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O ex-executivo da Odebrecht, Alexandrino Alencar, relatou em uma entrevista para o filme "Amigo Secreto", da cineasta Maria Augusta Ramos, que sofreu pressão de procuradores da força-tarefa anticorrupção para envolver o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no processo. Alencar também declarou que um suposto investigado que delatou o ex-presidenciável Aécio Neves (PSDB) como beneficiário de caixa dois teria sido solto pelos procuradores.

"Isso é um sistema anticorrupção? Ou é uma questão direcionada?", questionou o relator, de acordo com a Folha de São Paulo. Segundo Alexandrino, apontado pela Lava Jato como elo entre o PT e a empreiteira, o ex-presidente era "o principal alvo" dos investigadores, que o pressionaram a chegar "ao limite da verdade" para envolver Lula em sua delação. É a primeira vez que um delator da operação faz esse tipo de declaração pública.

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"Era uma pressão em cima da gente", diz o ex-executivo no longa-metragem. "E estava nítido que a questão era com o Lula", disse Alencar.

Os interrogadores, diz ele, insistiam em questões sobre "o irmão do Lula, o filho do Lula, não sei o que do Lula, as palestras do Lula [a empreiteira contratou o ex-presidente mais de uma vez para falar em eventos]". 

"Nós levávamos bola preta, 'ah, você não falou o suficiente'. Vai e volta, vai e volta. 'Senão [diziam os interrogadores], não aceitamos o teu acordo'", segue o ex-empreiteiro em seu relato.

Só depois de ceder, diz Alexandrino, os investigadores aceitaram em assinar, com ele, um acordo de colaboração premiada. Entre outras coisas, Alexandrino detalhou em seus depoimentos os gastos da empreiteira com a obra no sítio de Lula em Atibaia entre 2010 e 2011.

O ex-presidente acabou sendo condenado em 2019 a 12 anos e 11 meses de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro por causa das reformas feitas pela construtora na propriedade. O depoimento de Alexandrino foi considerado fundamental na época para que o petista fosse condenado.

Dois anos depois, a Justiça extinguiu a punição a Lula, como desdobramento da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que considerou o ex-juiz Sergio Moro suspeito no caso do tríplex atribuído a Lula.

Mais revelações

No filme "Amigo Secreto", o ex-executivo afirma que outros delatores, sob pressão, mentiram para os investigadores para poder assinar a colaboração e ver suas penas de prisão diminuídas. "Se eu falasse mais, eu estaria inventando. Estaria contando uma mentira como aconteceu com alguns [delatores] que você sabe, notórios, que mentiram para tentar escapar", diz ele. "Eu contei a verdade. Eu cheguei no limite da minha verdade."

Ele diz também saber de casos de pessoas que foram dispensadas dos depoimentos quando citaram o tucano Aécio Neves em suas delações.

"Não vou dizer o nome do santo. Mas tem colega meu que foi preso em Curitiba, chegou lá, o pessoal [investigadores] começou a perguntar sobre caixa dois [recursos doados para políticos sem registro na contabilidade oficial]. Ele [colega de Alexandrino] falou: 'Isso aqui é para o Aécio Neves'. Na hora em que ele falou, eles [interrogadores] se levantaram e soltaram ele. Isso é Lava Jato? Isso é um sistema anticorrupção? Ou é uma questão direcionada?".

Inconformados com o presidente Jair Bolsonaro (PL), policiais federais começaram a colocar em prática nesta terça-feira, 24, uma nova estratégia para pressionar o governo. A ideia a partir de agora é organizar manifestações pontuais e, com isso, prolongar as mobilizações em busca da reestruturação da Polícia Federal (PF). Uma das principais bandeiras é uma recomposição de salários mais ampla que o reajuste de 5% anunciado para todo o funcionalismo federal.

No mês passado, associações de classe já haviam organizado protestos simultâneos em todo o País. Sem um recuo do governo, os policiais reavaliaram a tática e decidiram investir em atos regionais para manter o fôlego das investidas por mais tempo.

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As mobilizações estão sendo organizadas em superintendências, delegacias, portos, aeroportos e postos da PF. Outra reação é a redução na análise dos pedidos de porte de armas, uma das promessas de campanha do presidente.

O primeiro protesto foi organizado mais cedo na porta da superintendência da Polícia Federal no Ceará. O ato teve faixas cobrando que Bolsonaro "honre a palavra" e "cumpra a promessa de valorização" dos servidores da corporação.

"Te salvamos da facada e agora vai nos esfaquear pelas costas?", dizia uma das faixas do protesto.

Houve ainda paralisações e mobilizações em frente a aeroportos no Amapá e no Rio de Janeiro.

O delegado federal Luciano Leiro, presidente da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF), disse que "causa estranheza" que a corporação, "responsável por investigações que dizem respeito ao governo, esteja sendo constantemente desvalorizada"

"Como se fosse uma retaliação contra à PF", afirma. "É preocupante observar o tratamento que o presidente da República tem dado à Polícia Federal e aos policiais federais."

Kharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia, sofre neste sábado (30) vários bombardeios de tropas russas, mas o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky afirmou que as forças do país conseguiram "êxitos táticos" na região.

A Ucrânia mantém o controle de Kharkiv, mas a cidade sofre bombardeios frequentes das forças de Moscou.

Uma pessoa morreu e cinco ficaram feridas devido à "artilharia inimiga e ataques de morteiro", informou no Telegram a administração militar regional de Kharkiv.

"A situação na região de Kharkiv é dura, mas nosas Forças Armadas, nossa inteligência, registraram importantes êxitos táticos", declarou Zelensky em um discurso exibido na televisão.

As tropas ucranianas anunciaram que recuperaram um vilarejo "importante estrategicamente" perto de Kharkiv: Ruska Lozova. E também informaram a retirada de centenas de civis.

"Foram dois meses vivendo sob um medo horrível. Nada além de um medo terrível e persistente", contou à AFP Natalia, uma jovem de 28 anos que conseguiu escapar da localidade.

Um homem de 40 anos que pediu para ser identificado apenas por seu primeiro nome, Svyatoslav, disse que passou dois meses em um porão sem comida e se alimentava com qualquer coisa que encontrava.

A Rússia confirmou na sexta-feira que executou bombardeios aéreos contra Kiev durante a visita do secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, o primeiro ataque contra a capital ucraniana em quase duas semanas, uma ação que provocou a morte de uma jornalista.

Zelensky pediu uma resposta global mais veemente aos ataques de quinta-feira, que aconteceram após sua reunião com Guterres.

"É lamentável, mas uma humilhação tão deliberada e brutal das Nações Unidas por parte da Rússia não teve resposta", disse.

Guterres também visitou Bucha e outras áreas do subúrbio de Kiev, onde a Rússia foi acusada de cometer crimes de guerra. Moscou nega ter matado civis.

O ministério russo da Defesa afirmou que usou "armas de longo alcance e alta precisão", que "destruíram edifícios onde são produzidos mísseis Artyom em Kiev".

"Acredito que os russos não temem nada, nem o julgamento do resto do mundo", declarou à AFP Anna Hromovich, vice-diretora de uma clínica que foi atingida pelo ataque e ficou muito danificada.

- A "depravação" de Putin -

Promotores ucranianos afirmaram que identificaram mais de 8.000 crimes de guerra e que investigam 10 soldados russos por suspeitas de atrocidades em Bucha, onde foram encontrados dezenas de corpos com roupas civis após a retirada das tropas russas.

O porta-voz do Pentágono, John Kirby, descreveu a destruição na Ucrânia na sexta-feira e criticou o que chamou de "depravação" de Putin.

Mais de dois meses depois do início da invasão, após o fracasso do objetivo inicial de conquistar Kiev, a Rússia intensifica agora as operações na região leste do Donbass e fortalece o controle na devastada cidade portuária de Mariupol, no sul.

