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A transição de gênero é um processo fundamental na vida das pessoas nascidas com uma identidade que não lhes corresponde, mas este caminho, que lhes permite uma transformação em sua vida social e que se submetam a tratamentos médicos e mudem a documentação, é cheio de dor e discriminação.

"Eu saí do armário trans aos 6 anos. Mas em seguida fui castigada. Quando alguém é apontado como um menino, mas sente que é menina, as pessoas tentam 'te normalizar'", conta Clémence Zamora-Cruz, que disse já ter sofrido cusparadas, puxões de cabelo e empurrões.

"Para mim esta normalização foi com violência", relatou Clémence que nasceu há 42 anos no México, mas deixou seu país aos 18 anos depois de ter passado vários meses nas ruas e ter sofrido durante anos.

Na França, conseguiu realizar-se profissionalmente como professora de espanhol, casou-se e milita em organizações sociais.

Entretanto, denunciou que sempre persiste uma "transfobia".

Muitos professores negam obstinadamente o uso da identidade de gênero que ela escolheu e chegou a receber uma multa por "fraude" porque sua identidade não estavam em dia.

Clémence lembrou também que um controlador de trens o forçou a ter "relações sexuais".

Depois de anos de luta da comunidade LGBT, o Estado francês facilitou em 2016 a mudança de identidade civil para as pessoas trans. Mas embora as confusões administrativas tenham diminuído, a discriminação persiste.

- 'Perguntas constrangedoras' -

Clémence menciona "o abuso" constante e "perguntas constrangedoras" como "você é operada?" ou "Como você se chamava antes?".

"Pode-se considerar que a transição não acaba nunca", lamentou essa mulher morena, de rosto redondo e cabelos longos.

Christelle, por sua vez, iniciou a transição depois de ficar 34 anos em um corpo que não lhe correspondia, o de um militar parrudo e imprudente.

"Eu sabia desde muito pequena", conta. "Mas é preciso muita coragem para poder falar isso", contou.

Durante esse tempo teve "três tentativas de suicídio". Depois sua mulher a deixou e sua filha não fala com ela.

Esta mulher morena com óculos também lembrou as "torturas" sofridas em algumas operações.

A depilação a laser para tirar a barba a fez sentir em todas as sessões "milhares de alfinetadas".

Para transformar seu pênis em uma cavidade vaginal viajou para a Tailândia e sofreu os efeitos do pós-operatório durante um ano.

"Eu chorava todos os dias. Tive que sofrer isso para poder ter depois uma vida normal", disse.

Aos 45 anos, Christelle continua no exército, está feliz casada com um militar, com quem tem um filho por reprodução assistida.

"Se eu não tivesse feito a transição, eu estaria aqui", disse. "Isso é uma certeza".

"Se há um ponto comum a todas as trajetórias, é a noção de que é algo inexorável. Para todos os meus pacientes trans, não havia outra opção", comentou o psiquiatra Thierry Gallarda, especialista no tema.

Mas a transição, cujo processo médico gera "júbilo", já que muda efetivamente a vida, também leva à arbitrariedade.

"Há corpos mais ou menos plausíveis".

- "Transfobia" -

Outro fator de injustiça é o sexo de nascimento.

"Se transita mais facilmente de +F para M+ (passagem de mulher para homem) do que o que de +M para F+ (homem para mulher)", afirmou a endocrinologista Catherine Brémont.

A testosterona, presente nos primeiros, tem um efeito muito rápido nos pêlos e na voz, que se torna mais grave.

"Eu me transformei em três meses", lembrou Axel Léotard, de 48 anos, agora com o cabelo raspado e com barba, que fez a mudança há 15 anos.

"É muito mais fácil para nós" do que para as +M a F+, que sofrem "a discriminação das mulheres, sejam biológicas ou trans", afirmou.

"O fato de ser um homem alto, baixo, careca ou cabeludo, fraco ou forte, nunca põem em dúvida sua virilidade", constatou o médico.

"Mas para uma mulher sempre haverá padrões".

Embora os hormônios permitam o desenvolvimento mamário e façam que a pelo seja menos oleosa, eles não têm qualquer efeito no tamanho e na estrutura corporal.

Além do sexo e da fisionomia, a transição gera também "iniquidades" ligadas a "idade, saúde e dinheiro", enumera SunHee Yoon, presidente da Acthe, uma associação de pessoas transgênero.

É melhor ser jovem, saudável, ser apoiado pela família e ter a capacidade de pagar as cirurgias.

A mais simbólica, a cirurgia de mudança de sexo, é realizada apenas em metade das pessoas trans, constatou Arnaud Alessandrin, sociólogo especialista no tema, para quem há "tantas transições quanto indivíduos".

O único ponto em comum para ele é "a transfobia" e a "discriminação". Antes, durante e depois do processo.

O Serviço Social da Indústria (Sesi) está oficialmente impedido pela justiça de realizar demissões consideradas discriminatórias. De acordo com os autos do processo, o Sesi estava demitindo trabalhadores que pediam a aposentadoria, por justa causa e sem pagar as verbas rescisórias correspondentes à rescisão desmotivada.

O entendimento dado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2006 sobre a questão determina que a aposentadoria voluntária não pode ser invocada como causa de extinção do contrato de trabalho, tornando a conduta do Sesi irregular. A Justiça do Trabalho concedeu ao Ministério Público do Trabalho em Sergipe (MPT-SE) antecipação de tutela do caso. O MPT decidiu pela proibição da prática e determinou uma multa de R$ 1 mil por funcionário demitido de forma irregular. 

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A Primeira Turma do Tribunal Superior do Trabalho (TST) considerou discriminatória a dispensa de um supervisor de exportação da empresa de alimentos Marfrig Alimentos S.A. O funcionário demitido é portador de doença de Parkinson.

O supervisor afirmou que a doença de Parkinson foi detectada cinco anos antes da dispensa e o fato era conhecido por colegas e superiores. Dois meses antes de sua saída, ele passou a apresentar sintomas de rigidez e bradicinésia - que é a lentidão anormal dos movimentos voluntários - e se submeteu a cirurgia para colocação de um neuroestimulador.

