o universo da fotografia e passou a considerá-la como uma possível profissão. “Foi minha primeira vez ministrando uma oficina e repassando meus conhecimentos a outras pessoas. Foi um processo muito legal, porque pude ver que sou capaz de ensinar, mas, também, aprendi muito com cada pessoa que participou da oficina.”

O resultado de toda essa troca culminou com a exposição que será realizada no dia 8 de maio (sábado), na comunidade da Vila dos Pescadores de Bragança, e poderá ser acompanhada pelas plataformas digitais da fotógrafa Thais Martins e da Correnteza Produções. A exposição também estará na cidade de Bragança, em uma data ainda a definir.

Serviço

Exposição “Do mar às telas”.

Quando: 8 de maio (Sábado - Vila dos Pescadores de Bragança).

Onde: Plataformas digitais de Thais Martins e da Correnteza Produções.

Ficha técnica

FOTÓGRAFA: Thais Martins.

PRODUÇÃO EXECUTIVA: Paulo César Jr.

ASSISTENTE DE PRODUÇÃO: Romeu Figueiró Jr. e Juliana Ribeiro.

ASSESSOR DE COMUNICAÇÃO E SOCIAL MEDIA: Lucas Del Corrêa.

REALIZAÇÃO: Correnteza Produções.

Por Lucas Del Corrêa.

Ludmilla está sendo intimada na Justiça. Segundo informações do colunista Ancelmo Gois, a juíza Admara Schneider, da 40ª Vara Cível do Rio de Janeiro mandou intimar a funkeira para que ela esclareça detalhes sobre o clipe de Rainha da Favela que foi gravado na comunidade da Rocinha.

No registro, aparece a imagem de uma senhora, chamada Maria das Neves, sem a autorização dela ou de seus familiares.

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Maria das Neves pede a exclusão de sua imagem do vídeo sob pena de multa diária de cinco mil reais. Ela afirma que se sentiu ofendida, pois nem ela e nem sua família se coadunam com as mensagens do funk nem com o comportamento das mulheres participantes do videoclipe.

Lembrando que, além de Ludmilla, Tati Quebra Barraco e Valesca Popozuda também aparecem no vídeo.

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As pernambucanas Elaine Manoelle e Emilly Kamile, da Business Women Empire, se uniram para desenvolver um projeto voltado ao público feminino no universo das redes sociais. Audaciosa é uma comunidade online exclusiva para mulheres, cis e trans, que pretende divulgar perfis profissionais e atuar como uma rede de apoio e desenvolvimento para suas participantes. A ideia é gerar conexão entre profissionais e recrutadores, sobretudo, abrindo espaço a partir de recortes sociais. 

Elaine e Emilly são irmãs e profissionais de TI que, a partir de sua vivência em uma área ainda com o predomínio de homens, idealizaram uma comunidade exclusiva para mulheres. O objetivo de Audaciosa, é gerar visibilidade para profissionais dos mais diversos segmentos, oportunizando a troca de experiências e o fomento de uma rede de apoio. “Nessa plataforma as mulheres podem se ajudar, compartilhar dicas, vagas, cursos, trocar experiências, fazer permutas e oferecer e consumir serviços e produtos umas das outras, e o que mais quiserem fazer. Um local onde a mulher pode expor seus talentos, expertises, produtos e serviços”, explica Elaine. 

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A plataforma também pretende atuar como vitrine para recrutadores e empresas que buscam profissionais, inclusive, fazendo recortes para que mulheres de origem periférica, PCDs, trans e negras possam ter destaque. O objetivo, de acordo com as idealizadoras do projeto, é contribuir para o aumento da diversidade nos espaços. Para isso, a rede possibilita o compartilhamento de conteúdos como portfólios e currículos de forma pública.