As autoridades de Kiev afirmaram que desejavam retirar os civis da usina siderúrgica de Azovstal, que está cercada e representa o último reduto em Mariupol com centenas de civis ao lado dos últimos soldados ucranianos.

Mas Denis Pushilin, líder da região separatista de Donetsk, acusou as forças ucranianas de "atuar como terrorista" por supostamente reter os civis na siderúrgica.

- Avanços irregulares -

Nos últimos dias, Kiev admitiu que as forças russas capturaram várias pequenas localidades do Donbass.

Mas as forças ucranianas, armadas pelos países ocidentais, também relataram pequenas vitórias na linha de frente.

Uma fonte da Otan afirmou que a Rússia registrou avanços "pequenos e irregulares" em sua tentativa de cercar as posições inimigas diante do contra-ataque das tropas ucranianas.

O Pentágono disse que os russos "ficaram atrás do que esperavam alcançar no Donbass" porque os ataques aéreos não conseguiram pavimentar os avanços terrestres.

O ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, afirmou que a ofensiva de seu país acontece "de acordo com os planos".

Em uma entrevista publicada neste sábado pela agência estatal chinesa Xinhua, Lavrov também pediu à Otan e aos Estados Unidos que parem de enviar armas a Kiev "se realmente estão interessados em resolver a crise ucraniana".

A Ucrânia espera receber mais armas prometidas pelos países ocidentais. Durante a semana, o presidente americano Joe Biden pediu ao Congresso 33 bilhões de dólares para armar e apoiar o governo de Kiev.

Os temores de propagação do conflito pela Europa chegaram à zona separatista pró-Rússia da Transnístria, na Moldávia, depois que explosões e tiros foram registrados na região.

A guerra provocou a fuga de 5,4 milhões de pessoas da Ucrânia e outras 7,7 milhões estão em deslocamento dentro do país desde o início da invasão, de acordo com a ONU.

O presidente Jair Bolsonaro autorizou, nesta quinta-feira (14), a divulgação da entrada dos pastores Arilton Moura e Gilmar Santos para estancar a nova crise no Palácio do Planalto após O Globo revelar que o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) se recusou a fornecer informações. 

Os ministros Augusto Heleno, do GCI, e Wagner Rosário, da Controladoria-Geral da República se reuniram nesta quinta. Na reunião, Rosário alertou Heleno de que a tendência era o órgão determinar a divulgação dos dados. Por sua vez, Heleno propôs se antecipar para debelar a nova crise política em ano eleitoral, antes mesmo da decisão da CGU.

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O ministro da GCI consultou Bolsonaro nesta tarde, que concordou com a liberação dos dados, apesar da lista mostrar a visita dos dois pastores na Secretaria de Governo e na Casa Civil, de acordo com integrantes do Planalto.

A orientação no governo é de que as consultas sobre as visitas sejam feitas diretamente aos ministérios. Ainda que indiquem o local da visita, o registro da portaria divulgado pelo GSI não determina quais foram as pessoas que receberam os pastores. 

O ex-presidente da Petrobras, general Joaquim Silva e Luna, contou à Veja sobre supostas interferências do presidente Jair Bolsonaro (PL) na estatal. O militar estava há cerca de um ano à frente da empresa, que teria sido alvo de pressões para indicar diretores e ainda para controlar os preços dos combustíveis. A declaração feita à revista foi publicada nesta sexta-feira (1º).

No último dia 29, Luna comunicou publicamente a demissão e disse que os motivos da saída eram “complexos”. Sua atuação no cargo está prevista para ter fim em 13 de abril.

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“Não vendo minha alma a ninguém, não coloco meus valores em xeque”, disse. No começo de março, percebeu que sua relação com Bolsonaro estava desgastada quando o presidente declarou que a estatal “cometia um crime” contra a população e reclamou do último aumento do preço dos combustíveis, afirmando que “todo mundo no governo pode ser substituído”, disse o ex-presidente.

Silva e Luna foi informado de que deixaria o cargo após críticas severas da ala governista ao seu trabalho e até mesmo à sua remuneração. Bolsonaro chegou a culpar uma suposta corrupção na Petrobras pelo aumento no preço dos combustíveis. Ele considerou o anúncio desrespeitoso com a sua carreira.

“Tem coisas que para mim são sagradas, e a mais importante é a minha biografia. Quero minha reputação íntegra, para quem quiser olhar. Não aceito que ninguém jogue pedra nisso aqui e, por consequência, na própria empresa”, disse, segundo a entrevista à “Veja”.

Segundo o general, ele ainda sofreu "pressões crescentes" em torno do preço dos combustíveis e da troca de diretores. No último dia 10, a Petrobras reajustou o preço da gasolina em 18,77% e o diesel, em 24,9%.

"As pressões sempre foram crescentes. Em torno do preço dos combustíveis, por troca de diretores. Foram todas absorvidas, nunca cedidas. Nenhuma. Essas resistências foram crescendo, foram feitas algumas sinalizações públicas", afirmou Silva e Luna, dizendo que essas situações não o intimidavam, mas que ficou desconfortável.

Luna continuou: “Pressão nunca me intimidou. Passou a me incomodar quando começaram a falar coisas que não são verdadeiras, porque impactam a companhia. Tenho a responsabilidade de zelar pela imagem da empresa. Isso me incomodou. Disseram que ganho 200 mil reais mensais. Isso é mentira, não existe nada disso. Não é verdade, não ganhei nem metade disso”.

Silva e Luna também foi questionado sobre eventual vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições presidenciais e o general afirmou que "gostaria que o resultado fosse outro". "Tenho dito de forma contundente que aqui não cabe aventureiro, hoje a governança da Petrobras não permite isso. Graças à governança, não vejo possibilidade para que aconteça algo parecido com o que ocorreu no passado", acrescentou.

A "fritura" do ministro da Educação, Milton Ribeiro, cresceu nas últimas horas nos bastidores do Palácio do Planalto. Integrantes do Centrão, da bancada evangélica e da coordenação da campanha de Jair Bolsonaro (PL) elevaram o tom e pedem a cabeça de Ribeiro o quanto antes, para blindar não apenas o presidente, mas o próprio segmento religioso, incomodado com as denúncias de corrupção na pasta, reveladas pelo Estadão.

O nome mais cotado para assumir o ministério é o do atual presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), Marcelo Lopes, uma indicação pessoal do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira. Lopes foi chefe de gabinete de Ciro no Senado.

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Como mostrou o Estadão em uma série de reportagens, o Ministério da Educação (MEC) abriga um gabinete paralelo, com dois pastores que controlam a agenda de Ribeiro e indicam prefeituras para a liberação de verbas. Dez prefeitos já denunciaram que pastores atuaram na intermediação de recursos ou para facilitar o acesso direto a Ribeiro. Três deles admitiram que ouviram pedido de propina em troca da liberação de verbas para escolas.

Ribeiro é pastor presbiteriano e bastante próximo de Bolsonaro e da primeira-dama, Michelle. Foi indicado para o cargo pelo novo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) André Mendonça, antes mesmo de ele ocupar a vaga na Corte. Mendonça é pastor e "terrivelmente evangélico", como costuma dizer o presidente.

Embora Bolsonaro tenha dito que bota "a cara toda no fogo" por Ribeiro, aliados do presidente afirmam que a situação se tornou insustentável com a avalanche de notícias negativas, porque ele perde o discurso de que não há corrupção no governo às vésperas de colocar a campanha na rua.

No diagnóstico do comitê da campanha, Bolsonaro não pode ter a imagem comprometida com mais uma crise no momento em que começa a ganhar fôlego nas pesquisas de intenção de voto, diminuindo a diferença para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), seu maior adversário. De acordo com informações do blog da jornalista Andréia Sadi, confirmadas pelo Estadão, a bancada evangélica vai pedir apoio de André Mendonça para convencer Bolsonaro e o ministro de que ele deve deixar o cargo.