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O ex-funcionário acusou a empresa de não prestar auxílio. Pelo contrário, ele foi demitido mesmo a empresa sabendo que ele não poderia se aposentar. Considerando a dispensa discriminatória, o supervisor pediu a reintegração ao emprego e pagamento dos salários do período. 

A Marfrig contestou. Segundo o TST, a empresa não negou saber da doença, mencionando apenas a inexistência de nexo causal entre ela e as funções exercidas.

O Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região, em São Paulo, manteve a sentença que determinou a reintegração, assinalando que os documentos anexados pelo supervisor demonstraram que desde dezembro de 2007 ele apresentava sintomas da doença, o que tornaria sem valor o exame demissional realizado em julho de 2011.  O entendimento prevaleceu no TST.

 

O relator do agravo pelo qual a Marfrig pretendia questionar a condenação, ministro Hugo Carlos Scheuermann, lembrou que é do empregador o ônus de demonstrar que a dispensa se deu sem a ciência do estado do empregado, para afastar a presunção de discriminação. Para o relator, não houve registro de que a dispensa tenha se dado por outro motivo que não a condição de saúde do supervisor. 

A montadora de veículos automotores Mercedes Benz foi processada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) através de uma ação civil pública. O órgão pediu uma multa no valor de R$ 140 milhões em dano moral coletivo devido, segundo o ministério, à demissão sem justificativa e com caráter discriminatório de 1.400 trabalhadores por meio de coação. 

Sofia Vilela de Moraes e Silva, procuradora do Trabalho representante do MPT no caso, explica que o caráter discriminatório das demissões se deu especialmente com a demissão injustificada de trabalhadores diagnosticados com doenças ocupacionais que estavam em licença remunerada para tratamento e também de pessoas com deficiência. “A empresa possui cerca de 8 mil empregados, mas decidiu ‘oferecer’ o plano de demissão voluntária aos trabalhadores e demitiu na data programada todos aqueles que não aderiram ‘voluntariamente’ à proposta”, afirmou Sofia. 

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Segundo a investigação realizada pelo MPT, as demissões seguiram um “roteiro” no qual a empresa enviou telegramas às casas dos funcionários afirmando que eles estavam demitidos e em seguida procurou o Sindicato dos Metalúrgicos para firmar um acordo coletivo para suspensão de contrato de trabalho. A Mercedes havia criado um Plano de Demissão Voluntária (PDV) baseado no acordo. “Todos aqueles que receberam os telegramas obviamente se sentiram compelidos a aderir ao Programa de Demissão Voluntária”, disse a procuradora. A empresa também afirmava que quem aderisse receberia R$ 100 mil e também cobertura médica por alguns meses.

Testemunhas ouvidas no caso afirmam que a empresa coagia os funcionários a aceitar o plano de demissão através de ameaças, oferecendo a opção de “sair com ou sem o PDV porque a demissão se daria de qualquer jeito”. Um funcionário ouvido em uma das audiências do MPT afirmou ter ouvido “no auditório com 300 adoecidos que era pegar o PDV com indenização ou sair sem nada”. 

O ministério também vê indícios de irregularidades nas demissões devido a depoimentos que apontam que a empresa escolhia os funcionários que seriam demitidos e demonstrava “preferência” pelos que estavam em licença de saúde. Uma funcionária com deficiência auditiva diz que ao final de uma licença para tratamento de saúde, foi informada que deveria aderir ao PDV pois havia sido escolhida pelo chefe. 

Durante uma audiência do MPT, a Mercedes Benz afirmou que só levou em consideração o “volume de mão de obra e da demanda de produção” para realizar as demissões, e que “o fato de o empregado ser ou não portador de doença ocupacional não foi considerado”. 

Na ação ingressada pelo Ministério, além de fixar um valor para multa, o MPT pede que a empresa seja proibida de assediar e coagir seus funcionários para pressioná-los a aderir a programas de demissão voluntária e lay offs (suspensão temporária de contratos de trabalho), além de exigir a anulação do contrato de acordo coletivo que permitia a “quitação ampla e irrestrita de todo o tempo trabalhado e de todas as parcelas decorrentes do contrato de emprego dos empregados”. 

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O Facebook passou a bloquear ofensas postadas na rede social numa tentativa de diminuir o número de postagens de cunho ofensivo. Nesse processo, Neguinho da Beija-Flor acabou sendo prejudicado por ter um nome considerado racista pela página. “Imagine só se eu tiver que ter que mudar de nome artístico por causa do Facebook? Eu me chamo Neguinho há mais de 50 anos”, disse Neguinho da Beija-Flor em entrevista ao site Extra.

A principal reclamação do sambista e sua equipe é o fato de que a rede social parece não ter um critério especifico para a ação, visto que nem todas as postagens tem sito vetadas. Segundo ele, a maioria delas, principalmente as impulsionadas, tem sido apagadas, mas outras continuam disponíveis. Além disso, o Facebook não tem dado explicações quando contestado. Quando procurada, a rede social afirmou, em nota: “Revisamos o conteúdo em questão e aprovamos sua veiculação”.

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As secretarias estaduais de Direitos Humanos e Políticas para Mulheres e Idosos e de Educação firmaram uma parceria para oferecer um curso de capacitação para professores, funcionários e alunos sobre intolerância religiosa em uma unidade escolar de São Gonçalo, Região Metropolitana do Rio de Janeiro, onde uma aluna foi discriminada por ser candomblecista. A medida foi decidida em um encontro, nesta terça-feira (22), entre o secretário de Direitos Humanos, Átila Nunes, e a família da vítima.

A jovem de 15 anos foi insultada por um garoto com xingamentos como “gorda macumbeira” e “macumbeiro tem que morrer” e, quando reagiu às agressões, gerando discussão na sala de aula, somente a menina recebeu punição, sendo suspensa por sete dias. Para o pai da adolescente, Leandro Coelho, religião é algo muito pessoal que não se deve impor a ninguém. "Como pai, a orientação que dou aos meus filhos é que não imponham a religião deles a ninguém, aceitem. Religião é uma coisa pessoal. Se você tiver dúvida sobre a religião do próximo, pergunte, mas impor, não", disse.