Elaine Manoelle e Emilly Kamile, da Business Women Empire, são as idealizadoras e desenvolvedoras da plataforma. Foto: Cortesia

Além disso, a rede conta, ainda, com embaixadoras; profissionais de diferentes áreas que atuarão como influenciadoras. “Essas mulheres nem percebem o quão inspiradoras são, o quanto podem mover estruturas. Por mais que elas tenham conhecimento técnico, científico e acadêmico, além de excelentes profissionais, elas são mães, filhas, netas, mulheres e, além do conteúdo educacional que vão produzir, só o fato de compartilharem suas vivências já é um conteúdo que pode motivar muitas outras”, diz Elaine. 

Para participar da plataforma não é preciso arcar com nenhum custo, basta apenas fazer uma inscrição através do site da Audaciosa. Em breve, um aplicativo será desenvolvido e colocado à disposição das usuárias. A estimativa é que até o mês de julho o app já esteja funcionando. “Eu e minha irmã (Emilly) criamos o projeto, mas não queremos construir isso sozinhas porque a gente sabe que quanto mais diversidade numa equipe, mais disruptiva e representativa ela vai ser”, conclui a desenvolvedora.  

A rede, já no ar, conta com nove embaixadoras, além das próprias desenvolvedoras. Foto: Cortesia

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Ao alcançar a realidade que mais caracteriza a desigualdade social no Brasil, a crise da Covid-19 reafirmou o histórico de abuso psicológico à população periférica e espalhou uma 'epidemia' de depressão nas comunidades. Frente ao desinteresse do poder público em ampliar o atendimento especializado nas favelas, populares se aglomeram na margem do arranjo socioeconômico enquanto tentam se defender dos impactos mais agressivos da pandemia. Sobrecarregados desde a infância, a renda mensal sempre foi insuficiente, mas o pouco cada vez mais se aproxima do nada. 

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Sem oportunidade, a pressão de alimentar a família e se deparar com a geladeira vazia, incapacita e dói, mas a perda de mais de 279.286 familiares realça o sentimento de solidão em todo o País. Uma pesquisa divulgada pela Ipsos aponta que o Brasil é o país que mais sente solidão. De acordo com o levantamento, metade dos mil entrevistados declarou se sentir sozinha e 52% disseram que o sentimento aumentou nos últimos seis meses. 

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A condição de exclusão ficou ainda mais evidente nesse pouco mais de um ano de pandemia no Brasil. Enquanto o vírus apela pelo reforço da higiene, o fornecimento de água ainda é precário. Enquanto a orientação sobre os métodos de prevenção é fundamental, a periferia ainda se vê vulnerável pela falta de educação sanitária. Empurrados para o contágio em um transporte público superlotado, a falta de controle financeiro é remediada com empregos informais. Ao passo que os recordes de mortes são atualizados diariamente, a fila por leitos de UTI tornou-se parte de um cenário onde a gravidade tenta ser abafada e a mente de quem não sabe como reagir à doença batalha consigo por soluções. 

Sem a escuta psicológica adequada, pouco a pouco a 'autodesvalorização' amarga e aumenta os índices de alcoolismo, violência doméstica, dependência química e nas recorrentes tentativas de suicídio. Na comunidade de Chão de Estrelas, no bairro da Campina do Barreto, Zona Norte do Recife, o braço social do Maracatu Cambinda Estrela (1935) funciona há 21 anos como um centro de acolhimento onde "o medo de não poder ter um amanhã" é afastado. Junto aos demais voluntários, a presidente do projeto, Wanessa Santos, reconforta os populares em meio à crise psicológica.

Ela lembra que as pessoas "começaram a se perder" logo nos primeiros meses da Covid-19. Por isso, montou uma frente com nove representantes de outras organizações para arrecadar alimentos e beneficiar mais de sete mil famílias. "As pessoas ficaram sem emprego, perderam suas rendas, adoeceram e perderam também seus entes queridos. Eu vi adolescente perdendo mãe e avô. A gente viu mãe perdendo os filhos. Desse início, até então, as pessoas vêm passando por surtos de ansiedade, medo, crises, pânico e, inclusive, chegaram situações para a gente de pedidos de socorro porque queria cometer suicídio", recorda a coordenadora, que classifica o Maracatu como "um grande quilombo com uma forte relação familiar" que estende o sentimento de união para comunidades vizinhas.

