O líder bolsonarista na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros (PP-PR), acredita ter se imunizado contra a Covid-19 após contrair a doença e por esta razão, desacredita na necessidade de se vacinar. A perspectiva negacionista só foi deixada de lado recentemente, quando o deputado federal se viu na obrigação de se vacinar para conseguir viajar, segundo relatou em entrevista ao Globo veiculada nesta segunda-feira (20).
A tese da “imunidade natural”, que é mencionada pelo parlamentar, já foi descartada pela maior parte da comunidade científica global, que classifica a vacinação como forma mais eficaz de salvar vidas e diminuir a resistência do vírus. O mesmo é válido para a imunidade de rebanho, que seria a hipótese da imunidade natural em larga escala.
##RECOMENDA##"Eu fui vacinado, porque eu tinha necessidade de viajar e precisava do comprovante", afirmou Barros em entrevista ao jornal O Globo. O passaporte vacinal é um documento que comprova que a pessoa tomou, pelo menos, uma dose da vacina e é cobrado para acesso em locais fechados e para a entrada em outros países, por exemplo. Questionado se tomaria o imunizante caso não precisasse viajar, o deputado federal disse: "Acho que não".
“Eu peguei Covid-19 e eu tenho no meu exame a prova da minha imunidade. As pessoas que pegam Covid-19 têm anticorpos contra a doença”, continuou. O governista repete as declarações do presidente Jair Bolsonaro (PL), que se posicionou contra a vacinação e que, segundo o líder, não irá mudar de opinião sobre a vacina.
“[Ser contra a vacinação não vai atrapalhar a eleição 2022] porque todas as vacinas foram pagas pelo governo federal. O presidente tem sua opinião e não vai mudar. Este eventual desgaste não vai refletir positivamente nem negativamente, porque o assunto vacina estará superado na eleição. Nós compramos todas as vacinas que foram aplicadas no Brasil. O governo Bolsonaro teve uma postura, e o presidente Bolsonaro teve outra postura. Ele teve serenidade de não impor a sua posição ao governo”, disse.
Em junho, uma nota técnica da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), órgão do governo federal, desmentiu a alegação repetida por Bolsonaro e aliados de que, quem já teve a doença têm mais anticorpos do que quem tomou a vacina. Na nota técnica 33/2021, a Anvisa alertou que "ainda não há embasamento científico que correlacione a presença de anticorpos contra o SARS-Cov-2 [vírus da covid] com a proteção à reinfecção".
Na prática, a queda de casos graves e mortes no Brasil ocorreu devido à vacinação— indicando que a resposta imune estimulada pela vacinação funciona e não depende apenas de anticorpos. O CDC, órgão sanitário dos Estados Unidos, divulgou um estudo que atesta maior proteção conferida pela vacina do que por infecção do vírus. A Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) alerta que o risco de morrer na tentativa de se obter a imunidade pelo contágio é muito maior do que para quem se imunizou por meio da vacina.