A posição de Bolsonaro ainda é a de manter Ribeiro em banho-maria para aguardar novos desdobramentos do caso, como a investigação do ministro autorizada na quarta-feira pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Mas não se sabe até quando o presidente aguentará a pressão e o fogo amigo. Na avaliação de líderes do Centrão ouvidos pela reportagem, o fato de as denúncias só crescerem, a crise ganhou novo patamar.

Integrantes de diferentes denominações religiosas argumentam, nos bastidores, que Bolsonaro precisa dar uma resposta "à altura", porque o escândalo também pode manchar a imagem dos próprios evangélicos que apoiam um segundo mandato para o presidente. "O ministro tem que sair e responder às denúncias fora do cargo. Acredito na honestidade dele, mas vai ter que provar", disse ao Estadão/Broadcast um líder religioso, com trânsito livre no Planalto, sob a condição de anonimato.

O presidente da Frente Parlamentar Evangélica, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), afirmou que as explicações dadas por Ribeiro até agora não foram suficientes. "Nós não seremos complacentes caso fique comprovado, depois do devido processo legal, com atos ilegais de quem quer que seja", destacou o deputado na quarta-feira, 23.

A ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, disse que Ribeiro é uma das pessoas" mais honradas" que já conheceu. Mesmo assim, ao participar de transmissão ao vivo pelas redes sociais ao lado de Bolsonaro, na quinta-feira, 24, afirmou que em sua pasta as emendas parlamentares saem "sem propina" e sem pedágio.

Até mesmo militares do governo acham que Ribeiro precisa tomar a iniciativa de pedir demissão. Uma das ideias avaliadas por integrantes do governo é a saída do ministro na reforma ministerial, que deve ocorrer na próxima semana. Neste caso, ele deixaria o MEC com o discurso de que vai concorrer a uma cadeira de deputado federal. Antes, porém, precisa se filiar a algum partido.

Pela lei eleitoral, integrantes de cargos públicos que querem ser candidatos devem abdicar de suas funções até 2 de abril. A saída de Ribeiro ao lado de outros ministros seria uma maneira de o Planalto responder à pressão pela dispensa, após o escândalo, sem que ele ficasse exposto ao constrangimento de perder o cargo no auge da crise, como mostrou o Estadão.

Para dirigentes do Centrão - grupo formado por Progressistas, PL e Republicanos -, militares e dirigentes da campanha da reeleição, no entanto, não é mais possível esperar porque a crise ficou incontrolável. Há uma percepção de que o escândalo agora atinge o presidente, com investigações abertas em várias frentes e mais cobranças do Supremo Tribunal Federal (STF). Procurado, o ministro Ciro Nogueira não quis se manifestar.

Esperado por integrantes do governo, o reajuste dos combustíveis anunciado pela Petrobras nessa quinta-feira (10) ajudou a explicitar a premência da aprovação do projeto de lei que desonera tributos, na avaliação de integrantes do governo. O chamado PLP 11, com mudanças no ICMS cobrado pelos Estados, ganhou o aval do Senado e agora segue para a Câmara.

Tão logo o reajuste foi anunciado, o governo reagiu com mais pressão sobre senadores pela aprovação do PLP 11. O ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, escalou assessores de sua extrema confiança para irem presencialmente ao Congresso neste dia de votação dos projetos que podem reduzir os impostos estaduais cobrados sobre a gasolina e o diesel. Até mesmo o "número dois" da pasta, o secretário executivo Jônathas Assunção, circulou nos corredores do Senado em busca de apoio à proposta.

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Embora bastante alto, o repasse da Petrobras não foi total em relação à defasagem de preços no mercado internacional após 57 dias sem ajuste nos preços da gasolina e diesel e 152 dias do GLP. Esse foi um ponto defendido pelo governo nas reuniões da semana de ministros com o presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna. O governo considera que, com a aprovação da redução dos impostos, parte do aumento agora poderá ser rateado entre União (PIS/Cofins), Estados (ICMS) e consumidores.

De acordo com assessores palacianos, a necessidade de que o repasse não fosse integral foi sinalizada pelo governo à Petrobras nas reuniões desta semana como forma de evitar um choque ainda maior de preços, diante da perspectiva de desoneração dos tributos e do cenário de guerra ainda muito incerto.

Pouco antes de a Petrobras anunciar o aumento de 24,9% no diesel e de 18,7% na gasolina, o próprio presidente Jair Bolsonaro (PL) alertou sobre a iminência de "problema de combustível" no País. Já antevendo o reajuste e as críticas dos consumidores, Bolsonaro saiu-se dizendo que não define a política de preços da estatal.

"Não estou dizendo se vai ou não vai, eu acho que vai aumentar. No mundo todo aumentou. Eu não defino preço na Petrobras, eu não decido nada lá. Só quando tem problema cai no meu colo", disse ele a simpatizantes em frente ao Palácio da Alvorada. Em razão das regras rígidas de mercado, a Petrobras não pode antecipar a data e a hora do anúncio de reajustes.

Subsídios

O governo tem ciência de que o PLP 11 não resolverá todos os problemas dos combustíveis e, por isso, se a situação piorar, deve anunciar um programa de subsídios aos combustíveis.

Com impacto direto na inflação e, consequentemente, na popularidade do presidente em ano eleitoral, o preço dos combustíveis tomou lugar de prioridade no Planalto. Bolsonaro cobra ministros e auxiliares por uma solução rápida para o impasse e, em ano inesperado e incomum, chegou a cancelar agenda de cunho eleitoral em Duque de Caxias (RJ), marcada para ontem, para se debruçar sobre as discussões.

O auxílio-gasolina a motoristas de baixa renda - incluído em um dos projetos do Senado que cria uma conta de estabilização dos preços com recursos do Tesouro - também provocou impasses no próprio governo.

A medida beneficiaria Bolsonaro, mas pode esbarrar na legislação eleitoral, que proíbe a criação de benefícios desse tipo em ano de eleições, e ficar para 2023. No Ministério da Economia, há um entendimento claro de que a medida não poderá ser feita neste ano, mas não está descartado que haja novas interpretações jurídicas para amparar a iniciativa.

'Pegadinha'

No Senado, a avaliação é de que a proposta é uma "pegadinha" para o governo Bolsonaro e pode na prática só ser adotada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, se o petista vencer as eleições. Por isso, se o entendimento do governo for de impasse da lei eleitoral, o destino do auxílio é o veto.

Aliado de Lula, o relator do pacote, senador Jean Paul Prates (PT-RN), afirmou que o governo não poderá pagar o auxílio-gasolina neste ano. "Por isso, a gente está vendo que não é eleitoreiro, ninguém está ajudando o governo ou atrapalhando o governo. Estamos tentando ajudar as pessoas que estão sofrendo com essa alta."

Líder do governo Bolsonaro no Congresso, Eduardo Gomes (MDB-TO), por outro lado, disse que a intenção é viabilizar o benefício imediatamente e só esperar o aval técnico. "Essa foi iniciativa do governo, do presidente, ele é o governo", disse.

A guerra na Ucrânia, do outro lado do mundo, deve chegar ao Brasil na forma de alta dos preços dos combustíveis. Entre especialistas, há quem aposte que o barril do petróleo, usado como matéria-prima para produzir gasolina e diesel, vai ultrapassar a cotação recorde de US$ 147,50 por barril, de 2008, um pouco antes da falência do banco Lehman Brothers.

No Brasil, a disparada da commodity nos últimos dias, quando chegou a ultrapassar os US$ 105, pegou a Petrobras com seus preços inalterados havia 47 dias. O último reajuste foi em 12 de janeiro. A empresa disse, na semana passada, que a valorização do real frente ao dólar contrabalançava a alta do barril e ajudava a segurar os preços dos combustíveis. Com isso, ganharia tempo para avaliar se as mudanças trazidas pela guerra seriam estruturais e permaneceriam por um longo prazo, o que justificaria novos aumentos, ou se eram eventos pontuais. Com a guerra, o dólar voltou a se valorizar sobre o real.