A condição delicada de Chão de Estrelas poderia ser revertida com mais apoio público, destaca Wanessa/Arthur Souza/LeiaJáImagens/Arquivo

Com a cesta básica nacional em R$ 696,71 -valor superior ao repasse do auxílio emergencial-, a projeção do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) fixa o salário-mínimo ideal em R$ 5.495,52. Em janeiro, 12,8% dos brasileiros - equivalente a 27 milhões de pessoas - estavam na linha da miséria, ou seja, viveram com menos de R$ 246 mensais, aponta a pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV) com dados das Pesquisas Nacionais por Amostra de Domicílios (Pnads) Contínua. Com a suspensão do benefício em meio à piora da pandemia, a falta de comprometimento do poder público é amplificada pela baixa oferta de atendimento psicológico. "A gente tá vivendo um momento de extrema dor, muitas perdas, muitas mortes e uma falta de perspectiva futura", afirma a presidente do Conselho Regional de Psicologia de Pernambuco (CRP-PE), Alda Roberta Campos.

"Nem é um problema religioso, nem é falta de força de vontade, nem a pessoa escolheu tá deprimida. Depressão é uma doença que vai precisar de um suporte psicológico, muitas vezes de um suporte médico também, de uma equipe multidisciplinar que possa ajudar essa pessoa a se cuidar", destacou a gestora, que acrescentou, "as desigualdades vão se destacar nessa situação. Quando você tem a possibilidade de uma reserva emocional, financeira, de segurança profissional, isso permite que você seja menos atingido".

Apesar de compreender que o atendimento descentralizado oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS) é um modelo para outros países, ela divide o sentimento de que falta mais compromisso com o sistema. De acordo com a Secretaria de Atenção Primária à Saúde (SAPS), do Ministério da Saúde, em dezembro de 2019 - às vésperas da pandemia no Brasil -, o Sistema de Informação em Saúde para Atenção Básica (SISAB) registrou 229.851 atendimentos no SUS para depressão e ansiedade. Um ano depois, já com a crise instalada, 302.060 atendimentos foram realizados. Em Pernambuco, os dados saltaram de 7.660 para 10.309 no mesmo período.









Alda pede atenção para diferenciar a tristeza das perdas da pandemia com um quadro mais sério de transtorno/Júlio Gomes/LeiaJáImagens/Arquivo







"O Brasil tem uma rede de atenção psicossocial. Cada município precisa ter essa rede, que é formada pelos Centros de Atenção Psicossocial (Caps), pelos centros de convivência e por espaços de cuidado onde a população pode acessar", explica Alda Roberta. A Secretaria de Saúde do Recife (Sesau) disponibiliza 17 Caps - com quatro destinados às crianças e adolescentes -, que seguem abertos para atendimento individual mediante agendamento. A pasta comparou os meses de janeiro de 2020 e 2021, e não identificou aumento de demanda psicológica. Contudo, a queda de 21,6% na fila de espera por consultas foi observada.

Em uma aposta para democratizar o acesso ao acompanhamento profissional, desde maio do ano passado, a Coordenação de Saúde Mental do município passou a oferecer teleatendimento através do aplicativo Atende em Casa. Mais de três mil pessoas foram ouvidas pela equipe multidisciplinar do programa, estima a Prefeitura, que também posiciona 20 equipes de profissionais de sete especialidades no Núcleo de Apoio à Saúde da Família (Nasf) para dar expansão ao suporte. 

Moradores do Córrego do Deodato, no bairro de Água Fria, Zona Norte do Recife, lutam há 13 anos pela construção de uma creche para atender a primeira infância na comunidade. Uma casa, desapropriada pela Prefeitura do Recife em 2010, está abandonada, servindo como ponto de lixo, garagem e propiciando o consumo de drogas. 

A luta pela creche começou em 2008, no último mandato de João Paulo (PT) na Prefeitura do Recife, quando os moradores votaram para que fossem construídas uma escola e uma creche por meio do Orçamento Participativo. Depois de aprovadas as construções, a Escola Alda Romeu recebeu prioridade e foi inaugurada em 2010, no primeiro mandato de João da Costa (PT).