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Nunes lamentou o ocorrido e diz esperar que a iniciativa tomada em conjunto com a Secretaria de Educação conscientize as pessoas sobre a intolerância religiosa dentro do ambiente escolar. "Nosso maior objetivo é conseguir levar essa conscientização a toda a rede de professores. Nós sabemos que o bullying é muito presente nas escolas e no caso religioso acaba chamando mais atenção, porque é um problema de foro íntimo, então é inadmissível que uma escola aceite casos como esse e, pior ainda, puna a vítima”, esclareceu o secretário.

De acordo com dados do Disque 100, as denúncias de casos de intolerância religiosa aumentaram em 119% no ano passado com relação ao anterior. Somente na última semana, a Secretaria de Direitos Humanos fez 20 atendimentos de casos de intolerância. Para denunciar esse tipo de crime, a pessoa deve ligar para o Disque Combate ao Preconceito, no telefone (21) 2334-9551, de segunda a sexta-feira, das 10h às 16h.

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A Minas Gerais Administração e Serviços S.A. (MGS) não conseguiu reverter decisão que a condenou a reintegrar uma funcionária cuja dispensa foi considerada discriminatória, por ela ser adventista. Para a Primeira Turma do Tribunal Superior do Trabalho (TS), a empresa não conseguiu apresentar recurso derrubando a tese de que se trata de discriminação religiosa.  

A trabalhadora trabalhou pouco mais de um ano no município de Manhumirim-MG, como vigia, até ser demitida sem justa causa. Ela afirmou ter sido dispensada por pertencer à Igreja Adventista, cuja doutrina proíbe o trabalho no período entre o pôr do sol de sexta-feira e o de sábado. A vigia conta ainda ter a condição sido aceita até setembro de 2010, quando a empresa passou a exigir trabalho aos sábados. Diante da impossibilidade, veio a demissão. 

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Na justificativa, a MGS disse que a vigia não tinha disponibilidade de horário para atender às necessidades do setor e não havia outra vaga compatível para remanejamento. Para a empresa, a alegação de que a crença religiosa foi determinante para sua demissão era “fruto de sua mente fértil e imaginária” e que, por ter entrado através de concurso, a funcionária “estava ciente das condições, local e horário de trabalho definidos pela empresa”. 

O Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 3ª Região (MG) considerou a vigia como vítima de discriminação religiosa e sua dispensa sendo “arbitrária, ilegal e discriminatória”. Segundo o TRT, não ficou comprovada a real necessidade da profissional trabalhar aos sábados, nem os eventuais prejuízos causados pela manutenção de seu horário anterior nem a inexistência de vagas para remanejamento. 

Os advogados da companhia ainda alegaram que a contratação por concurso público não impede a MGS, empresa pública, de livremente despedir seus empregados. Para a defesa, não há determinação expressa do artigo 37 da Constituição Federal quanto à necessidade de motivação dos atos praticados pela Administração Indireta.

Já o relator do recurso, ministro Hugo Carlos Scheuermann, pontuou que a controvérsia não é propriamente sobre a necessidade ou não de ato motivado para dispensa, e sim sobre discriminação. “A empresa não contestou no recurso o fundamento do TRT-MG de que a dispensa foi discriminatória”, ele afirmou.

Recursos  - A decisão da Primeira Turma foi unânime. Após a publicação da decisão, a MGS pediu recurso extraordinário, para o caso ser levado ao Supremo Tribunal Federal (STF). A trabalhadora, por sua vez, pediu antecipação de tutela cobrando a reintegração imediata. Os dois pedidos estão sendo examinados pela vice-presidência do TST. 

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O futebol deu na sexta-feira (14) um passo importante na luta contra o preconceito no esporte. O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) julgará o Paysandu na próxima quarta-feira, às 15 horas, por desordem e discriminação após o empate por 1 a 1 com o Luverdense, pela 11ª rodada da Série B do Campeonato Brasileiro. Além do time, o árbitro Jean Pierre Gonçalves Lima pode ser afastado dos gramados por não relatar o fato na súmula da partida.

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A Procuradoria precisou de imagens da TV Liberal, afiliada da Rede Globo no Pará, para abrir o processo. De acordo com a acusação, integrantes da torcida organizada do Paysandu, Terror Bicolor, agrediram membros da Banda Alma Celeste em forma de represália pelo recentemente posicionamento em prol dos movimentos igualitários. Em maio, a torcida aboliu o grito de "bicha" e passou a estender a bandeira do Orgulho Gay na arquibancada.

O Paysandu foi enquadrado no artigo 213, inciso I, parágrafo 1º do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), por não garantir a prevenção ou repressão das desordens. Para a Procuradoria "restou evidente, que o tumulto, a desordem, a briga generalizada, trouxerem riscos à integridade física de torcedores em geral, inclusive verdadeiros torcedores e que nada tem a ver com as práticas delituosas constatadas".

Pelas desordens, o clube pode ser multado entre R$ 100 e R$ 100 mil e punido com perda de até 10 mandos de campo. Ainda há o agravante do Artigo 243-G, que abrange ato discriminatório, desdenhoso ou ultrajante, relacionado a preconceito em razão de origem étnica, raça, sexo, cor, idade, condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência, o que soma a multa entre R$ 100 ou R$ 100 mil.

O Paysandu é o primeiro clube denunciado por discriminação homofóbica no Brasil. Em 2014 um inquérito foi aberto no STJD para investigar supostas ofensas cometidas entre Corinthians e São Paulo, mas o caso acabou arquivado. No clube paraense o departamento jurídico garante que tomou todas as providências durante a partida, mas a confusão aconteceu 15 minutos após o encerramento do jogo e que não tem como afirmar se houve um ato de homofobia.