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Segundo a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), a defasagem entre a Petrobras e as principais bolsas de negociação já chega a 11%, no caso da gasolina, e a 12%, no diesel.

A Petrobras sofre grande pressão do governo para não reajustar a gasolina e o diesel, porque isso gera inflação e afeta o orçamento das famílias, o que pode prejudicar os planos de reeleição do presidente da República, Jair Bolsonaro. O governo é o acionista majoritário da companhia. Mas a petrolífera tem também os seus acionistas minoritários, no mercado financeiro, que exigem dela independência na gestão e resistência aos apelos políticos.

Ex-diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP) e pesquisadora da FGV, Magda Chambriard lembra que o consumo interno de óleo diesel é de cerca de 60 bilhões de litros por ano e que qualquer real que a empresa deixe de repassar para seus clientes tem um peso bilionário em seu caixa.

Em contrapartida, a capacidade dos consumidores é limitada. Adriano Pires, sócio do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), diz que, se o barril chegar aos US$ 150, nenhum país vai poder repassar totalmente essa alta para o consumidor. "Vai ser preciso apertar o botão da calamidade publica e congelar os preços, não tem jeito. É um preço de excepcionalidade, preço de um momento de guerra."

Discussão no Congresso

Crescem as exigências para que o governo e o Congresso apresentem uma solução. O senador Jean-Paul Prates (PT-RN) espera votar na semanq que vem seu projeto de lei que cria uma conta de estabilização dos preços e um outro que muda o cálculo do ICMS, mas dá autonomia de implantação aos Estados. "É a primeira vez que o Brasil é pego por uma onda de alta (do petróleo) sem nenhum escudo de proteção da volatilidade lá de fora. Estamos completamente expostos", disse o senador.

O tamanho do estrago vai depender das sanções impostas à Rússia e da resposta a elas. "Ainda não houve nenhuma penalidade que envolva o fluxo de energia de um lado ou de outro", observa o pesquisador Rodrigo Leão, especialista em Geopolítica do Petróleo pelo Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo e Gás Natural (Ineep). Já o sócio-gestor da consultoria Inter.B. e conselheiro do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), Claudio Frischtak, afirma que, se a guerra continuar, sem retaliações, o petróleo deve oscilar de US$ 100 a US$ 110. Com retaliações, a oscilação vai à casa dos US$ 150, "e isso é outro mundo", diz. "No caso do Brasil, será um mundo de recessão e inflação mais aguda." A consultoria Rystady Energy projeta o barril na casa dos US$ 130.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A pré-candidatura à Presidência do governador de São Paulo, João Doria, foi alvo nesta terça (8) da mais contundente ação de oposição interna desde que ele venceu as prévias do PSDB, em novembro do ano passado. Parte da ala tucana contrária à candidatura própria ao Palácio do Planalto se reuniu na noite de ontem, em Brasília, na casa do ex-ministro Pimenta da Veiga. Este grupo defende a desistência de Doria da pré-candidatura, com a avaliação de que o paulista ainda não conseguiu se mostrar um candidato competitivo e dificilmente vai se impor como nome da terceira via capaz de romper a polarização entre Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

No PSDB, a disputa por dinheiro do fundo eleitoral e a resistência à candidatura presidencial podem levar a uma debandada de parlamentares da bancada federal da legenda. Pelos cálculos de líderes tucanos, entre 6 e 10 dos 32 deputados devem deixar a sigla. Quadros históricos do partido têm sido procurados por Lula para conversas que constrangem o projeto eleitoral do paulista.

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Em reação ao encontro dos correligionários na capital federal, Doria mobilizou uma ofensiva de aliados nas redes sociais. O entorno do governador, porém, se frustrou com a carta escrita pelo presidente nacional do partido, Bruno Araújo, sobre o assunto. Para tucanos alinhados com o pré-candidato, Araújo - que é coordenador da pré-campanha de Doria - não se posicionou de maneira enfática diante da ameaça pública de dissidência.

"Estando na mesma agremiação política, o coerente é que estejam todos em um mesmo projeto coletivo. Ninguém manda em voto de ninguém e todos que fazem parte de um partido político o são por livre e espontânea vontade. O momento é de fase preparatória de eleição. Há um conjunto de filiados que trabalha na estruturação da candidatura. Que passa não só por estruturação interna, mas também por diálogos em direção à possibilidade a federação partidária", disse o dirigente tucano na carta.

'Ânimo'

Para a reunião na residência de Pimenta da Veiga foram convidados o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, o senador Tasso Jereissati (CE), o ex-senador José Aníbal (SP) e o deputado Aécio Neves (MG). "A nossa ideia é dar um ânimo a tal terceira via, a nossa candidatura não deu ainda e nem sei se vai dar", disse Aníbal ao Estadão, que, ao lado do colega Tasso Jereissati, é defensor do apoio à pré-candidatura da senadora Simone Tebet (MS), do MDB, ao Palácio do Planalto.

Em conversas reservadas, Aécio tem afirmado que "há muita preocupação com a estagnação do Doria". Procurado pela reportagem, ele disse que a reunião de ontem foi "apenas para avaliar cenário".

Uma das alternativas estudadas pelo grupo é viabilizar a candidatura de Eduardo Leite, que perdeu as prévias para Doria, por outro partido. O gaúcho foi convidado pelo PSD, de Gilberto Kassab, mas não decidiu se vai trocar de legenda. Ao Estadão, Leite negou que o jantar serviria para decidir uma desfiliação. "Não tem nada de 'discussão de desembarque'. É apenas uma conversa entre pessoas que estiveram junto do nosso projeto das prévias. Avaliando o contexto político. Conversa para reflexão", disse o governador.

'Educados'

Nas redes sociais, aliados de Doria foram menos amenos. "Os cães ladram e a caravana passa", escreveu o presidente do PSDB paulista, Marco Vinholi.

Doria não tem dado sinais de abalo com o baixo desempenho nas pesquisas. O governador paulista é reconhecido, mesmo pelos adversários, pela obstinação. No plano interno, ele tem procurado superar desconfianças em relação à movimentação de nomes históricos da legenda, sob assédio de Lula. "Os líderes do PSDB não são malcriados. São pessoas educadas. É o perfil deles. Não vejo impedimento de que eles dialoguem com o ex-presidente Lula. Dialogar não significa apoiar", disse o governador paulista ao Estadão.

Após se reunir com líderes históricos do PSDB, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Tasso Jereissati, o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio, o ex-governador de Goiás Marconi Perillo e o ex-senador Aloysio Nunes Ferreira, o petista tenta agora, por meio de interlocutores, marcar um encontro com o senador José Serra (SP). Doria foi eleito prefeito em 2016 e governador dois anos depois com forte discurso antipetista.

Aliados de Doria lembram que FHC publicou um tuíte declarando apoio ao governador paulista na disputa presidencial depois de se encontrar com Lula, e que teria declinado do convite para um novo encontro com o petista. Os demais tucanos também apoiaram o paulista nas prévias.

"Não se pode viver de rancor e amargura. É natural estabelecer pontes para eventualidades que possam surgir. Não se trata de uma estratégia para desestabilizar o Doria. Lula me conhece e sabe que não sou cooptável", afirmou Virgílio.

O ex-prefeito de Manaus, que também disputou as prévias presidenciais do PSDB, foi o único tucano presente no almoço organizado em dezembro passado pelo grupo de advogados Prerrogativas, que reuniu Lula e Alckmin pela primeira vez desde que foi aventada a possibilidade de formação de uma chapa presidencial com os dois antigos adversários.