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No entanto, mesmo com a casa - onde a creche deveria ser construída - desapropriada, o projeto não saiu do papel e atualmente o espaço, que fica ao lado da escola, segue sendo degradado pelo tempo e pelas pessoas. Fiação, janelas e tudo o que poderia ter sido levado e vendido não existem mais no local.

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Em 2019, quando o Prefeito Geraldo Júlio (PSB) visitou a comunidade do Alto Santa Terezinha, que fica próxima ao Córrego do Deodato, para inaugurar a Upinha do Alto do Pascoal, integrantes do Coletivo Fala Alto - que estão na luta pela construção da creche - entregaram uma carta ao chefe do Executivo municipal, que se comprometeu em analisar a situação. Nada foi feito.

Na época, o LeiaJá perguntou ao prefeito sobre essa dificuldade enfrentada pelos moradores, mas Geraldo se limitou em responder que a creche Zacarias do Rego Maciel, no Alto Santa Terezinha, estava suprindo as necessidades de vagas para as crianças de até 3 anos. O então prefeito do Recife ainda reforçou: "é natural o pedido por creches, já que no Brasil inteiro existe uma carência muito grande de creches".

Segundo informado pela estudante de Direito e integrante do Coletivo Fala Alto, Carolina Barros, 24 anos, ao menos 600 crianças da comunidade estão sem creche. A falta da creche no Córrego do Deodato ocorre em contraposição à Lei de Diretrizes Básicas da Educação Nacional, que no artigo 29 estabelece a necessidade da educação infantil, na primeira etapa da educação básica, que tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança, até os cinco anos, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade.

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Prefeitura se posicionou

Em resposta ao LeiaJá, a Secretaria de Educação do Recife informou que a prefeitura tem como prioridade a ampliação das vagas nas creches e atualmente 12 unidades de ensino estão em processo de construção e ampliação. 

Destas, cinco são creches, sendo duas em construção e três em ampliação, nos bairros Santo Amaro, Coelhos, Coque e Jordão Alto.

Com relação ao Córrego do Deodato, a Secretaria de Educação informa que está "realizando uma avaliação estrutural do prédio para verificar a possibilidade de recuperação e com previsão de conclusão no final do mês de março. A pasta pontua também que está no seu planejamento a implantação de uma nova creche, que irá contemplar a comunidade do bairro de Água Fria e região".

Cerca de 200 pessoas em situação de rua e moradores de comunidades próximas à Paróquia de Nossa Senhora da Piedade, no bairro de Santo Amaro, região central do Recife, participaram de um evento solidário de Natal. Com carinho oferecido através da ceia coletiva, neste sábado (19), o Projeto Rua do Bem ofereceu atrações musicais, kits de higiene e roupas. 

Promovida através de doações e voluntários dos projetos Novo Jeito, Bazar do Bem e instituições parceiras, a acolhida natalina foi comemorada por Zildo do Nascimento. Há três anos em um abrigo da Prefeitura do Recife, ele conta que os serviços do evento chegaram em boa hora. "O projeto foi muito bom, porque acolheu todos os moradores de rua com corte de cabelo, doação de roupa e banho. É muita dificuldade pra gente", apontou.

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Após perder o emprego de professor de matemática, há cerca de dois meses, Edvaldo da Silva revela que entrou em depressão e deixou a casa. Em sua saga nas ruas, ele afirma que o evento recuperou sua autoestima. "Isso ajuda a gente em termo de dar um 'up' em nossa dignidade", destacou.

A proposta de ajudar a população carente foi viabilizada pela venda de roupas do bazar solidário ao longo do ano, mas também tem o objetivo de arrecadar o necessário para reformar a cozinha da paróquia, onde são feitas as refeições. "A gente é quem depende do projeto, mas eles precisam de doações pra alimentar a gente. Através da ajuda para eles, ajuda a gente", frisou Jéssica Ramos.

