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SALVADOR (BA) - Embora o slogan “O gigante acordou” esteja sendo usado para se referir as recentes manifestações no Brasil, muitas pessoas já estavam acordadas há tempos. A manifestação, nesta quinta-feira (28), levou manifestantes - que queriam entregar ao prefeito do município, ACM Neto, uma carta com as reivindicações do Movimento Passe Livre -, a lotarem às ruas da capital baiana. Durante o protesto, era possível encontrar militantes dos movimentos negro, de sem tetos, LGBT, feminista, membros de partidos políticos, coletivos estudantis e ativistas da causa dos deficientes físicos.
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O manifestante do Movimento Passe Livre, grupo que organizou a manifestação, Caio Ferreira, explica que o movimento é “autogestionado” e que não existe uma figura representativa. “As decisões são tomadas coletivamente em assembleia e nos comunicamos oficialmente através de uma comissão de comunicação. O objetivo da nossa luta é por um tansporte gratuito e de qualidade”, esclarece.
Segundo o presidente do Grupo Gay da Bahia (GGB), Marcelo Cerqueira, o grupo decidiu participar da manifestação para celebrar o dia do orgulho gay, comemorado nesta sexta-feira (28). Também protestamos contra a cura gay, até porque não há nada pra ser curado, não existe doença e o PL 122 que justifica a homofobia como crime no Brasil.
Muitos participantes de organizações da luta do povo negro estavam presentes, dentre eles militantes do Movimento Negro Unificado (MNU), que denuncia desde 1978 as desigualdades raciais. O militante, Tom Nascimento, explica que com a chegada dos megaeventos no país a juventude negra periférica sofre um exterminio e é atingida por remoções e pela força policial. “O MNU, assim como os outros movimentos, vêm trazer para a manifestação as pautas pelas quais sempre lutamos” , conta Tom.
Aqueles que se organizam em partidos também estavam presentes. É o caso de Rafael Digal, militante do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL). ’’Tenho ido aos protestos, porque enquanto militante de esquerda e dos movimentos sociais sempre foi esse o meu lugar. É na rua que o povo aprende que tem o poder e por ser partidário não deixo de ser parte do povo pelo contrário, contribuo para a organização e fortalecimento das lutas’’, afirma Digal.
Já a Militante da Marcha Mundial das Mulheres, Beatriz Vieirah, nos conta que o grupo sempre esteve presente nas manifestações contra o aumento da tarifa e pela discussão do modelo de transporte público. "Também fomos as rua do nosso país para lutar pela descriminalização e legalização do aborto, para dizer NÃO ao Estatuto do Nascituro e o projeto legislativo de n. 234 (cura gay) e toda e qualquer tentativa violenta de controle dos nossos corpos e sexualidade’’diz.
O integrante do Movimento Sem Teto da Bahia (MSTB) , Dinho Oliveira explica o que motivou a presença do movimento na manifestação. “Porque a gente acha que tem que mudar a história política do Brasil. Esse modelo econômico não satisfaz a necessidade dos trabalhadores” afirma o militante.
Um pouco de História – Os baianos sempre estiveram na luta por direitos, entre as muitas histórias de batalhas foi na revolta dos alfaiates em (1798), também conhecida como 'Conjuração Baiana', ou Revolta dos Búzios que este povo lutou pela proclamação da República e o fim da escravidão. Em 1821, a custa de muito sangue, dentre eles o de Joana Angélica, que tentou impedir a entrada dos portugueses no Convento da Lapa, a Bahia conquistou sua independência de Portugal.
No Estado também aconteceram a sabinada, a revolta dos malês, a revolta da Farinha e mais recentemente, em 2005, a Revolta do Buzu que, onde na luta contra o aumento da tarifa de ônibus os soteropolitanos foram a luta. As manifestações, que duraram duas semanas, levaram às ruas mais de 50 mil pessoas, que protestavam contra o aumento da tarifa de R$ 1,30 para R$ 1,50. Este movimento inspirou o surgimento do Movimento Passe Livre, que hoje protesta em todo o país contra o aumento das passagem.
Na Bahia, onde a luta dos direitos sempre se “rodou a baiana”, muito sangue foi derramado pela conquista de uma sociedade mais igualitária e ainda hoje muitos militantes de movimentos sociais perdem a vida em prol de suas causas enquanto são criminalizados pela grande mídia. Nesta terra nagô o gigante nunca pode sequer cochilar.