Há uma semana, o então presidente do Paysandu, Sérgio Serra, entregou sua carta de renúncia ao conselho pois, de acordo com ele, foi agredido por dois homens armados e teve sua família ameaçada por membros de torcida organizada. Reflexo: nove jogos sem vencer, com apenas 14 pontos e brigando contra a zona de rebaixamento.

A Fifa anunciou que pela primeira vez utilizará um conjunto de três medidas contra discriminação em um torneio oficial. A ação acontecerá na Copa das Confederações, que começará no sábado e terá também observadores antidiscriminação em todas as partidas da competição.

Desta maneira, quando identificado o ato discriminatório, o árbitro poderá parar o jogo e fazer um anúncio público no estádio para suspender o jogo até que o ato seja interrompido, juntamente com outra advertência. Caso necessário, o juiz poderá até abandonar a disputa, numa atitude mais drástica.

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Para tanto, será de extrema importância o trabalho dos observadores, que estarão monitorando o comportamento dos torcedores das duas seleções em campo. Caso existam ocorrências, os dados serão reunidos e enviados para o Comitê Disciplinar da entidade, que fará uma análise e apontará possível punição.

"Estas são mudanças inovadoras na luta global contra a discriminação, que marcará a edição de 2017 da Copa das Confederações. Ambas as iniciativas são ferramentas extras para os árbitros evitarem atitudes discriminatórias e garantir que a atmosfera no estádio seja de brincadeira e respeito", explicou o presidente da Fifa, Gianni Infantino.

Sede da competição e do Mundial de 2018, a Rússia será o primeiro país a receber o pacote de medidas "do bem". De acordo com o vice-primeiro ministro e presidente da federação russa, Vitaly Mutko, será uma "honra" começar com uma competição em seu país.

"Estamos satisfeitos que a Rússia tenha sido encarregada da missão de implementar tais iniciativas da Fifa com o objetivo de melhorar o futebol mundial. Este é um papel muito honorável e uma grande responsabilidade", declarou o dirigente.

Para ajudar na nova campanha, a Fifa também está preparando um vídeo que será transmitido nos telões dos jogos, com estrelas do futebol mundial passando mensagens contra a discriminação. Já nas semifinais, que acontecem nos dias 28 e 29 de junho, em Kazan e Sochi, respectivamente, serão celebrados como Dias Antidiscriminação da Fifa, com uma cerimônia antes de a bola rolar.

Além da anfitriã Rússia, Nova Zelândia, Portugal e México fazem parte do Grupo A do campeonato. O Grupo B da Copa das Confederações, por sua vez, é composto por Alemanha, Austrália, Camarões e Chile.

A empresa Lojas Americanas foi condenada, em segunda instância, por discriminação de candidatos em processos seletivos que exigiam a apresentação de certidão de antecedentes criminais como requisito para a contratação. A prática foi comprovada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) em um ação civil pública. 

A juíza Rejane Maria Wagnitz, da 1ª Vara do Trabalho de Brasília, julgou o recurso parcialmente procedente, aplicando uma multa de R$ 200 mil por dano moral coletivo, porém não estipulou nenhum valor  de multa em caso de descumprimento da determinação, pois entendeu que a empresa já cumpriu a obrigação de fazer, ou seja, deixou de exigir a certidão de antecedentes criminais como requisito indispensável para a efetivação. 

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O MPT recorreu da decisão solicitando que fosse estipulado um valor de multa caso a empresa volte a exigir a certidão. O recurso foi acatado pela Primeira Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 10ª Região, que determinou uma multa de R$ 20 mil por trabalhador em caso de descumprimento da decisão. 

Segundo o desembargador Grijalbo Fernandes Coutinho, “a discriminação constitui ato ilícito, gerando prejuízo para a coletividade, em face da violação a direitos inerentes à não discriminação, bem como aos princípios da dignidade da pessoa humana, da função social da propriedade, da isonomia, da intimidade e vida privada dos trabalhadores”.

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O procurador-geral do Trabalho, Ronaldo Fleury, assinou uma Portaria que institui a Política Nacional de Prevenção e Enfrentamento do Assédio Moral e Sexual e da Discriminação no Ministério Público do Trabalho (MPT) na última sexta-feira (22).

A inicitativa tem por objetivo estabelecer ações, princípios e diretrizes que garantam mais qualidade de vida no ambiente de trabalho. A portaria cria comissões para o desenvolvimento de ações de prevenção e enfrentamento ao assédio e à discriminação na Procuradoria Geral e nas 24 Procuradorias Regionais do MPT.

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Os representantes das comissões não apenas irão receber e analisar os casos que forem denunciados como também deverão recomendar ao procurador-geral e procuradores-chefes a adoção de medidas voltadas a relações interpessoais, liderança e gestão de pessoas.

No evento de assinatura da Portaria, Fleury destacou a importância da adoção destas medidas. "Temos que resgatar em todos nós, procuradores e servidores, o orgulho de trabalhar no MPT. Para isso, o primeiro passo é que os nossos servidores tenham essa sensação de pertencimento e que tenham a exata noção da importância de cada um para a construção de uma sociedade melhor”.

Participaram ainda da cerimônia o diretor-geral do MPT, Leomar Daroncho, o procurador-chefe do MPT no Distrito Federal (MPT-DF), Alessandro Santos de Miranda, a assessora especial do MPT Socioambiental, Mariana Flesch Fortes, o diretor regional do MPT-DF José Antônio Coutinho Vinhas Duran e a representante da Associação dos Servidores do Ministério Público do Trabalho e Militar (Asempt) Adeline Dias.

*Com informações do Ministério Público do Trabalho

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A Polícia Civil apresentou, na tarde desta segunda-feira (3), a conclusão do inquérito sobre o caso da blogueira Julia Salgueiro que, pela redes sociais, insultou um bebê com síndrome de down. Durante apresentação, realizada na delegacia de Casa Amarela, o delegado Paulo Rameh afirmou que, de acordo com o Art. 88 da Lei 13146/15 (que veda praticar, induzir ou incitar a discriminação de pessoa em razão de sua deficiência), Julia cometeu o crime de discriminação contra a pessoa portadora de deficiência. No documento, a polícia pede a prisão preventiva da blogueira. O crime prevê a pena de dois a cinco anos de reclusão e multa.