Ela é mãe de cinco filhos, com idades entre 8 e 14 anos, e relata que as marmitas recebidas vão levar alegria para a família. "Eu não tenho condições de trabalhar. Então o que eu pego de doação, levo pra dar a deles”, complementou.

O Dia do Samba, comemorado nesta quarta-feira (2), é uma celebração para os adeptos do mais brasileiro dos ritmos. A data, instituída na década de 1960, foi uma homenagem à primeira visita do emblemático compositor Ary Barroso (1903-1964) ao estado da Bahia, e é festejada, desde então, em todo o território nacional.

As comemorações que envolveriam shows e a tradicional reunião de sambistas e ritmistas nas quadras das escolas de samba, no entanto, vão ficar para outra oportunidade. Com a chegada da pandemia, pouco tempo depois do último Carnaval, muitas agremiações suspenderam as atividades. Esse que seria um período de ensaios, ajustes e muito trabalho nos barracões Brasil afora, virou incerteza e tirou a alegria de quem vive o samba e celebra a cultura carnavalesca.

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Angústia e saudade na UPM

No bairro suburbano de Padre Miguel, no Rio de Janeiro, nada de comemoração pelo Dia do Samba em uma das mais tradicionais escolas da região. Para o autônomo Leandro Pascoal, 39 anos, diretor de alegoria do Grêmio Recreativo Escola de Samba Unidos de Padre Miguel (UPM), a pandemia trouxe dias de aflição para os entusiastas do Carnaval. Segundo ele, embora a grande maioria da comunidade tenha que ficar fora dos festejos e dos preparativos para os desfiles da agremiação, a distância é a saída em tempos de crise. "Estão sendo dias angustiantes e de muita saudade. Estamos longe do que lutamos e amamos, mas temos a consciência que, mediante a esse vírus, se faz necessário esse sacrifício", declara Pascoal, que ocupa há dez anos o cargo de dirigente da escola des samba carioca.

Ainda segundo o líder, o corpo diretivo da agremiação luta para manter o trabalho de quem tira da folia anual o sustento da família. De acordo com Pascoal, o contingente foi reduzido e os protocolos de saúde são respeitados. "A escola vem mantendo, com muita luta e resistência, poucos colaboradores em seus ateliês e no barracão para não deixar o projeto parado, mas mantemos todas as regras de segurança e prevenção", destaca.

Além disso, o diretor de alegoria da UPM afirma que a comunidade da Vila Vintém, no bairro de Padre Miguel, foi orientada pela própria escola para manter as normas sanitárias e evitar a Covid-19. "Desde o começo da pandemia, nossa escola procurou orientar e aplicar atividades sociais para diminuir os impactos e manter os colaboradores devidamente antenados e conscientes para as regras básicas de prevenção", explica Pascoal.

De acordo com o diretor de alegoria, a preocupação com a saúde da comunidade é tanta que a UPM inovou e apresentou a eliminatória da escolha de sambas-enredo por uma transmissão ao vivo. "Nossa escola foi pioneira em fazer a primeira live para uma disputa de samba".

Silêncio na Paulicéia

Na cidade de São Paulo, a celebração do Dia do Samba também não vai acontecer como os sambistas gostariam. De acordo com o vigilante patrimonial William Tarso, 26 anos, membro da Harmonia da Unidos de Vila Maria e diretor de alegoria no Morro da Casa Verde, ambas da região norte, a primeira semana de dezembro é sempre especial para as escolas paulistanas. "Hoje estaríamos a todo vapor, entre ensaios, reuniões e nos preparativos para a festa de lançamento dos sambas-enredo das agremiações, que sempre ocorre no 1º sábado do mês de dezembro", lamenta o folião, que tem 12 anos de vivência no Carnaval.

William Tarso é diretor de alegoria no Morro da Casa Verde | Foto: Morro da Casa Verde

Segundo Tarso, para preservar o trabalho dos funcionários e nutrir a força das comunidades, alguns eventos restritos ajudam a manter as escolas de samba em atividade. Além das iniciativas em benefício de moradores dos arredores das sedes, reuniões no ambiente virtual garantem a execução dos planos da agremiação. "Estão sendo feitas ações sociais em datas específicas com todos os cuidados e protocolos de saúde, e também reuniões online entre os setores da agremiação", comenta.