As pré-candidaturas ao Palácio do Planalto do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e da senadora Simone Tebet (MDB-MS) têm enfrentado pressões de alas dos dois partidos para que se unam em uma candidatura única ou deixem a disputa. Com desempenho considerado fraco nas pesquisas de intenção de voto até agora - Tebet tem 1% e Doria tem 2%, de acordo com levantamento do Ipec -, os dois chegaram a conversar no mês passado, mas ainda não há uma definição sobre eventual aliança.

O ex-presidente Michel Temer (MDB) é um dos que tentam atrair Doria para a campanha da correligionária. Em dezembro, ele esteve com o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), que perdeu para o paulista a indicação nas prévias presidenciais.

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Na semana passada foi a vez de o ex-presidente receber o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), que, segundo relatos de integrantes do PSDB e do MDB, disse que Tebet pode ser "uma surpresa positiva" na corrida eleitoral. O parlamentar foi um dos apoiadores de Simone quando ela tentou ser presidente do Senado, no início de 2021. Procurada, a assessoria do senador evitou dar detalhes sobre o que foi discutido com Temer.

Defensores do apoio à candidatura de Simone argumentam que ela tem menos rejeição que Doria e, portanto, teria mais chances de se consolidar como um nome da terceira via - ela tem 5%, enquanto o tucano registra 23% no levantamento do Ipec. A senadora, porém, enfrenta resistência de setores do próprio partido - especialmente do Nordeste e do Norte - que preferem uma aliança do MDB em torno do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Simone Tebet disse ao Estadão que tem proximidade com Tasso, mas afirmou desconhecer articulações do PSDB para apoiá-la. "Com Tasso falo sempre. Somos colegas, mas não sei de movimento algum", afirmou. Os dois atuaram juntos na CPI da Covid, que ajudou a projetar a emedebista.

Do outro lado, a campanha de Doria trata Simone como opção de vice. A avaliação interna é de que a campanha do governador de São Paulo deve ganhar tração nos próximos meses, quando a população começar a associar as conquistas na área de vacinação e na economia do Estado à candidatura presidencial. O tucano tem dito que deseja ter uma mulher na sua chapa. Procurado, o governador afirmou, por meio de sua equipe de pré-campanha, que ele e a senadora estarão juntos na eleição.

Em São Paulo, as duas legendas fazem parte do mesmo grupo político. O PSDB é da base do prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes (MDB), e o MDB integra o governo Doria. Nunes diz estar esperançoso que Tebet ganhe musculatura e atraia o apoio de outras legendas. "Estou confiante que a população verá as qualidades da Simone, ela irá crescer. As consequências são naturais", afirmou ao Estadão.

No plano nacional as duas siglas também já foram aliadas. O MDB fez parte da base de apoio do governo do ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) e indicou a ex-deputada Rita Camata como vice de José Serra (PSDB) na eleição presidencial de 2002. No governo de Michel Temer (MDB), tucanos exerceram cargos importantes, como os ministérios das Relações Exteriores, das Cidades e da Secretaria de Governo.

Pós-prévias do PSDB

Doria venceu a eleição interna do PSDB em novembro após uma disputa agressiva, que mostrou publicamente as divisões internas do partido.

No último dia 13 de janeiro, em entrevista à rádio O Povo CBN, de Fortaleza, Eduardo Leite declarou que Doria deve desistir da eleição caso não decole nas pesquisas. Ao Estadão, Leite reforçou a avaliação de que o paulista não deve buscar ser obrigatoriamente candidato ao Planalto. "Não pode a aspiração pessoal de qualquer pessoa, por mais legítima que seja, prejudicar a viabilização de uma alternativa à polarização que aí está", disse ele.

Considerado o principal opositor do governador de São Paulo dentro da legenda, o deputado Aécio Neves (MG) deu o tom que agora é repetido por Leite. "Se nós chegarmos extremamente isolados, obviamente que o PSDB vai discutir a conveniência ou não de ter essa candidatura", disse o mineiro em entrevista ao Estadão menos de uma semana após o resultado das prévias.

O presidente Jair Bolsonaro passou a enfrentar mais desgaste político neste fim de ano ao manter a folga em São Francisco do Sul, litoral de Santa Catarina, enquanto milhares de pessoas sofrem as consequências das fortes chuvas que assolam a Bahia. O dano à sua imagem ficou caracterizado nas críticas públicas que recebeu e na hashtag "BolsonaroVagabundo" - que chegou ao primeiro lugar entre os assuntos mais comentados do Twitter.

Diante da repercussão negativa na rede social, território de grande atenção do presidente e seu núcleo mais próximo, Bolsonaro disse que esperava não ter de deixar a região praiana. "Espero que eu não tenha que retornar antes", afirmou Bolsonaro em conversa com apoiadores.

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O chefe do Executivo embarcou anteontem para São Francisco do Sul com a primeira-dama, Michelle, e a filha Laura, de 11 anos, e só planeja retornar à capital federal no dia 3 de janeiro. É o segundo período de folga de Bolsonaro neste mês. Ontem, o presidente aproveitou o d ia ensolarado para um passeio de moto aquática com Laura. Internautas publicaram as fotos de Bolsonaro no veículo ao lado de imagens de áreas inundadas.

Entre os dias 17 e 23, o presidente esteve no Guarujá, litoral de São Paulo, onde também passeou de moto aquática e de barco. Na ocasião, foi filmado dançando funk em uma lancha.

CHUVAS

Desde a quinta-feira da semana passada, a Bahia vive uma nova rodada de chuva intensas que já deixaram ao menos 20 pessoas mortas, 31.405 desabrigadas, 31.391 desalojadas e 358 feridos. De acordo com a Defesa Civil do Estado, o número de municípios atingidos chegou a 116. As primeiras enchentes, no entanto, foram registradas entre novembro e dezembro. Bolsonaro chegou a sobrevoar regiões afetadas em 12 de dezembro, mas não planeja repetir o gesto.

Parlamentares já tradicionalmente críticos ao governo cobraram do chefe do Executivo a interrupção de seu período de descanso. "Enquanto nosso povo padece com fome, desemprego, alta de preços, epidemia, e, como na Bahia, com desastres naturais, Bolsonaro tirou férias! Sim! Omisso a tudo isso, achou merecer folga, como uma grande piada com o povo brasileiro. VAI TRABALHAR, Bolsonaro!", publicou no Twitter o senador Randolfe Rodrigues (Rede-RR).

"Não entendo as críticas ao Bolsonaro por ele estar de férias. Ele está fazendo a mesma coisa que faz quando não está de férias: NADA", ironizou o deputado Kim Kataguiri (DEM-SP)

Bolsonaristas, por sua vez, agiram para tentar minimizar o desgaste, alegando que embora o presidente não acompanhasse fisicamente a emergência social no Nordeste, ministros estavam nas regiões afetadas, como João Roma (Cidadania), pré-candidato ao governo da Bahia, e Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional).

Durante a guerra de versões nas redes sociais, o assessor especial da Presidência Tercio Arnaud Tomaz compartilhou nas redes sociais notícias de 2010, quando o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também teria enviado ministros para as enchentes de Angra dos Reis (RJ), em vez de comparecer pessoalmente. Tércio integra o chamado "gabinete do ódio", ala de assessores palacianos responsáveis por alimentar a tropa bolsonarista nas redes com conteúdo favorável ao governo. O grupo é coordenador pelo vereador do Rio Carlos Bolsonaro (Republicanos), filho "02" do presidente.

VERBA

Em defesa de Bolsonaro, os governistas também destacam as medidas já anunciadas pelo Executivo na tentativa de conter os efeitos das enchentes. O presidente editou ontem medida provisória que destina R$ 200 milhões para recuperação de rodovias. Os recursos, porém, não vão apenas para a Bahia, mas também para outros quatro Estados: Amazonas, Minas Gerais, Pará e São Paulo.