“Foram expressões muito rudes, muito graves. Elas ofendem a moral geral e o senso comum da população. A revolta muito ampla e divulgada em todas as mídias, demonstram que realmente as pessoas se sentiram muito ofendidas com o grau de violência das palavras da autora”, explicou o delegado. O inquérito foi concluído na última sexta-feira (31) e será enviado hoje ao Ministério Público do Estado.

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A defesa da autora é baseada na questão de que Julia estaria passando por um processo depressivo, provados através de cópias de atestados e receituários médicos assinados por um médico psiquiátrico. “O juíz vai avaliar até que ponto essa defesa é válida. Se isso realmente pode fazer com que haja uma pena alternativa mais branda. O trabalho da polícia civil é provar a materialidade do fato e a autoria. A questão da culpa ou se havia realmente a intenção de ofender especificamente aquela pessoa fica para o juíz analisar”, detalhou Rameh.

O delegado também disse que recebeu mensagens de internautas alegando que não era a primeira vez que Julia cometia esse tipo de atitude, porém as mensagens não entraram no inquérito. Rameh ressaltou que as provas que a mãe da criança enviou já seriam suficientes para indiciar a blogueira.  

O fato aconteceu durante a semana do Dia Internacional da Síndrome de Down, quando um ato de preconceito foi praticado pela blogueira Julia Salgueiro, do ModaModaModa, em um grupo de jornalistas no Facebook. Em suas postagens, ela compara uma criança com Down a um cachorro, diz que sexo entre eles é algo “nojento” e ainda aponta ser “um ser pensante que raciocina diferente da boiada”.

Diante dos diversos comentários e a polêmica causada pelas mensagens da blogueira, a mãe da criança de 11 meses com a síndrome se dirigiu à delegacia de Casa Amarela, na Zona Norte do Recife, para prestar queixa contra a blogueira. A mãe ressaltou que jamais ficaria calada diante de um caso de preconceito desse. “Existem pessoas cruéis e ruins nesse mundo. Mas jamais nos calaremos. Jamais! Preconceituosos não terão vez. Faço e farei de tudo para que os direitos do meu filho e de todos os outros sejam respeitados. Preconceituosos não passarão”.

Depois da seleção realizada pela casa de eventos Rose Beltrão, em que os critérios seletivos foram acusados de preconceituosos, o Ministério Público do Trabalho (MPT) em Pernambuco anunciou que instaurou procedimento investigatório. De acordo com o órgão, o objetivo é apurar de forma devida as denúncias.

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Conforme apurou o LeiaJá nessa segunda-feira (20), a empresa publicou um anúncio de processo seletivo para a função de supervisora comercial. Entre os critérios estavam as seguintes informações: “Mulher entre 30 e 40 anos de idade; formada em marketing, vendas ou administração; bom nível socioeconômico que permita frequentar bares, restaurantes, eventos voltados à classe alta ou média alta; Morar na ZN (Zona Norte) em bairros não populares; disposição para fazer o próprio salário”.

Segundo o MPT, a instauração ocorreu na manhã desta terça-feira (21), pela procuradora titular da Coordenadoria de Promoção de Igualdade de Oportunidade e Eliminação da Discriminação no Trabalho (Coordigualdade), Melícia Carvalho. “Após instaurado, o procedimento deverá ser distribuído a um dos membros do MPT, para que analise o caso e tome as providências legais cabíveis”, informou o Ministério, conforme informações da assessoria de imprensa.

O MPT alerta que as empresas não podem usar critérios discriminatórios, como exemplo sexo, idade e condição social, durante os processos de contratação de novos funcionários. A utilização discriminatória fere a dignidade da pessoa humana e da isonomia, além de contrariar dispositivos legais.

Por meio de nota, a casa de eventos Rose Beltrão alegou que a postagem foi um equívoco de comunicação. Veja o posicionamento da empresa: “A equipe Rose Beltrão Recepções gostaria de vir a público pedir desculpas pelo equívoco na comunicação sobre nossa vaga comercial. A publicação não reflete nossa filosofia de trabalho e nem o nosso compromisso com nossos clientes. Lamentamos sinceramente pela forma que foi abordado o texto. Estamos no mercado de festas a mais de 30 anos, sempre com o respeito de nossos clientes, colaboradores e fornecedores. Justamente por este respeito, mais uma vez, lamentamos o equívoco e agradecemos a compreensão. Equipe Rose Beltrão Recepções”.   

A Justiça Federal em Taubaté, no interior de São Paulo, condenou a dois anos e quatro meses de reclusão um internauta denunciado pelo Ministério Público Federal em São Paulo por incitar a discriminação contra habitantes da cidade do Rio e das regiões Norte e Nordeste do Brasil.

O fato ocorreu em outubro de 2014, após o resultado do segundo turno das eleições presidenciais, quando o réu publicou em seu perfil do Facebook "duas manifestações carregadas de preconceito quanto à procedência nacional". A pena foi substituída por prestação de serviços à comunidade, durante uma hora por dia de condenação, e pagamento de multa de dois salários mínimos.

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As informações foram divulgadas no site do Ministério Público Federal (processo 0000149-82.2016.4.03.6121, para consultar a tramitação acesse http://www.jfsp.jus.br/foruns-federais/)

Em uma postagem, o internauta afirmou: "Parabéns especial para o povo nordestino, nortistas e para os cariocas também!!!! Mais uma vez vcs acabaram de f**** com o Brasil seus b*****!!!!!! Na hora de pedir comida, teto, saúde e o caramba a quatro, veem para SP pedir nossa ajuda. Meus parabéns povinho de m****!!!!" (sic).

Horas depois, o acusado ainda publicou uma segunda manifestação, contendo as mesmas provocações e hostilidades. O segundo texto: "Não tenho dúvida alguma, por esse motivo sou a favor da criação do imposto sobre jegue e o burro. Imaginem a receita que teríamos principalmente no norte e nordeste do Brasil! !!!" (sic).