De acordo com ele, além de São Paulo ter recuado nas normas de flexibilização da quarentena, ainda não há perspectiva de normalização relacionada ao Carnaval. Mesmo saudoso do clima e da responsabilidade do trabalho nos desfiles, Tarso prefere manter os cuidados e cumprir as recomendações sanitárias. "Está sendo difícil, pois sinto falta do calor humano, mas o momento requer cuidados e vidas importam. Espero que acabe logo", comenta.

De acordo com a Confederação Nacional do Comércio (CNC), o Carnaval movimentou mais de R$ 8 bilhões na economia brasileira no ano passado.

O povo indígena Pankararu, localizado entre os municípios de Jatobá, Tacaratu e Petrolândia, no Sertão de Pernambuco, decidiu que não vai permitir a entrada de candidatos não indígenas nos territórios para fazer campanha. Candidatos indígenas que vivam fora das terras também não poderão entrar para fazer campanha a não ser que decidam fixar moradia em algum desses territórios.

A decisão foi tomada após reuniões que contaram com participação de caciques, pajés e pré-candidatos a vereadores dos três municípios. Segundo as lideranças Pankararu, a medida é uma forma de evitar proliferação e contágio da Covid-19.

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Em um documento assinado por três caciques e um representante de cacique, os Pankararu dizem estar proibida a entrada na terra Pankararu e Entre Serras Pankararu de candidatos indígenas e não indígenas que residam fora das reservas. Os não indígenas que pretendam fazer campanha nos territórios devem fixar moradia em um desses locais antes do início da propaganda eleitoral.

A comunidade permitirá que indígenas de fora do território façam visitas a familiares de 1º e 2º grau desde que não promovam eventos políticos. Os interessados em montar comitês para organização da campanha precisarão cumprir todos os protocolos de saúde, como utilização de álcool 70% e máscaras.

Quando ganha as ruas das comunidades do bairro do Pina, na Zona Sul do Recife, a bicicleta da rádio A Voz da Lama espalha um só ritmo: o bregafunk. A bike faz parte do Núcleo de Comunicação Caranguejos Pensantes, da Livroteca do Pina, e a cada pedalada, leva informação e diversão aos moradores. Em tempos de pandemia, o tema da rádio de andada não poderia ser outro que não o coronavírus. Sendo assim, os jovens do projeto criaram o Passinho da Prevenção, que nesta terça (25) lança seu clipe oficial com o objetivo de levar essa mensagem ainda mais longe. 

A música é uma parceria de voluntários, crianças e adolescentes envolvidos com o projeto. Bruno Medeiros é um desses voluntários que abraçou a ideia e ajudou a fazer esse passinho acontecer. Segundo ele, o objetivo era “botar na cabeça das crianças e dos jovens as idéias de prevenção contra o vírus” e assim conscientizar a comunidade sobre a  gravidade da situação e a importância de se cuidar. Mas, tudo no seu próprio ritmo, “com o palavreado da galera”, como ele bem coloca. 

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Bruno Medeiros é um dos voluntários da Livroteca do Pina. Foto: Arthur Souza/LeiaJáImagens

Para compor o bregafunk, o escolhido foi Capa GTC, o Epitácio, também voluntário da Livroteca. Ligado à música há muito tempo, ele aceitou o “desafio” e pensou, primeiramente, em fazer um funk - sua especialidade -, mas percebeu que o caminho para a composição poderia ser outro. “Eu vi que essa letra dava pra botar numa música de passinho. A galera gostou, os meninos aprenderam em dois dias e no quinto dia, a gente já tava gravando a música”. Para assinar o beat foi chamado DC Seven7, da Ratueira Rec e a mixagem é de Rodrigo Araújo. 

Na hora de gravar, os escolhidos para botar voz no Passinho da Prevenção foram os MCs Boby e Alê do Pina. Os jovens que já percorrem um caminho na música há dois anos, são alunos das oficinas do projeto social. Eles toparam a missão sem pestanejar e além de terem se divertido muito na gravação do bregafunk, acabaram tendo outros ganhos. “Ajudou a gente a conhecer muitas coisas novas também”, contou Boby. 