Dos R$ 200 milhões, R$ 80 milhões serão destinados aos municípios baianos. "Não dão para recuperar as (estradas) da Bahia", disse o governador Rui Costa (PT). Rogério Marinho pediu mais tempo para que o governo possa dimensionar a quantidade de recursos que será necessária. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Ministério da Educação (MEC) emitiu nota, nesta sexta-feira (3), sobre as denúncias de pressão, apontadas por ex-pesquisadores da CAPES, para a aprovação Análise de Propostas de Cursos Novos (APCN) tanto presenciais quanto à distância. No comunicado, o MEC ressalta que foram solicitadas mudanças pontuais em 49 áreas de avaliação.

"Não há pressão pelo estabelecimento de cursos EaD, somente solicitação para que todos se adequem à legislação. A primeira APCN com programas de pós-graduação a distância foi a de 2019, portanto não está em discussão a possibilidade ou não da abertura de cursos EaD, esses já são realidade. O que se observa é uma necessidade de deixar todas as normas alinhadas", afirma trecho da nota.

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Em outro momento, o órgão federal ressalta que a maioria dos pedidos para abertura de novas graduação vem das universidades públicas federais. Além disso, ainda de acordo com o MEC, a "CAPES deu uma semana para pequenas revisões em documentos orientadores e prorrogou prazos a pedido das áreas de avaliação".

Confira o comunicado:

A CAPES esclarece que as revisões nos documentos orientadores da Análise de Propostas de Cursos Novos (APCN) vale tanto para cursos a distância (EaD) quanto presenciais, sem pressão por uma ou outra modalidade. A Fundação solicitou mudanças pontuais para todas as 49 áreas de avaliação ficarem em conformidade com a legislação antes da abertura do calendário, em respeito ao princípio da anterioridade.

A Portaria CAPES nº 2, de 2021, regulamentou o artigo 8º da Portaria CAPES nº 90, de 2019, trazendo regras para polos EaD com atividades presenciais. O normativo, porém, foi publicado após os documentos orientadores. A Fundação abriu o prazo, portanto, para que todos fizessem pequenos ajustes.

“Foram solicitados três pontos: a definição, pelas áreas, de como seriam os polos. A quantidade, a relação máxima, de orientados por orientador. E, se tivesse, algum critério específico para docentes”, elencou Flávio Camargo, diretor de Avaliação da CAPES.

Não há pressão pelo estabelecimento de cursos EaD, somente solicitação para que todos se adequem à legislação. A primeira APCN com programas de pós-graduação a distância foi a de 2019, portanto não está em discussão a possibilidade ou não da abertura de cursos EaD, esses já são realidade. O que se observa é uma necessidade de deixar todas as normas alinhadas.

Cabe ressaltar que a maior parte dos pedidos de abertura de cursos vem das universidades públicas federais. Programas de pós-graduação avaliados com notas 6 e 7, considerados de excelência, querem ramificar ainda mais suas pesquisas.

Luísa Sonza desabafou sobre os ataques que sofre na internet. Em entrevista ao podcast Pod Delas, a cantora revelou como se sente quando está ao vivo.

"Qualquer coisa na minha vida, que está ao vivo, eu fico pensando o tempo todo: As pessoas estão me xingando muito. A galera vai acabar comigo. Eu faço acompanhamento psicológico. Entendo que cada um entrega o que pode na vida. Se as pessoas estão me entregando isso, é porque elas também não estão bem. Aprendi a entender mais as pessoas. Talvez um dia eu possa não estar bem. Eu aprendi a ter empatia com o outro que está me atacando", disse.

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A artista também relembrou como foi o início de sua carreira: "Eu achei no Instagram um assessor que trabalhava numa empresa, que tal pessoa estava lá. Eu ficava: Por favor! Olha aqui meus covers! É legal! Eu canto desde os sete anos [de idade]. Eu comentava nas redes de famosos: Gente, vejam o meu cover. Não era tanto de famoso, famoso. Eram de pessoas de redes de covers, neste nicho".

A cantora ainda abriu o jogo sobre seus relacionamentos: "Nunca tive problemas com essas coisas. Nunca levei fora, essas paradas aí. Mas é porque eu namorei quase que minha vida inteira. Tive um relacionamento de três anos, um de cinco, e um agora de um. O de três anos foi no colégio".

Luísa também encantou os seguidores ao aparecer dançando em um vídeo no seu perfil do Instagram. A cantora fez a publicação na última quinta-feira (2) e recebeu uma série de elogios. "Sua maravilhosa", escreveu Sabrina Sato. "Te amo, garota", comentou uma internauta.

Sob uma tempestade de críticas pela retirada dos militares americanos do Afeganistão, o presidente Joe Biden falará pela segunda vez sobre as caóticas operações de evacuação em Cabul, de onde milhares de civis tentam fugir desde que o Talibã assumiu o poder.

O presidente deve falar às 13h, horário local (14 do horário de Brasília), ao vivo pela televisão da Casa Branca, antes de partir para o fim de semana para sua base de operações em Wilmington (Delaware).

Na segunda-feira, ele fez seu primeiro pronunciamento, com uma breve apresentação na televisão, na qual defendeu "firmemente" sua decisão de retirar as tropas americanas do Afeganistão antes de 31 de agosto, onde lutam há vinte anos. “Eu sou o presidente dos Estados Unidos, no final das contas a responsabilidade é minha”, disse.

Dois dias depois, em entrevista à ABC, o presidente democrata explicou que a retirada dos EUA invariavelmente causaria alguma forma de "caos" no país.

Mas seus opositores republicanos criticaram a gestão dessa retirada, que, segundo eles, precipitou a queda do governo afegão. Também o reprovam por evitar perguntas incômodas da imprensa desde a queda do governo afegão no domingo e por praticamente não ter interrompido suas férias em Camp David, apesar das cenas de caos no aeroporto de Cabul.

Do lado democrata, algumas vozes também lamentaram que o governo não tenha previsto as consequências dessa retirada e do colapso do regime afegão em apenas dez dias.

As imagens de civis em pânico amontoando-se nas portas ou tentando se pendurar nos aviões chocaram a opinião pública americana, que, no entanto, foi esmagadoramente a favor da retirada das tropas até esta semana, uma vez que o governo de Biden prometeu evacuações suaves e organizadas.

Mas a realidade é muito diferente. O Talibã mantém controle estrito sobre os afegãos que querem chegar aos portões vigiados por mais de 5.200 soldados americanos.

Na quinta-feira, cerca de 3.000 pessoas foram evacuadas em 16 aviões de carga C-17 para os Estados Unidos, segundo a Casa Branca, entre americanos, suas famílias e afegãos que trabalharam para os Estados Unidos.

Desde o início das operações de evacuação de emergência em 14 de agosto, cerca de 9.000 pessoas foram evacuadas por via aérea e 14.000 desde o final de julho, quando os cidadãos americanos começaram a sair, acrescentou a presidência.

Os Estados Unidos planejam evacuar um total de mais de 30.000 americanos e afegãos civis por meio de suas bases no Kuwait e no Catar.

Luísa Sonza falou sobre os ataques e a pressão que sofre nas redes sociais. A cantora esteve no programa Encontro com Fátima Bernardes desta quarta-feira (11) e falou dos comentários de ódio que recebe na internet.

"Eu acho que eu não estava preparada para essa conversa, literalmente, porque eu ainda não tenho como falar sobre isso. Ainda não é uma coisa que passou, que está lá atrás. Eu estou conversando com você e pensando: Deve estar todo mundo me xingando no Twitter. São gatilhos, sequelas que vão se criando com o passar dos anos e que é muito assustador, muito prejudicial", desabafou.