Em depoimento, o réu assumiu a autoria das postagens, alegando que foram motivadas pelo grande número de votos que a presidente reeleita recebeu nas regiões Norte e Nordeste, bem como na cidade do Rio.

Segundo ele, sua conduta "não passou de um desabafo, motivado pela indignação com a situação política, sem a intenção de depreciar os cidadãos daquelas localidades".

O internauta afirmou ainda que não tem nenhum tipo de preconceito contra tais habitantes, "possuindo, inclusive, amigos e familiares da esposa no Estado da Bahia".

Para a Justiça, contudo, "o contexto político da época apenas serviu de pano de fundo para o desenrolar dos fatos, ocorrendo inequívoco abuso do direito de liberdade de expressão por parte do réu."

A sentença ressalta que "as declarações transbordaram a seara do legítimo debate político ao externar opiniões preconceituosas e discriminatórias capazes de atingir a honra objetiva das pessoas vinculadas às regiões supracitadas".

A decisão também destaca a maior gravidade do crime - "as manifestações do réu deram-se em meio de comunicação social com amplo acesso a um número ilimitado de pessoas, conforme previsto no artigo 20, parágrafo 2.º, da Lei 7.716/89".

O ex-funcionário do Yahoo! Scott Ard abriu um processo contra a empresa após sua demissão alegando que foi dispensado por "discriminação" pelo fato de ser homem.

De acordo com Ard, desde que assumiu o comando da empresa, a CEO Marissa Mayer está prejudicando os homens com um sistema de avaliação que beneficiaria mulheres. "Ela [Mayer] faz uso de um sistema para acomodar preconceitos pessoais subjetivos na administração em detrimento dos trabalhadores do Yahoo! do sexo masculino", diz Ard em sua peça apresentada à Justiça de San Jose.

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O diretor de arte trabalhou na empresa por três anos e meio e foi demitido no início de 2015 por "desempenho fraco". Ard alega que suas análises sempre foram muito bem recomendadas. Para seu lugar, foi escolhida a atual editora-chefe do portal, Megan Lieberman.

O ex-funcionário acusa Lieberman de rebaixar as avaliações de três homens - incluindo ele - de seu setor e de manter as pontuações de duas mulheres, fazendo com que elas fiquem "melhor avaliadas" no sistema de pontuação adotado pela empresa.

Ard ainda acusa a ex-chefe do departamento de marketing, Kathy Savitt, de promover "16 empregados do setor editorial para categoria sênior em aproximadamente 18 meses, sendo que 14 deles ou 87% eram mulheres".

Questionado pelo caso pelo site de tecnologia "Gizmodo", o Yahoo! respondeu que não pode comentar o processo na Justiça, mas que "o pedido não tem mérito".

"Com o apoio inabalável de nossa CEO, nós estamos focados na contratação de funcionários com formação ampla e variada. Como declaramos no passado, o processo de avaliação trimestral não é completamente justo, mas conseguiu melhorar nossa performance.

Nós acreditamos que esse sistema ajuda nosso time a se desenvolver e a realizar o melhor de seu trabalho", informou o Yahoo!.

Além disso, a empresa informou que a liderança das mulheres em cargos aumentou de 23% em 2014 para 24% em 2015, o que prova que Mayer não está fazendo nenhuma "caça" aos homens.

Essa é a segunda vez que o conglomerado é processado por algo do tipo. Em 2014, o ex-funcionário Gregory Anderson alegou que "as funcionárias recebem mais oportunidades de participar de programas de demissão voluntária e recebem mais tempo para procurar outro emprego enquanto os homens são sumariamente demitidos". Anderson perdeu a ação na Justiça. (ANSA)

Segunda mulher a presidir o Supremo Tribunal Federal em 125 anos, a ministra Cármen Lúcia voltou a defender os direitos femininos. Na manhã desta sexta-feira, 23, em conversa com jornalistas, ela afirmou que ainda sente forte discriminação de gênero na sociedade e declarou que o preconceito "nem precisa ser dito". Atualmente, dos 11 ministros que compõem a Corte, apenas duas são mulheres - Cármen e Rosa Weber.

Questionada se o STF deveria ter mais ministras, Cármen lembrou que a competência das indicações do STF é da presidência da República e que a falta de mulheres não ocorre por falta de competência. "As coisas não se excluem, há mulheres que têm notável saber e reputação ilibada? Há. Não é porque tem que ter mais mulheres, nós queremos mais mulheres em postos porque nós conseguimos chegar em altos postos", disse.

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Cármen avalia que as mulheres estão chegando a campos onde não tinham espaço para trabalhar nas últimas décadas, porém nos cargos de liderança ainda é preciso melhorar. Ela lembrou que o cargo de procurador-geral da República nunca foi ocupado por uma mulher e considerou a posse de Grace Mendonça como advogada-geral da União, também inédito para mulheres, um avanço. "Talvez esteja atrasado para nós", completou. "É uma pena, porque as pessoas poderiam notar que as duas visões de mundo feminina e masculina se completam muito."

A ministra disse que, mesmo tendo alcançado o posto de presidente do STF, ainda sente o preconceito na rua por ser mulher. "Não ouço comentários, mas o preconceito nem precisa ser dito. A verdade é que o preconceito passa pelo olhar. O preconceito na sociedade contra a mulher tem, esse é um fato. Isso já mudou, melhorou muito mais em relação ao que já foi", avaliou, ponderando que não sente preconceito entre os ministros da Corte.

Ela lembrou que até a década de 1950 era raro ter mulheres na faculdade de Direito. Ela contou que quando foi procuradora-geral do Estado, em 2000, um outro procurador disse que não se submeteria ao comando feminino. Quando concorreu à vaga de professora em Minas Gerais, na década de 1980, ela disse que um homem desistiu de tentar a vaga porque afirmou que não disputaria com uma mulher.

Em sua primeira sessão como presidente do STF, há cerca de dez dias, Cármen já havia declarado que a sociedade é "extremamente preconceituosa" com as mulheres. "Há sim enorme preconceito contra nós mulheres em todas as profissões. Eu convivo com mulheres o tempo todo que são discriminadas".