MC Boby, Capa GTC e MC Alê do Pina, intérpretes e o compositor do Passinho da Prevenção. Foto: Arthur Souza/LeiaJáImagens

Agora, o grupo lança o clipe da música, todo gravado em diferentes cenários da própria comunidade. O vídeo estará disponível no canal da Livroteca do Pina, no Youtube, com o objetivo de enviar esse recado para muitos outros lugares..“A expectativa é chegar ao maior número de ouvintes possível, tanto pela mensagem do passinho quanto pela representatividade e protagonismo dos jovens daqui da comunidade. É dar uma fortalecida na arte, mostrar pra eles que a arte é uma via, um projeto de vida. É sobre isso também”, diz Bruno. 

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#CoronaNasPeriferias

A Livroteca do Pina é um projeto de incentivo à leitura, integração artística, cultura e ambiental que atende à comunidade do Bode, no bairro do Pina, desde 1995. Com a chegada da pandemia do coronavírus, os voluntários do projeto redobraram a atenção com os moradores  e desenvolveram a campanha #CoronaNasPeriferias. Com a ajuda de doações, o projeto tem arrecadado alimentos e kits de limpeza e higiene que são repassados para a comunidade.

Além disso, também estão sendo desenvolvidas ações como os vales que funcionam como moeda de compra de alimentos para que tanto os pescadores da região possam continuar trabalhando, como os moradores possam continuar comprando. O objetivo é minimizar os impactos negativos causados pelo coronavírus que acabou agravando várias necessidades já existentes no lugar. 

Para frear os impactos decorrentes da pandemia na comunidade do Bode, localizada no Pina, Zona Sul do Recife, uma iniciativa popular uniu-se aos comerciantes em defesa da economia local e mantive o tradicional mercado de sururu ativo. Para garantir alimento aos moradores, e clientes aos pescadores e comerciantes em geral, a Livroteca Brincante do Pina distribuiu um vale gratuito.  

Por meio de arrecadação online e editais, a Livroteca Brincante do Pina angariou recursos e comprou mercadorias de produtores locais, sejam costureiras, pescadores ou feirantes. Com o produto pago, os voluntários repassaram o poder de compra aos moradores por meio de vales, de R$ 20 para alimentos e R$ 50 para gás, o que estimulou o comércio da região. “As famílias tinham seu alimento e retiravam com o próprio produtor. Todo mundo saiu ganhando”, pontua o voluntário Bruno Medeiros.

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“A gente foi vendo também que esse sistema do vale era muito mais organizado pra gente e bom para o produtor, que tinha parte da produção comprada e era um dinheiro que ficava com ele”, complementou o voluntário, que estima que mais de 100 famílias sobrevivem da pesca de marisco e sururu no Pina.

Para proteger a tradição dos pescadores, a iniciativa adquiriu os moluscos por um preço acima do mercado. Mesmo com o preço do quilo de sururu em torno de R$ 13, a Livroteca Brincante preferiu pagar R$ 15 para tranquilizar os profissionais.

Preocupados com a saúde dos moradores, os voluntários iniciaram a campanha emergencial popular no início da pandemia e distribuíram 600 cestas básicas, além de mais de 1000 kits de limpeza. Uma bicicleta de som também percorre a comunidade emitindo informações sobre como se prevenir da Covid-19. 

A Livroteca Brincante pretende entregar mais vales nas próximas semanas e usa as redes sociais como contato para arrecadar alimentos não perecíveis, materiais de higiene pessoal e limpeza, e equipamentos de proteção individual. Aos que pretendem apoiar o projeto com dinheiro, a organização disponibiliza doações através do site www.livrotecabrincantedopina.siteo.one e da conta:

José Ricardo Gomes Ferraz

CPF.: 763.608.814-20

Caixa Economica Federal

Agência: 2193

Conta POUPANÇA: 9339-2

Operação: 013

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