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A cantora ainda comentou sobre seu novo trabalho, que surgiu após um afastamento dela das redes sociais: "Tem dificuldade na minha vida pessoal, sempre fui uma pessoa fechada, tive que me mostrar muito forte em muitos momentos. Resolvi buscar, na fragilidade, a força".

Luísa ainda analisou sua trajetória artística: "Eu sempre quis colocar um lado meu mais profundo, mas eu não tinha tanta coragem e segurança como artista. Quanto mais você vai tendo maturidade como artista, se entendendo como pessoa, você consegue se aprofundar mais em você mesmo, e a partir disso, criar um trabalho artístico mais profundo. Eu acho que eu fui evoluindo."

Em coletiva de imprensa concedida nesta segunda-feira (9), o lateral do Náutico Bryan falou sobre o ocorrido após a goleada sofrida para o Confiança no sábado (7), nos Aflitos. Integrantes de uma uniformizada foram até a entrada dos vestiários cobrar o elenco e, por pouco, não houve agressão. Apesar de admitir que a pressão é normal, o jogador afirmou que não concorda com a forma que foi feita.

“A gente entende que ali não era um lugar para eles estarem circulando, ali é um momento nosso, mas a gente também entende que o torcedor fica chateado como a gente também fica”, pontuou.

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“Ninguém quer perder, todo mundo quer ganhar, mas a forma que foi e como foi a (a goleada por 4x0) a gente sabe a responsabilidade que é vestir a camisa do Náutico”, continuou. O jogador também citou a hostilidade durante a cobrança e frisou que agressões não podem ser toleradas. Ele ainda fez questão de lembrar a situação adversa vivida pelo clube na temporada passada, onde o time brigou para não cair. 

“A gente passou por uma situação muito pior ano passado, a pressão era muito maior. Não concordo com o que aconteceu no estádio, acho muito errado isso, mas a gente tem que conviver com a pressão, não com agressão; a gente tem confiança que vamos buscar um grande resultado contra o Sampaio. Nosso time é um grupo de muita qualidade, temos certeza que vamos dar a volta por cima o mais rápido possível”, declarou.

Por muito tempo, os atletas de alto nível guardaram suas tempestades para si mesmos, para revelá-las quando suas carreiras terminassem. Mas, seguindo o exemplo da tenista Naomi Osaka, a superestrela da ginástica Simone Biles revelou os "demônios em sua cabeça" na terça-feira (27).

Com sua impressionante coleção de recordes e títulos, Michael Phelps é uma lenda da natação e dos esportes, quase um alienígena. Até que o americano das 28 medalhas olímpicas, 23 de ouro, humanizou-se em 2018, dois anos após sua aposentadoria definitiva das piscinas, revelando que havia sofrido de depressão durante a carreira e abusado do álcool para tentar escapar da ansiedade.

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"Eu simplesmente não confio tanto em mim quanto antes. Tenho a impressão de que não me divirto tanto quanto antes. Tenho que fazer o que é bom para mim e me concentrar na minha saúde mental", explicou Biles na terça-feira, entre lágrimas e sorrisos.

As imagens de Biles "partiram o coração" de Phelps, disse esta outra lenda do esporte, à rede de televisão americana NBC.

"Os Jogos são algo que pode sobrecarregar você, há muita emoção em jogo, eu poderia falar sobre isso por horas", afirmou o ex-nadador, que virou comentarista de televisão.

E, mesmo que tente há anos sensibilizar autoridades e atletas sobre a importância do acompanhamento psicológico, Phelps sabe que ainda há muito a melhorar. Para os atletas, em primeiro lugar, no que diz respeito a reconhecer suas fraquezas e fragilidades, sem que isso comprometa sua reputação, ou seu desempenho futuro.

"Você tem que poder pedir ajuda, quando está passando por períodos difíceis. É algo que tive dificuldade em fazer durante a minha carreira", aconselhou Phelps.

"Espero que o que acontece (com a Simone) permita que as pessoas abram os olhos. Ninguém é perfeito. Às vezes é bom não se sentir bem", acrescentou o atleta com mais ouros e medalhas da história olímpica.

Antes de Biles, foi a tenista Naomi Osaka que reconheceu ter sofrido períodos de depressão.

Em maio, a japonesa chocou em Roland Garros, recusando-se a participar de coletivas de imprensa antes de se retirar após a primeira rodada.

Ela então explicou que vinha passando por "longos períodos de depressão" desde que venceu o US Open 2018, o primeiro de seus quatro títulos de Grand Slam.

De acordo com Julie-Ann Tullberg, uma psicóloga esportiva da Monash University, na Austrália, "a questão da saúde mental há muito tempo tem sido subestimada como causa do mau desempenho em um ambiente esportivo tão intenso quanto as Olimpíadas".

"Agora, os atletas querem falar sobre essa pressão de forma aberta e livremente", acrescentou, em entrevista à AFP.

Em um contexto específico, devido à pandemia de Covid-19, os atletas se sentem mais vulneráveis: primeiro, ficaram sem competir, ou treinar, e depois, ainda tiveram de fazer isso sozinhos.

Seus parentes não estão nesses Jogos, porque as autoridades japonesas decidiram limitar o número de visitantes ao máximo para evitar a disseminação do coronavírus.

Encontram-se instalados em uma Vila Olímpica em "modo pandêmico", com máscaras obrigatórias e interações muito limitadas, sem poderem sair do circuito dos Jogos, o qual se retringe às competições e à hospedagem.

"A bolha da Vila Olímpica tem um grande impacto nos atletas. Eles estão acostumados a sair e em Tóquio não podem", explica Julie-Ann Tullberg.

Longe de sua família, Biles parece ter perdido todo apoio que fez dela uma lenda. Sua recuperação nos próximos dias definirá sua continuidade em Tóquio-2020.

A servidora Regina Célia Silva Oliveira negou ter sofrido pressão para acelerar a importação da vacina indiana Covaxin no Ministério da Saúde. Ela negou qualquer tipo de irregularidade na conduta de autorizar o avanço da negociação, alvo de investigação na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid.

Em depoimento na CPI, Regina Célia relatou que foi designada como fiscal do contrato no dia 22 de março, dois dias após uma reunião no Palácio da Alvorada em que o presidente Jair Bolsonaro foi alertado sobre um suposto esquema de corrupção envolvendo a Covaxin, de acordo com o deputado Luis Miranda (DEM-MF).

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Além disso, a servidora relatou que, antes de ser designada para fiscalizar a compra, o contrato com a Covaxin ficou um mês sem um fiscal nomeado. O Ministério da Saúde assinou o contrato no dia 25 de fevereiro, antes, por exemplo, de fechar a compra de doses com a Pfizer, apesar de ter recebido ofertas ao longo do ano passado.

"Não, senhor. Eu não acho, eu tenho certeza que não favoreci", disse a servidora ao ser questionada pelo relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), se teria favorecido a Precisa Medicamentos, que intermediou a negociação entre o Ministério da Saúde e o laboratório indiano Bharat Biotech. Ela evitou responder sobre as diferenças dessa negociação em relação a outras empresas. "Eu desconheço as questões pré-contratuais, eu só figuro no contrato a partir do momento que sou indicada."

O deputado federal Luis Claudio Miranda (DEM-DF), ouvido pela CPI da Covid nesta sexta-feira (25), confirmou alerta ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em 20 de março sobre pressões da Precisa e do Ministério da Saúde pela compra da Covaxin. Na noite da véspera, uma sexta-feira, o dono da empresa esteve com o diretor Marcelo Pires. O parlamentar diz também que, após realizar a denúncia de uma movimentação atípica no Ministério, não conseguiu mais ter contato com Bolsonaro ou sua equipe.

Miranda afirmou que como defensor e fiscal do dinheiro público, levou ao conhecimento do presidente, Jair Bolsonaro, possíveis irregularidades na compra da vacina indiana Covaxin. "Se não fôssemos nós, US$ 45 milhões teriam sido pagos por uma vacina que não resolveu e nem sei se vai resolver", disse o deputado, se referindo ao valor que consta na segunda invoice (nota fiscal) corrigida, que apresentou final em US$ 45.929,867,02.