O La Biela, um dos cafés mais conhecidos de Buenos Aires, foi alvo na noite desta segunda-feira, 5, de dezenas de manifestantes que recorreram a "beijaço", sob chuva e frio de 7ºC, para apoiar uma denúncia de discriminação contra lésbicas.

Segundo o casal que denunciou o crime, em 29 de agosto um garçom do lugar pediu que elas "se tranquilizassem" ao vê-las se acariciando. O caso ganhou repercussão nacional quando uma das jovens, Belén Arena, de 25 anos, o relatou em sua conta no Facebook. O fato ocorreu em uma confeitaria símbolo da Recoleta, bairro que atrai turistas interessados especialmente no ambiente aristocrático e na arquitetura francesa.

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Belén disse que sua primeira reação ao pedido do garçom foi cobrar explicações ao gerente, o que não apaziguou a situação. "Ele me disse que o que eu estava fazendo não era apropriado para o lugar. Eu perguntei por que não dizia o mesmo ao casal heterossexual que estava na mesa ao lado. Então ele me chamou de ridícula", repetiu Belén ontem, encharcada em meio à manifestação.

Ela disse ter convocado o ato porque o encarregado do La Biela não se desculpou. "Isso ocorreu pela primeira vez comigo em 2009 e em geral a resposta da casa é que o comportamento do garçom não representa o do estabelecimento. Desta vez, o dono reafirmou a posição. Até disse que teriam tratado da mesma forma um 'casal normal'. Como se nós fôssemos anormais", reclamou Belén.

Conforme o dono do café, Carlos Gutiérrez, seu garçom pediu às duas que mudassem de comportamento ou de lugar porque estavam incomodando clientes. Ele também contradisse a versão de Belén de que ela apenas mexia no cabelo de sua namorada, que chorava por um problema pessoal. "Não houve discriminação, era uma situação obscena. Havia uma troca de carícias grosseira e não se pode desrespeitar o restante dos clientes", argumentou ele ao canal C5N.

Belén afirmou que, ao fazer a denúncia em uma delegacia, os policiais inicialmente não sabiam exatamente como enquadrar o caso, mas logo aceitaram a queixa por discriminação. O escrache, feito fora do café, durou menos de uma hora e teve ampla cobertura da imprensa local. O ato foi tratado com indiferença pelos clientes que estavam na confeitaria. (Renan Cavalheiro, correspondente)

O presidente do Comitê Olímpico Russo (ROC), Alexandr Jukov, voltou a criticar a exclusão de parte dos atletas do seu país dos Jogos do Rio, que chamou de "discriminação". "Em alguns casos, atletas russos limpos são suspensos sem justificativa nem prova, só porque foram mencionados no relatório McLaren", reclamou o dirigente durante a sessão do Comitê Olímpico Internacional (COI), do qual é membro.

O relatório em questão, divulgado no dia 18 de julho por uma comissão independente da Agência Mundial Antidoping (Wada), evidenciou práticas de doping sistemático na Rússia, com supervisão do governo e participação dos serviços secretos. A Wada chegou a recomendar a exclusão total da Rússia dos Jogos, mas o COI preferiu deixar a responsabilidade a cargo das federações internacionais de cada esporte, com base em critérios rígidos, excluindo, por exemplo, os atletas já punidos por doping ou mencionados no relatório McLaren. "Nesse caso, quem protege os direitos dos atletas limpos? Alguns atletas são mais limpos que outros? Não seria discriminação?", indagou Jukov.

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De fato, atletas não russos que já foram punidos por doping vão poder competir no Rio, como o velocista americano Justin Gatlin, principal rival do jamaicano Usain Bolt. "Agora, se atletas russos que já estão no Rio são obrigados a sair, vai ser uma verdadeira tragédia", insistiu.

Um painel do COI deve validar até sexta-feira as listas de atletas autorizados a competir pelas federações internacionais, com a possibilidade de novas exclusões. Segundo a última contagem da AFP, 117 atletas russos já estão oficialmente excluídos dos Jogos do Rio, quase um terço da delegação prevista, sendo que 30 apresentaram recursos diante do Tribunal Arbitral do Esporte (TAS), a título individual ou coletivo.

"Que aqueles que pediram a exclusão coletiva da Rússia saibam que, se levarmos em conta as vidas despedaçadas de atletas inocentes, estou totalmente de acordo com o presidente (do COI) Thomas Bach: cada indivíduo precisa ter ao menos a oportunidade de provar sua inocência", completou Jukov.

Estudantes e professores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde foi assassinado, no sábado, o aluno Diego Vieira Machado, de 30 anos, no campus da Ilha do Fundão, denunciam o surgimento, nos últimos dois anos, de grupos autodeclarados de direita, que discriminam gays, negros, cotistas, mulheres e pessoas com orientação política de esquerda. Esses coletivos compartilham, nas redes sociais, comentários preconceituosos e os intimidam também pessoalmente. Depois de ouvir colegas e amigos de Machado, a Polícia acredita que a provável causa do crime foi homofobia, uma vez que ele era gay e conhecido por seu ativismo. A família dele, que é do Pará, espera hoje a liberação do corpo para o sepultamento.

No Facebook, um grupo de alunos que se autodenominam de direita debochou do crime e da motivação investigada: "O camarada foi achado morto, no Fundão, com sinais de espancamento. (...) A escumalha fascistoide se prendeu só ao fato da vítima ser um gay. Pronta e morbidamente começaram a capitalizar o crime em prol da agenda viadista que defendem. Já brotam, em várias páginas, comentários que mais parecem fanfics, dizendo que foi crime de ódio, homofobia, blablabla...", escreveram integrantes do grupo intitulado UFRJ da Opressão. Em outra postagem, foi compartilhada a piada: "Morreu um gay: suspeita de homofobia. Morre um negro: suspeita de racismo. Um cara se explodiu dizendo `Allahu Akbar' ("Deus é grande" em árabe, frase usada por terroristas): não vamos nos precipitar".