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O bolsonarista também alegou aos senadores que trouxe em material tentativas de contato com o governo Bolsonaro: ligações, mensagens, ofícios e conversas diretas com o assessor do presidente. Após as denúncias, tudo teria sido, supostamente, ignorado.

Durante viagem oficial em aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB), para busca e divulgação de vacinas adquiridas, Luis Claudio Miranda também comunicou ao ex-ministro da Saúde sobre o alerta feito ao PR, mas sem dar detalhes. Falou sobre ter passado adiante uma “situação grave”, alertou sobre o vencimento das doses, fabricadas em novembro de 2020, e sobre a presença da terceira empresa, a Madison, que tem o capital social de mil dólares, e é do tipo offshore. O presidente teria, então, se convencido da denúncia.

Em resposta, Pazuello se mostrou incapaz de intervir e até se mostrou ciente da sua exoneração. Em seguida, o assunto foi desviado.

Especialmente neste sábado, dia 12 de junho, é celebrado do Dia dos Namorados. Mas para além das mensagens amorosas, a data também pode ser um momento de reflexão sobre como os relacionamentos interferem nas trajetórias educacionais dos jovens.

O LeiaJá entrevistou um casal de estudantes que encontraram, um no outro, uma maneira de lidar com a pressão dos estudos para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Maria Alice Dias, de 17 anos, que está no terceiro ano do ensino médio e em uma árdua dedicação para alcançar seu sonho de ingressar em uma instituição de ensino superior, encontrou, no também estudante Luís Eduardo de Lima, 17, um parceiro para dividir com ela grandes momentos de carinho e até de ajuda na preparação para o vestibular.

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O casal de futuros médicos esbarra em um momento muito conturbado para Maria Alice. Ela conta, em entrevista, que Luís Eduardo entrou na sua vida em uma fase de muitas perdas. “Eduardo entrou na minha vida em uma fase que eu estava muito frágil, perdi minha mãe no fim de 2019 e outro parente no começo de 2021. Foi algo bem tenso. Ele me ajuda muito”, relata. 

Luís Eduardo conta que ambos se conheceram na escola. “Estamos juntos há um ano e três meses”, acrescenta. Maria Alice, no entanto, detalha com mais precisão o exato momento: “No dia 17 de fevereiro deste ano, a gente deu nosso primeiro beijo e, em março, quando ele estava na minha casa, no dia 7, à meia-noite, assistindo um filme, eu pedi ele em namoro. Ele chorou e aceitou, foi lindo. Ele me faz tão bem”, conta a jovem.

Os feras, que vivem em Serra Talhada, no Sertão de Pernambuco, garantem que estão dando o máximo na preparação para o Enem 2021. Luís Eduardo, que também está cursando o terceiro ano do ensino médio remotamente, diz que em meio aos estudos, sempre arruma um tempo para a sua namorada. "A nossa rotina de estudos nunca atrapalhou o nosso relacionamento. Claro, é muito importante estudar, mas também é fundamental saber a hora de parar e descansar", relata. Ele complementa: “A gente só se vê nos finais de semana. Então, a gente tira esse tempo para estarmos juntos. Se um estiver com uma dúvida em relação a algum assunto, o outro o ajuda a entender. Mas, nós costumamos tirar o tempo só para a gente”.

Luís Eduardo e Maria Alice estudam juntos. Eles sonham em passar em medicina. Foto: Arquivo pessoal

Há muitas formas de expressar o amor, uma delas é por meio de atitudes. Luís Eduardo citou algumas pequenas ações que sua namorada faz que ajudam a enfrentar a pressão para o Enem. "Quando estou com a cabeça pesada com os estudos, ela me acalma, coloca minha cabeça em outro lugar, longe dos estudos, conversa comigo sobre outras coisas, e por aí vai", diz.

Já para Maria Alice, o namorado tem algumas atitudes que são reconfortantes quando ela está na preparação para o Exame Nacional. “Quando eu estudo até tarde, ele fica comigo em ligação e quando percebe que estou muito cansada, ele diz para eu parar e a gente fica conversando”, conta.

Esta corrida fase de estudos pode prejudicar muitos jovens casais que vivem em uma relação amorosa. No entanto, a psicóloga especialista em relacionamentos, Edna Raposo, afirma que ter um namoro saudável pode ajudar nessa pressão causada pelo período de preparação para o vestibular. "Está na companhia de outra pessoa, de um namoro, propriamente dito, pode ser um meio saudável sim, desde que seja respeitado o momento de cada um, longe de exigências que gerem estresse e preocupações", explica.

 A pedagoga Erica Mota, que atua como coordenadora do Projeto Mind Lab, programa para escolas que ajuda no desenvolvimento de habilidades dos alunos, na Prefeitura do Recife, revela que já acompanhou diversos casais de estudantes e, muitas vezes, há momentos de altos e baixos na relação. "É uma idade de muita inquietação. É necessário o apoio das famílias para ajudar bastante com o compromisso didático. Eu como mãe e professora sempre favorecia, elogiava, juntava para o estudo acontecer, depois reforçava positivamente. Tornou-se até prazeroso e leve os combinados que eu fazia com os alunos", comenta.

De acordo com Erica, vale ressaltar a importância de uma boa mediação quando os casais decidem estudar juntos. "É bom combinar o que vocês gostam; quais são as sequências das disciplinas e conteúdos; quais vão ser os horários e os locais; e ter o compromisso consigo e com o outro", pontua.

A psicóloga Edna alerta sobre algumas atitudes que devem ser evitadas dentro de um namoro, uma vez que elas podem prejudicar o casal, principalmente se forem estudantes: “Faltar com respeito, reclamar, faltar com atenção, não se divertir a dois, ficar apenas no celular quando estiver junto, faltar com a comunicação, mentir e pensar só em si como se fosse mais importante que o outro”.

Para Edna Raposo, a afetividade e o companheirismo têm muito a contribuir para o bem-estar e o desenvolvimento emocional dos casais, principalmente dos estudantes que estão na pressão do vestibular. Ao LeiaJá, a especialista em relacionamentos lista dez atitudes em um namoro que podem ajudar quem vive na correria dos estudos.

Estude juntos

“Sempre que algum dos lados pode socializar o que já conhece, vale revisar os conteúdos juntos”. -

Viva horas de lazer

“Sair da rotina de estudo também faz bem para que se possa distrair um pouco a cabeça”.

Converse sobre o futuro

“Compartilhar de suas preocupações, criar estratégias e maneiras de enfrentamento caso  ão haja uma possível aprovação no vestibular”.

Evite assuntos geradores de estresse

“Conflitos devem ser evitados para não causar dispersão e noites mal dormidas, que com certeza será prejudicial na atenção do dia seguinte".

Elogie

“Fazer com que o outro se sinta acolhido e admirado para que sua autoestima fique firme e os dois bem cuidados na aparência e nos sentimentos de segurança e confiança”.

Assista um bom filme

“Veja algo interessante, que seja prazeroso e recheado de risadas”.

Organize os horários e mantenha contato

“Organizar os horários é essencial, sejam eles presenciais ou on-line, por telefonemas, mensagens de WhatsApp ou chamadas, não importa, que seja possível para ambos. Neste caso, é importante combinar antes para que não atrapalhe a organização do outro”.

Tenha humor

“Manter o bom humor é essencial, por isso não podem faltar mimos e bastante carinho”.

Respeite a liberdade

“Sair com o grupo de amigos e ter momentos livres para socializar coisas novas são importantes”.

Fique em família também

“Fazer algumas refeições juntos aos pais, avós, irmãos, entre outros, é bom para fortalecer esse vínculo e instantes de prazer”.

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