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"Todas as minorias estão vulneráveis na UFRJ, especialmente quem estuda à noite e quem mora no alojamento universitário", disse a professora Georgina Martins, da Faculdade de Letras, onde Machado estudava. "Os gays são ainda mais vulneráveis, assim como os negros, os cotistas, os pobres e as pessoas de esquerda. O Diego se enquadrava em tudo isso. É como se essas pessoas dissessem: `voltem para a senzala, esse lugar não é seu'". A professora tem um filho homossexual e teme pela sua segurança.

Aluno desde 2012 e morador do alojamento, por não ter residência no Rio e vir de família pobre, o estudante morto é descrito como militante pelos amigos. Posicionava-se abertamente sobre sua orientação sexual e travava embates com quem o discriminava. Mantinha amizades na Escola de Belas Artes, fazia performances, escrevia poesia e participava de atos políticos, como os que tomaram a reitoria da UFRJ ano passado por melhores condições de ensino e moradia. Os mais próximos o ajudavam com alimentação e roupas.

A amiga e vizinha Pérola Rodrigues, de 22 anos, contou que Machado tinha transtorno de personalidade borderline, o que o fazia instável emocionalmente e impulsivo. Ele vinha fazendo terapia num serviço gratuito oferecido pela universidade. "Ele era rebelde e batia boca mesmo, não deixava passar. Recebia ataques racistas e homofóbicos, porque seu comportamento livre incomodava essas pessoas que propagam o ódio. Existe um avanço do conservadorismo na sociedade, e na UFRJ não seria diferente", lamentou Pérola, da Escola de Comunicação da UFRJ.

Ela não acredita que uma pessoa sozinha fosse capaz de dominar e agredir Machado, que tinha 1,85 metro, era forte, tinha boa condição física e noções de autodefesa. "Isso seria impossível de acontecer." Machado foi visto pela última vez às 10 horas, quando saía para correr. Seu corpo foi encontrado por volta das 17 horas, perto do edifício da Educação Física, já rígido, o que indica que a morte ocorreu bem antes. Ele estava com marcas de agressão no rosto e sem calça, só de camiseta - mais um indicativo de crime de homofobia. A Delegacia de Homicídios identificou suspeitos, entre eles, alunos.

Segundo Matheus Carvalho, de 23 anos, aluno da Faculdade de Direito e um dos administradores de um grupo no Facebook para pessoas LGBT da UFRJ, são comuns relatos LGBTfóbicos. "As pessoas LGBT não se sentem confortáveis em ambientes da UFRJ onde são feitas piadas homofóbicas, como festas e nas aulas de alguns professores preconceituosos. Existem muitos espaços em que essa opressão é reproduzida, e a UFRJ não se manifesta institucionalmente". No banheiro da Escola de Comunicação, no campus da Praia Vermelha, a pichação "Morte aos gays da UFRJ" foi coberta por um desenho de arco-íris. Em outro banheiro, este no Centro Técnico da Engenharia, no Fundão, foi escrito "Só tem viado nessa porra" (sic).

Em maio, a universidade lançou a campanha "Não se Cale", "para combater opressões e violências na UFRJ", encorajando denúncias de casos de machismo, homofobia, assédio moral, racismo e outras formas de violência muitas vezes naturalizadas. Nesta terça, 5, foi ampliada a cobertura de câmeras de vigilância no câmpus do Fundão, com a instalação de dezessete novos equipamentos perto do alojamento, três delas, capazes de girar 360 graus. As imagens são monitoradas em tempo real. Quase todos os 5,2 quilômetros quadrados do câmpus estão cobertos hoje pelas câmeras, segundo o reitor, Roberto Leher, com poucos pontos cegos. A Polícia está analisando os registros referentes a sábado.

Leher decretou luto oficial e se posicionou tachando o crime de "perverso e bárbaro". "Não podemos admitir que qualquer integrante da comunidade universitária sinta-se sob ameaça", afirmou, em carta divulgada no site da universidade. A família de Machado, que quer enterrá-lo em sua cidade natal, Acará, a cem quilômetros de Belém, está sendo assistida. "Meu irmão não brigava fisicamente com ninguém, só argumentava, mas acabou virando alvo por isso. Desde os 16 anos era gay assumido, e chegou a ser atacado e ter os cabelos cortados por alunos da nossa escola por isso", contou o irmão, Maycon Machado, de quem o estudante se mantinha próximo, apesar da distância física.

A Fifa anunciou nesta sexta-feira (27) que decidiu punir algumas federações nacionais por cantos homofóbicos por parte de seus torcedores, num gesto aplaudido por entidades de direitos humanos. Os jogos ocorreram no âmbito das Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2018 e os times punidos incluem Chile, Paraguai, Peru, México, El Salvador e Honduras, além da Croácia, na Europa, por atos de discriminação de seus torcedores.

O Chile será impedido de jogar em seu estádio nacional em Santiago por uma partida, além de pagar uma multa de US$ 30 mil. O jogo em questão será entre o país e a Bolívia e o time ainda pode ser suspenso por mais partidas enquanto o caso é avaliado.

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O México foi multado em US$ 35 mil, enquanto Honduras pegou uma multa de US$ 40 mil. El Salvador ainda terá de pagar US$ 35 mil, contra US$ 20 mil do Paraguai e US$ 15 mil do Peru. As multas a esses países foram aplicadas por conta do comportamento das torcidas, incluindo ofensas homofóbicas.

Já a Croácia foi punida por dois jogos das Eliminatórias, contra a Turquia e Finlândia. Ela terá de jogar sem sua torcida e pagar uma multa de US$ 150 mil. A decisão foi tomada por conta do comportamento da torcida em outros dois jogos neste ano, também com cantos discriminatórios.

O gesto da Fifa é uma mudança importante em comparação ao comportamento da entidade sob o mandato de Joseph Blatter. Na Copa do Mundo de 2014, apesar dos inúmeros casos de abusos por parte de torcedores, nenhuma seleção foi punida. Na Fifa, a atitude dos torcedores era apresentada como "cultural".

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